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Futebol de rua

RUA DE CIMA X RUA DE BAIXO: O MAIOR CLÁSSICO DE TODOS OS TEMPOS

por Rafytuz Santos


(Foto: Reprodução)

Era uma tarde de segunda-feira…

O calor era escaldante, todas as crianças e adolescentes estavam reunidos em frente a Rua de Baixo, onde tradicionalmente aconteciam os conhecidos “contras”.

O clima tenso já era notável no olhar de cada jogador. Os times eram escalados um por um… a Rua de Baixo tinha: Barriga, Minhoca, Vesgo e Maicon (o mais marrento e talentoso da rua). Já a Rua de Cima vinha com um elenco primoroso: Bahia, Chuck, Dieguinho e Palito.

O banco de reservas (a calçada da rua, melhor dizendo) era misturado com jogadores, “torcedores” e curiosos. As traves eram feitas comn os famosos “gols chinelos”, o campo de jogo em péssimas condições (a rua era completamente esburacada e com pequenas pedras, o que causava a lesão mais popular dos contras de rua… o esfolamento do tampão do dedão do pé), sem contar a ausência do juiz, o que já motivava a violência sem limites.

Esqueçam taças, medalhas ou alguma premiação em dinheiro… o grande clássico valia uma garrafa de 2 litros do refrigerante mais barato. O jogo termina quando algum time marcar 10 gols (ou até todos cansarem, ou até a bola furar, ou até a bola cair na casa da vizinha rabugenta…).

O jogo começa, e junto com ele a rivalidade explícita. Divididas fortes, jogo de corpo a todo instante… o verdadeiro espírito de um grande clássico. As substituições são meramente protocolares, pois os times não querem tirar os melhores jogadores.

O jogo tem um ritmo alucinante, só sendo interrompido pelos carros e pedestres que passam no campo de jogo (onde os mesmos são encarados de forma perceptível pelos irritados jogadores). Como todo grande jogo, o clássico das ruas também é decidido em detalhes. Não é que o Minhoca do metido time da Rua de Baixo, quis sair jogando?? Porém ele não contava com o oportunismo do jogador mais velho em campo, Palito (17 anos hahahaha), que proferiu um chute de cobertura do seu campo de defesa e a bola foi pingando lentamente, até perder força e ultrapassar rasteiramente o “gol chinelo”..

A gritaria da rua vizinha foi enorme, um verdadeiro gol de placa!!! O assunto da semana no bairro seria o golaço do Palito! E a Rua de Baixo, só restou aguentar a gozação. Um brinde do refrigerante mais barato ao futebol-arte!