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CIDADE DO FUTEBOL

7 / novembro / 2022

por Elso Venâncio

Vamos acolher nossos ídolos!!!

“Jogador de futebol morre duas vezes. A primeira, quando encerra a carreira.”

A declaração acima é de um atleta vitorioso, o volante Falcão, o ‘Rei de Roma’, craque da inesquecível seleção de 1982 e ex-técnico da Seleção Brasileira, além de ex-comentarista da TV Globo. No momento em que pendurou as chuteiras, Paulo Roberto Falcão não sabia que direção seguir. Técnico, supervisor, diretor, empresário, comentarista? Em determinado momento, abandonou a televisão para voltar a ser treinador, já que o salário era maior. Mas não conseguiu se firmar à beira do campo.

Valdir Pereira, o Didi, foi um dos maiores de todos os tempos, como jogador e técnico. Carlos de Souza, Carlos de Souza, o ‘Biro-Biro’, hoje produtor da TV Record, revelou-me no final dos anos 90 que Didi andava triste e recluso em sua casa, na Ilha do Governador. Ligamos para ele, que argumentou:

– Lá fora me chamam de ‘mestre’, mas, e aqui?

Perguntei se toparia participar do ‘Enquanto a Bola não Rola’, programa de debates que eu apresentava aos domingos na Rádio Globo.

– Claro!

Com seu carisma e conhecimento, Didi virou uma atração. Chegava sempre acompanhado do genro italiano Luigi, casado com sua filha Lia, e abraçado à neta Paloma, por quem tinha verdadeira adoração.

Inventor da ‘Folha Seca’*, Didi disputou três Copas do Mundo (1954, 1958 e 1962), sendo bicampeão nas duas últimas e, mais do que isso, maestro de ambos os times. Entrou para a História, também, ao marcar o primeiro gol do Maracanã. Ainda inaugurou, no ano de 1958, a honraria da FIFA de melhor jogador do mundo, mesmo tendo Pelé e Garrincha ao lado na disputa.

Se o craque Falcão e o fora de série Didi sofreram longe dos campos, imaginem os outros…

Por sinal, se temos em Jacarepaguá o ‘Retiro dos Artistas’, instituição centenária, hoje dirigida pelo ator Stepan Nercessian, que acolhe músicos, jornalistas, atores, atrizes e até mesmo ex-jogadores, como o goleiro Manga, que disputou a Copa do Mundo da Inglaterra em 1966, por que não ser criada a ‘Cidade do Futebol’?

Haroldo Couto, conselheiro atuante do Flamengo, defende essa ideia há tempos. Sergio Pugliese, que resgata a memória da bola com seu ‘Museu da Pelada’, é outro entusiasta. Assim como o eterno ídolo Zico.

O projeto seria uma área que tivesse campos de futebol nos quais ex-profissionais orientassem novos talentos, fazendo, assim, o que tanto sabem e gostam. No local, que também serviria como um grande museu, caberia um cinema – para mostrar, além de filmes, documentários e o excelente ‘Canal 100’, de Carlinhos Niemeyer, acervo hoje administrado por seu filho Alexandre. Teria também restaurantes, teatro, local para feiras, lançamentos de livros esportivos, shows, fotos históricas e, por que não, uma espécie de ‘Hall da Fama’.

A meu ver, empresas usariam incentivos fiscais para apoiar e eternizar nossos ídolos. Assim, o Rio de Janeiro teria, no país do futebol, outro de seus mais visitados pontos turísticos internacionais.

Temos apenas que pensar e planejar o projeto, em agradecimento aos personagens que fizeram do nosso futebol o maior do mundo e único pentacampeão do planeta.

*Apelido conferido pelo comentarista Luiz Mendes ao chute inventado por Didi no qual a bola tomava várias direções no ar antes de chegar ao gol, movimentos que lembravam uma folha seca descaindo de uma árvore.

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