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Marcos Vinicius

BARABÁ: 38 ANOS RESISTINDO AO TEMPO

por Marcos Vinicius Cabral


Sempre foi lema dos mais antigos, desde quando os jogos eram praticados no extinto campo do Jacaré, no bairro do Paiva – afinal de contas, o Grêmio Recreativo e Esportivo Barabá, existe desde 01 de agosto de 1979 – que jogar aqui, tem que ser por amor.

Mas não um amorzinho desses de filmes românticos, não!

E sim um amor incondicional, daqueles que ultrapassam barreiras e transformam uma diluída paixão – sentimento comprovado por qualquer um ao vestir a camisa do Barabá – em um sólido amor.

Sobretudo, para jogar aqui, independe da opção partidária, sexual e religiosa:

– Houve uma época, que o Frei Adão e o diácono Carlos Alberto, que eram da igreja Nossa Senhora das Graças, no Porto Velho, jogaram conosco, demonstrando que o amor ao Barabá ultrapassa todo e qualquer preconceito – cita o ex-presidente do grupo, Roosevelt Pina, de 50 anos.

Antes chamado Bar a Bar – já que os jogadores iam após os extenuantes jogos, perambulando pela cidade em diferentes bares para tomar aquela gelada -, o nome mudou através das quase quatro décadas de existência.

Hoje, os frutos estão sendo colhidos por uma nova geração de jogadores que segue a cartilha da colheita produtiva que lá atrás foi semeada pelos inesquecíveis Armando, Beto, Chiquinho, Marlon (que foi presidente em duas ocasiões), Mathias (que pendurou as chuteiras ano passado), Plínio e o já falecido Seu Osório, que foram os fundadores do grupo, assim como Marcelo, fiel patrocinador.

Com o passar dos anos e dos avanços tecnológicos nas comunicações, não seria de se estranhar que exista um grupo com os integrantes no aplicativo WhatsApp, funcionando com 28 barabaenses.

Nele, as discussões, brincadeiras, rivalidades e encarnações, dão um frescor não menos apimentado que antecedem as partidas.


Portanto, a ordem aqui é chegar cedo, vocifera Jorginho, camisa 11 e que tem 10.178 gols no cômputo geral da carreira, escritos na chuteira branca da marca Topper, como prova irrefutável dos seus feitos.

Enquanto é chamado pejorativamente por alguns de “Além” – mundo em que os espíritos habitam, segundo o dicionário -, Jorginho diz não estar morto para o futebol.

E completa, ajeitando o óculos, fazendo questão de enumerar suas pinturas futebolísticas, comparáveis aos grandes mestres impressionistas, como os pintores franceses Monet, Renoir, Cézanne, o holandês Van Gogh e o espanhol Pablo Picasso:


– Já parei no ar e fiz de cabeça, igual ao Dadá Maravilha; já escorei chutes sem direção e fiz de barriga, igual ao Renato Gaúcho; rompendo a marcação, marquei de bico igual ao Ronaldo Fenômeno; cobri o goleiro na saída, igual fazia Romário; na falta, bati no ângulo, e lembrei Zico; de pênalti, humilhei igual costumava fazer Djalminha; de voleio, fui Bebeto por um dia; de calcanhar, mesmo sem ter estudado medicina, operei milagres na bola igual Dr. Sócrates; de oportunismo, lembrei Túlio Maravilha; de peito, igual a Paulinho; em arrancada, me confundiram com Neymar, quando fiz um golaço; de bicicleta, fiz um de placa, igual ao rei Pelé e até de mão já fiz, igual Maradona. Mas confesso que de canela, joelho, ombro e até deitado, por incrível que pareça, eu sacudí as redes – cita se considerando um peladeiro completo.

Com isso, os artistas do espetáculo vão chegando um a um, para participarem de mais um domingo de pelada, onde atos litúrgicos ou tragicômicos são encenados naquele palco de terra batida.

Se o ex-árbitro Arnaldo Cézar Coelho (que apitou a final da Copa do Mundo da Espanha, em 1982 e hoje comentarista de arbitragem da Rede Globo) diz que a regra é clara, aqui essa regra é mais clara ainda, quase insípida.

Quem quiser jogar o primeiro tempo, tem que levantar do quentinho da cama, botar o relógio para despertar, se privar de sair no sábado, permanecendo concentrado para o dia D.

Sempre chegar cedo, bem cedo!

O cedo aqui, no campo da Brahma, no Porto Velho, em São Gonçalo, é notório quando saem das bocas a fumacinha que lembra muito os filmes americanos, tamanho o sereno que, às vezes, fazem queixos tremerem.

Mas isso não importa!

Se os queixos tremem, são os jogos acirrados que desmistificam a baixa temperatura.

Mas antes um queixo tremer do que perder o primeiro tempo da pelada.

Mas se alguém chegar depois das 6h30, já era, é segundo tempo e ponto final.

Porém, aos poucos,  chuteiras adormecidas e multicoloridas são tiradas das bolsas esportivas e/ou das sacolas do Guanabara.

Existem ainda, os que não utilizam bolsas e tampouco sacolas, trazendo as embaixo do braço ou já chegam com elas calçadas, demonstrando, com isso, pinta de jogador.

Tem uns que nem pinta são, são uma mancha!

Mas a expectativa da partida iniciar é grande, dando para perceber o nervosismo nas mãos que vestem os meiões ou no cheiro do gelol que é aplicado no músculo adutor da coxa.

Neste momento, antes da bolar rolar, as equipes são formadas e todos querem jogar ao lado de Washington, vulgo Macaé, que por ser craque, faz a diferença.

– É um prazer estar nesse grupo. Fico feliz pelo reconhecimento ao meu futebol e sei que às vezes, sou decisivo – diz o humilde atleta de 30 anos que chegou a enfrentar o craque Samuel Eto’o (que na ocasião defendia a seleção de Camarões e fez história no Barcelona), quando ainda jogava no clube camaronês Canon Sportif de Yaoundé, em um amistoso em 2008.

Mas antes da bola rolar, o meio de campo começa a ser ocupado pelas camisas azuis e laranjas, que vão uns dando as mãos aos outros formando assim, um círculo com os 20 jogadores unidos em oração.

– Aqui no Barabá, nenhum jogador fica sem participar da oração. Ali, elevamos nosso pensamento ao Senhor, pedindo que o jogo seja abençoado e principalmente, que nenhum colega se machuque. Tem dado certo, pois o único que está machucado há um bom tempo é o Paulo, nosso querido Guerron – explica Marcos Vinicius, o atual presidente.

Depois disso, o jogo vai começar e a bola, impávida, se prepara para receber tratamento especial de pés contumazes.

Do lado de fora, alguns torcedores separados pelo alambrado, rasgam o horizonte de gol a gol, e, com olhos tristes e compenetrados, olham o céu e sussurram baixinho palavras inaudíveis.

O árbitro apita, dando início a partida com tamanha vontade, que nos faz lembrar os mestres de bateria das escolas de samba, que travam uma luta com seus componentes na busca desenfreada do ritmo harmonioso pela nota 10.

Aos poucos, o palco antes esquecido e pisado por 42 pés (20 jogadores e o árbitro), recebe a presença necessária do sol, que ocupa metade da arena, arrefecendo assim, os gladiadores.

Se por um lado o poder belicoso com sua artilharia pesada de Júnior Gás, Manoelzinho, Jorginho, Alan e Macaé buscam incessantemente o gol, por outro lado, a retaguarda com Luiz Pinóquio, Silvano, Luan, Gaúcho, Lucas, Gugu e Marcos Paulo (que tem um sério problema com o quique da bola), tentam evitá-los.

Nas laterais, o duelo é intenso e sadio.

Se Jacaré, com toda sua idade, ainda dá conta do recado, Sandro se sobressai com talento incomum.

Enquanto Pupuca peca nos cruzamentos quando explora os avanços do rápido garoto Coutinho, Denis, quando atua, compensa com um corpo avantajado e fica na defensiva, travando com Batista, um bom duelo.

Já Maguinho, o lateral diferenciado como costuma se auto-proclamar, vai dosando e se mantém firme na esquerda, enquanto Aderaldo ou Soneca vão percorrendo por ali, uma avenida que costumam encontrar.

Já na meio campo, ponto de equilíbrio e criação de toda equipe, Nebi, Richard, Pinto, Ricardo e Vinicius, tocam a bola e cadenciam o jogo com categoria, mesmo em momentos de lassidão.

Em contrapartida, Wellington, Daniel, Nathan, Thiago, Davidson e Marcos Saci dão velocidade e intensidade ao time.

De uns tempos pra cá, com as saídas dos goleiros Neco e Candango, dos zagueiros Alexandre, Carrapeta e Reco, do lateral Bicudo e dos meias André, Gugu, Gutyerrez e Roosevelt, a renovação aconteceu naturalmente e deixou saudades:

– Sinto falta dos que saíram do grupo, mas o Fabiano Caixote, é especial, pois me trouxe para cá – diz emocionado o camisa 30 Nebi, ao lembrar do amigo morto há seis anos.

Hoje, o Barabá completa mais um ano de vida solidificando os laços amigáveis, como uma verdadeira família, conforme exalta o meia Nathan:

– Muitos falam do futebol aqui, mas não somos profissionais, o que conta é a amizade, o companheirismo e além de tudo o respeito – diz o atleta de 23 anos, que é o mais novo do elenco.

E não existe para a “Família Barabaense” tristeza maior que não ter jogo no domingo.

– Realmente, se tem algo que me deixa triste, é não ter jogo no domingo – diz o centroavante Alan Rodrigues, de 36 anos. 

E completa, como bom finalizador que é:

– Minha relação com este grupo, trouxe amigos e rendeu troféus nos anos em que fui artilheiro. Afinal, é uma filharada enorme, pois são oito ao total – diz mostrando os troféus guardados carinhosamente em sua residência.


Novo uniforme do Barabá estampa logo do Museu da Pelada

Mas o Barabá não é a única paixão dominical, na vida de seus jogadores:

– Futebol é paixão e sou apaixonado por esse grupo” – diz um apressado Carlos Magno, ou melhor, Maguinho, indo em direção ao bar para comer o seu sagrado pão com ovo, ritual que faz ao fim de cada jogo.

Portanto, o Grêmio Recreativo e Esportivo Barabá, (re)vive os bons momentos e vai cada vez mais, marcando a vida e permanecendo em um cantinho reservado dentro do coração daqueles que têm ou tiveram a oportunidade de vestir suas cores.

ASSIM PARECE SER

por Marcos Vinicius Cabral


Numa época em que a qualidade técnica de um jogador era mais importante do que a parte física (isso começou a ganhar novos conceitos e ter contornos sutis com a derrocada da seleção brasileira na Copa da Espanha, em 82), alguns jogadores emergiram e cravaram seus nomes na galeria dos imortais.

Independentemente da posição, fosse goleiro ou ponta—esquerda (espécie hoje em extinção nos gramados), havia ali, um número considerável de jogadores que tiveram uma carreira vitoriosa e muito antes disso, foram campeões na vida.

Sem maquiagem ou roteiro com final feliz, ele foi à luta e superou algumas intempéries que nem o destino, conseguiu fazê -lo desistir.

Peremptoriamente, o destino não foi seu marcador mais implacável!

Assim foi Júlio César Uri Geller, que vendia sonhos (assim como todo garoto de sua idade), nos sinais de trânsito da vida e os transformou em realidade, nos gramados dos estádios do Brasil, principalmente no Maracanã, onde fazia diabruras com os indefesos marcadores.

De tanto se virar nas ruas, se virava como podia para treinar com os meninos da escolinha do Flamengo, nas décadas de 60 e 70, após inúmeras escapulidas dos imponentes muros do clube.

Diante de tal história e com uma perseverança incomum, digna de grandes vencedores, conquistou a torcida rubro—negra e dois jornalistas em especial: Ari Lopes (tricolor mas amante do futebol bem jogado) e Marcos Vinicius Cabral  (torcedor do ‘Mais Querido’ e saudosista por si só).

A receita fora prescrita, assinada pela obra do destino e sem saídas para livrar—se da marcação dos dois, o camisa 11 foi marcado de forma limpa, na bola e sem pontapés.

Não havia como fugir da gente! (risos)

Portanto, dessa vez, um dos maiores pontas do futebol brasileiro, que entortava facilmente seus pobres marcadores (assim como o mágico homônimo que entortava talheres), Júlio César Uri Geller vai virar livro.

Uma história de vida sofrida e que se assemelha ao seu eterno parceiro Adílio, com quem mantém laços de uma amizade que começou lá atrás, quando se enfrentaram nas ruas das comunidades onde foram criados para saber quem era o melhor, até envergarem juntos a camisa vermelha e preta, com as iniciais C.R.F mal costuradas no peito.

Com isso, quero aproveitar o ensejo e lhe agradecer por nos confiar tamanha responsabilidade.

Esperamos que sua vida, que será escrita através dessa biografia, seja tão bacana o quanto você é.

E eu, particularmente, me sinto honrado de fazer parte da biografia do Leandro e agora, fazer parte da sua biografia.

Que confronto bacana seria entre vocês, o Leandro te entortando e você, ora o entortando; ora sacudindo o ‘peixe—frito’ pra lá, e ora sendo sacudido pra cá…

Brincadeiras à parte, em primeiro lugar, quero agradecer a Deus por essa oportunidade única e também, lhe agradecer, por ser esse ser humano nota 11.

Abraços, abraços e abraços, Júlio César Uri Geller!

CARTA AO ZICO

por Marcos Vinicius Cabral

Sempre fui apaixonado por futebol e no longíquo começo da década de 80, torcer para o Flamengo era uma árdua missão.

Não pelo time, muito pelo contrário, afinal de contas com Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico em ação, dentro das quatro linhas, o sentimento de tranquilidade imperava de forma tão irrestrita que esses jogadores eram os caras a serem batidos naquela época.

Mas no bairro de Venda das Pedras – em que os ônibus circulavam de duas em duas horas -, da Região Serrana de Nova Friburgo, nas noites frias em que a fumacinha saía da nossa boca e do nosso nariz – tipo filme americano -, todos os aspectos conspiravam contra para torcer para o ‘Mais Querido’, menos um: seu José, meu avô materno!

Foi por ele e por causa dele, que mesmo tendo um pai vascaíno e uma mãe tricolor, me tornei rubro-negro.

Não me arrependo e sou grato ao meu querido avô!

Lembro perfeitamente quando havia jogo do Flamengo – naquele tempo não havia a facilidade de se assistir futebol como hoje – meu avôzinho pegava seu radinho de pilha, cor vermelha e com um escudo do Flamengo, sintonizava na Rádio Globo em que Waldir Amaral – criador do ‘Galinho de Quintino’ – narrava gols e mais gols, o que deixava o meu velhinho feliz, já que o mesmo se locomovia com muita dificuldade por ter uma barriga megalômana, em virtude de uma cirrose.

Portanto, eu ficava feliz – mesmo com 7 ou 8 anos à época – quando o Flamengo jogava, pois a alegria do meu cioso avô contrastava com a tristeza profunda causada pela doença no qual era acometido.

Não há como negar que o Flamengo fazia muito bem ao velho e que com a afirmação daquele belo time, que conquistou os maiores títulos da sua história, me tornei rubro-negro ali, no sofrimento e na alegria daquele senhor que foi a pessoa mais importante até hoje na minha vida.

Assim como a vida nos prega peças, Deus o levou para junto dele um pouco antes da final do Brasileiro de 83 – vitória suprema por 3 a 0 contra o Santos, num Maracanã apinhado de 155.523 flamenguistas – falecendo no mesmo mês em que o Brasil se enlutava pela morte precoce da diva da MPB, Clara Nunes.


Passados 34 anos incompletos de seu desaparecimento desse plano terrestre, até hoje me pergunto o que seria de mim – futebolisticamente falando – se não tivesse com ele, a oportunidade de conhecer o Flamengo?

Contudo, saber que ‘O Mais Querido’ fazia bem ao meu avô, era meu dever como neto, em retribuição ao que o clube produzia naquele que fora considerado um dos melhores pedreiros daquela região.

Desde então, me tornei flamenguista e me orgulho muito disso.


Não há como negar que o Flamengo é a minha ‘segunda casa’, como me confidenciou certa vez Leandro, gênio da lateral, que iniciou e terminou sua belíssima carreira no Flamengo.

Ou ainda, e porque não citar, a ‘segunda pele’, frase que se tornou famosa, após ter sido declarada por um dos jogadores que mais vestiu o manto rubro-negro: um certo Leovegildo.

Me considero um privilegiado por ser mais um dos 40 milhões de torcedores, que passou a amar esse clube da forma mais sincera possível.

Dos títulos brasileiros que a sua geração ganhou, me lembro de todos mas o de 83 se tornou especial para mim – até hoje tenho a certeza que aquele tricampeonato foi em retribuição ao amor que meu avô nutria por aquele timaço, além é claro, de marcar sua despedida do Flamengo e dele (meu avô), da vida.

Em contrapartida, o polêmico título de 87, em que até hoje se reluta muito em admitirem que o Flamengo foi campeão daquela competição, me marcou também.

Eu não tenho dúvida nenhuma, pois nos sagramos campeões dentro de campo, enfrentando equipes fortes em batalhas épicas, como nos dois jogos contra o Atlético Mineiro – um dos jogos inclusive está registrado neste quadro que terminei de pintar e lhe será dado de presente – e nas duas partidas da final, contra o poderoso e quase imbatível Inter/RS.

Mas sabe, Galo, gostaria muito que meu avô estivesse aqui presenciando muitos momentos na minha vida, como por exemplo os dois livros que publiquei; o livro do Leandro que estou desde 2013, com o Gustavo Roman escrevendo; o do Uri Geller, que comecei a escrever com o Ari Lopes, meu ex—chefe no jornal O São Gonçalo; com o nascimento de sua bisneta, minha filha Gabrielle; com minha formação em Jornalismo nesse fim de ano; do homem que me tornei… tantos motivos que me.levam a crer que ele se vivo estivesse, teria um imenso orgulho de mim.

Porém, nada se compararia a esse momento especial que é o de poder entregar esse quadro a você, o maior jogador que meus olhos tiveram o privilégio de ver jogar.


Certamente, ele caminharia com dificuldades até você, lhe daria um abraço, mesmo estando bem debilitado e lhe diria um muito obrigado.

Sei o quanto ele gostava de você!

Esse quadro representa muitas coisas que nele estão contidas e é mais que um simples quadro pintando por um módico artista.

Representa o resgate da minha infância, através da história de superação e luta do meu avô contra essa maldita doença, a cirrose, que atinge 150 mil brasileiros por ano, para ouvir os jogos do rubro-negro nas noites frias de Nova Friburgo.

Significa também, a realização de um sonho, que é conhecer o maior e melhor jogador nesses 121 anos do Flamengo e que me deu muitos motivos para lembrar do meu avô, nas inúmeras vitórias conquistadas.

E também, por ter em você a figura exemplar e extraordinária do ser humano!

Espero que goste pois aqui tem uma dose excessiva de carinho, perfeccionismo exacerbado, uma dedicação incomum e horas e horas de uma liturgia premente nas noites em que pintei nas madrugadas afora.

Valeu, Galo! Muito obrigado por ter feito meu avô feliz!

SRN

MORRE O JOGADOR NASCE A LENDA

por Marcos Vinicius Cabral


O mundo da bola ficou mais triste e enlutado com o desaparecimento físico de Carlos Alberto Torres, que foi traído pelo coração aos 72 anos de vida e morreu na manhã desta terça-feira (25), em sua casa no Rio de Janeiro. Este mesmo coração que aguentou muitas emoções no discorrer de uma carreira vitoriosa, tanto dentro das quatro linhas, como fora.

Considerado por muitos como o maior lateral direito da história do futebol brasileiro – ao lado de Leandro e Djalma Santos -, o ‘Capita’ deixa em nós brasileiros a imagem na Copa de 70, quando levantou a taça Jules Rimet mostrando ao mundo, além da eficiência de um futebol altamente competitivo e talentoso, a figura de liderança que acompanhava aquele fabuloso time.

Começou sua carreira  nas Laranjeiras e, aqui na cidade maravilhosa, só não vestiu a camisa do Vasco como jogador, assim como também não foi técnico do clube cruzmaltino.

Em seu currículo – que dispensa apresentações – tem o brasileiro de 83 pelo Flamengo que podemos considerar como o mais importante de sua trajetória como ‘professor’, quando comandou a equipe rubro-negra com jogadores da estirpe de Raul, Leandro, Júnior, Adílio, Zico e que já eram consagrados. 

Como jogador fica difícil dizer qual teria sido o momento mais evidente: no esquadrão histórico do Santos em que abocanhou nove títulos na década de 60? Na Copa do Mundo de 1970 quando foi dele o último gol num petardo indefensável para o goleiro italiano na final daquele Mundial? Ou ainda na Máquina Tricolor comandada por Francisco Horta e com tripulantes como Rivelino, Paulo Cézar Cajú, Doval, Edinho & Cia?

Mas dúvidas à parte, a certeza que fica que Carlos Alberto Torres foi grande. Foi um monstro de jogador e um líder que nenhuma equipe em sã consciência se daria o luxo de renegar.
O ‘Capita’ fez história. Escreveu seu nome nela. E se tornou história, dessas que são sempre bem contadas e que não suscita nenhuma dúvida de um final feliz. 

Enfim, nosso eterno camisa 4 deixa uma lacuna que dificilmente será preenchida por alguém.

Que Deus o receba de braços abertos e, que nesta partida em que a bola chora torrencialmente lágrimas de dor e que passeiam pela sua forma arredondada caindo no verde da grama, onde talvez possam brotar um novo Carlos Alberto Torres.

A vida segue…o futebol não!

A bola pune…quem a ela maltrata!

Para sempre em nossos corações!

Valeu, ‘Capita’!

ANIVERSÁRIO DO REI

por Sergio Pugliese


Hoje o mundo celebra os 76 anos do Rei Pelé e para homenagear o Atleta do Século a equipe do Museu da Pelada procurou fugir do óbvio. Ao invés de gols, exibiremos uma passagem de sua carreira musical. 

Edson Arantes do Nascimento sempre foi amante da boa música e graças a seu prestígio pôde conviver e gravar com seus ídolos. Simonal, por exemplo, foi um grande amigo e Jair Rodrigues outro ídolo e fã do Rei. O segundo compôs e gravou com Pelé a música “Abre a Porteira”, considerada sua maior obra. 

Santista declarado, Jair sempre foi um peladeiro inveterado, apaixonado por futebol. Portanto, certamente ele lembra-se com orgulho de quando serviu Pelé numa tabela musical, onde era o Rei Pelé quem devolvia quadrado para Jair ajeitar.

Abre a Porteira

Pelé e Jair Rodrigues

Abre a porteira que eu quero entrar
Cidade grande me faz chorar…

Trovador no fim da tarde dedillhando a viola
Passarinho gorgeando anunciando o luar
E o fogão a lenha pra mãezinha cozinhar…

Abre a porteira que eu quero entrar
Cidade grande me faz chorar…
Aqui não tem o que eu tenho lá
Trovador no fim da tarde dedillhando a viola
Passarinho gorgeando anunciando o luar
E o fogão a lenha pra mãezinha cozinhar…

De manhãnzinha quando o galo canta
A gente se levanta e começa a trabalhar
Tira leite da vaquinha vendo o sol raiar
E vai cuidar da roça pra poder vingar…

Abre a porteira que eu quero entrar
Cidade grande me faz chorar
Aqui não tem o que eu tenho lá
Trovador no fim da tarde dedillhando a viola
Passarinho gorgeando anunciando o luar
E o fogão a lenha pra mãezinha cozinhar…

Olha a boiada na beira da estrada
Olha a vaqueijada e a poeira a levantar
Tudo isso dá saudade se começo a recordar
E a tristeza no meu peito só me faz chorar…

Abre a porteira que eu quero entrar
Cidade grande me faz chorar
Aqui não tem o que eu tenho lá
Cidade grande me faz chorar
Abre a porteira que eu quero voltar…