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Mozer

22 / novembro / 2019

ARMADURA RUBRO-NEGRA

“Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Adílio, Andrade e Zico; Tita, Nunes e Lico”. A escalação do esquadrão do Flamengo de 81 está na memória não só dos rubro-negros, mas também dos amantes do futebol arte! Por isso, dá um orgulho danado quando temos a oportunidade de entrevistar as feras desse elenco e relembrar a magia daquele time que conquistou o mundo.

Às vésperas da decisão da Libertadores, entre Flamengo e River Plate, a equipe do Museu foi até a Gávea bater um papo com Mozer, a muralha rubro-negra.

– Aqui é minha casa! Não só minha, mas daquela geração toda! – disparou logo de cara.

Considerado um dos maiores zagueiros da história do clube, o “Vampiro” fez história também no Benfica, no Olympique de Marseille e no Kashima Antlers. O que muitos não sabem, no entanto, é que Mozer nunca quis ser zagueiro.

Na realidade, o craque começou como ponta de lança na base e o lendário Modesto Bria foi o responsável pela dica que mudaria a sua história:

– Ele me disse que se eu jogasse de centroavante no Flamengo, e não marcasse gols em todos os jogos, terminaria no Flamengo-PI!

Embora a dica não tenha sido bem aceita inicialmente, Bria enxergava em Mozer qualidades fundamentais para um bom zagueiro e o tempo provou que ele estava mais do que certo. Não por acaso, o ídolo rubro-negro o considera a pessoa mais importante da carreira!

Sua trajetória no clube todos conhecem, foram sete anos de titularidade, com inúmeros títulos ao lado de grandes jogadores. Caçula do elenco, Mozer revelou que era paparicado por todos e se aproveitava dessa situação.

– Aprendi a me dedicar aqui!

Um episódio que marcou muito Mozer ocorreu no final de um treino, quando, ainda garoto, se apressava para ir embora do clube e chegar logo em casa. Ao olhar para o campo, já escuro, notou a presença solitária de Zico, cobrando inúmeras faltas.

– Fiquei envergonhado e corri de volta para o vestiário!

Depois de muitas glórias, a trajetória no clube como jogador terminou de forma inusitada. Depois de não conseguir jogar o Mundial de 86 por problemas no joelho, retornou ao Flamengo e foi surpreendido com a notícia que havia sido vendido. A explicação foi convicente: a diretoria precisava renovar o contrato de ninguém menos que Zico, Júnior, Leandro e Adílio, e a solução encontrada para fazer caixa e cobrir as despesas foi abrir mão da Muralha.

Neste momento, Mozer conheceu o português Manuel Barbosa, empresário que intermediou não só a sua negociação para o Benfica, como a de muitos outros brasileiros. Adaptado à pressão de jogar em um clube grande, o zagueiro caiu no gosto dos “adeptos” e, como de costume em sua carreira, levantou o caneco em Portugal.

Foi por lá, inclusive, que o craque formou dupla com Ricardo Rocha, eleito seu maior parceiro de zaga de todos os tempos. Embora tenha jogado ao lado de grandes defensores, a parceria com Ricardo Rocha foi importante para quebrar um paradigma:

– Fomos considerados a melhor dupla de zaga da Europa. Havia uma fama que os defensores brasileiros não eram competitivos e isso foi bom para provar o contrário. Demos a nossa contribuição e, depois disso, vários zagueiros brasileiros foram jogar lá!

Do Benfica, foi se aventurar no futebol francês para vestir a camisa do Olympique de Marseille, onde também foi campeão. Dos 11 titulares, sete faziam parte da seleção francesa e Mozer era o único brasileiro do elenco.

– Era um timaço! Eu costumo dizer que tive a sorte de só jogar em grandes times!

Pendurou as chuteiras em 1995 e quando curtia as férias em Algarve, região no extremo sul de Portugal, recebeu uma ligação de Zico para jogar no Kashima Antlers, do Japão. Apesar de ter explicado que já havia parado e as dores no joelho incomodavam demais, o Galinho insistiu e Mozer topou. Assinou um contrato de dois anos, mas só conseguiu atuar por uma temporada:

– A japonezada corria demais, não dava! Meu joelho não aguentava!

Mesmo assim, conseguiu atuar em alto nível e ajudar a equipe a conquistar o título japonês.

A resenha terminou com um passeio no Museu do Flamengo, na Gávea, onde o craque reviu os troféus, as camisas dos jogadores da final do Mundial de 81 e relembrou cada jogador daquele time, sem esconder a admiração por eles.
 

 

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