por Leandro Paulo
Cronologicamente muitos vão recordar o dia 08 de dezembro de 2013 como início do fim da minha querida Portuguesa de Desportos, contudo o fim para mim iniciou num 09 de dezembro de 1998. Sim, pois para quem viu esse time forte, o início da decadência não chegou com os “rebaixamentos”, mas quando ela deixou de brigar com os grandes em total igualdade.
De 1994 até aquele 09 de dezembro de 1998 eu vi a minha Portuguesa gigante. A base inicial foi formada com a chegada de Candinho, os gols de Paulinho Mclaren, a aparição do menino Zé Roberto e a liderança do meia Caio. Em 1994 tivemos lindas vitórias contra Paraná, Sport e Flamengo, fomos líderes e nos permitiram sonhar.
Um sonho lindo com o gol do Edinho em plena Vila Belmiro no Paulistão de 1995 e um pesadelo da fiel dupla; Juiz e Corinthians, que nos tirou num escanteio mentiroso a chance de jogar uma final. Tudo bem, superei isso com o Torneio Início de 1996. Talvez ninguém recorde dele, mas a primeira Taça que seus olhos enxergam sendo do clube amado não importa a competição, especialmente para quem está num jejum braço. A tão sonhada “final grande” viria no nacional de 1996, após uma classificação improvável contra o Botafogo em Curitiba, quando venci minha primeira aposta contra meu irmão Jorge Luis.
Voamos contra os mineiros nas arrancadas de Alex Alves, explodimos os críticos com as bombas de Rodrigo Fabri… mas a oitava colocação fez o Grêmio ter a vantagem na final e ao marcar um gol no final da partida possibilitou termos que encarar o “quase” novamente em nossa história.
O ano de 1997 chegou com nossa entrada na Copa do Brasil (nem importava se o primeiro adversário fosse o gigante Kaburé de Tocantins), contratação de jogador de seleção (o paraguaio Struaway), Zagallo convocando nossos jogadores na Seleção e até com o assédio do Real Madrid em nossos craques. Vi a Lusa sendo campeã novamente (ahhh foi nos aspirantes da Band, mas eu vi e vibrei) com a chegada de um craque ao qual fiquei com ciúmes pelo nome dele; Leandro. No Brasileiro fomos novamente para a fase final, num campeonato que todos lembram do show do de Edmundo… mas que para mim a recordação foi um roubo no Maracanã que ajudou o Vasco, nos prejudicou e de quebra seria a última vez que veria Rodrigo Fabri com o nosso manto.
Aí veio nosso “derradeiro ano”, a Federação Paulista nos deu Evair e nos tirou mais um sonho. Fizemos uma campanha linda no Campeonato Paulista, porém erramos num 4 a 4 no Ulrico Mursa contra a Briosa que fez falta na vantagem das semifinais. Dois empates e que todos sabem do final… já que a dupla Juiz e Corinthians mostrou que Argentina e Brasil podem sim se unirem na safadeza desde a guerra do Paraguai. A minha maior raiva, com o rádio no ouvido, foi saber que nenhum jogador da Lusa se deitou dentro do gol para impedir a cobrança.
Fomos para o Brasileirão com um timaço, entrosado, cascudo e inesquecível, metemos cinco no Botafogo, sete no São Paulo e ainda fizemos o Flamengo devolver o dinheiro do ingresso para os torcedores, já que o presidente Klebér Leite fez uma promoção de ingressos e prometeu que se o time perdesse, ele devolveria cada centavo para cada pessoa e a venceu por 3×2 calando mais de 50 mil torcedores do Flamengo no Maracanã.
Pelo terceiro ano seguido fomos para a fase final, e com a maravilhosa oportunidade de “ter a vantagem” em casa. Naquele 29 de Novembro de 1998 meu irmão mais velho rodou o Recife e encontrou uma camisa da Lusa para me dar de presente pelos meus 16 anos. O modelo era 1997 e eu amei, seria meu escudo eterno.
Colocamos 25 mil pessoas no Canindé contra o Coritiba nas quartas, mas deixamos nosso sonho no caminho ao cairmos para o Cruzeiro, que ironicamente tinha Caio e Alex Alves no elenco. A imagem de Marcelo Djian puxando a comemoração com os torcedores do Cruzeiro no Canindé foi simples, mas rasgou meu coração tal qual o gol do Bernardo ou o pênalti do Castrilli. Perdemos a chance naquele 09 de dezembro de chegar a uma final contra o Corinthians sem o apoio da Federação Paulista e aquela Lusa nunca mais foi gigante como deveria ser.
Muita coisa aconteceu nesses vinte anos e o uso do “se” na alma do torcedor rubro-verde é imenso. Infelizmente para o futuro o “será” é mais presente, especialmente quando juntamos para formar a frase; Será que a Portuguesa continuará viva?