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Palmeiras

TIMAÇO DO PALMEIRAS

por Rubens Lemos

É encantador o time do Palmeiras na Copinha. Independentemente de resultados , me conquistou na opção pela habilidade. Pegou o Floresta e esquartejou: 5×0.

Se tivesse vencido de 18×1, seria normalíssimo. Há jogadores de alto nível. O toque de bola é vistoso, a saída para o ataque, massacrante, com deslocamentos rápidos, toques venenosos, gols construídos como se fossem projetados.

O Palmeiras honra suas duas Academias, assim, com a maiúsculo, que maravilharam o futebol brasileiro nos anos 1960 e 1970, com Julinho Botelho, Servílio, Tupãzinho, Chinesinho, Leivinha, Dudu, Edu Bala, Nei e o inigualável violino Ademir da Guia, o quarto melhor armador da história do país, atrás apenas de Didi, Gerson e Zizinho.

Ver jogo de um time alegre e atacante é uma compensação pelas retrancas doentias que assolam o futebol brasileiro.

O CRAQUE DO BRASIL EM 2018

por Luis Filipe Chateaubriand

Em 2018, o Palmeiras era o clube dominante do futebol brasileiro, tendo sido o vencedor do Campeonato Brasileiro da Série A.

À frente da trupe, o atacante Dudu.

Homem de muitos gols, também fazia assiduamente assistências para outro alviverdes marcarem.

Raçudo, buscava espaços contra as defesas adversárias com rara competência, o que garantia, ao Imponente, boas oportunidades.

Líder, instruía os companheiros a estarem ligados nos jogos, a se doarem em campo, a terem comprometimento.

Tinha, também, a identificação com a torcida, que sempre o prestigiava e se fazia presente para enaltecer o grande jogador.

Por essas e outras, Dudu foi o craque do Brasil em 2018.

COVARDIA NO MUNDIAL

:::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::


Sou do tempo dos clássicos acirrados, repletos de craques em campo, estádios lotados e festa da torcida. Muito por isso, me decepcionei bastante quando fui convidado para assistir Palmeiras x Santos pela Libertadores de 2020, no Maracanã, e presenciei uma das piores finais de todos os tempos. Sem brincadeira, durante todo esse tempo jogando e acompanhando futebol, nunca vi uma decisão tão fraca na minha vida.

Na ocasião, o gol saiu na prorrogação e foi marcado por puro espiritismo do atacante! Classificado para o Mundial daquele ano, o Palmeiras decepcionou e foi eliminado ainda na semifinal. Em 2021, o título veio novamente com um “gol espírita”, dessa vez de Deyverson, após falha de Andreas Pereira.

No sábado, parei para assistir a final do Mundial e juro que tentei ver o que tinha de positivo no time de Abel Ferreira, afinal o treinador vive sendo idolatrado pela torcida e pela imprensa. Mas o que pude ver foi um time extremamente acovardado, acuado, jogando para não perder e torcendo para Dudu, o único que apresenta uma lucidez, resolver com uma jogada individual.

Acho que a preocupação do português era não levar uma goleada, mas a verdade é que o Chelsea também não é lá essas coisas e jamais seria capaz de fazer uma chuva de gols. Também não gosto do estilo de jogo do Thomas Tuchel, do Chelsea, e não por acaso o zagueiro Thiago Silva foi eleito o melhor do torneio.

O que me deixou mais assustado foi ver a torcida vangloriando Abel Ferreira no desembarque em São Paulo! Sério isso? Na minha época o sarrafo era outro e nem quando a gente levantava a taça o treinador saía com tanta moral! Os tempos mudaram e eu preciso urgente achar um novo esporte para assistir!

De quebra, ainda vou me livrar do “futebol reativo com arsenal de modelos e ideias de jogo para os zagueiros e volantes brucutus fazerem ligação direta buscando o atacante agudo, que ataca a segunda bola com o objetivo de chapá-la na bochecha da rede”.

O OTIMISTA

por Rubens Lemos


Tive um amigo alguns anos atrás que poderia chamar de otimista. Gostava muito dele. E ele, dos seus patrões. Era incrível, nos divertíamos, quase aos orgasmos, eu e um terceiro comparsa, que me ensinou a gostar das crônicas de Antônio Maria.

E eu me apaixonei por Antônio Maria uns 32 anos depois de sua morte, de infarto no Le Rond Point, em Copacabana, dia 15 de outubro de 1964, de profunda tristeza.

Nunca esqueceu Danuza Leão, seu amor maior, que ele arrebatou de Samuel Wainer, um dos mais completos jornalistas do país para depois sentir o fel da mudança de lugar na fila.

Pois bem, esse amigo, meu e do terceiro amigo, homem bom e homem probo, nos chegava periodicamente:

– Assumiu um novo chefe. E o cara é fantástico. Me adorou.

Havia dito, meses antes, frase igual sobre o titular ora substituído, para surpresa, minha e do terceiro amigo, que, de humor ferino, perdeu a paciência:

– Patrão bom para você é sempre o próximo!

O nosso amigo, de coração e timidez, não fazia o tipo bajulador. Ao contrário. Era talentoso. Mas inseguro. Temia – como eu, um angustiado de barco à deriva, a perda do emprego. E enxergava, nos comandantes, virtudes normais que maximizava, para torná-los afetivos e camaradas.

Pelo talento que tinha, não pela bondade gratuita dos sucessivos chefetes, nunca correu risco de ficar no olho da rua. Olho da rua é uma expressão de esfinge. Rua tem esquina, retas, curvas, mas se há olho, está nas suas fofoqueiras de certificado.

Nas desocupadas e feiosas que estabelecem a geografia da falsidade, criando guerrilhas nas casas alheias, usando – elas, as canalhas de calçolas, na mentira dita ao pé do ouvido e, naqueles tempos mais remotos, nos telefonemas com lenço na boca para disfarçar a infâmia.

Então, o meu amigo, meu e do terceiro amigo, esmerava-se em novas ideias, que, de tão criativas, sensibilizavam os burocratas que o chefiavam. Daí, passava, da relação meramente protocolar, à camaradagem com o superior, seguro de sua postura séria e aflita, sempre projetando o próximo regra-três de paletó lascado atrás, como diziam os veteranos do interior.

Eu e o terceiro amigo observávamos, maliciosos, o esforço do primeiro para transformar medo em mérito, temor em êxito, ansiedade em satisfação pelos justos elogios. Era um profissional competente, não precisava da avaliação sempre positiva dos líderes ou nem tanto assim, sujeitos sisudos que vinham transferidos, por exemplo, de Macapá, no Amapá, para ditar regras em Natal.

Até que veio o Campeonato Paulista de 1993 e o responsável pelo setor do primeiro amigo era Corinthians. Corinthians, não. “Curíntia”. Paulistano nato, de um fanatismo puxado ao humorista Mazzarópi. O Corinthians decidiria com o Palmeiras, há 17 anos na espera de um estadual.

Time por time, o Palmeiras era bem superior. Do meio-para a frente, uma máquina: César Sampaio, Mazinho e Edílson; Edmundo, Evair e Zinho. Na lateral-esquerda, Roberto Carlos e seus iêiêiês potentes de canhota. O Palmeiras, controlando os nervos, venceria fácil.

O Corinthians tinha Neto, o camisa 10 gorducho e bom batedor de faltas e escanteios – apenas -, de estrela. Viola de centroavante, Tupãzinho, o goleiro Ronaldo e o inexpressivo atacante Paulo Sérgio, que terminaria tetracampeão mundial no ano seguinte, na reserva de Mazinho.

Paulo Sérgio é um exemplo daquelas imposições sádicas de técnicos que escolhem pernas de pau apenas para chatear a torcida. Rivaldo jogava muito mais e ficou por aqui.

Na primeira partida, o Palmeiras, rebolou e Viola fez o gol da vitória de 1×0, saindo para espezinhar os rivais imitando um porco. Meu primeiro amigo – soubemos eu e o terceiro -, recebeu safanões eufóricos do corintiano, que cantou o título antecipado uma semana inteira.

Até a decisão do domingo seguinte, o clima de caneco na mão tomou conta da repartição. O chefe cantando os subalternos a apostas. Na finalíssima, o Palmeiras massacrou: 4×0 e campeão líquido, certo e justo.

O primeiro amigo consolou o rabugento chefe: “Foi injusto”. Olhos esbugalhados, o derrotado o chamou a um canto: “Porra nenhuma. Tomamos um olé. Não precisa querer me agradar”. O primeiro amigo, em providência imediata, jogou fora a camisa do Corinthians.

DIA 27

por Marcos Fábio Katudjian 


Quando a bola rolar na tarde do sábado será apenas mais uma etapa de um jogo que já dura dois meses, os dois meses mais longos da história da humanidade, como bem sabem palmeirenses e flamenguistas.

No dia 27, essa espera terá fim. Até que isso aconteça, como tem sido nessas semanas excruciantes, não se pensará em mais nada. O dia 27 está em tudo e todas as coisas: nos meios de comunicação, nas ruas, escolas, supermercados, hospitais, nos shopping centers e nas igrejas. No ar e no éter, no Céu e na Terra, nas mesquitas e sinagogas de uma hipotética Jerusalém concebida pelos deuses do futebol. 

O dia 27 guarda um clássico dos milhões. Dos milhões de reais, dos milhões de torcedores, dos milhões de sonhos delirantes de vitórias épicas, dos milhões de pesadelos de derrocadas irremediáveis e, sobretudo, dos milhões, dos bilhões de palpitações que assolarão cruelmente os corações aflitos dessas criaturas pobres e coitadas, vulneráveis e frágeis que são os torcedores, que entre sístoles e diástoles se encherão e esvaziarão de esperança como um cálice de vinho tinto de sangue derramado no chão da existência.

O torcedor do dia 27, como de praxe acontece com todos os torcedores, vê nesse dia a infantil possibilidade de redenção e extinção das dores, das amarguras e dos sofrimentos todos da vida. É o que é a vida e o próprio mundo diante do sonhado dia 27? Apenas poeira cósmica a centenas de anos luz da praia de razão mais próxima. Nascido cinco minutos antes do nada, não há vida, nada resta além do dia 27, apenas um imensurável vácuo no qual o universo se contrai e desintegra num deja vu dramático de um Big Bang ás avessas.

Para uns o dia 27 trará os mais insofismáveis píncaros da glória mais suprema, pura e soberba. Para outros, o calabouço mais subterrâneo e imundo, onde ardem as chamas abrasadoras do mais perverso e nefando inferno.

Estará aberta a temporada do “ai, Jesus”, pois que o dia 27, meus amigos, estará nas escrituras como parte de um novíssimo testamento a glorificar, de um lado, os heróis da dureza desse prélio que não tarda. Heróis que serão exaltados e declamados por séculos seculorum De outro lado, nomes de má lembrança, pronunciados às sombras, mal ditos. 

Sim, porque no dia 27 separar-se-ão os homens dos meninos, os bem aventurados dos fariseus, os anjos dos demônios, o bem e o mal. Ao final do dia 27 a realidade estará enfim colocada sem meios termos, sem meios tons. Ela será verde e será branca ou será vermelha e será preta. E nada mais.

Acautelem-se, pois. E não se enganem, senhores, que para essas duas grandes nações o dia 27 tem o peso do Juízo Final.