por Elso Venâncio

O Vasco conquistou o título do Torneio de Paris logo em sua primeira edição, disputada em 1957. Hoje em dia, essa competição seria considerada o Mundial de Clubes, até porque serviu de inspiração para a Copa Intercontinental ou Mundial Interclubes.
Aquele título invicto entrou para a História, já que nunca um clube sul-americano tinha sido campeão enfrentando um gigante europeu. O Real Madrid, adversário na grande final, era considerado o maior esquadrão do mundo e tinha Di Stéfano, astro argentino que se naturalizou espanhol, Puskas, Kopa e Gento, dentre outros cracaços.
O inédito pentacampeonato (1956 a 1960) da Liga dos Campeões da UEFA foi determinante para a FIFA eleger o Real Madrid como ‘O Clube do Século XX’.
No fim, Vasco 4 a 3, com Di Stéfano marcando o primeiro, Valter Marciano empatando e o Gigante da Colina virando o placar com Vavá. Mateos ainda empata, Livinho fez o terceiro e Valter Marciano marcou de novo. Kopa descontou no finalzinho.
Os campeões posaram com Carlos Alberto, Dario, Viana (Brito), Orlando Peçanha e Ortunho (Joaquim); Laerte e Valter; Sabará, Livinho, Vavá e Pinga.
Dois dias após a conquista, mesmo com a longa viagem de ônibus de Paris a La Coruña, nova Vitória e, com isso, título novo para abrilhantar a sala de troféus da Colina. 4 a 2 no Atlético de Bilbao, taça conquistada em jogo único. Por sinal, que taça! O tradicional Troféu Teresa Herrera.
Na decisão, em Paris, o técnico Martin Francisco lançou Brito, aos 18 anos, na vaga de Viana, que se contundiu. Brito, quando chegou a São Januário, pôde ver de perto e aprender com Bellini e Orlando Peçanha, que formavam a zaga e estavam sempre sendo convocados para a seleção brasileira. Titular na década de 60, capitão e batedor de pênaltis, sua dupla com Fontana marcou época. Curiosamente, na Copa de 1970, no México, era jogador do Flamengo, clube que não o valorizou.
O técnico Yustrich, o ‘Homão’, colocava Washington, irmão de Geraldo ‘Assoviador’, deixando o tricampeão do mundo, o ‘Pulmão da Copa’ do México fora. Contra o Flamengo, no Mineirão, ao deixar o campo, Brito jogou sua camisa suada em cima de Yustrich. Seguranças entraram em ação, apartando a briga.
Ao marcar e anular Di Stéfano e ser campeão em Paris, Brito iniciava sua vitoriosa carreira. O jornal ‘France Soir’ chegou a estampar a seguinte manchete:
‘Real Madrid, maior do mundo? Não, falem do Vasco da Gama.’
Excelente texto do grande Elso Venâncio, repórter que cobriu o Vasco pela Rádio Globo!
Sem dúvida é o título mais importante da história do Vasco pois foi o primeiro título de uma equipe brasileira dentro da Europa, na condição de Campeão da América de 48 derrotando o então tricampeão europeu, o Real Madrid de Di Stefano…