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Israel Cayo Campos

SÓCRATES, O ÚNICO CORINTIANO QUE ME FEZ CHORAR

por Israel Cayo Campos


Quem me conhece sabe o amor que nutro pelo São Paulo Futebol Clube. Sentimento esse que surgiu desde que me entendo por gente ao ver aquela máquina comandada pelo mestre Telê Santana do início dos anos 1990.

Para quem dizia que o “Fio de Esperança” era um “pé frio”, eu só vi a fase pé quente dele. Seja em campeonatos paulistas, brasileiros, Libertadores da América duas vezes, Recopas, Torneios internacionais e principalmente em duas conquistas de campeonatos mundiais de clubes sobre nada mais nada menos do que os poderosos Barcelona (1992) e A.C. Milan (1993).

Nesse período meu ídolo dentro de campo era Raí, mais conhecido como o “Terror do Morumbi”. Que se não é o maior jogador do São Paulo, e aí podemos citar muitos que pleiteiam tal vaga, foi o mais decisivo nos títulos que me cativaram a tornar-me torcedor do clube, pois o vi em seu auge na fase em que comecei a amar o esporte bretão.

Claro que para um torcedor de verdade, ter um time a se amar não é nada se não existirem rivais a se odiar. Para mim logo dois surgiam: o Corinthians, que a época não ia muito bem dentro do campo, e o Palmeiras, com o timaço montado pela transnacional italiana Parmalat. É claro que escolhi o Palmeiras! Que vencia o São Paulo com maior frequência, e ainda levava nossos melhores jogadores que não iam para a Europa! Antônio Carlos, Cafu (que foi a Europa apenas para não mudar diretamente de clube) e Müller são exemplos.

Depois de meia década de pura felicidade, o São Paulo começava a entrar em ostracismo, Telê por problemas de saúde deixava o clube e o tricolor passou três anos amargando campanhas discretas.

Foi quando Raí, meu ídolo no futebol voltava em plena final do Campeonato Paulista de 1998 (quando o campeonato ainda era um paulistão!) para enfrentar o Corinthians! Na minha cabeça o São Paulo voltaria a ser grande, e aquela conquista em cima do novo time mais odiado na minha mente juvenil me fazia pensar assim.

Entretanto, o título paulista de 1998 foi a única coisa que Raí conquistou em sua volta ao Morumbi, e enquanto isso, o Corinthians vencia dois campeonatos brasileiros, torneios Rio-São Paulo e campeonatos estaduais… Muitos deles passando por cima do tricolor!

Tantas derrotas para o time de Parque São Jorge sacramentaram que minha rivalidade no final dos anos 1990 e início do ano 2000 agora era com o Corinthians. E só Deus sabe quanto ódio senti ao ver o Raí perder aqueles dois pênaltis contra Dida na semifinal do Brasileiro de 1999 contra o Corinthians. Aquilo já passava de simples rivalidade! Era ódio puro!


Até então de Sócrates só tinha ouvido o básico… Que era o irmão do Raí (e não o contrário!), que tinha sido um excelente jogador de futebol usando a camisa do rival, que era chamado de “Doutor” pois de fato era médico formado, o que era uma raridade para os jogadores daquela época, e que era uma das estrelas daquela Seleção que fracassou no mundial de 1982 diante da Itália. Para mim, era estranho alguém com esse currículo ser o (ou um dos) maiores jogadores da história do time que mais me fazia sofrer enquanto torcedor do São Paulo.

Um pouco mais velho, via os tapes das partidas de Sócrates pela Seleção e lia nas minhas coleções de Revista Placar um pouco da história desse jogador.

– 3 títulos paulistas são os maiores troféus desse jogador? Pensava comigo. Não chega aos pés do Raí! Só campeonatos paulistas o Raí tinha cinco!

– Nenhum campeonato brasileiro conquistado? Libertadores? Mundial?Até jogando na Europa o currículo do irmão mais novo é superior! Esses comentaristas esportivos que dizem que ele é melhor que o Raí só podem estar loucos… Pensava eu ainda em minha pré-adolescência!

Com o chegar da minha adolescência e a intensificação das leituras sobre futebol comecei a perceber que a importância do Doutor ia muito mais do que somente pelos títulos dentro de campo. Mesmo sendo um jogador espetacular, Sócrates conseguia despertar a admiração de quem quer que fosse pela sua autenticidade, sinceridade e inteligência!

Mesmo não tendo a melhor relação do mundo com o goleiro Leão, votou a favor da contratação do mesmo para o gol alvinegro e dedicou o título paulista de 1983 a grande atuação do arqueiro na final contra o São Paulo (novamente o São Paulo!) terminada em 1 a 1 no Morumbi. Na frente de todos os jogadores e funcionários do clube.


Por falar em voto, o paraense radicado em Ribeirão Preto foi um dos principais idealizadores do movimento “Democracia Corintiana”. Que tinha como principal ideal que todas as decisões referentes ao time de futebol seriam votadas por todos os funcionários do clube! Do mais humilde ao presidente, todos teriam o mesmo peso de voto! Com isso, os jogadores decidiam se deveriam ou não se concentrar antes dos jogos, quais outros jogadores eram necessários para a melhoria do time (como foi o caso de Leão!), e até como o dinheiro do “bicho” (premiação dada por êxitos alcançados dentro de campo), deveria ser dividido de maneira igualitária entre os jogadores, roupeiros, motoristas e todos os outros funcionários do clube!

Era uma ideia de igualdade de direitos e deveres entre todos em um país que ainda estava na mão de uma ditadura! Obviamente, muitos não foram a favor desse conceito de liberdade, mas o que fazer? O Corinthians era o time mais popular de São Paulo, e Sócrates, o cabeça do movimento era não só um dos maiores jogadores do clube, como da Seleção Brasileira!

Mesmo com alguns reacionários de plantão a atacar essa ideologia com viés marxista em meio ao futebol, e algumas “fichadas” recebidas pelos policiais, o Regime Militar do início dos anos 1980 já não tinha forças suficientes para impedir essa revolução política dentro do futebol, ou seria do futebol dentro da política?

Entretanto, aquele viés revolucionário do “Magrão” (apelido carinhoso recebido a sua elevada estatura, mas estrutura corpórea magra), não se restringia ao clube de futebol que defendia. Buscando a redemocratização parcimoniosa do país ele militou na campanha “Diretas Já”, entre os anos de 1983 e 1984, que visava aprovar as eleições diretas para presidente da república no país por meio da proposta de Emenda Constitucional Dante de Oliveira que seria votada pelo congresso nacional.


Sócrates convocou o povo as ruas de São Paulo como forma de pressionar a aprovação da lei, participou de showmícios dedicados a divulgar a causa e garantiu que se a Emenda Dante de Oliveira fosse aprovada ele continuaria a jogar no futebol brasileiro, mesmo o Corinthians recebendo boas propostas de clubes italianos para a compra de seu passe! Como a lei não foi aprovada, ele embarcou rumo a Florença para jogar na Fiorentina por uma temporada…

Ao ler tais atitudes, pensava comigo ainda nos anos 2000, quando os salários nem se comparavam aos atuais, mais já eram altos. – Que jogador atualmente teria tal coragem de perder seu pé de meia em prol de um ideal que nem ele sabia se mesmo aprovado, seria bem-sucedido? Nenhum me veio a cabeça!

Eu que sempre fui fã de pessoas revolucionárias começava a deixar meu ódio ao Corinthians de lado e admirar aquela figura. A mesma figura que ouvia meus parentes mais velhos xingarem por ter errado o primeiro pênalti contra a França naquela fatídica quarta de final do Mundial do México em 1986. Ou que criticavam pelo seu já conhecido gosto por bebidas alcoólicas e cigarros!

 Continuava a achar o Raí ídolo, mas não poderia deixar uma figura tão emblemática como essa deixada de lado simplesmente por não ter conseguido tantos campeonatos importantes! E afinal, o que é importante ou não, não está na nobreza ou nos valores de um título, mas na própria importância que o seu torcedor dá a aquela conquista, ou não conquista, como foi a Seleção de 1982.


Em 1986, na Copa do México usava uma faixa na cabeça com dizeres a cada jogo. Era uma forma de demonstrar ao mundo todo o quanto as questões sociais eram tão importantes quanto os 90 minutos de bola rolando.

Na primeira partida contra a Espanha, o “Magrão” usava uma faixa em seus cabelos com os dizeres “México sigueen pie”. Em uma clara alusão ao terremoto de mais de 8 graus que devastara parte do país as vésperas do início do torneio. Em outros jogos os textos das faixas atacavam temas ainda recorrentes ao mundo atual. Tais como a fome, o Imperialismo, o racismo e as guerras.         

Sócrates aproximava o futebol das questões sociais que mais afligiam os oprimidos no principal torneio de futebol do mundo. Algo admirável e nunca visto por nenhum outro jogador até os dias atuais. Até porque, nos dias atuais é difícil saber o que eles de fato pensam! Pois manifestações de cunho político e social são proibidas pela FIFA, e os assessores atuais impedem que qualquer um de seus agenciados diga algo que venha a causar algum impacto reflexivo a quem os assiste ou segue!

É claro que os milhões de dólares perdidos contam mais que o desejo de mudar o mundo, mas não era assim para Sócrates, que claro, ainda jogava em um futebol que não pagava milhões. Mas já pagava bem mais do que o restante da sociedade recebia, o que o próprio Sócrates deixa bem claro no início dos anos 1980 em entrevista a José Luiz Datena quando este ainda era repórter esportivo da Rede Globo!

Quanto mais lia sobre Sócrates, ou via suas entrevistas na televisão, mais me tornava fã de sua humildade, carisma, inteligência e coragem ideológica. Não cabendo aqui julgar se seus preferenciais políticos estavam corretos ou errados, Sócrates abertamente socialista defendia o partido com quem compartilhava suas crenças ideológicas, mesmo rejeitando desse mesmo partido quando esteve no poder um cargo ministerial. 

Por outro lado, aceitou o convite de Fidel Castro para treinar a fraca seleção de Cuba (convite que acabou não se concretizando) com apenas uma condição: a de que receberia um salário igual ao dos demais moradores da ilha, respeitando o ideal de igualdade marxista o qual tinha convicção ser o correto para qualquer sociedade… O homem do melhor passe de calcanhar da história era mais que um excelente jogador de futebol. Era a ovelha negra que dava a cara a bater por seus ideais, ao mesmo tempo que não perdia a capacidade de lutar, mesmo entendendo as diferenciações de mundo ideológico e real. Graças a serenidade do seu brilhante cérebro!

Além do esporte e do engajamento político, Sócrates também se destacava na música, teatro, televisão, literatura e é claro, mesmo não exercendo, na medicina! O que chama a atenção, pois mesmo não sendo leigo no assunto, o Doutor foi deixando a doença chamada alcoolismo o vencer durante toda a sua vida.

É claro, Sócrates não era um super-herói. Não podia sozinho mudar o mundo. Mas também não deixou que o mundo o mudasse! Mantinha os amigos feitos desde sua infância, passando pelos feitos durante seu auge de carreira, até os construídos já em seu último trabalho na tradicional e semanal mesa redonda da TV Cultura “Cartão Verde”.

Tinha seus vícios, adorava uma cervejinha como já dito antes, e aqui não cabe qualquer tipo de julgamento, mas sim um reconhecimento de apesar de ser um ser humano diferenciado em todos os aspectos ainda era um ser humano igual aos demais! Infelizmente, esse vício o levou ao fim da vida em 04 de dezembro de 2011, aos 57 anos de idade.


E eu, que acordava de maneira displicente naquela manhã de domingo em que o arquirrival do meu time se sagraria campeão brasileiro, acabei também chorando pela perda de um ser humano tão fantástico! Ainda maior do que foi como jogador de futebol! E olha, hoje (com a maturidade e racionalidade!), reconheço ter sido um espetacular jogador de futebol (estava no Top 100 da FIFA do Século passado)!

Se ele foi melhor ou pior que Raí dentro dos campos? Isso é assunto para um outro texto! Entretanto, aquele triste dia me fez ter uma reação que nunca pensei que fosse acontecer… Chorei muito pela perda de um ex-jogador corintiano, que faz uma falta danada nesse mundo onde as pessoas estão cada vez mais vazias e medíocres em todos os aspectos!

A FALÁCIA DESMENTIDA

por Israel Cayo Campos


No Brasil criou-se o velho jargão de que política, religião e futebol não se discutem! Quando na verdade, talvez sejam na atualidade os três assuntos mais discutidos das mesas de bares reais a aquelas virtuais que permeiam a nossa tão próxima, mas ao mesmo tempo distante sociedade. Pior que isso, são aqueles que alegam que futebol e política não se misturam! Quando na verdade estão mais entrelaçadas na história do que linhas de um casaco de tricô que nossas amadas e antigas vovós faziam.

Aqui não cabe uma discussão como a que dividiu o país, entre direita e esquerda, até porque na minha humilde opinião de professor pós-graduado, a maioria das pessoas sequer sabem o significado dessa simetria. Mas apenas mostrar que na história do futebol, a política e os políticos sempre aproveitaram do esporte bretão e obviamente de sua popularidade para promoverem seus regimes ideológicos, ou até mesmo simplesmente para se perpetuarem em seus cargos.

A FIFA, organismo maior do futebol mundial, possui dezoito nações reconhecidas a mais do que a Organização das Nações Unidas (ONU). São 211 membros da entidade futebolística contra 193 membros do organismo criado no pós-guerra com o objetivo de mediar os problemas entre as nações da maneira mais pacífica possível (o que mais 70 anos depois de sua criação, não parece ter ainda alcançado seu êxito completo!).

É claro que é mais fácil ser reconhecido enquanto nação por uma entidade futebolística do que por uma política. Pois para um órgão político reconhecer qualquer país, esse deve passar por um trâmite burocrático muito maior do que para ele entrar em um organismo esportivo! Entretanto, países como Kosovo, Porto Rico e a Palestina, não reconhecidos enquanto estados nacionais pela ONU, são aceitos como tais pela FIFA (Kosovo ainda dando os primeiros passos). O que denota que a busca da soberania nacional se dá primeiro por meio do esporte para essas nações! O que num futuro, contribui para um reconhecimento político! Colocando, portanto, um organismo de menor importância como a FIFA, com um status tão importante quanto o da ONU no quesito aceitação!

Não pretendemos aqui contar toda a história da relação entre política e futebol existente. Daria uma coleção de livros! Por isso, mais uma vez utilizaremos o recorte das Copas do Mundo, e a partir desse, tentaremos explicar o quanto política e futebol andam de mãos dadas, para tristeza do esporte e a alegria de alguns déspotas que já passaram pela história da humanidade nesse “Breve Século XX” (Frase do historiador Erick Robsbawn, de quem sou fã), e início do século XXI.

1934 e 1938 – A vitória do Fascismo!


A Itália de meados dos anos 1930 até o início dos anos 1940 possuía a melhor seleção de futebol do mundo. Sílvio Piola, Meazza, Colaussi, Ferrari, Orsi, Guaita e Schiavio formavam o melhor ataque daquele período! Sabendo disso, o ditador italiano Benito Mussolini resolveu aproximar o regime fascista ao qual o estado italiano estava sendo comandado, a aquela brilhante seleção. Para 1934, conseguiu trazer a disputa do campeonato para a “Bota”, e a partir daí tonou-se obrigação dos italianos a vitória do torneio.

No torneio, Mussolini tentou mostrar as qualidades de seu país, e consequentemente do seu regime fascista para o restante do mundo (Para quem desconhece o que é fascismo, resumimos ao dizer que o mesmo é um regime autocrático, centralizado na figura do ditador, onde há uma valorização dos conceitos de nação e raça sobre os demais valores, muitas vezes por meio da força bruta). Ao final do torneio, recebeu elogios do também ditador brasileiro Getúlio Vargas, o qual enaltecia a recuperação da moral do povo italiano, esquecendo-se ou não que aquilo era um jogo de futebol, e não um reflexo das condições de vida do povo italiano!

Nas quartas de final, o técnico italiano Vitório Pozzo já havia enaltecido as qualidades do fascismo após a dura vitória contra os espanhóis nas quartas de final. Mas o mais curioso desse torneio veio na partida final contra a Tchecoslováquia. Pouco antes dos jogadores italianos entrarem em campo, receberam um bilhetinho enviado pelo próprio “Duce” onde estava escrito: Vitória ou morte!”. Para bom entendedor meia palavra basta! E para a sorte dos italianos, o país saiu vencedor do mundial.

Até hoje não se sabe ao certo o contexto da frase enviada por Mussolini aos seus jogadores, mas o desabafo do próprio Pozzo ao final da partida cria ao menos uma linha de entendimento mais óbvia: “Como teria sido terrível perder, e como é belo o futebol quando se ganha.”

 Para Mussolini, a derrota da seleção italiana em casa também seria a derrota de seu regime político, e daí muito provavelmente a frase de alívio de Pozzo, único técnico bicampeão do mundo até os dias atuais.

Em 1938, no primeiro mundial da França, os italianos jogaram de preto, um uniforme alusivo as cores do fascismo. Mussolini não tinha mais o mesmo controle sobre os bastidores do mundial como quatro anos antes. Mas ainda exigia de sua ótima geração mais um título mundial! A Itália dois anos antes, na casa do seu aliado Adolf Hitler, já havia conquistado a medalha de ouro frente aos austríacos por 2 a 1. Mas para o embusteiro ditador italiano, mais uma vitória era necessária!

Os italianos, independentemente das ameaças fascistas eram os melhores, e mesmo sobre risco de surra da torcida francesa, principalmente em Marselha, cidade que abrigava muitos refugiados da guerra civil espanhola, entravam em campo e faziam a saudação fascista com a mão estirada ao estilo dos antigos imperadores romanos e dentro de campo passavam como tratores sobre os adversários! Mesmo vaiada, a seleção de Pozzo e Mussolini conseguiu seu bicampeonato mundial, e o triunfo, ao menos no esporte, do fascismo italiano sobre as demais “raças”.

Para Mussolini, as vitórias no futebol eram maravilhosas, pois em meio a um país endividado e cheio de problemas sociais, as vitórias no futebol seguiram como um alento para o povo italiano, o que para azar dele, acabou com o início da Segunda Grande Guerra em 1939.

Sobre 1938, apenas um adendo. Até hoje o único jogo vencido por W O em uma fase final de Copa do Mundo se deu nesse mundial. E por motivos políticos! O jogo entre Suécia e Áustria fora vencido pelos escandinavos pois a Áustria, meses antes (março de 1938), havia sido anexada pela Alemanha Nazista de Adolf Hitler ao seu território (a Anschluss), e com isso, os melhores jogadores austríacos foram pela seleção alemã! Menos um! MatthiasSindelar.O “Homem de papel” se recusou a jogar pela seleção nazista, o que provavelmente (não há provas concretas) levou ao seu falecimento por envenenamento em janeiro de 1939 enquanto dormia com sua namorada italiana.

1950 – A política brasileira ajuda no “Maracanazzo”

O Brasil ser campeão do mundo em 1950 era importantíssimo não só para nossos jogadores, bem como, nossos políticos que almejavam promoverem-se às custas do que seria então o primeiro título mundial brasileiro! Brasil que já começara seu processo de industrialização e nacionalização de nossos recursos minerais, que já possuía artistas se destacando com a famosa “Semana de arte moderna de 1922” …,mas faltava o triunfo esportivo.

Com os países europeus devastados após a Segunda Guerra, conseguimos o direito de sediar o mundial em casa, construímos o até então maior estádio do mundo! A mania de grandeza era enorme que outro resultado não era aceito, ainda mais depois de duas goleadas históricas sobre Espanha e Suécia! O título da Copa do Mundo era o que faltava para um Brasil queria se mostrar no cenário internacional!


Faltava o jogo contra o rival Uruguai, o clima de já ganhou tomava conta do povo brasileiro, e aí era o momento que todos os políticos e candidatos a políticos resolverem aparecer! Ao invés de se prepararem adequadamente para o jogo final, os jogadores brasileiros tiveram que passar por uma sequencia de protocolos com deputados, senadores, candidatos a presidentes…Todos prometendo “mundos e fundos”!O que na palavra do goleiro Barbosa, ficaram só os “fundos” para os jogadores brasileiros, que sequer se alimentaram adequadamente para a final. É claro que não foi esse o motivo principal para a derrota brasileira, mas como disseram todos os jogadores que estiveram naquela final, o Brasil começou a perder a Copa do Mundo de 1950 graças aos políticos que resolveram aparecer na hora errada!

Os tanques em Budapeste impedem uma segunda chance para a brilhante geração húngara.

A Hungria havia perdido o mundial de 1954 no que ficou conhecido como “O milagre de Berna”. Aquela geração excepcional húngara saia como melhor seleção do torneio, mas derrotada!

Entretanto, havia uma nova chance! 1958 na Suécia! Claro que aquela geração estaria quatro anos mais velha, mas ainda assim contaria com jogadores excepcionais em boa idade para a disputa do torneio. O grande goleiro Grosics teria 32 anos, Lantos 29, Tóth 29, Kocsis 28, Czibor 28, Kubala 29 e Puskás 31 anos. Sem contar os jogadores que surgiriam a base dessa seleção e os que estavam no banco do mundial da Suíça. Se seria campeã não há como saber, mas que seria ainda uma grande Seleção não há nenhuma dúvida…

Só não foi por um motivo.Em 10 de novembro de 1956, tanques soviéticos invadiam Budapeste, a capital húngara, e tomavam o poder no país. A Hungria passava a ser membro dos países do Pacto de Varsóvia, aliados diretos da União Soviética. Era o progresso do que ficou conhecido como “Guerra Fria”, onde o país passou a fazer parte do que ficou conhecido como “Cortina de Ferro!”

Após a morte de mais de 20 mil pessoas que defendiam a Hungria da invasão soviética, mais os milhares de presos e condenados políticos, uma rendição era a única coisa possível a se fazer! Para os jogadores de futebol da magistral seleção húngara só uma coisa restava… Fugir do país e ir tentar a vida em outros locais da Europa. Nunca mais vestindo a camisa da grande seleção do leste europeu.

Kubala foi ser ídolo do Barcelona, Puskás do Real Madrid, Czibor e Kocsis foram respectivamente para a Roma e o Barcelona…E assim foi com todos os jogadores daquela geração. Alguns chegaram até a se naturalizar por outros países como o caso de Puskás que virou “espanhol”, mas a maioria mesmo não se naturalizando jamais voltou a vestir a camisa de sua seleção natal!

Graças a União Soviética e a Guerra Fria, não podemos ver a segunda chance da geração de ouro húngara em uma Copa do Mundo que poderia ter sido a sua redenção! Como o “se” não joga, o Brasil ficou com aquela taça, mas nenhuma decisão política foi tão direta para definir a história das Copas do Mundo como os tanques de Budapeste!

1970 – 90 milhões em ação e as eleições do parlamento inglês…


Em 1970, a Inglaterra, então atual campeã do mundo chegava ao México como favorita ao título. A classificação no “grupo da morte” daquela Copa continuava a manter a esperança dos inventores do futebol, que mesmo perdendo para o Brasil na fase de grupos, tinham um time melhor do que o que fora quatro anos antes campeão em casa.

A derrota para a Alemanha Ocidental nas oitavas de final por 3 a 2 e a precoce eliminação para uma seleção que acreditava que aquela seria a Copa da confirmação do futebol Inglês como o maior de todos foi um balde de água fria até para os esnobes ingleses! Ao ponto do primeiro ministro britânico Harold Wilson por a culpa da sua não reeleição cinco dias depois do jogo no fracasso inglês naquela Copa!

Quanto ao Brasil, depois do vexame na Copa da Inglaterra, uma grande desconfiança tomava conta da Seleção nas eliminatórias! Um novo técnico era chamado para montar uma nova Seleção brasileira. O comunista assumido João Saldanha, o “João sem medo”.

Ao tomar o comando do time, o futebol brasileiro se reencontrou. Com uma base de jogadores formada por Santos e Botafogo, Saldanha classificou o Brasil para o mundial do México com “os pés nas costas!” Mas aí começaram os problemas!

O Brasil passava por um período de ditadura comandada pelos militares, e mesmo sabendo da ideologia de Saldanha, o governo militar o aturava devido aos bons resultados da Seleção nas eliminatórias. Mas com a chegada do General Médici ao poder, Saldanha foi ficando cada vez mais encurralado em seu cargo. Médici queria que Saldanha convocasse Dário do Atlético Mineiro. Saldanha respondia dizendo que isso era uma imposição feita com o propósito de o tirar do comando da canarinho, pois Médici nunca havia visto Dário jogar e ele enquanto presidente da república não deveria dar pitacos na Seleção, assim como ele Saldanha, não dava pitacos no ministério de Médici.

Foi a gota d’agua! Histórias sempre negadas por Saldanha como o suposto problema de visão de Pelé foram alegadas, mas o fato é que o presidente da república de extrema direita não queria receber em Brasília a Taça Jules Rimet das mãos de um inimigo político assumido! Saldanha estava fora da equipe e no lugar dele assumia Mário Jorge Lobo Zagallo.

Naquela Copa, os comunistas brasileiros, perseguidos pelo regime militar, torciam declaradamente para os países da cortina de ferro e contra o Brasil do Médici. Só na primeira fase haviam dois adversários para quem torcer: Tchecoslováquia e Romênia! Ver o Brasil campeão enquanto passava uma situação política terrível em seus “porões” era inaceitável para quem vivia tais perrengues!


A musiquinha “Pra Frente Brasil” do compositor Miguel Gustavo, que pouco falava de futebol, mas mais parecia uma alusão ao governo militar enraivecia tresloucadamente quem estava contra o regime. Entretanto não teve jeito, com a melhor seleção de futebol da história o Brasil conquistou o tricampeonato em 1970, e até muitos comunistas que antes torciam o nariz para a Seleção saíram para comemorar!

Para Médici e os militares, aquela vitória significava bem mais do que um título esportivo. Era o progresso que o regime militar estava trazendo para o Brasil. Receber a taça das mãos de Zagallo ao invés de Saldanha também foi bem menos constrangedor para o presidente de olhos azuis.

É óbvio que aquela Seleção era merecedora do título, com certeza foi a seleção de futebol que mais mereceu vencer uma Copa do Mundo até hoje! Mas o governo militar aproveitou-se dessa conquista para cada vez mais esconder os crimes cometidos nos porões do Dops e em outros departamentos de tortura! Enquanto a maioria do povo brasileiro festejava o tricampeonato, Médici e companhia aproveitavam para gerar o momento de maior perseguição política e torturas de todo o regime militar brasileiro.

1978 – A Copa de Videla e das mães da praça de maio.


Em 1978, a Argentina passava por uma das ditaduras militares de direita mais ferrenhas da América do Sul. Enquanto as Mães da Praça de Maio buscavam o paradeiro de cerca de 30 mil de seus ‘filhos”, a Argentina por força de Videla, e conivência do presidente da FIFA João Havelange, conseguia sediar a décima primeira Copa do Mundo de futebol. Mais que somente sediar o torneio, o ditador argentino queria mostrar ao mundo um país que não existia! Uma profunda paz, harmonia e apoio a seleção argentina, além é claro de conseguir o primeiro título mundial do país, abafando de vez o grito dos torturados e mortos do país do Rio da Prata.

Para alcançar esse objetivo, Videla não mediu esforços. A tabela da Argentina levou o país a jogar 4 jogos no Munumental de Nuñez em Buenos Aires e mais 3 jogos no Gigante de Arroyito em Rosário. Se a Argentina tivesse sido a primeira do grupo como esperado antes do início do torneio, teria jogado suas sete partidas no estádio do River Plate! A derrota para a Itália no último jogo da fase de grupos impediu tamanho favorecimento planejado!

Além da tabela, o controverso jogo entre Argentina e Peru pela última rodada da segunda fase do torneio. Em um jogo contra uma boa seleção peruana, que na primeira fase vencera o Irã e a Escócia com facilidade, além de empatar sem gols com a Holanda, que viria a ser a vice-campeã mundial daquele ano, era inimaginável que mesmo desclassificados matematicamente, aquela geração iria perder por quatro gols de diferença para os argentinos!


Como só os desavisados não sabem, o Peru não perdeu por quatro gols, mas por seis tentos a zero! A Argentina, que até então jogaria contra o Peru no mesmo horário em que o Brasil que enfrentaria a Polônia, teve a hora do seu jogo estranhamente alterada para quase três horas depois do jogo brasileiro. Sabendo do resultado que precisava, logo os gols foram saindo, alguns de maneira bizarra por parte dos defensores peruanos, e com tal goleada os argentinos garantiram vaga na final!

Ao apitar do juiz, as suspeitas de que o jogo teria sido entregado por parte dos peruanos já pairava em todo o mundo futebolístico. De fato, nunca houve uma prova cabal sobre a marmelada, mas há muitos indícios de que Videla estava por trás do “negócio” que colocou os Hermanos na final. Acusações de que o Peru recebeu caminhões de trigo a mando do General após a partida, e que as negociações entre os dois países para o resultado combinado teriam sido intermediadas pelo cartel de Medellín com o tempo foram aparecendo. E até hoje, aquele 6 a 0 manchou o nome dos peruanos no futebol, e deu um estigma de campeão manchado aos argentinos de 1978! Para o General Videla, provavelmente isso pouco importava.

A Argentina chegou a final contra a Holanda. Venceu o jogo na prorrogação por 3 a 1 e se sagrou campeã mundial pela primeira vez na sua história! Festa nas ruas de Buenos Aires, festa em toda Argentina para o time de Luque, Ortiz, Passarela e Kempes! As Mães da Praça de Maio e seus desaparecidos filhos e parentes estavam caladas mediante a euforia do povo argentino! Era o que Videla queria e conseguiu!

1982 – O Sheik que anulou um gol!


Essa situação não mostra um lado negro da relação entre política e esporte, no máximo um lado cômico! A França enfrentava e vencia por 3 a 1 a fraca seleção árabe do Kuwait treinada pelo brasileiro Carlos Alberto Parreira ainda pela primeira fase do mundial da Espanha em 1982. O jogo prosseguia quando o atacante francês Giresse entrou sozinho na cara do gol kuaitiano para marcar o que seria o quarto gol francês!

Enquanto o baixinho atacante avançava, os zagueiros árabes pararam como se tivessem ouvido um apito do árbitro. Giresse que nada tinha a ver com isso marcou o gol e saiu comemorando!

Foi aí que o presidente da federação kuaitiana de futebol e Sheik do pequeno país, Fahad Al Sabah, resolveu entrar em ação. Atendendo aos pedidos de seus jogadores que alegavam ter ouvido um apito e por isso parado diante do ataque francês, o mandatário árabe manda que o seu time se retire de campo (Algo que seria inédito na história das Copas do Mundo!), e os jogadores em plena revolta atendem!

Seria uma das maiores pataquadas da história das Copas se não fosse o juiz ucraniano Miroslav Stupar, que incrivelmente cedeu a pressão do Sheik (que já havia entrado em campo para peitar o juiz) e anulou o gol francês! Não há notícia até hoje que em um jogo oficial da FIFA, um representante político tenha descido das tribunas e feito um árbitro anular um gol legal! De todas as mãozinhas políticas na história das Copas, essa foi a mais direta! Ao menos filmada! Pena que não adiantou muito, pois a França marcou mais um gol (esse valeu!) e acabou por golear o Kuwait por 4 a 1 naquela curiosa partida!

1998 – A vitória da Black-blanck-beur.


No tocante a revoluções políticas, a terra da liberdade, igualdade e fraternidade é o berço do mundo ocidental moderno! Em 1998, a situação social dos negros, árabes e até de alguns brancos do país erade sérios conflitos! Conflitos entre a polícia e imigrantes de origem africana árabe em bairros compostos por essas etnias separavam de vez os “franceses puros” dos imigrantes!

No futebol, duas Copas do Mundo em que a seleção estava ausente criavam desconfiança entre os já pessimistas por natureza torcedores franceses. Um time formado por jogadores nascido em Guadalupe (Thuram), Nova Caledônia (Karembeu), Senegal (Vieira), Gana (Desailly)… e um nascido na França, mas com antepassados argelinos (Zinedine Zidane), mostravam uma seleção nacional, sem uma unidade nacional!

Dentro de campo, essa seleção mostrou um profundo respeito as heranças da Marselhesa! Com muita aplicação tática e técnica passou fácil na fase de grupos, sofreu para eliminar o defensivo Paraguai, passou nos pênaltis contra a Itália e com dois gols do “estrangeiro” Thuram, virou o jogo para cima dos croatas e garantiu o país em sua primeira final na história! Que seria contra o temível atual campeão do mundo, o Brasil.


Na final, o filho de argelinos brilhou! Marcou dois gols de cabeça, fez grandes jogadas, e garantiu o primeiro título mundial francês! Nem a poderosa geração de Giresse, Tigana, Platini e Rocheteau conseguira ir tão longe! E a política aproveitou o triunfo francês!

Era a vitória da integração nacional! Era a vitória do Branco-Negro-Árabe! Ao menos nos campos de futebol, todo eram iguais perante os franceses! O termo liberdade, igualdade e fraternidade nunca esteve tão em moda desde a queda da Bastilha! O time de futebol se tornava o exemplo para uma nova França, e porque não, para uma nova Europa! Cada vez mais tolerante e miscigenada!

Essa foi uma atitude politicamente positiva. E quando a França conquistou o bicampeonato europeu em 2000, com mais jogadores oriundos de outras partes do planeta do que em 1998, a consciência de que todos eram franceses era inquestionável por todos! Entretanto, ao primeiro fraquejar daquela geração, a certeza de que a unidade do povo francês estava concretizada foi por água abaixo.

Se nas vitórias todos eram franceses, nas derrotas, a culpa era dos descendentes de africanos que não honravam a camisa azul, ou dos muçulmanos que se amontoaram nos arredores de Paris! O negro e muçulmano Anelka em 2010 foi excluído da Seleção ninguém sabe ao certo o motivo! E o que parecia ser a vitória da política utilizando o esporte para o bem, virou  apenas uma bravata que vai servir sempre que o resultado for positivo, mas que vai ser um tiro pela culatra quando lamentavelmente as derrotas vierem!

O racismo está muito longe de ser vencido não só na Europa como em todo o mundo, e não é o futebol, por mais que os políticos o utilizem dessa forma na hora dos triunfos, que vai conseguir acabar com esse lamentável problema humano!


2018 – A seleção africana da França!

Ainda sobre os efeitos do Branco-Negro-Árabe, logo que vencida a Copa do Mundo da Rússia pelos franceses, surgiram críticas sobre pelo menos 14 jogadores da Seleção campeã serem de origem africana, das antigas colônias que a França construiu através do seu imperialismo iniciado no século XVI.

Essa seleção em tese para os críticos era mais miscigenada ainda do que a campeã mundial de 20 anos antes! Mas o que deveria ser motivo de orgulho para um país cada vez mais multiétnico, virou assunto de estado. Com ministros defendendo os jogadores franceses em suas escolhas, e críticos falando que os mesmos jogadores representam um país que não os representa! Onde os imigrantes ou filhos de imigrantes são maltratados, entre outras acusações que novamente remetem ao período em que a França colonizou grande parte do continente africano.

Mesmo que apenas dois jogadores da Seleção campeã tenham nascido fora do país! Os críticos e aproveitadores não perdoaram! É como se os jogadores brasileiros fossem criticados por vestirem a amarelinha, mesmo eles tendo nascido aqui, só pelo fato de terem pais, avôs ou bisavôs oriundos de países europeus (principalmente Portugal), africanos e até de países árabes!


A verdade é que por mais que se diga que devam ser dissociados, o esporte, no caso levantado o futebol, e a política andam de mãos dadas! E por muito tempo será assim, pois o futebol enquanto jogo, representa a territorialidade. E esse sentimento de pertencimento comum aos primatas que somos, sempre vai associar os elementos do nosso cotidiano ao sentimento de inserção das vitórias que o futebol nos causa! Portanto, aquele que diz que  futebol e política não se misturam, ou entende pouco de futebol, ou não entende nada de política!

DEZ JOGOS DA HISTÓRIA DAS COPAS DO MUNDO QUE EU MUDARIA O RESULTADO.  

por Israel Cayo Campos 


Reis e plebeus, heróis e covardes, jovens e velhos… Todos nós gostaríamos de em algum momento modificar alguma coisa de nosso passado. Algo que achamos injusto, algo que achamos um erro, algo que nos envergonha por influenciar o destino de outras pessoas… No esporte também não é diferente! Eu particularmente adoraria mudar o destino de muitas partidas de meu clube de coração, obviamente, aquelas derrotas mais doloridas.

Em outros esportes, claro se tivesse esse poder, mudaria o destino de dois grandes atletas do nosso país: O acidente automobilístico de João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, em 22 de dezembro de 1981. Que fez com que o tricampeão mundial de salto triplo perdesse sua perna direita meses depois, o que além de abreviar sua grande carreira contribuiu direto para a depressão que o fez nos deixar precocemente aos 45 anos. E outro acidente automobilístico, o de Ayrton Senna da Silva, no dia 01 de maio de 1994 (aniversário do meu hoje já falecido pai), no grande prêmio de San Marino, em Ímola, que acabou por ceifar a vida do tricampeão mundial de fórmula 1 na fatídica Curva Tamburello.


Se pudesse também, mudaria o destino de Mané Garrincha, pois um dos dez maiores jogadores de futebol de todos os tempos não merecia o tratamento que teve do povo brasileiro em vida. Sem contar a falta de apoio que o povo brasileiro não soube dar ao mesmo ao não entender que apesar do gênio que foi, Mané era uma pessoa doente e que precisava e muito de ajuda! Hoje me irrita qualquer jogador nota sete ser mais lembrado como gênio do que o seu Manuel Francisco dos Santos.

E assim é claro, faria com qualquer situação ou pessoa se tivesse esse poder! Não importa se fosse na área familiar, artística, intelectual, política, literária, científica, entre outros…, mas voltando ao esporte, mais especificamente ao futebol, resolvi relembrar jogos de Copas do Mundo, os quais gostaria de ver outros resultados, ou ao menos a reparação de alguns erros do “destino”. É claro, é um gosto pessoal meu, e darei argumentos para tais situações.E mais claro ainda, é que o mundo em que vivemos, e o futebol é um dos melhores reflexos do mesmo, é imperfeito e inesperado. O que o torna o esporte mais maravilhoso entre todos!

A Copa do Mundo é o principal torneio esportivo do planeta, e dita as tendências para o esporte por pelo menos quatro anos de intervalo entre um torneio e outro. A partir dessa premissa, se tivesse o poder de utilizar um DeLoreane viajar no tempo, tentaria de alguma forma (aí sinceramente não sei como), mudar esses placares!

JOGO 1: BRASIL 1 X 2 URUGUAI (COPA DO MUNDO DO BRASIL EM 1950)


O Brasil sediava sua primeira Copa do Mundo. Era o primeiro mundial do período pós-guerra, um jejum de bola rolando de 12 anos sem o torneio. Jogávamos em casa, tínhamos um time melhor (com direito a não convocar os veteranos mas ainda craques Heleno de Freitas e Leônidas da Silva), jogamos mais partidas (seis jogos contra apenas quatro dos uruguaios), aplicamos maiores goleadas (contra Espanha e Suécia), jogávamos pelo empate, tivemos o grande artilheiro do torneio (Ademir Menezes), abrimos o placar com Friaça aos dois minutos do segundo tempo, com mais de duzentas mil pessoas no jovem estádio do Maracanã a nos empurrar… Apesar de já campeão do mundo em 1930, o Uruguai não tinha uma campanha comparável à nossa! O título tinha que ser nosso! Mas não foi… Com calma Schiaffino e Ghiggiaviraram o jogo e conquistaram o bicampeonato para a Celeste Olímpica. A primeira grande tragédia do futebol brasileiro.

Essa derrota causou um enorme impacto nos jogadores e torcedores brasileiros. O Maracanazzo, o “Complexo de vira-lata”, a maldição da camisa branca… O futebol brasileiro criou um trauma que nem mesmo cinco campeonatos mundiais foram capazes de fazer a torcida brasileira esquecer. O goleiro Barbosa, marcado por uma falha. E a impressão até hoje que o mal planejamento para aquela partida atrapalhou o que seria nossa primeira Copa do Mundo! De uma Seleção que nome por nome é parelha a uruguaia, e os jogos anteriores a essa final (na verdade jogo final de um quadrangular) entre essas duas seleções mostravam esse equilíbrio, mas que naquele mundial, fez uma campanha muito melhor. Até os 66 minutos da última partida daquela Copa.

JOGO 2: HUNGRIA 2 X 3 ALEMANHA OCIDENTAL (COPA DO MUNDO DA SUÍÇA EM 1954)


A seleção húngara era campeã olímpica em Helsinque em 1952, chegava a Copa da Suíça como grande favorita ao título, tinha o grande jogador do futebol mundial a época, Ferenc Puskás. E na Copa do Mundo não decepcionou.

Um 9 a 0 na Coréia do Sul e um 8 a 3 na Alemanha Ocidental logo na primeira fase colocavam a geração de Lantos, Czibor, Kocsis e Hidegkuti como favoritos nos jogos eliminatórios. Nas quartas, o atual vice-campeão mundial Brasil, e uma goleada por 4 a 2 para os Húngaros (sem Puskás!), e uma semifinal contra ainda invicta em Copas e atual campeã mundial, a seleção uruguaia, nova goleada de 4 a 2! E novamente a Alemanha Ocidental em Berna, pela final do torneio. Para quem não perdia a 31 jogos (cerca de quatro anos), e já havia goleado os mesmos de oito gols, era barbada…

A barbada ainda aumentou quando com menos de dez minutos de jogo os húngaros já venciam os germânicos por 2 a 0. Mas aí aquela seleção fenomenal, como que num encanto de Cinderela virou abóbora! O campo de Berna encharcou! As travas maiores das chuteiras alemãs permitiam aos mesmos ficarem mais em pé em campo do que os húngaros, e antes do fim do primeiro tempo o jogo que parecia que ia ser mais uma goleada estava empatado! Faltando seis minutos para o fim do jogo, Helmut Rahn virava o jogo para os alemães! Era o fim de uma era da maior seleção da história do leste europeu! Puskas ainda marcou um gol de empate, mas corretamente anulado pelo bandeirinha!

A derrota para os alemães no que ficou conhecido como o milagre de Berna teve consequências sérias não só para aquela geração húngara de futebol magistral, como também para todo o futebol do leste europeu, que a partir de então, começou a enfraquecer perante o ocidente, e até o futebol de outras confederações. Talvez um título que seria mais que merecido para aquela brilhante geração húngara na Suíça permitisse um maior desenvolvimento do futebol do leste europeu, que só foi ter novamente um finalista de Copa do Mundo em 2018 (64 anos depois), com a Croácia. Uma das maiores injustiças da história das Copas do Mundo! Que eu mudaria se pudesse por acreditar que aquele time não foi só o melhor daquela Copa, bem como um dos maiores de todos os tempos!

JOGO 3: INGLATERRA 4 X 2 ALEMANHA OCIDENTAL (COPA DO MUNDO DA INGLATERRA EM 1966)


No caso específico desse jogo, talvez não mudasse o resultado do torneio, pois não há como se saber o que não aconteceu. Para mim, ambos que chegaram a final da Copa do Mundo da Inglaterra eram merecedores do título. A Alemanha Ocidental de Franz Beckenbauer e Uwe Seeler, contra a Inglaterra dos Booby’s Moore e Charlton!

A situação que mudaria nessa final seria o terceiro gol inglês marcado por GeoffHurst aos dez minutos de prorrogação quando a partida estava empatada em dois tentos a dois! Até hoje ninguém sabe ao certo se a bola de Hurst de fato entrou ou não no gol do alemão Tilkowsky! Infelizmente a tecnologia da linha do gol estava décadas a frente para ser inventada, e por isso, até hoje paira suspeita no único título de Copa do Mundo conquistado pela Inglaterra.

É bem verdade que faltando um minuto para o fim da prorrogação o mesmo Hurst marcou mais um gol para os ingleses fechando o caixão alemão em 4 a 2, mas esse gol não pode ser considerado prova de que os ingleses venceriam com ou sem o terceiro e polêmico gol. A Alemanha já havia partido ao ataque desesperadamente em busca do empate, e deixara espaços para o quarto gol Inglês.

Se pudesse levaria a tecnologia da linha do gol para 1966 e veria se de fato a bola entrou ou não, corrigindo ou mantendo o erro histórico! Ou simplesmente não daria o benefício da dúvida não validando o gol que provavelmente nem o juiz teve convicção plena de que a bola entrou ou não! Se em uma nova partida, ou em um sorteio, ou até ainda nessa prorrogação outros gols legítimos saíssem, não importando de que nação fosse, ao menos o sentimento de ser campeão de maneira justa pairaria sobre esse jogo! Nesse caso não mudaria especificamente o resultado do jogo como creio ter ficado bem claro, mas sim um lance crucial da partida, que acabou por mudar o resultado da mesma!

JOGO 4: BRASIL 0 X 0 ARGENTINA (COPA DO MUNDO DA ARGENTINA EM 1978)


Em 1978, até os dias atuais, paira a suspeita de que o Peru entregou o jogo para os argentinos, perdendo por 6 a 0 para que os hermanos pudessem ir à final de seu mundial em casa!

Tudo isso poderia ser evitado se a partida anterior dos argentinos, contra os brasileiros do técnico Cláudio Coutinho tivesse saído com um vencedor.

Não cabe a mim dizer quem deveria vencer a partida, pois obviamente escolheria que o vencedor fosse o Brasil. Embora admita que os melhores lances de gol desse jogo conhecido como a “Batalha de Rosário” tenham sido da seleção comandada em campo por Daniel Passarela e Mario Kempes. Um gol perdido por Ortiz com o goleiro brasileiro Leão já caído no chão é um exemplo de um jogo parelho, mas com uma leve vantagem para a albiceleste. O Brasil também perdeu boas chances, com Gil e Roberto, mas principalmente graças ao mérito do goleiro argentino Fillol.

Para mim, mais importante do que ser Brasil ou Argentina, gostaria que essa partida especifica tivesse um vencedor, mudaria o resultado de empate da mesma exatamente para retirar o cheiro de marmelada que ficou no torneio poucos dias depois quando a Argentina passeou contra o Peru. Se o Brasil tivesse vencido a partida contra os argentinos, pouco importaria a goleada sobre os peruanos, se fossem os argentinos os vencedores, uma vitória simples sobre os peruanos, o que é algo normal, ou até mesmo uma goleada contra uma seleção já eliminada não causariam tanto furor e desconfianças para o mundo do futebol.

JOGO 5: BRASIL 2 X 3 ITÁLIA (COPA DO MUNDO DA ESPANHA EM 1982)


O que dizer dessa Seleção brasileira e dessa partida contra a Itália? Praticamente tudo já foi dito! Que o Toninho Cerezo não deveria passar a bola pelo meio da área, que alguém deveria ter pego o Paulo Rossi em dia inspirado, que após o empate em 2 a 2 o técnico Telê deveria ter recuado o time para impedir o terceiro gol italiano…

Eu particularmente mudaria o resultado desse jogo não apenas pelo Brasil, pois em mim pairam dúvidas se essa Seleção passando nem que fosse com um empate contra os italianos seria campeã do mundo.

Eu mudaria de fato o resultado desse jogo em prol do Brasil pois após o mundial da Espanha com os italianos vencendo o torneio após passarem da primeira fase de maneira sofrível com três empates, o futebol passou a ser visto de uma maneira diferente! A técnica e a qualidade dos jogadores passaram a ser segundo plano! Primeiramente tornou-se necessário impedir o adversário de jogar, depois se conseguir um gol e mais uma vez se retrancar, era o início da força física dominando a habilidade!

Nas Copas seguintes, esse estilo de jogo se tornou padrão! Não era importante mais ter craques no time! Toque de bola! Belos dribles! O importante é cumprir a função tática, ser efetivo e se recolher na defesa! (tal maneira de jogo obrigou a FIFA a mudar as regras do esporte tentando o deixar novamente mais agradável aos espectadores). Por fim, essa não foi uma derrota do futebol brasileiro, mas sim do futebol arte, do futebol ofensivo, para o futebol burocrático de resultados! O por essa morte, eu mudaria o resultado desse jogo!

JOGO 6: ALEMANHA OCIDENTAL 3 X 3 FRANÇA (COPA DO MUNDO DA ESPANHA EM 1982)


A primeira coisa que deveria ser mudada era o adversário da França na semifinal da Copa do Mundo da Espanha em 1982, pois em um jogo de compadres, os Alemães Ocidentais combinaram um resultado de vitória simples sobre a Áustria para eliminar a Argélia.

Voltando para o jogo em questão, um dos maiores de todas as Copas! Com direito a em uma jogada de Breitner, Littbarski abrir o placar contra os franceses de Michel Platini. O próprio, Trésor e Giresse (os dois últimos já na prorrogação) colocaram a França com um 3 a 1 sobre os alemães. Era a primeira final francesa!

Um pouco antes dos gols franceses, o jogo ainda não estava definido, até que Platini acerta um belo passe para Battiston que entra na cara do goleiro Schumacher, o arqueiro germânico esquece a bola e ataca violentamente o francês em uma agressão que quebra 3 dentes de Battiston! O mesmo sai de maca e para o goleiro alemão sequer é marcada a falta, o que dirá uma justa expulsão. Se pudesse eu mudaria a decisão do juiz expulsando o goleiro alemão. Até porque se tratava de um lance de último homem, e de uma clara agressão para o goleiro. Com um a menos e perdendo por 3 a 1, seria difícil os alemães chegarem ao empate!

Com o mesmo número de jogadores, e goleiro titular em campo, a Alemanha conseguiu forças para ainda no primeiro tempo de prorrogação Rummenigge descontar e logo aos 3 minutos do segundo tempo da mesma Fischer em um belo gol empatar novamente a partida! Era a velha Alemanha Ocidental, que nunca desiste em busca de mais uma final! O jogo iria para a disputa de penalidades máximas! A primeira semifinal disputada assim!

Nos pênaltis o mesmo goleiro Schumacher, que deveria ser expulso no primeiro tempo da prorrogação provocou os franceses e defendeu duas penalidades francesas! Graças a ele, que nem deveria estar em campo, a Alemanha Ocidental estava classificada para mais uma final de mundial! O que se pudesse voltar no tempo, por uma questão de justiça, ainda mais numa época em que prorrogações fisicamente desgastavam completamente os jogadores, mudaria! Ao menos a decisão da arbitragem, e mudando a mesma, tenho a impressão que o finalista contra a Itália seria a França!

Para o futebol as consequências foram poucas, a boa geração francesa campeã da Eurocopa dois anos depois não conseguiu um título mundial (mais hoje tem dois e uma final de Copa) e Michel Platini, que na Itália era tido como o melhor jogador do futebol mundial, mesmo concorrendo com Zico, Boniek, Rummenigge e depois Maradona, não conseguiu se sagrar campeão do Mundo! Mais um para a enorme lista! Entretanto, é notória a interferência da arbitragem impedindo os franceses de chegarem a final daquele torneio.

JOGO 7: CAMARÕES 2 X 3 INGLATERRA (COPA DO MUNDO DA ITÁLIA EM 1990)


Quartas de final da fraca Copa do Mundo da Itália em 1990. Fruto ainda da ideia de 1982, as seleções priorizavam seus sistemas defensivos ao extremo. Primeiro não levar gol a fazê-los foi o lema desse mundial!

Em uma Copa repleta de vitórias por 1 a 0, empates sem gols e jogos eliminatórios indo para as penalidades máximas, quem destoava era a seleção de Camarões, do já veterano e aposentado Roger Milla (a época com 38 anos!).

Com um futebol alegre, repleto de passes, dribles, belos gols e de uma grande irresponsabilidade, os leões indomáveis começaram vencendo nada mais nada menos que a atual campeã mundial Argentina por 1 a 0, depois com um show de Roger Milla mais uma vitória sobre os romenos de George Hagi por 2 a 1 e a classificação garantida com dois jogos apenas! O terceiro realmente foi aquele da irresponsabilidade! Uma goleada sofrida para os Soviéticos por 4 a 0, não importava, Camarões era a primeira seleção africana a passar da primeira fase de uma Copa do Mundo, e em primeiro!

E para quem pensava se tratar de pura sorte, nas oitavas de final, uma vitória sobre a Colômbia do folclórico goleiro Higuita na prorrogação por 2 a 1. Novamente com dois gols de Milla, que nesse período já rivalizava com Mathaus e Maradona para craque da Copa!

Camarões era a primeira seleção africana a chegar a uma quarta de final de um mundial, e aí chegava para enfrentar a forte, mas de cintura dura seleção inglesa, que desde seu título em 1966 (24 anos antes!) não chegava sequer a uma semifinal de Copa. Foi um massacre camaronês durante todo o jogo! Mesmo saindo atrás no placar os africanos empataram e logo viraram e aí cansaram de perder gols cara a cara com o goleiro Peter Shilton! Parecia que Camarões iria vencer o jogo a qualquer momento por mais gols! Só parecia…

Faltando sete minutos para o fim do jogo um pênalti é marcado para os ingleses! Lineker, artilheiro da Copa anterior bate e coloca os Ingleses de volta na partida. O jogo iria para a prorrogação!

Nela os africanos continuaram superiores, mas ao mesmo tempo continuaram infantis, principalmente na hora de definir os belos lances criados pelo time. Se defensivamente Camarões não era um primor, ofensivamente o time mostrava muita qualidade, uma qualidade que superava a dos ingleses! Mas que não se refletia em gols! E como diria o velho jargão, quem não faz… Lineker sofre pênalti em contra-ataque armado, ele mesmo bate e coloca de maneira eficaz, mas não justa os ingleses nas semifinais daquela Copa do Mundo.

Apesar de Senegal em 2002 e Gana em 2010 terem conseguido chegar também as quartas de final, jogando um futebol bem mais europeu do que com a alegria camaronesa. E a Nigéria ter ido as fases de oitavas de final em 1994, 1998 e 2014. O insucesso de Camarões em 1990, jogando um futebol ao mesmo tempo ofensivo, mas irresponsável causou um processo de involução no futebol africano. Que cada vez mais deixou de ser um futebol alegre, passando a se espelhar no modelo de futebol físico e tático europeu.

Hoje, as seleções africanas estão jogando um futebol abaixo até do praticado em continentes como a Ásia e América do Norte! Para quem esperava uma seleção africana chegando a uma final de Copa do Mundo depois de Camarões, o que se viu foi exatamente o oposto! E por isso mudaria o resultado dessa partida levando os camaroneses pelo menos a uma semifinal contra os alemães em 1990.

JOGO 8: ITÁLIA 1 X 2 CORÉIA DO SUL (COPA DO MUNDO DO JAPÃO E CORÉIA DO SUL EM 2002)


Que me desculpem quem gosta da Coréia do Sul, mas nunca vi uma Copa com tantos favorecimentos para que o anfitrião chegasse as semifinais! E o jogo ainda nas oitavas de final contra os italianos foi o exemplo claro disso! Embora também pudesse escolher o jogo de quartas de final contra os espanhóis…

A Coréia já havia perdido uma penalidade defendida por Buffon quando em um escanteio cobrado por Totti, Vieri abriu o placar de cabeça, ao seu estilo! Em uma bobeira da defesa italiana, Seol Ki-Hyeon empatou o jogo e levou para a prorrogação. E aí começaram os erros de arbitragens esdrúxulos!

Além de um pênalti claro não marcado em Totti, o juiz equatoriano da partida ainda expulsou o camisa dez italiano alegando simulação! Até o técnico italiano Trapatoni se irritou e socou a tela de proteção que separava o banco italiano dos delegados do jogo! No segundo tempo Tommasi faz um gol legitimo (que seria o gol de ouro italiano) mas o bandeirinha marca impedimento para desespero dos italianos!

Com um a menos e cansada de lutar contra os coreanos e os árbitros da partida, a Itália levou o gol da virada de cabeça (em uma das melhores defesas aéreas do mundo!) e acabou eliminada do mundial! Nesse jogo eu mudaria de preferência o juiz e os bandeiras da partida! Sendo de merecimento que o resultado fosse favorável aos italianos, como eles demonstraram dentro de campo, mas acabaram tendo seus gols e penalidades não validados pelos árbitros!

JOGO 9: ESPANHA 1 X 0 HOLANDA (COPA DO MUNDO DA ÁFRICA DO SUL EM 2010)


Esse jogo eu sei que os fãs do “Tiki-Taka” vão me criticar! Tudo bem, mas a verdade é que nunca me agradou esse estilo de jogo praticado pela Espanha! Um estilo de futebol enfadonho, sempre com muita posse de bola, mas poucos lances de habilidade individual e pouca objetividade! Atualmente, o futebol espanhol pena em torneios importantes exatamente por ter a posse de bola a maior parte do tempo, mas sofrendo para conseguir marcar gols! Por sinal, a primeira fase espanhola teve uma derrota para a Suíça por 1 a 0, uma vitória suada contra o Chile por 2 a 1 e uma vitória também suada contra a fraca Honduras por 2 a 0.

Na fase eliminatória foi pior! Quatro vitórias por 1 a 0, contra Portugal, Paraguai (Onde contou com Casillas defendendo pênalti e salvando a Espanha!), Alemanha e a final Holanda! Nem as seleções italianas campeãs com seus esquemas de cadeado fizeram tão poucos gols em uma Copa do Mundo!

Em contrapartida, a Holanda, que já tinha uma tradição de finais de Copa (duas contra nenhuma dos espanhóis!), Venceram a boa Dinamarca por 2 a 0, o Japão que veio a ser segundo do grupo por 1 a 0 e Camarões por 2 a 1 na fase de grupos! 100% de aproveitamento! Nas oitavas de final a volta de Robben e uma vitória por 2 a 1 sobre os eslovacos (que haviam eliminado na fase de grupos os atuais campeões mundiais italianos), Nas quartas de final mais uma vitória contra os favoritos brasileiros por 2 a 1 e nas semifinais uma vitória por 3 a 2 sobre a Seleção uruguaia do melhor jogador da Copa, Diego Forlán. A Holanda chegava a final da Copa com seis vitórias e 12 gols marcados! Além de uma dupla de jogadores individualmente em grande fase: Sneijder e Robben!

Na final, novamente aquele jogo enfadonho espanhol. Acho que os times iam sendo derrotados devido ao sono que o futebol adversário causava! Robben teve a grande chance de dar o primeiro titulo mundial a Holanda, mas parou em IkerCasillas, de fato, melhor goleiro da Copa! No final do segundo tempo da prorrogação o castigo veio a galope! Iniesta marcou e deu o título aos espanhóis!

Eu mudaria o resultado dessa final e daria aos holandeses, principalmente pela campanha dos mesmos e o melhor futebol praticado durante o campeonato na África do Sul! Pessoalmente, nunca me agradou o estilo de jogo espanhol, e depois da Copa das Confederações de 2013, meu desagrado por esse estilo de jogo se tornou comum a outros espectadores de futebol! Eu particularmente acho a Espanha de 2010 a pior campeã mundial de todas as 21 edições de Copas de Mundo até hoje! Se fosse a Holanda, pelo menos contra a Itália de 2006 ela iria competir! E por isso mudaria o resultado dessa Copa! Pro bem de quem gosta de assistir jogos de futebol!

JOGO 10: BRASIL 1 X 1 CHILE (COPA DO MUNDO DO BRASIL EM 2014)


O Brasil enfrentou o Chile nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2014 em casa, antes disso, havia passado de maneira suspeita pela Croácia, empatado pela primeira vez em Copas com o México e vencido Camarões, a pior seleção do torneio de goleada. Uma campanha razoável para a maior Seleção de todos os tempos jogando em casa.

Para o torcedor o importante é vencer, mas para quem assiste futebol, o Brasil demonstrava que não ia ser campeão daquele torneio, e o jogo contra o Chile foi o primeiro golpe que culminou na humilhante derrota para a Alemanha!

Depois de um empate em tempo normal com gols de Thiago Silva para o Brasil e Alexis Sánchez para o Chile (Assim como o México, era a primeira vez que empatávamos com o Chile em um mundial!), levamos uma bola na trave no último minuto da prorrogação do atacante reserva chileno Pinilla (que teve apagada atuação pelo Vasco da Gama)! Era aí que mudaria o resultado. Para mim aquela bola deveria ter entrado!

Na disputa de penalidades, o capitão do time teve crise de choro, jogadores tremeram para bater e se não fosse Júlio César o Brasil não se classificaria as quartas de final. Das quartas em mais um jogo suado contra um antes fácil adversário, um 2 a 1 sobre a Colômbia e a classificação para a semifinal do mundial contra a Alemanha!

Na semifinal mais um motivo pelo qual mudaria o placar contra o Chile. A goleada sofrida pelos alemães foi o pior resultado de uma Seleção brasileira em mais de 100 anos de história. E em uma Copa do Mundo! E na nossa casa! Os alemães nada tem a ver com isso, venceram com méritos, mas se o Brasil tivesse sido eliminado pelo Chile, não teríamos passado por tamanha vergonha com uma camisa tão gloriosa como a nossa!

 

 

SENNA E PELÉ

Tentativa de entender a ingratidão de um povo…

por Israel Cayo Campos


Como diria Rauzito, eu também vou reclamar. Gosto muito do Senna como piloto, mas não dá pra comparar. Até aposto que numa votação de quem foi o melhor, Senna ganhe de lavada! O fato do povo brasileiro ser racista de carteirinha e não aceitar um negro como o maior atleta de todos os tempos, a proximidade das gerações, o fato da Globo ter criado uma aura quase santa em Ayrton e, principalmente, o fato de ele ter morrido aos olhos de todo povo brasileiro contribuem pela predileção do povo pelo piloto! Quando Pelé morrer farto em dias, acho difícil que essa geração se importe!

Para justificar tamanho desrespeito com alguém que nos deu tanto, aquela desculpinha bem safada de que Pelé não é ídolo por suas atitudes na vida pessoal! Como se o telhado de todos que lhe apontam o dedo fosse de aço! A velha história de ele não ter reconhecido a filha continua como pretexto, o que por sinal não é verdade! Pois após exame de DNA (até porque ele não tinha como saber depois de 30 anos se era pai da Sandra Regina), ele não só a reconheceu legalmente, como até hoje paga pensão para seus netos, filhos da já falecida ex vereadora de Santos, mesmo esses já tendo ultrapassado os 18 anos de idade! 

O que ele nunca quis foi ter contato com uma pessoa que depois de 30 anos aparece dizendo que é sua filha! O que é direito de cada um e não cabe a ninguém julgar! Agora dizer que ele não assumiu a filha é o cúmulo da desculpa falsa para atacar o Pelé! Por sinal, antes de Sandra Regina aparecer na mídia, as desculpas eram outras, como a dele não se orgulhar da própria cor, o que beira ao escrutínio perseguitório de uma sociedade conservadora como a nossa! 


Quanto a vida pessoal de Ayrton, compreendo que é até chato falar dos mortos… Mas se vale uma análise crítica igual a que fazem com a de Pelé, foi sempre uma existência blindada pela Globo. Era o famoso príncipe do Brasil (sua cor e boa aparência ajudavam nisso). Suas mensagens de cunho religioso hipócrita, pois nas pistas ele não agia conforme suas frases, hoje repetidas na televisão e em foto-mensagens de Instagram e Facebook, sua visão conservadora e malufista, e principalmente o fato de sempre ter se colocado naquilo que eu chamo de monopolista da verdadeira virtude! Pois tudo que ele dizia, ou fazia, não importa se fosse a maior abobrinha do mundo, era e ainda é tido como a verdade absoluta inquestionável! E ai daqueles que discordarem, pois os fãs de Senna são tão fanáticos como hooligans ingleses! Mostram que Senna nunca foi o santo infalível que até hoje o pintam!

Com isso não quero denegrir a imagem de Senna, quem sou eu para isso, mas viso mostrar que ao contrário do que a maioria dos brasileiros pensam, a vida não é uma novela. Onde há sempre um vilão e um mocinho. Se Pelé cometeu erros na vida, Senna também os fez, e perdi as contas! 

Se Senna foi o maior atleta brasileiro em esportes individuais de todos os tempos, ele não foi metade do que Pelé é para o Brasil como atleta em um contexto geral! Embora tenha certeza que quando o Edson for embora, não terá metade do respeito que Ayrton teve ao morrer (o que também não questiono, foi muito merecido!).

Senna também era espetacular. Campeão em todas as categorias de base do automobilismo e tricampeão do mundo na Maclaren com 31 anos! Até o aumento no número de Gp’s por temporada, era o vencedor absoluto da principal categoria de automóveis do planeta com 41 vitórias (fora as que venceu, mas foi garfado por Jean Marrie Ballestre) e 65 pole positions. Até hoje o Rei do principado de Mônaco, no autódromo de Monte Carlo! Mas em comparação a outros pilotos da fórmula 1, Senna não entra nem entre os cinco maiores da história (Schumacher, Fangio, Prost, Vettel e Hamilton estão a frente do tricampeão mundial brasileiro). 


Já no caso de Pelé, em um esporte onde surgem muito mais desportistas de alto nível do que em algo tão caro e elitista como a Fórmula 1, o eterno camisa 10 reina absoluto! Mesmo que alguns digam que Maradona ou Messi sejam melhores, a quantidade de pessoas que concordam com tal opinião é ínfima. O que me leva novamente a não entender o motivo de tamanha aversão pelo Rei do futebol, curiosamente no “país do futebol”…

Gosto de Fórmula 1, e assim como fã de Ayrton, também sou de Fangio, Stewart, Clark, Lauda, Hunt, Fittipaldi, Peterson, Prost, Hamilton e principalmente de Gilles Villeneuve (que nunca ganhou um campeonato do mundo!), assim como além de Pelé no futebol, admiro Garrincha, Di Stéfano, Zico, Romário, Zidane, Cruyff, Cristiano Ronaldo, Messi, Maradona, Ronaldo e tantos outros… Não pelo que eles fazem ou fizeram em suas vidas pessoais, mas sim pelo que eles representam e representaram para ambos os esportes!

São dois exemplos de cidadãos brasileiros que venceram no mundo todo, e merecem todo o respeito por isso (inclusive da irmã e da viúva não assumida de Senna, que não param de se promover as custas de um finado). Mas construí esse texto para tentar entender o motivo de no nosso país um ser tão exaltado e outro tão execrado! A conclusão que chego é que Pelé, cidadão do mundo, além de bem maior esportivamente falando que Ayrton (e isso é uma grande honra para ambos), não merece o país onde nasceu! Infelizmente!