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MOZER, DA CANTORIA EM BANGU AO FLAMENGO CAMPEÃO DO MUNDO

19 / setembro / 2022

Dispensado pelo Botafogo, Mozer tornou-se um dos maiores zagueiros da história do Flamengo. Conheça um pouco mais sobre a trajetória do craque do passado, o garoto “Sorriso” da dona Ivone e do seu Valdemiro

por André Felipe de Lima

Em 1980, um garoto de 19 anos, alto, medindo 1,87m, com 75 quilos, impressionava o comando técnico do Flamengo. Era um zagueiro e craque, diziam, para o futuro, sob a boa máxima rubro-negra de que “craque, o Flamengo faz em casa”. No caso do rapaz, cujo nome é José Carlos Nepomuceno Mozer, era um pouco diferente.

O começo dele não foi no Flamengo, mas sim no Botafogo, que, imagine, o dispensou quando ainda estava no infanto-juvenil, com a desculpa de que o menino era “baixinho” e “franzino demais” para jogar de beque ou mesmo em qualquer outra posição. Mas Mozer, que nadara pelo Bangu com oito anos, não desistira de jogar bola.

Enquanto não pintava uma nova chance, o garoto ganhava uns caraminguás animando bailes do Cassino Bangu e cantando músicas do Cláudio Fontana, que teve entre seus sucessos “Adeus ingrata” e “O homem de Nazaré”. Com a benção da mãe, dona Ivone, um dia Mozer foi parar na Gávea. Mas antes que o sonho do menino se realizasse, a mãe o levou a um tal “doutor Roberto”, médico em Bangu, que aplicou no Mozer, em 15 dias, cinco injeções de hormônio do crescimento. Deu um tempo na voz, começou a espichar e decidiu priorizar os pés, com apoio total do pai Valdemiro. Cresceu e se tornou uma das maiores revelações do Flamengo naquele maravilhoso finzinho dos anos de 1980, quando começava a brotar um dos maiores times da história do futebol mundial.

Quando Mozer despontou no Flamengo em 1980, impôs respeito entre os companheiros de time e até dos rivais. Antes de um Fla-Flu, em julho daquele ano, a estreia dele entre os profissionais, teria sido procurado por dois jogadores do Fluminense, o meia Cristóvão (o que seria técnico do Vasco três décadas depois) e o ponta-direita Robertinho, que disseram ao estreante: “Olha, cara, não fique com medo de bater. O importante é que você estreie bem, ainda que para isso tenha que tirar um de nós de campo”. Mozer jurava ser verdadeiro o surreal conselho dos dois tricolores.

O treinador do Flamengo, o saudoso Cláudio Coutinho, e Nelsinho, que treinara Mozer na seleção brasileira de novos durante o Torneio de Toulon de 80, não tinham dúvidas de que Mozer seria o titular da seleção na Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Mas quem primeiro percebeu que Mozer seria estupendo zagueiro foi Modesto Bria, ídolo do Flamengo nos anos de 1940: “Este garoto reúne quatro grandes qualidades. Tem a técnica de um ponta-de-lança, a habilidade de um meio-campista, a velocidade de um ponta-direita e grande reflexo de marcação e desarme. Pelo alto, é praticamente imbatível. Os zagueiros europeus cabem perfeitamente nesta definição, e Mozer não fica devendo nada a eles”. E, como Bria narrou, Mozer realmente jogou em todas estas posições até firmar-se na zaga. “O Denílson, nosso zagueiro no infanto, estava machucado e eu indaguei do Américo Faria se não seria bom improvisar Mozer na zaga. O garoto fez uma das melhores apresentações e nunca mais saiu. Desde então, passei a confiar plenamente em seu futebol. É um dos jogadores de maior futuro dentro do Flamengo”, completou Bria.
A futurologia do craque do passado era inequívoca. Mozer brilhou intensamente, não somente no Flamengo, mas na seleção brasileira, no Benfica e no Olympique de Marselha. Nos dois clubes europeus, é um dos ídolos mais cultuados até hoje pelos torcedores. Sempre disse ter aprendido a bater faltas com Zico e a ser zagueiro com Rondinelli, o eterno “Deus da raça”. “O Rondi sempre me diz: ‘Joga o que você sabe, não inventa. Mas se for preciso, dá solada de cabeça’. Isso era a única coisa que ele não precisava dizer. Tenho muita garra, porque aprendi com ele”.

Mozer teve grandes mestres que souberam lapidar o talento natural do garoto, que se tornou um dos melhores zagueiros do Flamengo na história. Não é pecado inseri-lo em um hipotético time dos sonhos rubro-negro, colocando-o lado a lado com Domingos da Guia na zaga eterna do Flamengo.

O mundo mereceu conhecer o garoto de Bangu, que cantava (e bem) músicas do Cláudio Fontana e que foi dispensado pelo Botafogo. Mas Mozer, o “Sorriso”— apelido que ganhou ainda menino em Bangu—, mereceu conhecer o mundo também, e no dia 13 de dezembro de 1981, o mundo e Mozer foram devidamente apresentados… para a inesquecível alegria rubro-negra.

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4 Comentários

  1. Luiz fdfnando

    Muito bom eu fui ao jogo dele na equipe principal do flamengo no Maracanã otoima matéria.

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  2. Candido Carvalho

    Sem sombras de duvidas um dos melhores zagueiros que eu vi jogar! Tenho guardado até hoje a revista placar em comemoração ao titulo mundial do Flamengo e lá esta ele , José Carlos Napomuceno MOZER!

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  3. Robson Pereira da Silva

    Eu fui no Maracanã e assisti a estréia do Mozer oelo Flamengo. Não me recordo a data e nem o adversário, mas lembro-me que ele ebtrou e ja foi batizado com um cartão amarelo após uma disputa muito dura com um jogador adversário. Ja deixava ali o seu cartão de visita e se tirnaria um excepcional jogador.

    Responder
  4. Robson Pereira da Silva

    Eu fui no Maracanã e assisti a estréia do Mozer pelo Flamengo. Não me recordo a data e nem o adversário, mas lembro-me que ele entrou e ja foi batizado com um cartão amarelo após uma disputa muito dura com um jogador adversário. Ja deixava ali o seu cartão de visita e se tornaria um excepcional jogador.

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