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Índio

17 / dezembro / 2017

LENDA DO COXA

entrevista: Sergio Pug|iese | texto: André Mendonça | vídeo e edição: Daniel Planel 

Em uma época de ouro do futebol nacional, com pelo menos um cracaço em cada time, Coritiba e Bangu surpreenderam e chegaram à final do Campeonato Brasileiro de 1985. A inusitada decisão, para muitos, sempre despertou a curiosidade do Museu da Pelada e, graças ao parceiro Kleverson Marcos, tivemos a oportunidade de bater um papo bacana com o atacante Índio, um dos grandes personagens não só da final, mas do torneio inteiro.

Ao lado de Lela e Edson, Índio formava um ataque poderoso e começou o campeonato a todo vapor. Na reta final da competição, no entanto, amargou uma sequência de 16 jogos sem balançar as redes, jejum que não impediu a chegada do Coritiba à decisão após bater adversários fortíssimos como São Paulo, Cruzeiro, Flamengo, Santos, Corinthians e Atlético-MG.


Embora não tivesse o mesmo investimento das equipes de ponta que já haviam sido eliminadas pelo Coxa, o Bangu contava com um time enjoado comandado pelo goleador Marinho e, se já não fosse o bastante, ainda tinha o apoio de todos os cariocas que lotaram o Maracanã e fizeram uma linda festa naquele 31 de julho.

– Até o ano anterior, a decisão era sempre realizada em duas partidas, dentro e fora de casa. Não sei por que motivo, justamente naquele ano, foi realizada em partida única – questionou Índio.

De bate-pronta, Sergio Pugliese perguntou se ele achava que havia sido alguma treta que envolvia o Castor de Andrade, presidente de honra do Bangu e um dos mais famosos e poderosos bicheiros do Brasil.

– Não sei, mas que ficou estranho, ficou! – desconversou.

Acontece que Índio tratou de acabar com seu longo jejum de gols e calar o Maracanã logo aos 25 minutos de jogo, quando cobrou uma falta com perfeição, no ângulo do goleiro Gilmar, 

– O Gilmar, meu amigo, nem se mexeu! Até hoje eu tenho a curiosidade de saber qual foi a velocidade daquela bola.

O Bangu empatou dez minutos depois em um chute forte de Lulinha de fora da área, que ainda contou com o desvio da zaga. Após muitas chances para os dois lados e boa atuação dos goleiros, a decisão foi para os pênaltis.

 Com a frieza dos grandes craques, Índio chamou a responsabilidade e, com muita categoria, só deslocou o goleiro para abrir a série. Os outros batedores também converteram as cobranças até chegar a vez de Ado. Confiante por nunca ter desperdiçado uma penalidade, o craque tentou mudar de canto em cima da hora e jogou para fora, dando o título ao Coritiba em pleno Maracanã.

Vale destacar que o erro é, até hoje, um trauma não superado pelo jogador. Ao ser questionado sobre essa situação, Índio contou sobre os encontros que os dois tiveram:

– Estive com ele duas ou três vezes e realmente ele sente até hoje esse “golpe” que aconteceu em 85. Mas eu sempre converso com ele e digo que isso faz parte do futebol. Acho que a gente não tem que guardar nada que seja negativo nas nossas vidas.

Outro personagem importante do torneio foi Ênio Andrade, técnico que assumiu o Coritiba quando a equipe não vinha bem na competição, mudou todo o esquema tático e levou o Coxa ao título. Sobre o saudoso treinador, Índio rasgou elogios:

– Ele era fantástico! Era um treinador que não perturbava os jogadores. Dava o treino dele, a preleção não durava nem cinco minutos e a gente ia para o jogo. No intervalo ele corrigia o que estava errado e no segundo tempo a gente resolvia. Fomos campeões brasileiros através da palavra dele!

No fim da resenha, Índio ainda reviu seu golaço na decisão:

– Isso é uma maravilha! – festejou!

 

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