AZUL É A COR DA TERRA
por Claudio Lovato Filho

“Essa prorrogação vai ser foda”, alguém disse assim que o árbitro apitou o fim do tempo normal, decretando a ida do jogo para o tempo extra.
A frustração pelo gol alemão, aos 41 do segundo tempo, logo se transformou em confiança na vitória na prorrogação.
A sala da casa do amigo, no bairro Partenon, estava lotada. Quase todos eram colegas do 3º Ano Científico (assim se chamava naquela época) do Colégio São José. Os instrumentos de batucada, usados até minutos antes do início da partida, à meia-noite daquele 11 de dezembro, tinham ficado no pátio. Os poucos colorados estavam quietos, cientes de que aquele não era o momento para arriscar uma cornetada, por mais amigos que todos fossem.
Um a um no placar. O gol do nosso camisa 7, aos 38 do primeiro tempo, foi uma beleza. O passe de Paulo Cezar Caju, a escapada pela direita do ataque, a invasão da área, o corte para um lado e para o fazer o marcador dançar no compasso do desespero, o chute forte e rasteiro, a bola passando entre a trave esquerda e o goleiro. Gol!
Um gol que só mesmo ele poderia fazer.
Vem o segundo tempo e Mário Sérgio continua desfilando toda a sua categoria em campo. Como jogou! Tarciso, 9 às costas, brigando, levando perigo à defesa adversária, sendo Tarciso, sendo o Flecha Negra de sempre. E os alemães se perguntando (assim imagino): “Quem é esse maluco da camisa 7 ?”
Segue o jogo e o nosso camisa 7 sofre pênalti. O juiz não marca. Ninguém na sala sabe xingar em francês e vai em português mesmo.
Então acontece o empate do Hamburgo, no finalizinho do jogo, gol de Schroeder. Estava confirmada a máxima de que alemão nunca se entrega.
Mas todo mundo sabia que o endereço de destino daquela taça não era a cidade portuária alemã de Hamburgo. Era uma cidade portuária, mas localizada na América do Sul, no estado mais meridional do Brasil. Aquela taça já tinha o seu lugar reservado desde que o mundo é mundo e muito antes da própria invenção do futebol: a sala de troféus do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense (Estádio Olímpico, Largo Patrono Fernando Kroeff nº 1, Bairro Azenha, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil).
Início da prorrogação: de novo o nosso ponta, o nosso camisa 7 – o predestinado genial e genioso nascido em Guaporé e criado em Bento Gonçalves, promovido ao grupo principal do Grêmio em 1982 pelo mestre Ênio Andrade –, de novo ele infernizando os defensores de vermelho e branco. E aos 3 minutos do primeiro tempo da prorrogação o sol brilhou na madrugada: Caio levanta na área, lá da esquerda, Tarciso raspa de cabeça e a bola cai no pé direito do nosso camisa 7, que dá um corte seco no marcador e bate de esquerda.
Gritos:
“Dois a um, porra!”
“É campeão do mundo!”
“Do pescoço pra baixo é canela!”
As paredes da casa do amigo na rua Monteiro Lobato pareciam tremer. (Na minha memória tremiam de verdade.)
E então, quase às 2 e meia da madrugada pelo horário de Brasília, portanto já no dia 12 de dezembro de 1983, o árbrito francês Michel Vautrot apitou o fim do jogo.
A vibração na casa no Partenon assim que o jogo terminou foi algo que beira o indescritível.
A batucada foi retomada na calçada, as camisas tricolores molhadas de suor e lágrimas do choro convulsivo de um grupo de jovens de coração azul, preto e branco, entre os quais estava este que vos escreve.
Das imagens que nunca vão sair da retina, da memória e do coração (além, é claro, dos dois gols de Renato Portaluppi, o nosso camisa 7):
- Ele, Renato, abraçando nosso técnico, Valdir Espinosa, depois de marcar o primeiro gol, e, mais tarde, caindo de joelhos em campo assim que o juiz apitou o fim da prorrogação.
- A raspada de cabela de Tarciso para Renato no lance do segundo gol. Tarciso, o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Grêmio, o jovem centroavante vindo do América/RJ em 1973 que participou da conquista do Gauchão de 77 (o mais importante da história), do Campeonato Brasileiro de 81, da Libertadores e do Mundial no épico ano e 1983. José Tarciso de Souza, Tarciso Flecha Negra, o homem que enfrentou a seca em parte dos anos 70 e depois conquistou o Brasil, a América e o mundo, sempre com a mesma humildade, coragem e dignidade.
- Os dribles, os passes e as dominadas de bola de Mário Sérgio num jogo de marcação feroz realizado em gramado seco e duro, efeito do rigoroso inverno de Japão.
- A calma, a categoria e os gestos de liderança de Hugo De León, El Capitán.
- As defesas de Mazarópi, por baixo e por cima, um paredão, grande Maza.
- O comando sereno e firme de Valdir Espinosa, pitando seu cigarrinho na beira do campo – Espinosa que era o nosso lateral direito lá no início da década 1970, quando comecei a frequentar o Olímpico, o nosso saudoso Casarão.
Todos foram heróis: Mazaropi, Paulo Roberto, Baidek, De León, Paulo César Magalhães, China, Osvaldo, Paulo Cezar Caju, Renato, Tarciso, Mário Sérgio, Beto, Leandro, Casemiro, Tonho, Bonamigo, César e Caio. E também, é claro, Valdir Espinosa, Fábio Koff, Alberto Galia, Túlio Macedo, Rudy Armin Petry, Flávio Obino, Irany Santanna, Antônio Carlos Verardi, Ithon Fritzen, Dirceu Colla, Adalberto Preis, Mário Leitão, Mauro Rosito, Ziuton Bohmgahren. Todos eternos heróis tricolores.
Aquela conquista obtida há 40 anos atrás, em Tóquio, está na prateleira mais alta de um magnífico patrimônio construído ao longo de 120 anos e do qual todos os gremistas – os de ontem, os de hoje e os de amanhã – podem se orgulhar de ser donos
VOCÊ SE LEMBRA DE ERANDY MONTENEGRO?
por Serpa Di Lorenzo

O nosso homenageado da semana nasceu no brejo paraibano, precisamente na bonita e próspera cidade de Bananeiras, no dia 24/04/1946. Foi por seus pais batizado e registrado com o nome de ERANDY PEREIRA MONTENEGRO, mas, para o mundo da bola, ele ficou conhecido como o competente treinador “ERANDY”.
A sua vitoriosa carreira no mundo do futebol iniciou-se nas categorias de base do Campinense Clube, atuando como atacante na famosa raposinha. No ano de 1963, passou a integrar o quadro principal do rubro-negro da famosa Serra da Borborema.
Ao sair do então time de Zé Pinheiro, ERANDY iniciou uma vida que podemos denominar de cigano da bola, tendo passagens em vários clubes do Brasil e do exterior. Ele jogou no Central Sport Clube, da cidade de Caruaru PE; depois jogou no tricolor Santa Cruz Futebol Clube, da cidade do Recife; vestiu a camisa do Clube de Regatas Vasco da Gama, da cidade maravilhosa; Futebol Clube do Porto, de Portugal; e por último uma enorme passagem nos times cearenses do Fortaleza Esporte Clube, Ceará Sporting Club e o Ferroviário Atlético Clube.
Como atleta, ele foi campeão paraibano pelo Campinense Clube, pernambucano pelo Santa Cruz Futebol Clube e cearense pelo Fortaleza Esporte Clube e pelo Ceará Sporting Club. Em 1976, vestindo o manto do Ferroviário Atlético Clube do Ceará, ele pendurou as suas famosas e disputadas chuteiras.
ERANDY tem uma história muito bem escrita na memória do torcedor cearense, pois a sua passagem naquele estado foi bastante exitosa. Inclusive, teve a felicidade de marcar o primeiro gol do estádio Castelão, em 1973, em jogo válido pelo campeonato nacional entre as equipes do Ceará Sporting Club e o Esporte Clube Vitória da Bahia.
Continuando a sua vida de cigano da bola, desta vez como treinador, ERANDY MONTENEGRO assumiu o comando técnico do Ferroviário Atlético Clube, Fortaleza Esporte Clube, Ceará Sporting Club, Associação Desportiva Recreativa Cultural Icasa, da cidade de Juazeiro do Norte; Associação Desportiva Limoeiro Futebol Clube, da cidade de Limoeiro do Norte, todas equipes cearenses.
Associação Cultural e Desportiva Potiguar, Associação Cultural Esporte Clube Baraúnas, ABC Futebol Clube, América Futebol Clube, Alecrim Futebol Clube e Potiguar de Currais Novos, todas do Rio Grande do Norte; Campinense Clube, Botafogo Futebol Clube e Treze Futebol Clube, equipes paraibanas; Central Sport Clube e Santa Cruz Futebol Clube, equipes pernambucanas; Associação Desportiva Confiança, de Sergipe; Sampaio Corrêa Futebol Clube, do Maranhão; CSA Centro Sportivo Alagoano, CRB Clube de Regatas Brasil, ASA Associação Sportiva Arapiraquense e Ipanema Atlético Clube, equipes alagoanas. Sendo campeão no Treze, Botafogo, Santa Cruz, CSA, ABC e América.
Em 1984, “ERANDY” foi o treinador do Botafogo Futebol Clube naquela excursão ao continente europeu, quando o alvinegro da estrela vermelha fez excelente campanha no velho mundo, enfrentando equipes tradicionais como o Estrela Vermelha, da Iugoslávia; o Panathinaikos, da Grécia e o Dínamo de Zagred. Foram dez jogos, venceu quatro, empatou três e foi derrotado em três partidas.
Nesta sexta-feira, 08 de dezembro de 2023, Erandy Pereira Montenegro morreu de câncer no pulmão. No Hospital Hapvida em Natal, aos 77 anos.
Para nós torcedores, cronistas e desportistas paraibanos, ficou a certeza de que o senhor ERANDY PEREIRA MONTENEGRO, o popular “ ERANDY” escreveu o seu nome, com tintas douradas e perpétuas na brilhante história do futebol paraibano.
Causos e & Lendas do Nosso Futebol
FOLHETIM VASCAÍNO
por Rubens Lemos

É, sim, de folhetim de Nelson Rodrigues, o fantasma cronista, dramaturgo e pornográfico, a relação entre o Vasco e a sua torcida. O Vasco não é uma massa sendo guiada pelos jogadores. É um time que é empurrado pelo sentimento ilimitado, cego e vibrante de um povo, de uma patuleia que apanha para amar mais e sem estabelecer qualquer condição básica de autoestima.
Roteiro Rodriguiano: me acovardei como o Asdrúbal alucinado pela Dircinha que passa a vida a humilhá-lo e ele a decantá-la de joelhos feridos pela falta de vergonha e a adoração alucinada.
Consegui assistir aos dez primeiros minutos porque agi como Flodoval, o canalha do escritório, que destila veneno sobre a esposa de Cândido, pelo nome se tem ideia da brandura do bovino marido, enquanto a fustiga pelas costas, dizendo ser ele, o crápula fundamental, o verdadeiro homem de sua vida.
Postei mensagens pessimistas como o escriturário Ladeira, alucinado pela Iarinha que corresponde o sentimento, mas não aceita o sexo sob lençóis infectos de hospedaria. Quer o corpo a corpo em um hotel, por miserável que seja tomada pela mania insofismável de pureza e higiene. Hotel que Ladeira jamais poderá pagar, ora carambolas, com o mísero ordenado de escriturário Letra D.
Fugi da raia e fiquei acompanhando tudo pelo site do globoesporte.com, suando frio como nas febres que aterrorizavam Adelaide, suspeita de gravidez subversiva produzida pelo cafajeste do Aderbal, carteiro sorrateiro que lhe enviava mensagens anônimas e picantes. E sorria, cínico, sabendo que ela sabia ser ele o galanteador.
É fato. Puro, elástico feito a baba do último bêbado do Arco da Lapa. Saiu da última farinha cadavérica de Nelson Rodrigues, que de tricolor passou a vascaíno por 95 minutos, a manutenção do Vasco na Série B do Campeonato Brasileiro. “Todos os minutos contêm milagres”, saiu o grito da lápide do gênio maldito da cultura brasileira. Consta que o vigilante do Cemitério São João Batista, Rio de Janeiro, correu assombrado, patético, ululante.
UMA COISA JOGADA COM MÚSICA – CAPÍTULO 39
por Eduardo Lamas Neiva

A homenagem a Pelé é muito aplaudida pelo público presente ao bar Além da Imaginação. Após uma breve dispersada, Idiota da Objetividade começa a contar como o Santos conquistou o bicampeonato mundial de clubes.
Idiota da Objetividade: – No dia 11 de outubro de 1962, o Santos, que havia sido campeão da Taça Libertadores da América ao vencer o Peñarol do Uruguai, por 3 a 0, enfrentou o Benfica, no Estádio da Luz, em Lisboa, depois de ter vencido por 3 a 2, no Maracanã, na primeira partida da final do Mundial Interclubes. Diante de 80 mil presentes, o Santos sagrou-se campeão com a vitória de 5 a 2, com três gols de Pelé, um de Coutinho e outro de Pepe. Só nos cinco minutos finais, o time português descontou com Eusébio e Santana.
João Sem Medo: – Isso foi apenas quatro meses depois que o Brasil conquistou o bicampeonato mundial no Chile!
Ceguinho Torcedor: – E Pelé, que na Copa do Chile praticamente não jogou, pôde demonstrar mais uma vez o gênio que era.
Garçom: – Vamos, então, aproveitar pra ouvir outra música em homenagem ao Rei?
O “sim” forte e alto ecoa novamente no Além da Imaginação.
Garçom: – Jair Rodrigues, por favor, venha ao nosso palco!
Jair Rodrigues atende o pedido com o sorriso largo que todos se habituaram a ver. E é muito aplaudido.
Jair Rodrigues: – Muito obrigado, minha gente! Vamos aqui fazer uma dupla homenagem, ao Rei do Futebol e ao Rei do Baião. A música, de Durval Vieira e Reginaldo Santos, se chama “Rei Pelé, Rei Luís”. Vamos lá, rapaziada!
Sob aplausos, Jair Rodrigues agradece e, quando ia voltar à sua mesa, Zé Ary e os músicos pedem que ele aguarde um pouco. Ceguinho Torcedor retoma a pelota.
Ceguinho Torcedor: – Mil novecentos e sessenta e dois foi um ano glorioso para o futebol brasileiro. Na Europa só chamavam os jogadores do Santos de gênios, gênios. Técnicos ingleses, italianos, a imprensa portuguesa, todos se esbaldaram de elogios ao time brasileiro.
João Sem Medo: – Foi glorioso para o Botafogo também, que conquistou o bicampeonato carioca em cima do Flamengo.
Ceguinho Torcedor: – É verdade, com um show de Garrincha, deu de 3 a 0 no Flamengo, que jogava pelo empate.
Garçom: – Depois daquele jogo, o Gerson resolveu sair do Flamengo, né?
João Sem Medo: – Foi escalado de ponta-esquerda e ficou tentando ajudar o Jordan a marcar o “imarcável” Garrincha, que fez dois gols. O outro Vanderlei jogou contra a própria rede após chute do Mané.
Garçom: – Na década de 60, Botafogo e Santos eram os melhores times do Brasil e formaram a base da seleção.
João Sem Medo: – Isso mesmo. Mané, venha aqui, por favor. Quero lhe dar mais um abraço. Enquanto isso, o Zé Ary vai convocar outra música.
Garçom: – É verdade, seu João. Vamos agora homenagear os nossos dois maiores gênios da bola e todos os que sonharam e ainda sonham ser um craque da bola, novamente com o grande Jair Rodrigues.
Jair Rodrigues: – Bom, rapaziada, Mané, muito prazer revê-lo aqui. Vamos rolar a bola, então, com “Pelés e Manés”, de Chico Xavier, que não é o médium mineiro, mas o compositor cearense.
Ao fim da apresentação de Jair Rodrigues, a emoção tomou conta de todos no bar. Garrincha subiu ao palco para abraçar o cantor e todos aplaudiram de pé. Os aplausos foram bem demorados e muitos dos presentes se dirigiram a Jair e Garrincha para cumprimentá-los.
Fim do capítulo 39
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Um gol desse não se perde!
OBRIGADO, CENTROAVANTE!
por Claudio Lovato Filho

Entregaste o teu melhor. E o teu melhor é sempre no mínimo genial. Que maravilha foi ver tua entrega em campo. Tua dedicação dentro e fora dele. Teu profissionalismo. Teu compromisso. Tua humildade. Teu prazer quase igual em fazer gols (foram 29 com o manto azul, preto e branco) e em dar passes (17 lindas assistências) para que teus companheiros colocassem a bola no fundo da rede.
Obrigado, centroavante, por nos proporcionar tantas alegrias. Trouxeste momentos de alento e colocaste sorrisos no rosto de todos nós – crianças, adolescentes, adultos e integrantes da velha-guarda; daqueles que estão de bem com a vida e daqueles que vivem tempos de tormentas individuais ou familiares; daqueles que amam o futebol incondicionalmente e daqueles que podiam estar meio desiludidos com ele (e isso incluiu, com frequência, torcedores de outros clubes do país, admiradores da tua arte que souberam desfrutar da tua presença entre nós).
Obrigado, centroavante, por inspirar os mais jovens, exemplo que és. Obrigado por apoiar os veteranos, tão consciente que és das dificuldades da carreira de jogador de futebol – dificuldades que muitos desconhecem, mas que, apesar disso, julgam-se professores no assunto.
Obrigado, centroavante, por honrar a camisa azul, preta e branca em cada segundo que a vestiste nas 54 partidas que disputaste, recorde na tua carreira em uma mesma temporada, e isso aos 36 anos, 37 em 24 de janeiro. Vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro, com 17 gols – decisivos para nos colocar de volta na Libertadores e nos levar à honrosa segunda colocação na competição nacional mais difícil do futebol mundial, posição sacramentada com uma grande vitória nossa no Maracanã, contra o Fluminense, na qual fizeste dois gols.
Como soubeste compreender o que nossa camiseta exige e simboliza! Fizeste tudo o que esperávamos – e mais. Te sacrificaste. Três comprimidos e uma injeção antes de cada jogo, para conseguires enfrentar a dor no teu joelho castigado por tantas batalhas e, assim, nos presentear com teu talento, com tua maestria.
Entraste para a nossa História, Pistolero. E para sempre terás nela um lugar muito especial.
Em janeiro, quando chegaste, este torcedor e modesto escriba teve um texto publicado aqui mesmo, no Museu da Pelada, intitulado “Bem-vindo, centroavante”. Escrevi: “O abraço de Ancheta e Suárez no centro do gramado da Arena simbolizou a força e a constância de um sentimento que une uma torcida e seu clube através de gerações. Isso começou em 1903 e – os deuses do futebol já asseguraram – jamais terá fim. Bem-vindo, Luisito. Estamos juntos, centroavante. Te queríamos muito entre nós e agora já és parte da nossa História”.
“Serei mais um gremista torcendo”, disseste na tua entrevista coletiva de despedida da Arena, depois do jogo contra o Vasco, que vencemos com gol teu. Mais um gremista torcendo, mais um gaúcho de coração azul, preto e branco.
Estamos juntos. Sempre estaremos. Porque agora fazemos parte da mesma História, e esse laço é eterno. Aqui, no nosso Grêmio, no meio de nós, gremistas, tu tens uma família que vigiará por ti e te desejará o melhor onde quer que estejas.
Gracias, delantero centro.
Obrigado, centroavante.
Luis Suárez. Lucho. Luisito.