por Zé Roberto Padilha
Da nova geração de comentaristas esportivos globais, fico com a humildade, prudência e a competência do Júnior. Explica o futebol de uma maneira tão simples, que até nossa gata, a Liz Taylor, já sabe se vale a pena permanecer no sofá tirando seu cochilo, quando ele diz que a partida será enfadonha, ou se é melhor correr dali, se ele prevê uma gritaria como foi o Botafogo x Flamengo no último sábado. Bruno gritava gol de um lado, Guilherme empatava com um berro ainda maior que o do seu irmão. Liz, então, foi dormir no quarto.
Já Edinho, precisa do auxílio de uma fonoaudióloga para a voz acompanhar seu raciocínio. Paulinho Criciúma, uma dúzia delas. Ricardo Rocha é bom, mas repetitivo durante a transmissão: se enxerga uma jogada pela linha de fundo que leva perigo, mesmo que o treinador adversário feche a avenida, ele insiste em pedir jogadas por aquele setor, sem ter o trabalho de acompanhar a evolução das performances dos jogadores e as variações táticas da partida. Pura preguiça porque entender de futebol, ele entende. Juninho vai bem, obrigado, mas será prudente manter gatos e crianças afastados da sala porque vem Olimpíadas por aí e com eles… Ronaldo, o Fenômeno. Ninguém merece! Queremos Casão!
A decepção tem sido o Roger. Tinha tudo para ser o melhor dos comentaristas: jogou o fino da bola, fala bem, tem boa aparência e conhece os bastidores da emissora pelo tempo em que namorou uma das suas atrizes. Mas tem carregado doses de arrogância em seus comentários que não combina com a elegância com que conduzia a bola nos pés. Uma canhotinha que dá saudades em qualquer tricolor. Roger, ao contrário do Júnior, não fez seu jogo de despedida. Ainda balança, olhando para o gramado, com um certo olhar de ainda dá para descer e resolver. E quando o Cícero, ou o Scarpa, atuam pelo seu setor, não comenta. Compara. Aí fica difícil, quem está assistindo não tem uma justa avaliação dos seus desempenhos e, pior ainda para os dois meias, que não jogam tanto quanto ele jogou.
Quando Luiz Carlos Jr. diz que foi escanteio para o Flamengo, ele retruca de bate-pronto, com o tempo da bola que nenhum narrador que não jogou há de alcançar: “Não, o juiz marcou saída de bola antes!”. Está sempre acertando, mas poderia esperar o replay, exercer a cumplicidade para seu parceiro de cabine não viverpedindo desculpas. “Você está certo, Roger, a bola saiu antes!” Sábado, porém, quem errou foi o Roger. Placar de 3×1 para o Flamengo, 22 minutos de jogo no segundo tempo, e o que fariam Guardiola, Mourinho, Evaristo de Macedo e Telê Santana nas substituições? Ricardo Gomes ousar, jogar pro tudo ou nada, Zé Ricardo preencher o meio-campo com dois volantes de categoria, descansados para manter o resultado. E assim, corretamente o fizeram. Mas a comodidade de exaltar o alcançado, não respeitar o inusitado daquele caixinha de surpresas que nos mantém sentado até o último minuto foi a sua opção. Enalteceu as mexidas do Ricardo, e condenou o Zé Ricardo pelas suas. Simples, óbvio e injusto. Quando tudo acabou, a paz voltou a reinar na sala enquanto subia a tabela de classificação. Liz, de olhos claros como ele, retornou ao sofá, pediu licença e foi dela o comentário final: “Menos, Gato! Menos!”.