Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Neto

NETO X DOUGLAS LUIZ: A MAIS RECENTE TRETA DA INTERNET

por André Luiz Pereira Nunes


A rede mundial de computadores, popularmente conhecida como internet, inegavelmente legou inúmeras e incontáveis vantagens. O mundo se tornou mais globalizado, deixando a informação mais disponível.

Porém, como de hábito, o progresso e a tecnologia trazem vantagens e desvantagens. A atual conjuntura, permeada pela cultura da lacração, cancelamento, likes e deslikes nas redes sociais, é por demais fútil, dispensável e desagradável.

A mais recente polêmica nasceu a partir de uma crítica do apresentador e ex-craque do Corinthians e da Seleção Brasileira, José Ferreira Neto, âncora do programa ‘Donos da Bola’, da TV Bandeirantes, à convocação para a Seleção Brasileira do atleta Douglas Luiz, do Aston Villa, da Inglaterra.

O sururu virtual começou quando Neto, no último dia 6, questionou a qualidade do jogador para vestir a Amarelinha. Segundo o ex-célebre meia corinthiano, Danilo, do Palmeiras, ou Willian Arão, do Flamengo, seriam nomes mais qualificados a integrar a lista.

– Quer a maior vergonha do Tite em relação ao jogo contra a Venezuela? Convocou o jogador do Aston Villa. Alguém sabe quem joga no Aston Villa? Alguém nesse país sabe em que lugar da ‘Premier League’ está o Aston Villa?”, detonou o polêmico apresentador.

Quem acompanha a carreira de Neto, sabe bem que nunca teve papas na língua. Como jogador, foi um dos grandes craques do futebol brasileiro na década de 90. A sua ausência entre os selecionáveis à Copa do Mundo da Itália é considerada por muitos analistas uma injustiça. Na ocasião, o técnico Sebastião Lazaroni optou por nomes de menor envergadura como o meia vascaíno Bismarck.

Apesar do longo histórico recheado de confusões, Neto tem se destacado na condução de seu programa esportivo, embora reiteradamente exagere nas críticas e declarações.

Mas, como toda ação tem uma reação, em resposta, Douglas Luiz baixou o nível e chamou o apresentador de “palhaço da TV”.

O ex-jogador então reagiu:

– Tem que falar que o ‘Donos da Bola’ não aparece só em São Paulo. Está aparecendo na Inglaterra. O Douglas Silva, ops, Douglas Luiz, que joga no Aston Villa, a Portuguesa Santista que fala inglês, diz que sou o palhaço da televisão. O último gol dele foi em janeiro de 2020. Você está de brincadeira. Quem é você perto de mim? Se eu sou o palhaço da televisão, você joga bola?”, questionou.

A tréplica de Douglas Luiz, cuja carreira se iniciou no Vasco, foi ainda mais reticente.

– Olhei o currículo dele aqui e não vi nenhum time grande, fora do Brasil. Então, quem é o Neto para falar do Aston Villa, que, na minha concepção, é um gigante europeu? E você, Neto, não jogou em lugar nenhum, entendeu? Você fala muito, não sei quem te deu esse apelido de craque”, reiterou.

De fato, Neto atuou apenas por dois times no exterior, nenhum deles na Europa: o Millionários, da Colômbia, e o Deportivo Itália, da Venezuela, já em final de carreira. Conquistou dois Campeonatos Paulistas, um Campeonato Brasileiro, uma Supercopa do Brasil e um Campeonato Venezuelano, além de outros títulos de menor expressão.

Já o Aston Villa, clube de Douglas Luiz, é um dos mais tradicionais de Londres. Inclusive completará 147 anos em 21 de novembro. A equipe tem três títulos em nível europeu: uma Champions League, uma Supercopa da UEFA e uma Copa Intertoto. Além disso, conta com sete títulos do Campeonato Inglês e mais sete da FA Cup. Não é pouca coisa!

Contudo, vale sempre relembrar que Zico jogou na Udinese. Júnior e Casagrande no Torino. Roberto Dinamite fracassou no Barcelona e Sócrates na Fiorentina. Já Gabigol, colega de Douglas Luiz na Seleção, não obteve qualquer êxito na Inter de Milão.

Para ser craque é preciso ter jogado na Europa? Neto pode ter pego pesado, mas Douglas Luiz parece desconhecer a história e a grandeza do futebol brasileiro.

O CRAQUE DO BRASIL EM 1990

por Luis Filipe Chateaubriand


José Ferreira Neto, o craque Neto, precocemente começou a exibir o seu talento para jogar bola.

Em 1983, aos 16 anos, já era titular do meio de campo do Guarani, de Campinas.

Depois, jogou no Bangu, voltou ao Guarani, jogou no São Paulo, jogou no Palmeiras.

Chegou ao Corínthians, seu clube de coração, em 1989 – não sem antes ter feito um lindo gol de bicicleta contra o Timão, em 1988, jogando pelo Guarani.

Em 1990, jogou muito no primeiro semestre, aspirava – e merecia – uma vaga para jogar a Copa do Mundo da Itália daquele ano.

Sebastião Lazaroni, o técnico da Seleção, não o levou.

Preferiu levar Bismark, muito bom jogador, mas muito novo e inexperiente para o grande certame.

Preferiu levar Tita, excelente jogador, mas que já se encontrava em declínio da carreira, com mais de 30 anos.

Neto ficou a “ver navios”…

E a Seleção naufragou na Copa do Mundo.

Genioso, temperamental, irado, Neto “colocou a faca nos dentes” e resolveu jogar no segundo semestre, pelo Corínthians, mais ainda do que no primeiro, para provar que merecia ter ido à Itália.

Jogou muito.

Jogou demais.

Jogou excepcionalmente!

E, assim, coadjuvado por jogadores como Tupazinho e Viola, levou o Corínthians ao primeiro de seus sete títulos de campeão brasileiro.

A fiel agradece.

E o craque do ano de 1990 está decidido, não se fala mais nisso!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

O GOL GENIAL DO CRAQUE GENIOSO

por Luis Filipe Chateaubriand


Quem vê José Ferreira Neto comentar futebol na TV Bandeirantes, convive com um profissional polêmico e genioso, que é chamado de “Craque Neto” pelos seus colegas de trabalho.

Muitos não entendem: Craque? Será que ele jogou essa bola toda para receber essa designação?

Craque, sim. O cara jogava demais, com metidas de bola excelentes, dribles precisos e lances de ótima técnica.

O momento crucial da carreira de Neto aconteceu em 1988, quando jogava pelo Guarani e seu clube decidia o título paulista com o Corinthians. Marcaria um gol absolutamente espetacular, indelével para os olhos de quem o viu para sempre.

Em cruzamento vindo da direita, “tascou” uma bicicleta para o gol. A bola entrou majestosamente. Concretizado o tento, o irreverente craque saiu gritando que “eu sou f…”. Era mesmo.

Não é simplesmente o gol de bicicleta que entrou para a história, mas a maneira que este foi obtido: não foi qualquer gol de bicicleta, foi o gol de bicicleta!

Em primeiro lugar, a bola não veio cruzada em linha reta, mas sim em diagonal. Se meter uma bicicleta para o gol em um cruzamento em linha reta já é dificílimo, o leitor já parou para pensar o que é meter uma bicicleta para o gol quando a bola vem em diagonal? A possibilidade de alcançar a bola é mínima, mas Neto conseguiu.

Em segundo lugar, Neto estava muito longe do gol, quando pedalou. Exatamente na entrada da grande área, no centro da linha limite desta. Já imaginaram a dificuldade que é para desferir uma pedalada forte e diagonal de tão longe que estava?

Em terceiro, e principal, lugar, a bola chegou a Neto muito baixa. Então, este teve que fazer o esforço adicional de esticar o corpo todo para o chão, quase deitá-lo, para desferir a potente, certeira e incrível pedalada. Nada fácil, mas feito com excelência.

Em suma, lance dificílimo de ser executado… e de uma beleza indescritível. Gol de craque – o craque Neto.

O Guarani perdeu o título para o Corínthians? Mas, e daí? O que entrou para a história foi a pedalada elegante, distinta, divina.

O genioso jogador Neto esteve metido em diversas polêmicas em sua carreira – até querer bater no técnico Leão quis. Mas, indubitavelmente, uma verdade se impõe a seu respeito: Craque Neto é apenas ser justo com quem jogou muita bola e produziu obras de arte, com a relatada tendo sido a maior delas.

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.