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O TROCO NA INAUGURAÇÃO DO PLACAR ELETRÔNICO DO MARACANÃ

15 / abril / 2020

por Serginho 5Bocas


Por muito tempo o Maracanã teve um placar modesto, que não condizia com sua magnitude. Para se ter uma ideia, o nome do Flamengo era mostrado como “CRF” e o do Vasco, seu grande rival era “CRVG”, só para exemplificar. Mas em 1979 finalmente, foi inaugurado um novo placar eletrônico no maior do estádio do mundo da época.

Esse era moderno, para a época é claro, tinha uma comunicação com os presentes através de nomes, números e de jogadas em movimento, tudo feito com lâmpadas controladas à distância de dentro de uma sala. A partir dele, a escalação das equipes era mostrada nas três telas do estádio, com nome e número. Quando a bola ia na trave, por exemplo, surgia um bonequinho chutando a bola e ela batendo em uma trave de uma baliza, depois o bonequinho demonstrava frustração abaixando a cabeça, uma tremenda novidade, a torcida gostou na hora. Por último, na hora do gol, escrevia em letras garrafais a palavra “gol”, piscando acelerado no ritmo da torcida, show de bola, tudo de bom.

Lembro que o jogo inaugural foi um Flamengo e América FC, um confronto sempre complicado, pois o “Ameriquinha” apesar de contar com a simpatia de todas as torcidas do Rio de Janeiro, era uma constante pedra no sapato de muito time grande.

Naquele dia o placar registrou o seu primeiro gol, feito por Reinaldo, ponta direita vindo do América para o Flamengo e que fazia sua estreia com o manto rubro-negro justamente naquele dia, Adílio faria o segundo e Zico, marcaria os dois últimos da partida, ambos de falta.

Tudo muito bem, não fosse por um detalhe do jogo. Lembro que alguns anos depois da partida, vi numa dessas resenhas daquelas mesas-redondas de fim de noite aos domingos, o Zico e o Roberto dando dicas de como bater faltas com excelência. Zico dizia que colocava o birro da bola para baixo e Roberto fazia exatamente o contrário, colocando o birro da bola para cima. Num dado momento da entrevista, perguntaram para ambos, se eles já haviam sido provocados por algum goleiro adversário e conseguiram dar o troco.


Roberto disse que o goleiro Ubirajara pegou um pênalti seu, mas ele não teve tempo de dar o troco, pois Ubirajara abandonou a carreira para ser modelo. Já o Galo, disse que o goleiro País, num jogo contra o Flamengo, defendeu uma falta da entrada da área, e virou-se para a torcida do Flamengo, exibindo a bola como se fosse um troféu. Zico disse que aquilo ficou engasgado, e naquele dia, no dia da inauguração do placar eletrônico, estava lá o País, e infelizmente para ele, tomou dois gols de falta, um no ângulo e outro à meia altura. Zico havia pago a provocação com juros e correção monetária, finalmente havia dado o troco.

Dinamite e o Galinho foram reis do Maracanã, lá eles se sentiam em casa, lugar que marcou demais as suas carreiras, mas o estádio recebeu muita gente além deles e aquele que foi o terceiro placar do estádio, o famoso placar eletrônico, presenciou gols de muitos craques e viveu muitas emoções.

O placar eletrônico que não era um, mas sim três placares (ou placas), envelheceu e foi aposentado na marra, para a chegada da modernidade. Hoje um deles descansa na sede do América FC do Rio, outro no estádio do Friburguense e um, reza a lenda que está no estádio do Madureira.

Bom descanso para aquele que foi testemunha de muitos craques e de muitos gols importantes do futebol carioca, brasileiro e mundial.

Ô TEMPO BÃO!

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