Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Geral

MÁRIO? QUE MÁRIO?

por Luis Filipe Chateaubriand


Mário Português começou a se destacar no final dos anos 1970, no Fluminense.

Jogador de grande técnica e extrema criatividade, era o cérebro do time que foi campeão carioca no ano de 1980.

Pouco à frente, transferiu-se para o Bangu, onde fez uma “dupla do barulho” com Arturzinho.

Arturzinho e Mário “infernizavam” as defesas adversárias e faziam a alegria dos atacantes companheiros, como Marinho e Fernando Macaé.

Em seguida, no ano de 1984, Mário, junto com Arturzinho, se transferiu ao Vasco da Gama, onde se formou um trio ofensivo “da pesada”: Mário, Arturzinho, Roberto Dinamite.

O Vasco da Gama foi muito bem no Campeonato Brasileiro, tendo sido o vice-campeão do certame.

Em 1985, enquanto Arturzinho se transferia para o Corínthians, Mário voltava ao Bangu, para exibir o seu repertório de bom futebol.

Em seguida, Mário Português foi para Portugal, onde jogou no Sporting de Lisboa, com a mesma classe de sempre – jogar bola “vestindo terno”.

 Mário Português deixou um legado que demonstra que a bola deve ser bem tratada.

O MAIOR DE TODOS

por Péris Ribeiro


Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gilmar e Mauro (em pé), Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe (agachados)

Em toda a história do futebol, nunca um time teve um reinado tão longo e glorioso como o Santos da Era Pelé. Foram 15 belos anos – ou seja, uma década e meia. De 1958 a 1973. Tempo suficiente para que o esquadrão da Vila Belmiro encantasse o mundo definitivamente, chegando ao inacreditável recorde de 49 títulos de campeão – 27 deles, pelo menos, em competições internacionais. E 29, em torneios oficiais.

Um detalhe marcante em toda essa apaixonante história é que, apesar de haver se consagrado como o primeiro Bicampeão Mundial de Clubes, nas temporadas de 1962/63, o ano dourado do Santos do Rei Pelé e Cia foi mesmo o de 1968.

Afinal, nele foram conquistados nada menos de oito títulos – outro recorde histórico. Figurando como maiores destaques, o Campeonato Brasileiro – na época, chamado de Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Ou Robertão -, o Octogonal Internacional do Chile, o Pentagonal de Buenos Aires e as Recopas Sul-Americana e Mundial de Clubes.

Exibindo, onde quer que jogasse, o tão proclamado estilo refinado dos seus craques, o que aquele Santos sempre fazia questão de deixar evidenciada era uma espécie de comprometimento nobre. E esse comprometimento falava do dever – e da seriedade – de entrar em campo para  ganhar os seus jogos. E, ganhando, isso significava ser campeão quase sempre. Daí as muitas conquistas, o rosário de títulos pelos cinco Continentes.

O que talvez pareça incrível é que, apesar das dores musculares e de algumas contusões que, volta e meia, acabavam por incomodá-lo – além dos tradicionais resmungos de contrariedade, pois o excesso de jogos era cada vez mais frequente -, nem o próprio Pelé, muito menos Coutinho, Gilmar, Dorval, Pepe, Zito ou Mauro Ramos de Oliveira, eram capazes de dizer “não” aos mais variados tipos de competições em que viviam se metendo.

É que tudo aquilo era de lei, não havia como fugir. E o que eles tinham então a fazer, felizes ou não, era vestir o uniforme imaculadamente branco santista e entrar em campo. Afinal, era isso o que os cruéis e rigorosos contratos exigiam. Menos mal, é que o time seguia ganhando quase sempre. Daí aqueles estranhos títulos que, de repente, o consagrado Esquadrão da VilaBelmiro passou a exibir. Era Santos, campeão do Octogonal de Santiago do Chile, pra lá; Santos, campeão do Hexagonal de Buenos Aires, pra cá; Santos, campeão do Pentagonal de Guadalajara, no México…

– Pois é, minha gente, eu sei bem como tudo isso é difícil. Mas, mesmo em meio a todas essas dificuldades que temos sempre de superar, nunca deixamos de amar o futebol como a melhor coisa do mundo. E é esse sentimento, que procuramos passar aos povos que conhecemos. Jogue a gente em que estádio jogar – disse Pelé, certa vez, mesmo extenuado após mais uma vitória do Santos, cumprindo outra alucinante maratona de jogos por vários países da Ásia.

Aliás, dentre as muitas façanhas obtidas naqueles anos dourados, o Santos do Rei Pelé foi bicampeão do Torneio de Paris e tricampeão do Torneio Internacional de Santiago do Chile. E sagrou-se, ainda, campeão dos Torneios de Buenos Aires, Cidade do México, Nova York, Caracas e Kingston, na Jamaica.

Porém, em 1961, eis que, de uma hora para outra, surgiu enfim um desafio de peso pela frente. É que a Juventus, bicampeã italiana, dizia-se em melhor fase que o time brasileiro. E ainda tinha acabado de ver o seu camisa 10, Sívori, escolhido o “Bola de Ouro “ da Europa, na famosa enquete da revista “France Football”.

Mesmo assim, mesmo com toda aquela pompa, o fato real é que a Juva não foi páreo em momento algum para o Peixe. E, no jogo decisivo, uns sonoros 2 a 0 – gols de Pelé e Dorval – foram mais que suficientes para o Santos ser campeão do aguardado Torneio Itália/ 61.

É bem verdade que, pela imponência que emanava do estilo único daquele mágico Santos, aqueles eram os típicos torneios para serem disputados, sempre, em Paris – em pleno Parc des Princes.  Quando muito, em Roma, Madrid, Cidade do México ou Lisboa. Mas, e os múltiplos – e quase sempre escusos – interesses dos cartolas e empresários? O que fazer, senão seguir na irracional roda-viva por países e estádios, enfrentando adversários cada vez mais inesperados?

Afinal, era dos cartolas e empresários, apenas deles e mais ninguém, a ideia de umnovo Pentagonal na longínqua Costa Rica. E ainda houve quem programasse uma surpreendente chegada à, então,desconhecida cidade de Kingston. Sendo que foi lá, sob um calor de mais de 40 graus, que o exaurido time brasileiroparticipou do modesto Torneio Triangular da Jamaica. Por estranha e  infeliz ironia, a competição que iria proporcionar o último título internacional de campeão, ao inigualável Santos de Pelé e sua troupe de gênios.

Passados, hoje, nada menos de 50 anos daquele formidável  legado de glórias, o que fica nos remoendo a imaginação é uma certa  inquietude, uma  incômoda impressão. Talvez, a dolorosa certeza de que aquele mágico Santos, o Santos do Rei Pelé e do capitão Carlos Alberto Torres, de Clodoaldo, Edu, Lima, Toninho Guerreiro, Ramos Delgado e tantos outros artistas da bola, poderia muito bem ter durado um tanto mais. O que matou-o, foi a ganância dos cartolas.

Como consolo, o que ficou para os que o viram jogar – como negar? – foi um verdadeiro presente dos deuses. Porém, para os que não o viram, não custa nada imaginar. E sonhar, sonhar …    

CANADÁ RETORNA À COPA EM GRANDE ESTILO

por André Luiz Pereira Nunes


Canadá retorna em grande estilo ao Mundial (divulgação)

Finalmente o Canadá dará mais uma vez o ar da graça em um Mundial, feito que não ocorre desde a edição de 1986, no México, quando uma equipe cheia de limitações caiu ainda na primeira fase.

Durante a metade da década de 80, os canadenses vivenciaram a sua melhor fase no futebol. Além de vencerem a Copa da Concacaf, promoveram boa campanha nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Nas Eliminatórias para a Copa da Argentina já haviam chegado ao hexagonal decisivo. No ano seguinte, em 1979, disputaram o Mundial de Juniores, sediado no Japão. O time foi a sensação da primeira rodada, ao vencer Portugal por 3 a 1. Nas partidas seguintes, porém, capitulou diante da Coreia do Sul (1 a 0) e o Paraguai, de Romerito, por 3 a 0, sendo então eliminado na fase inicial de grupos.

Diante de um notável crescimento, a seleção principal quase se habilitaria para a Copa do Mundo da Espanha, em 1982. Entretanto, na fase final, disputada em Honduras, bastava apenas vencer Cuba e torcer para que os hondurenhos, líderes e já garantidos no Mundial, empatassem com o México. As coisas, contudo, não decorreram dessa maneira. Os canadenses ficaram no 2 a 2 com os donos da casa para desespero do técnico Barrie Clarke, que também comandara o escrete sub-20.

Em 1985, após conquistar a Copa da Concacaf, o país finalmente alcançou a inédita participação na Copa do Mundo. Todavia, o sorteio das chaves não o favoreceu. Além da França, de Michel Platini, campeã européia e semifinalista da Copa anterior, o Canadá ainda pegaria a Hungria, de Lajos Detari, uma das promissoras sensações do Mundial, que houvera eliminado Áustria e Holanda nas Eliminatórias. Para completar o quadro, o terceiro rival na fase de grupos seria a temível União Soviética, de Igor Belanov, cuja base era composta pelo campeão da Recopa, o fortíssimo Dínamo de Kiev.

Vale, porém, ressaltar que na estréia os franceses não encontraram moleza, só vencendo por 1 a 0, graças a um gol salvador de Jean-Pierre Papin, aos 34 minutos do segundo tempo.

Contra os húngaros, o Canadá realmente pegou uma pedreira, pois seu adversário havia tomado uma inevitável goleada de 6 a 0 para os soviéticos na rodada inaugural. Consequentemente, a sorte mais uma vez não contaria a favor dos canadenses, que caíram por 3 a 0.

Finalmente, no último cotejo, a equipe defrontou os já classificados soviéticos que, mesmo escalando os reservas, não tiveram a menor dificuldade para vencer por 2 a 0. Estava decretada assim a inédita e discreta campanha canadense na Copa do Mundo.

De lá para cá, o Canadá esteve perto de retornar a um Mundial apenas em 1994. Nas Eliminatórias contava com vários remanescentes da epopéia de 1986, como Randy Samuel, Mike Sweeney, David Norman, Carl Valentine e Dale Mitchell. A equipe chegou à última rodada do quadrangular final da Concacaf precisando somente vencer o México, em Toronto. Chegou até a abrir o placar logo no início, mas tomaria a virada nos minutos finais. Despachada para a repescagem, foi batida lamentavelmente pela Austrália. Mesmo tendo vencido em casa por 2 a 1, acabaria perdendo fora pelo mesmo placar, culminando na desclassificação através das cobranças por pênaltis.

Um momento de brilho ainda aconteceria, em 2000, quando o Canadá arrematou a Copa Ouro. Agora, classificados com honra para seu segundo Mundial, buscam conquistar uma campanha ainda melhor. A tarefa, no entanto, não será nada fácil. Seus contendores na primeira fase serão Bélgica, Croácia e Marrocos. Será uma parada bastante difícil.

UM GANSO FORA D’ÁGUA

por Zé Roberto Padilha


Será que não lhe alertaram que o futebol arte acabou?

Que precisa parar de insistir com que a classe, a habilidade, o domínio e a assistência persistam em meio ao futebol moderno?

Quando os garotos chegam às divisões de base, os gritos dos treinadores trogloditas, que tomaram o lugar dos ex-atetas nos clubes, começam a soar: toca, pega, marca, dá um chutão nessa porra!!!

Eles estão salvando seus empregos. E castrando gerações.

Não se formam mais craques, potencializam seu dom ou dão asas às suas infinitas inovações. Cerceiam na fonte ao priorizar a correria. A marcação forte, se possível, um carrinho voador.

Ganhar, por uma bola, como missão também nos infantis, são barricadas que se estendem para evitar a ousadia.

E o garoto vai chegando à graduação com medo de dar um drible. Uma caneta? Vai levar uma porrada porque, tão rara, vai parecer um acinte. Um deboche.

Luiz Gustavo, Fernandinho, Casemiro, Fred, Arthur, Fabinho, todos chegaram craques em seus clubes. Mas só foram convocados porque foram catequizados para deixar, gradativamente, sua classe pelo caminho.

Sabe quando o Ganso vai ser convocado depois que a Era Dunga veio forte e consagrou Felipão?

Quando entrar no Du Lorean do Dr. Brow e desembarcar na década de 1970. Com Ademir da Guia, Gerson, Geraldo, Cléber, Clodoaldo e Carlos Alberto Pintinho, iria entrar para a história do nosso futebol.

Como nasceu ontem e joga hoje, sem Telê Santana no comando da seleção, vai ser sempre um Ganso fora d’água.

Pobre água.

FUTEBOL BRASILEIRO: ASILO DE ÍDOLOS

por Elso Venâncio


O chileno Arturo Vidal, da Inter de Milão, quer jogar no Brasil – de preferência no Flamengo, que tem orçamento de um bilhão/ano. Nosso futebol erra ao contratar quem não têm mais espaço no exterior. Ninguém volta por vontade própria. Deu certo na Europa? Fica! O cara só é descartado quando já deu o que tinha que dar.

Aliás, teve um que contrariou a regra. Romário era o número 1 do mundo em 1995 e foi repatriado. Mas só veio porque avisou que não jogaria mais no Barcelona. Kleber Leite, presidente do Flamengo na época, falou grosso, avisando que depositaria o dinheiro na conta do clube catalão. Quatro milhões e meio de dólares, mais 25 por cento de impostos. Era muita grana… Hoje, o questionável Andreas Pereira vale três vezes mais. No tempo do Baixinho, os jornalistas estrangeiros invadiram a Gávea para decifrar o motivo da volta do melhor jogador do planeta à sua terra natal.

O jornalista Marcos Eduardo Neves, o “biógrafo dos biógrafos”, afirma que Romário voltou para ser o “Rei do Brasil”. Uma espécie de Chatô, tal qual o livro escrito por Fernando Morais.

Já o velho Arturo Vidal… bom, visão ele tem. Quer ser mais um a mamar nas tetas do futebol brasileiro.

Com Investidores e Liga chegando, a tendência é que os clubes se fortaleçam. O nosso problema é a dependência, que faz vender a preço de banana as novas joias que surgem. Empresários têm olheiros espalhados em toda parte. Viramos reféns.

“Craque o Flamengo faz em casa”. O slogan, com uma foto gigantesca do “Maestro” Junior cercado pelos jovens Júnior Baiano, Paulo Nunes, Djalminha, Marcelinho, Rogério e Marquinhos, foto essa que ficava no departamento de futebol rubro-negro, já é coisa do passado. A exceção da Era Zico e da equipe montada por Jorge Jesus em 2019, o clube mais popular do país não formava grandes esquadrões. Mas sempre havia um time raçudo, empurrado ainda mais da arquibancada, pela força da sua massa colossal.

Os Estados Unidos mudaram a filosofia dos anos 70 e 80. Contratava craques em fim de carreira. Como o nosso futebol gosta de fazer hoje. Neymar e Messi andam se oferecendo. Mas os dirigentes da terra do “Tio Sam” deixam claro que só se interessam por jovens com potencial. Não duvidem se, desta vez, os americanos, em médio prazo, passarem para um novo patamar no “Planeta Bola”.