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Rafytuz Santos

A PRIMEIRA VEZ NO ESTÁDIO

por Rafytuz Santos


Joãozinho era um garoto apaixonado por futebol. Colecionava figurinhas e cards da Copa do Mundo, Champions League, Campeonato Brasileiro, Copa América e tantos outros campeonatos. Sabia tudo sobre diversos jogadores, mas o seu grande ídolo era Marta (sim, isso mesmo… MARTA).

E quis o destino que a sua primeira ida a um jogo de futebol fosse em um jogo da genial camisa 10 Marta. Foi em uma quarta-feira, e o pequeno Joãozinho acordou naquele dia eufórico. Separou a sua melhor camisa do seu time de coração, ficou chutando a bola na sala, e no seu imaginário estava reproduzindo as históricas jogadas da Marta, com toda mestria e velocidade. O dia passou rápido, e tudo parecia um lindo roteiro de cinema: Joãozinho pulando no banco de trás do fusca de seu pai, saindo do interior de São Paulo em direção a Santos, no templo sagrado do futebol, a Vila Belmiro, para acompanhar o empolgante time feminino do Santos Futebol Clube, em um jogo de Libertadores.


Joãozinho entrava no estádio, e ao chegar na arquibancada, uma lágrima corria suavemente em seu rosto, sutil, leve, carregada de emoção e ingenuidade, contida da pureza de uma criança e da beleza do futebol. O sonho do menino do interior estava se realizando, e ele estava misturado a outros tantos apaixonados pelo esporte que sempre une povos e nações.


A cada jogada de Marta, o pequeno garoto se contorcia tamanha a empolgação gerada pelo jogo. A voz de Joãozinho até sumiu, e quando o gol de Marta saiu, o garoto retirou sua camisa com a maior força, e se atirou nos braços de sue pai, caindo no choro com o momento que nunca sairá  de sua mente. A cena de Marta indo em direção ao setor onde Joãozinho e seu pai estavam na arquibancada foi eternizada na retina do menino, e fincada no coração futebolístico do garoto caipira que se aventurou no Litoral Paulista.

RUA DE CIMA X RUA DE BAIXO: O MAIOR CLÁSSICO DE TODOS OS TEMPOS

por Rafytuz Santos


(Foto: Reprodução)

Era uma tarde de segunda-feira…

O calor era escaldante, todas as crianças e adolescentes estavam reunidos em frente a Rua de Baixo, onde tradicionalmente aconteciam os conhecidos “contras”.

O clima tenso já era notável no olhar de cada jogador. Os times eram escalados um por um… a Rua de Baixo tinha: Barriga, Minhoca, Vesgo e Maicon (o mais marrento e talentoso da rua). Já a Rua de Cima vinha com um elenco primoroso: Bahia, Chuck, Dieguinho e Palito.

O banco de reservas (a calçada da rua, melhor dizendo) era misturado com jogadores, “torcedores” e curiosos. As traves eram feitas comn os famosos “gols chinelos”, o campo de jogo em péssimas condições (a rua era completamente esburacada e com pequenas pedras, o que causava a lesão mais popular dos contras de rua… o esfolamento do tampão do dedão do pé), sem contar a ausência do juiz, o que já motivava a violência sem limites.

Esqueçam taças, medalhas ou alguma premiação em dinheiro… o grande clássico valia uma garrafa de 2 litros do refrigerante mais barato. O jogo termina quando algum time marcar 10 gols (ou até todos cansarem, ou até a bola furar, ou até a bola cair na casa da vizinha rabugenta…).

O jogo começa, e junto com ele a rivalidade explícita. Divididas fortes, jogo de corpo a todo instante… o verdadeiro espírito de um grande clássico. As substituições são meramente protocolares, pois os times não querem tirar os melhores jogadores.

O jogo tem um ritmo alucinante, só sendo interrompido pelos carros e pedestres que passam no campo de jogo (onde os mesmos são encarados de forma perceptível pelos irritados jogadores). Como todo grande jogo, o clássico das ruas também é decidido em detalhes. Não é que o Minhoca do metido time da Rua de Baixo, quis sair jogando?? Porém ele não contava com o oportunismo do jogador mais velho em campo, Palito (17 anos hahahaha), que proferiu um chute de cobertura do seu campo de defesa e a bola foi pingando lentamente, até perder força e ultrapassar rasteiramente o “gol chinelo”..

A gritaria da rua vizinha foi enorme, um verdadeiro gol de placa!!! O assunto da semana no bairro seria o golaço do Palito! E a Rua de Baixo, só restou aguentar a gozação. Um brinde do refrigerante mais barato ao futebol-arte!