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A ARTE PREVISÍVEL

13 / março / 2020

por Marcos Eduardo Neves


Que me desculpem os coleguinhas da imprensa. Há anos, senão décadas, se espalha a máxima de que jogador de futebol brasileiro deixou de ser artista para ser atleta. Mais um tabu que o Flamengo vem quebrando desde 2019.

O que o time de Jorge Jesus vem jogando dá gosto de ver. É o melhor futebol da América, sem dúvida. Soma de gestão correta, criativa e ousada a crédito na praça e investimento alto, para retorno ainda maior. Um espetáculo por jogo. Ainda que diferentes.

Quarta-feira quem se endereçou ao Maracanã para conferir a estreia em casa do clube na Libertadores foi com uma expectativa e saiu saciado. O Flamengo entrega o que se paga para ver. Daí o embate com a Globo: o Rubro-negro dá ao espectador um programa de televisão bem ensaiado, produzido e finalizado. O que nem mesmo a própria emissora faz sempre.

A vitória desta noite, por exemplo, nada mais foi do que outro capítulo qualquer de novela. Dispensável, digo mais, não fosse a indispensável audiência. Tipo, Até o próximo capítulo! Se perdeu esse, não tem problema, você vai entender a trama no próximo.

Sim, não era um capítulo imperdível, como o final de novela que foi a decisão contra o River Plate. Aliás, aquilo foi filme. Com direito a séria concorrência no Oscar: possibilidades de melhor filme, melhor roteiro, melhor diretor e melhor ator. Um thriller avassalador, de final surpreendente.

Aquele jogo fugiu à regra devido à atuação do elenco, fora do scritpt. Hoje foi normalidade, mesmice. Naquela tarde o Flamengo foi irreconhecível até os minutos finais. Contra o Barcelona do Equador, igualzinho ao último ou ao penúltimo. Previsível.


A ponto de parecer teatro ou show: as pessoas indicam por ser bom, os fãs não perdem porque são fanáticos, e seja pela TV, pelo rádio ou no estádio, a plateia se divertirá, o evento será dentro de campo agradável, um programa bacana onde os atores, ao fecharem a cortina, agradem em conjunto ao público. As pessoas vão sabendo o que verão e até mesmo o final. A diferença é que numa peça ou no show não faz ideia de quando o espetáculo terminará, se daqui a uma hora e meia, duas ou três. Já um jogo do Flamengo não se sabe de quanto vai ser. A única dúvida é acertar o placar.

Contra o Liverpool o filme foi midiático, mas, para as duas equipes, dramático. Houve um mocinho vitorioso no fim, mas o vilão não convenceu no papel: criou empatia monstra. Na noite de quarta, entretanto, o time jogou com a intensidade de sempre e conquistou o placar de quase sempre. E, quer saber, mesmo que perdesse, ou porque a bola não entrou ou porque o árbitro errou, seria apenas um capítulo melodramático de novela. Do estilo, Aguarde o próximo, segue o jogo e, cuidado, olha lá com as brincadeiras. Quem ri por último ri melhor.

Novela, filme, teatro… ver jogo do Flamengo é certeza do que vai apreciar, que nem circo. Mesmo sem um ou outro jogador a coisa acontece, funciona. Como circo com ou sem palhaço, ou sem globo da morte mas com trapezista, ou sem animal mas com mágico. Pague para ver – e receba. Ou não pague e azar o seu.

Claro, uma peça pode ser ruim, um circo, um filme, uma novela até. O Flamengo de hoje, não. Pode até estar em uma manhã, tarde ou noite ruim. Porque ser ele não é. Estar, pode até ser. Mas é incomum.

Dessa forma, o Flamengo prova hoje que seus atletas ainda fazem arte, sim. São artistas. Não mais fumam, se drogam ou exageram fora de campo, como nos anos 60, 70 ou 80: são ‘paulísticamente’ trabalhadores, responsáveis, profissionais – outro tabu quebrado. Mas são artistas.


E no que tange à produção, efeitos visuais e adereços, são até mais, top de linha. Não duvido que, além de comissão técnica, roupeiros, massagistas, seguranças e todo o séquito que normalmente já envolve um time de futebol, faça parte da folha do clube também um ou mais cabeleireiros e camarins, talvez na concentração, para que antes de pegarem o ônibus os astros deem aquele tapa no visual. Afinal, não consigo acreditar que, não bastassem os exímios músicos sinfônicos de uma orquestra encantadora, ainda encontrem tempo e, principalmente, competência para fazer por conta própria os cabelos com que sobem ao palco. Narcisos egos a aproveitarem a colossal vitrine para mostrar o quão vaidosos são não apenas com a bola, mas com a própria imagem.

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