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Moacir

11 / outubro / 2020

UM DAS PÉROLAS DE 58

Naquele dia de manhã, entro em contato com um senhor que mora em Quito, no Equador, e do outro lado ouço a voz daquele que carrega tantas histórias e jogos na sua memória, vivos na sua retina.

Então combinamos o dia e hora e, ao ligar o notebook e a tela do outro lado entrar no ar, vejo aquele senhor de 84 anos, lúcido, sorridente, com seu chapéu do Flamengo. Sim, torcedor rubro-negro, como ele próprio diz!

Aquele menino que morou num abrigo e que fez teste em alguns clubes, que vestia a camisa do time onde iria fazer a peneira, se vingaria do tempo e da história ao ser campeão mundial de 1958. Sim, um dos poucos campeões vivos daquela Copa.

Moacir conta muitas histórias, aquela que lhe surtiu o apelido de Moacir Canivete, ou então de quando era confundido com o Pelé na Suécia, ou de que não tinha como jogar sendo reserva do grande Didi. Reconhece que era impossível ser titular no lugar daquele que é um dos maiores jogadores da história do futebol.

Lembra daqueles jogos do verdadeiro Maracanã, aquele de 200 mil pessoas, naqueles jogos que as pernas davam uma cambaleada. Nas recordações carrega aqueles dias de jogos do Flamengo, no Maraca cheio, lindo, onde os pobres eram maioria.

Neste país que cuida tão mal dos ídolos do passado e bajula demais os do presente, que um dia serão passado, ouço as histórias deste homem que venceu uma Copa e venceu a vida. A vida que talvez lhe teria sido ingrata se não tivesse sido pelo futebol, que o tirou daquele abrigo.

Sem mais, deixo com vocês este ser humano digno de ser ouvido e que com tanta lucidez me contou a sua história.

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