por Valdir Appel
No estádio Durival de Brito e Silva, do Paraná Clube, nada é diferente dos demais estádios de futebol brasileiros. Por exemplo: atrás do banco de reservas do time da Vila Capanema, sempre se posicionam os torcedores mais chatos, são os famosos cornetas que, na falta do que fazer, preferem passar as suas tardes e noites esportivas, xingando o técnico.
O Levir Culpi até que fazia uma boa campanha, dirigindo o Paraná no campeonato estadual, o que não impedia um torcedor de azucriná-lo em todas as partidas disputadas em casa. O cara nem olhava pros lados e pro jogo. Ficava ali, coladinho no alambrado, bem atrás do Levir, repetindo o tempo inteiro:
– Buuuurro! Buuurro! Buuurro!
Levir, equilibradíssimo, fazia de conta que não era com ele.
Outro domingo: mesmo campo, mesmo corneta, mesmo técnico…
O jogo empatado, complicado e chegando ao final. Levir, na dele; o torcedor, também:
– Buuurro! Buuurro!
Aos 40 minutos, Levir ousa uma última cartada, buscando a vitória. Saca um zagueiro e coloca mais um atacante. Aos 46 minutos, já nos acréscimos, uma bola alçada na área encontra a cabeça do centroavante que acabara de entrar.
Golaço!
Vitória suada e de alívio pro Levir, que se vira para trás, buscando o olho do torcedor, seu desafeto.
Antes que Levir possa desabafar, o torcedor emenda:
– Burro!… E com sorte!