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Leão

TELÊ, LEÃO E A COPA DE 82

por Luis Filipe Chateaubriand 


Algo que, há mais de 35 anos, não se entende no futebol brasileiro é o motivo de Telê Santana, ao assumir a Seleção Brasileira em 1980, e até a Copa do Mundo de 1982, nunca ter convocado Émerson Leão, indiscutivelmente o melhor goleiro do Brasil na época. 

Uma especulação sobre o que teria acontecido leva ao seguinte raciocínio: Leão tinha personalidade forte, era um líder; e Telê Santana não queria esse tipo de liderança em seu grupo; afinal, ele queria ser a personalidade forte do grupo. 

É inegável que, posta sua carreira até 1982, Leão exerceu papel de liderança, seja no Palmeiras, seja no Vasco da Gama, seja no Grêmio de Porto Alegre, seja ainda na própria Seleção Brasileira. 


Também é muito claro que, em sua carreira de treinador, até chegar à Seleção Brasileira, Telê não estava acostumado a lidar com fortes lideranças, nem no Fluminense, nem no Atlético Mineiro, nem no São Paulo, nem no Botafogo, nem no Grêmio, nem no Palmeiras. 

Telê deve ter apostado que, sem um grande líder, a Seleção teria um espírito coletivo maior, se unindo em torno de sua liderança. 

Só pode ser isso… não era possível enxergar outro motivo para deixar Leão de fora.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

CENTENÁRIO DO LEÃO

por Rafael Santana

Fundado em 18 de outubro de 1918, o Fortaleza Esporte Clube comemora hoje seu centenário. Líder da série B, com chances altíssimas de subir, o clima lá no Pici está ótimo, mas agora vamos falar da história gloriosa de um dos maiores times do nordeste brasileiro.


O estado do Ceará inaugurou seu principal estádio, o “Castelão”, em novembro de 1973 com um publico de 70 mil pessoas ou mais, já que até hoje não se sabe quantas pessoas estiveram dentro do Castelão para assistir à partida entre Ceará x Fortaleza, válida pelo Campeonato Brasileiro de 73. Volta e meia os torcedores mais velhos falam desse grande evento, dizem que teve gente pulando muro, outros com ingresso na mão que não conseguiram entrar. Enfim, um mar de gente, além da transmissão nas televisões do Brasil inteiro.

O jogo foi um empate sem gols com destaque para os goleiros. Apesar de Hélio Show e Lulinha terem “estragado” a festa de inauguração com defesas de cinema, o estádio estava finalmente inaugurado e o ano de 1974 reservou surpresas muito agradáveis para o torcedor do Leão.

Naquele mesmo ano, houve uma troca de treinadores e o Fortaleza passou a ser comandado por Moésio Gomes. De família tricolor, o técnico conhecia os bastidores do Fortaleza como ninguém, e, além disso, era o criador de uma escolinha de futebol que revelou inúmeros craques cearenses, como Luciano Oliveira, Pedro Basílio, Facó, Zé Augusto, Mano, Hamilton Rocha, Zé Paulo, Neto, Izoni, Ronner, Cícero, Zé Meu, Wilkinson, Vanor e Louro.


No entanto, o time de 74 teve muitas baixas também. Hamilton Rocha, excelente jogador, deixou a equipe, assim como experiente lateral Bauer e o atacante Marciano, artilheiro do Campeonato Cearense em 73. Muitos dizem que foi uma reformulação necessária para a equipe, já que a chegada do zagueiro carioca Ozires, vindo do River do Piauí, e a consolidação do grande lateral Ronner, oriundo da escolinha de futebol de Moésio, deram um novo gás para o Tricolor.

O novo time fez um Campeonato Brasileiro regular em 1974, terminando em 16° lugar. Mas foi no Campeonato Cearense que o time se imortalizou. Confiante após as vitórias expressiva no nacional, o time formado por Lulinha, Pedro Basilio, Ozires, Ronner, Zé Carlos, Louro, Haroldo, Amilton Melo, Lucinho, Chinesinho e Geraldino Saravá deitou e rolou no Estadual.

Não é por acaso que esse time é considerado um dos melhores da história do Fortaleza. O brilhantismo de Lucinho e Amilton Melo, a habilidade de Haroldo e o faro de gols de Geraldino foram as marcas especiais dessa equipe.


Estudante de futebol como era, Moésio Gomes viu a tremenda qualidade no meio de campo do time e resolveu implantar uma forma de atacar e de se organizar em campo em forma de quadrado! Com Chinesinho, Zé Carlos, o maestro Lucinho e o craque Amilton Melo, foi formado o famoso quadrado de ouro, que deu muito trabalho aos adversários.

O jornalista Tom Barros do Diário do Nordeste exemplificou bem o que era o quadrado de ouro jogando: “Os quatro davam equilíbrio à equipe e assim podiam sacrificar um jogador na frente, deixando dois na parte ofensiva. Os dois da frente eram Haroldo e Geraldino que, abertos nas pontas, afunilavam para receber os lançamentos. Quando não fazia o contra-ataque e vinha tocando a bola, o Fortaleza jogava com seus dois pontas avançando pelo meio e abria o Zé Carlos pela direita e o Lucinho pela esquerda com o Amilton pelo meio na cobertura para reparar qualquer erro, na armação estava o Chinesinho e a sua agilidade. Esta segunda manobra ofensiva, abrindo seus meias para jogarem com os laterais, foi uma criação do então técnico do Fortaleza Moésio Gomes. Esta variação tática fazia o Leão jogar de forma diferente do quadrado mágico do Santa Cruz que também ficou famoso neste tempo.”

Esse time foi campeão cearense de 74 sem dar chance ao Ceará, seu maior rival. Decidido numa melhor de três, o título foi conquistado pelo Leão, que venceu as três partidas (4×0, 1×0 e 3×1) e fez a festa com o primeiro título dentro do Castelão.


Para completar a farra, o lateral Louro foi bola de prata pela Revista Placar, e considerado o melhor lateral direito do Brasil. Seu vigor físico e inteligência em campo são lembrados até os dias de hoje no Fortaleza.

Nesta data tão importante, podemos dizer que o Fortaleza de 74 marcou época no Brasil por um futebol muito bem jogado e por ser a primeira equipe a levantar um titulo no Estádio Governador Plácido Castelo, o Castelão.