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Ivonesyo Ramos

VIZINHOS JOGAM HOJE!

por Ivonesyo Ramos

Eles trabalham no mesmo edifício desempenhando a diplomacia. O Cônsul Geral da Alemanha, Harald Klein, e o Cônsul Geral da França, Brice Roquefeuil, partilham, além do espaço, um sentimento sem fronteiras: a paixão pelo futebol. 

Mas como eu fiquei sabendo disso?

Outra paixão da dupla é a arte, e Brice me convidou para pintar o Urso, símbolo da união com o então recém-vizinho Harald. Combinamos uma reunião, algumas semanas após a Copa de 2014. Eles pediram que o Urso fosse composto de elementos brasileiros, franceses e alemães. Quando sugeri o tema da bola nos pés do Urso, os sorrisos iluminaram, a formalidade da reunião diminuiu e começaram as brincadeiras. Harald esbanjava aquele sorriso de campeão mundial, Brice e eu ríamos juntos.


Logo que soube que Alemanha e França estariam em uma das semifinais da Eurocopa, aquele alegre momento veio à mente, junto com a ideia de fazer a caricatura dos vizinhos uniformizados prontos para entrar em campo. Já que mesmo quando vestem terno e gravata, é isso que fazem diariamente, trabalhando em iniciativas que transformam nosso dia-a-dia.

Harald escolheu a Camisa 10. E você pensa que foi uma homenagem a Podolski? Está enganado! O número é a combinação do resultado das quartas de final da Copa de 2014, Alemanha 1×0 França. Brice, de pronto, vestiu feliz a camisa 6, que traz recordações de seu tempo de jogador na Sorbonne, onde estudou para realizar o desejo de seguir a carreira diplomática.

O alemão confessa que em dias de jogo deixa de ser político e gosta de assistir no estádio ou na residência alemã em Santa Teresa. De acordo com ele, os dois lugares costumam dar sorte! E, para garantir que tudo dê certo, é necessário vestir o presente que ganhou da equipe alemã: a camisa da final da Copa de 2014!

O francês, anfitrião dos jogos, aposta na força que o time ganhou com os últimos resultados. Sorridente, afirmou que estar no Rio neste momento de transformação, na véspera das Olimpíadas, é uma grande sorte!

Seja qual for o resultado, o dia seguinte vai ser de muita gozação nos elevadores e, como tem sido, também de muito trabalho devido ao empenho na organização olímpica. Agradeço aos amigos por colaborarem em meio à maratona!

Desejo a todos um bom jogo! Boa sorte!

 

Dicas de onde franceses e alemães vão se concentrar para ver o jogo:

Alemanha: https://www.facebook.com/ConsuladoGeralAlemaoNoRio/?fref=ts

França: https://www.facebook.com/consulatfrancerio/?fref=ts

 

JOGO DE ESTREIA

Por Ivonesyo Ramos


Benício posa com uma de suas obras mais famosas

Benício posa com uma de suas obras mais famosas

Você dá uma bola para a criança e ela, feliz da vida, começa a brincar. Assim foi com José Luiz Benício da Fonseca, o Benício, e sua bola favorita: o desenho. Estamos em meados de 1960 e o nosso craque gremista, herança de família e tricolor a primeira vista, já encantava o público com suas pinceladas nas capas de pocketbooks e editoriais. A McCann Erickson, agência de propaganda onde trabalhava, pede duas pranchas para ilustrar a nova campanha para o banco do estado de Minas Gerais. A primeira, uma visão do Maracanã em clima de final de jogo, onde o texto homenageia o cliente numero 500.000 apaixonado por futebol. E a segunda, um mix de imagens onde Garrincha e Pelé disputam a bola. Olhando hoje, a imagem tem um certo tom profético já que Benício viria a ser o Pelé da ilustração.

Perguntei se ele sentiu o famoso frio na barriga da estreia em uma campanha nacional. Com um sorriso gostoso, respondeu que não e acrescentou:

– Já não lembro mais! (e gargalhou)

Sua produção tem uma quantidade e qualidade fenomenais. O artista revelou ainda que, quando vê trabalhos muito antigos de sua autoria, precisa de algum tempo para acessar a memória.

Observar o original ilustrado em “gouache” é uma grande felicidade. Admirar as pinceladas geniais compondo a cena é um privilégio. Ao seu redor, amigos de trabalho e de prancheta. Benício, no centro, veste camisa azul. Sim, a cena é de um tricolor saindo do Maracanã em seus áureos tempos!


Benício, de camisa azul, rodeado por amigos em uma de suas obras

Benício, de camisa azul, rodeado por amigos em uma de suas obras

Da esquerda para direita temos: Roberto, Melo Menezes, Flavio Colin, Joaquim pessego, Coutinho (jogador do Santos) e seu irmão. Além desses, o próprio Benício posou para as figuras na margem do campo à direita.

Mas e o futebol Benício?

– Retratei muito o tema em meus trabalhos é uma paixão nacional, mas confesso não ser meu forte.

No entanto, a rivalidade Fla x Flu é sempre tema de brincadeira com seu assistente, visto que Carlos Henrique não perde oportunidade de gabar-se do Flamengo a ponto de batizar de “Verde rubro negro” a cor verde da natureza carioca. Vale destacar que na ilustração tem duas bandeiras do Flamengo e nenhuma do Fluminense. E a brincadeira segue…


Cartaz do filme Pelé a Marcha

Cartaz do filme Pelé a Marcha

Por serem sempre trabalhadas por referências fotográficas, não havia a necessidade de ir ao Maracanã para fazer as ilustrações. Com treze anos, Renato, um dos quatro filhos de Benício, se encarrega de insistir com o pai, que finalmente o leva a um Flamengo e Vasco. Recheado de aventuras, com direito à falta de luz, o Flamengo ganhou de 1 a 0 e estava ali selado um novo flamenguista doente. Renato tem um filho, Arthur, e adivinhem? Já veio perguntando ao pai como entra para faculdade e se forma jogador do Flamengo. Em uma quarta-feira de cinzas, dia do seu aniversário de seis anos, Arthur pede ao avô Benicio para ir ao jogo do Flamengo com ele. Isso mesmo: Benicio sozinho no meio de rubro-negros!

Há mais de 50 anos na área, Benício já trabalhou com os mais variados temas e clientes, utilizando na maior parte de seu trabalho o “gouache” sobre papel. É reconhecido por colegas e público em geral como um dos ilustradores brasileiros de maior destaque. 

Em sua carreira de ilustrador, Benicio mostra como o futebol despertou paixões. Tudo isso graças a sua capacidade de ilustrar multidões embaladas de alegria, como as torcidas às vésperas do apito inicial. Há quem pergunte qual o segredo, não há segredo. Ele pintou tudo com a alegria e o amor de criança revestido de todas as responsabilidades do mundo adulto. Alegria e amor dão vida a tudo, é o mesmo sentimento estampado no sorriso da criança ao ver uma bola!

DJANIRA, SEM FIRULAS

por Ivonesyo Ramos


Vivemos um tempo de simplificação da comunicação, da vida, buscando o que realmente importa. Como no caso do Google, em sua recente reestruturação visual. Meu futebol são as tintas e tenho o privilégio de ser amigo do Pelé da ilustração, o Benício, que deixou sua marca, por exemplo, no primeiro Rock in Rio e em centenas de cartazes de cinema. E tenho conversado com ele exatamente sobre esta busca da simplicidade no trabalho, afinal ele é o maior craque no assunto. A conclusão dos papos é sempre uma gostosa gargalhada!

– É fácil, se você busca!

Domingo passado fui ao Museu Nacional de Belas Artes matar saudades, pois há muito não ia. O Museu é o meu Maracanã, que frequento desde os 12 anos. Eu ia sozinho, sem defesa a zaga aberta, sem seguranças, ia direto na arte italiana e francesa. Minha escalação: Bernardelli e Taunays me impressionavam, queria jogar como eles!  Trinta anos depois chego sem expectativas e entendi que cada um tem o seu jeito de jogar. E me deparo com esta tela de Djanira (pintora, ilustradora e gravadora, 1914-1979) “Futebol: Fla x Flu”, de 1975, e começo a rir sozinho!

Genialmente simples e contemporânea, me fez sentir como se eu fosse a rede do gol, presenciando os 22 jogadores entrando com bola e tudo! A simplicidade explícita, o goleiro vendido e a defesa do Flamengo marcando em cima. Não se enxerga a linha branca da meta. Será que foi gol?

Foi! Golaço de Djanira, que certa vez se auto definiu: “Sou jornalista, sou Brasil, sou Djanira”. E era mesmo! Na década de 70, foi para Itabira, em Minas, conhecer o serviço de extração de ferro e, Santa Catarina, vivenciar a vida dos mineiros de carvão. Antes, conviveu com os índios do Maranhão e também pintou o painel “Candomblé”, na casa do escritor Jorge Amado. No Rio, liderou o movimento Salão Preto e Branco, um protesto de artistas contra os altos preços do material para pintura. Enfim, a história de Djanira é belíssima!

Vale visitar a exposição “Você está aqui! Rio de Janeiro” e conferir de perto!

 

– Exposição: ” Você está aqui! Rio de Janeiro”
– Período: 16 de dezembro de 2015 até 07 de fevereiro de 2016.
– Curadoria: Amauri Dias, Anaildo Baraçal, Daniel Barreto, Euripedes Junior e Laura Abreu
– Visitação: terça/sexta de 10h às 18h;  sábado, domingo e feriado de 12h às 17h.
– Ingresso: R$ 8,00 inteira, R$ 4,00 meia e ingresso família(para até 4 membros de uma mesma família) a R$ 8,00. Grátis aos domingos.
– Museu Nacional de Belas Artes: Avenida Rio Branco, 199 – Cinelândia -Tel:  (21) 3299-0600.