por Victor Kingma
Essa é para lembrar de um grande artista da bola, o Garrincha da ponta esquerda.
No final dos anos 50 um combinado paulista foi se apresentar no interior do estado. Aqueles amistosos em época de férias.
Embora o clima na cidade fosse de festa, o técnico do time do lugar há tempos vinha passando por uma situação constrangedora nos jogos da liga regional: estava sendo pressionado pelo prefeito a escalar o seu filho, Baguinho, recém chegado da capital. Só que otime estava certinho e o filho do político não jogava lá essas coisas.
E não tinha argumento que pudesse aliviar a pressão. Sempre que o técnico questionava sobre qual posição escalá-lo, o prefeito dizia:
– Escala em qualquer posição. O menino é fera, joga nas onze!
Na semana do jogo histórico e de grande festividade na cidade, a pressão aumentou mais ainda.
Como o filho do manda chuva da política local ia ficar de fora de uma partida tão importante? Ainda mais com o palanque cheio de autoridades.
No dia do jogo, em meio a grande foguetório e com o pequeno estádio totalmente lotado, o time local aparece no gramado com o empolgado Baguinho na lateral direita, camisa 2.
Finalmente o veterano treinador tinha fraquejado às pressões.
Pouco depois entra em campo o combinado paulista. Na ponta esquerda, Canhoteiro, do São Paulo, um dos maiores dribladores que o futebol brasileiro já teve.
O final trágico todos podem imaginar.
Com trinta minutos de jogo, Baguinho, o esforçado rebento do prefeito, extenuado, pede pra sair após levar um baile memorável.
No final do jogo, dando de ombros para a fúria do prefeito por ter colocado o seu “craque” polivalente naquela roubada, o veterano treinador, raposa astuta do futebol do interior, com sorriso irônico se defendia de qualquer indagação:
– Ué, mas não joga nas onze?
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