por Reinaldo Sá
Na época, a seleção brasileira já era tricampeã mundial. Todavia, até 1979, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) nunca deu a devida importância ao futebol nas Olimpíadas. Os dirigentes priorizavam exclusivamente a Copa do Mundo. Porém, com a criação da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a gestão de Giulite Coutinho, o projeto olímpico começou a receber atenção, ainda que sem o apoio dos dirigentes dos clubes.
Após o Brasil se classificar no Pré-Olímpico, a alta cúpula da CBF convidou o jovem treinador Jair Picerni para comandar a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Assim, há quatro décadas, começava um projeto desacreditado por muitos.
A convocação de Jair Picerni teve como base o Internacional de Porto Alegre, com jogadores como Gilmar, Luís Carlos Winck, Aloísio, Mauro Galvão, André Luís, Ademir, Dunga e Gilmar Popoca – este último, um meia de destaque nas categorias de base do Flamengo e campeão mundial de juniores em 1983. Completaram o elenco Paulo Santos, Kita e Silvinho.
Gilmar Popoca, com sua habilidade e passes precisos, era inspirado no ídolo Zico, do Flamengo, especialmente nas cobranças de falta. Sob o comando de Picerni, a campanha foi coroada com a conquista da medalha de prata, a primeira do futebol brasileiro em Olimpíadas. Na final, enfrentando a França, o Brasil foi derrotado por 2 a 0. Ainda assim, o trabalho de Picerni impulsionou sua carreira, marcada por projetos de reestruturação e pela revelação de talentos no cenário nacional.
A conquista abriu caminhos para outros treinadores, que encontraram uma estrutura mais sólida. Em 1988, Carlos Alberto Silva conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Seul, perdendo a final para a extinta União Soviética. Já em 1996, Zagallo, tetracampeão mundial, viu o sonho do ouro se desfazer com a derrota para a Nigéria, ficando com o bronze em Atlanta.
Duas décadas depois, o Brasil se tornou bicampeão olímpico. Em 2016, nos Jogos do Rio de Janeiro, sob o comando do então desconhecido Rogério Micale, e, em 2021, nos Jogos de Tóquio, liderados por André Jardine, o país conquistou o ouro. Esta última edição foi realizada em meio às restrições da pandemia de COVID-19.
Hoje, Jair Picerni vive sua aposentadoria longe dos holofotes, mas segue sendo lembrado com carinho pelos amantes do futebol como o precursor do sucesso olímpico brasileiro no esporte.
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