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Elso Venâncio

ROMÁRIO OU RONALDO?

por Elso Venâncio, o “repórter Elso”

Quem jogou mais? Romário ou Ronaldo?

Vi de perto os dois surgirem, crescerem e conquistarem o mundo. Sei que é difícil, mas fico com Romário.

Ronaldo, que recebeu dos italianos o apelido de ‘Fenômeno’, fez carreira na Europa. O mundo globalizado nos permite acompanhar o desempenho de qualquer jogador, mas, no meu caso, testemunhei por anos a carreira do Baixinho. Vi um punhado de gols sendo que, em muitos deles, lá estava eu, atrás do gol. Como naquele ‘elástico’ em cima do Amaral, no Pacaembu, com direito a conclusão de bico.

Zico sempre disse o seguinte:

“Na grande área, tem que chutar.”

Mas Romário tinha uma frieza impressionante. Gingava o corpo, fingia que ia concluir e driblava. Enfim, usava artifícios que nunca presenciei em outro goleador. Na Copa de 1994, pediu para bater o pênalti na decisão, sem ser especialista. Seus gols, até então, eram sempre com a bola rolando. Só passou a ser cobrador oficial a partir do momento em que o Flamengo o repatriou. Por sinal, o primeiro com a camisa rubro-negra foi cobrando pênalti, contra o Americano, em Campos.

Romário era obcecado por gols. Nem de coletivo ele gostava, só queria treinar conclusões. Cansei de ver os treinos começarem sem ele. Os titulares jogavam com dez jogadores. Atrás de um dos gols, Romário, com o auxílio de um preparador físico, ensaiava todas as formas de marcar.

Romário e Ronaldo vinham de três conquistas com a Seleção Brasileira em 1997. A Copa das Confederações, na Arábia, Copa da França e Copa América, na Bolívia. Uma semana antes de se apresentar na Granja Comari, sentiu a panturrilha em um jogo do Campeonato Carioca, contra o Friburguense, numa quarta-feira à tarde, em Friburgo. Foi para a França, mas acabou sendo cortado. O destino separava da Copa a maior dupla de ataque do mundo.

A característica de Ronaldo, em campo, era diferente do Romário, o que dificulta ainda mais qualquer comparação. Ronaldo vinha de trás, saía da área para jogar. O lugar sagrado de Romário era perto do gol. Até os argentinos o reverenciam. A revista ‘El Grafico’ elegeu o ‘Baixinho’ como maior goleador da história do futebol, com 768 gols marcados em jogos oficiais.

Quem você acha o melhor?

A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO

por Elso Venâncio, o “repórter Elso”

O Flamengo reverteu a vantagem, vencendo o Vasco no primeiro duelo entre os clubes pelas semifinais do Campeonato Carioca. O time jogou com garra, mas desordenado, mal escalado e com alterações confusas.

O técnico Vitor Pereira tirou um meia de criação, Éverton Ribeiro, para colocar Pablo, que é zagueiro. Três na zaga e dois cabeças-de-área? Mesmo tendo um grupo bem melhor em relação ao adversário, que se superava em campo… Muito estranho isso.

Pergunto: será que alguém conversa com o treinador?

O presidente campeão do mundo em 1981, Antônio Augusto Dunshee de Abranches, ouvia do técnico, além da escalação, a estratégia para a partida. No Vasco, Eurico Miranda decretava:

– Sou o primeiro a saber do time.

Na seleção brasileira, Ricardo Teixeira fazia questão de deixar claro:

– Vejo antes os convocados e tenho poder de veto.

A possibilidade de errar diminui após um diálogo. Tite não levaria tantos veteranos, a ponto de chamar Daniel Alves para a última Copa, caso houvesse uma troca de ideias.

De 1999 a 2001, Milton Neves apresentou ‘O Super Técnico’, na Band. No Programa, a cada domingo surgiam nomes como Zagallo, Parreira, Telê Santana, Felipão, Luxemburgo, Minelli, Joel Santana e Carpegiani, entre outros. Eles passaram, a partir desse momento, a vestir uma persona de ‘intocáveis’. Pareciam ter ‘superpoderes’ no futebol.

Didi foi o único negro titular da seleção que iniciou a Copa do Mundo de 1958. Djalma Santos só substituiu De Sordi na final. Certa vez, na Rádio Globo, o ‘Gênio da Folha Seca’ me revelou:

– Chamei o Nilton Santos e disse que teríamos que conversar com o Dr. Paulo. Saímos os três juntos. Caminhando, coloquei para ele, com calma, mas firme, que Garrincha e Pelé tinham que jogar.

Observem que o maior jogador do país foi direto no chefe da delegação, alguém conhecido como o ‘Marechal da Vitória’, e não no treinador Vicente Feola, para propor as alterações.

Hoje é muito comum surgir questionamentos na torcida e na imprensa. O papo entre Didi, Nilton Santos e Paulo Machado de Carvalho levou o Brasil a conquistar o seu primeiro título mundial na Suécia. Ou seja, diálogo é tudo. Ninguém pode ter plenos poderes e fazer o que bem quer, ainda mais quando se trata de um esporte coletivo que, não por acaso, é o mais popular do planeta.

O ÍDOLO SAMARONE

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Em Pé: Oliveira, Felix, Denilson, Galhardo, Assis e Marco Antonio | Agachados: Cafuringa, Didi, Mickey, SAMARONE e Lula

Samarone foi um Ídolo no Fluminense. Chegou ao clube com 18 anos, contratado por 60 milhões de cruzeiros junto à Portuguesa Santista. A moeda mudou, mas pode acreditar, era muito dinheiro! Na época, Carlos Alberto Torres, o ‘Capitão do Tri’, era a maior transação da história do nosso futebol. O Santos pagou 200 milhões para tirar o já consagrado lateral das Laranjeiras.

Em algumas conquistas do Tricolor, Samarone foi destaque absoluto. Como, por exemplo, a Taça de Prata de 1970, que era o Campeonato Brasileiro naquele tempo. Por sinal, muitos o consideram o mais difícil de todos os tempos, por contar com os tricampeões do mundo, que haviam vencido a Copa do México, logo após a conquista e posse definitiva da Taça Jules Rimet.

Félix, Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio; Denilson e Didi; Cafuringa, Flávio (Mickey), Samarone e Lula. Contundido, Flávio Minuano não pôde jogar as finais. Mickey, seu substituto, marcou gols decisivos nos últimos jogos. Inclusive o do título.

Esse grupo também foi campeão carioca em 1969 – naquele Fla-Flu que terminou 3 a 2 para o tricolor e o imortal Nelson Rodrigues teceu como o maior clássico de todos os tempos, dizendo que ‘vivos e mortos saíram de suas tumbas’ para juntos irem ao Maracanã. Além de vencer o Estadual de 1971: 1 a 0 no Botafogo, time que por contar com tantos craques era chamado de ‘Selefogo’.

O sinal da Rádio Globo ecoava forte no Maracanã. Torcedor com o radinho de pilha colado no ouvido, o locutor Waldir Amaral ressoou para todo o país:

“São cinco horas e trinta e dois minutos na mais linda cidade do mundo. Rio, capital mundial do futebol. Domina no peito Samarone, o catimbeiro Samara, lança Lula em diagonal e… gol!!! Lula, 11 é a camisa dele. Indivíduo competente o Lula. Tem peixe na rede…”

Denilson, o ‘Rei Zulu’, usava a braçadeira de capitão e tinha moral, por ter disputado a Copa de 1966, na Inglaterra. Só que o líder da equipe era mesmo Samarone. Até controlar a arbitragem ele fazia como ninguém.

Armando Marques, o número 1 do apito, chamava todos os jogadores pelo nome e sobrenome:

“Senhor Wilson Gomes (Samarone), o senhor está passando dos limites. Pare já de gesticular!”

Raçudo, de meias arriadas e com dribles curtos, peito estufado e cabeça erguida, Samarone obrigava Cafuringa e Lula a dar inúmeros piques em direção ao gol adversário. Irrequieto, numa ocasião cometeu falta dura no violento e temido zagueiro Moisés, o ‘Xerife’. Waldir Amaral alertou:

“Estão mexendo no formigueiro…”

Mário Vianna, ‘com dois enes’, comentarista e ex-árbitro, era uma espécie de VAR: decidia o que estava certo ou errado com o microfone. De repente, ele decretou:

“Tem que expulsar! Armandinho, Armandinho… eu vou descer! Vou descer!!!”

Os geraldinos reagiam na hora. Uns a favor, outros contra.

De repente, Flávio Minuano perde um gol. No ato, Samarone reclama:

“Não pode! Gol feito!!!”

Minuano, um dos grandes artilheiros do futebol nacional, retrucou na mesma hora:

“Vai tomar no seu c*…”

Tempo bom aquele… Eram tantos craques com a camisa 10: Pelé, Tostão, Gerson, que trocara a 8 pela dez, Silva Batuta, Ademir da Guia, Rivellino, Dirceu Lopes, Edu, enfim, ficava difícil para o técnico da seleção convocar Samarone. Aliás, naquela época o país parava para ouvir e discutir os relacionados. Hoje, o torcedor está a cada dia mais frio e distante da seleção que por tantas décadas foi uma verdadeira paixão nacional.

GONY LEVOU LANDIM PARA O FLAMENGO

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Rubinho, Veloso, Landim, Ceciliano, Edmundo Silva, Hélio Ferraz, Gony e Kleber Leite, na Alerj

Na Alerj, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o rubro-negro Rodolfo Landim me diz:

– Foi o Gony quem me convenceu a entrar no grupo político que me levou à Presidência. Estou no futebol por causa dele.

O carioca Gony Arruda, 51 anos, demonstrou força política e prestígio na homenagem póstuma que André Ceciliano prestou em seu último dia como presidente da Casa, concedendo a Medalha Tiradentes ao seu pai: o médico e político cearense que estaria completando 100 anos de vida.

Esmerino Oliveira Arruda Coelho, reza a lenda, passou a noite anterior à renúncia do Presidente da República Jânio Quadros conversando e bebendo com ele, que em nenhum momento disse que se afastaria do cargo.

– Eu o faria mudar de ideia! – garantia.

Nascido em Granja, no Ceará, Esmerino foi prefeito e ainda elegeu e reelegeu a esposa, Dona Carmem, como prefeita da cidade. Também foi eleito deputado federal por três vezes. Seu filho Gony, ex-vice-presidente do Flamengo, por cinco mandatos foi deputado estadual no Ceará e herdou do pai a capacidade do diálogo e de fazer e manter os amigos. Tanto que, durante a solenidade, mesmo sob forte chuva, cinco presidentes rubro-negros se fizeram presentes: Luiz Augusto Veloso, Kleber Leite, Edmundo Santos Silva, Hélio Ferraz e Rodolfo Landim. Marcio Braga, por estar em Paris, e Bandeira não puderam comparecer, mas o presidente da Fferj e vice da CBF, Rubens Lopes, marcou presença.

Ao lado das três irmãs Inás – Iná Cristina, Iná Valéria e Iná Valquíria –, Gony ressaltou a importância do clube se manter politicamente unido. Hoje o Flamengo tem um orçamento superior a um bilhão de reais. As finanças se equilibraram a partir da gestão de Eduardo Bandeira de Mello, que teve um grupo forte ao seu lado. O amadorismo e paixão, que às vezes prejudica uma decisão, ficaram de lado nos últimos anos, substituídos pelo business.

Landim, o engenheiro do Petróleo, assumiu a presidência do Mais Querido em 2019 e o futuro do clube passa por ele. Ano que vem é ano eleitoral. O normal é que Landim apoie o vice-geral Rodrigo Dunshee de Abranches. O Presidente do Conselho de Administração, Luiz Eduardo Baptista, o BAP, é outro nome bem cotado.

Landim tem força de sobra para fazer seu sucessor. Quem tiver o seu apoio será o próximo presidente da Nação Rubro-Negra.

A FORÇA DO ‘BOLA EM JOGO’

por Elso Venâncio, o Repórter Elso

A Rádio Tupi fez um gol de Placa ao contratar Eraldo Leite, um dos campeões de audiência do Rádio Esportivo. Homenageado pela FIFA, pelas 11 Copas do Mundo que cobriu in loco, inspirou gerações, além de liderar a classe há anos, como Presidente da Acerj, a Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro.

O responsável pela portaria do meu prédio não me responde o ‘Bom Dia’ e resmunga:

– A Globo não teve condições de manter o Eraldo?

Falo que a Tupi acertou.

Contemporâneos, estudamos no Liceu de Humanidades, em Campos dos Goytacazes, nossa terra natal. O início foi na Rádio Continental – éramos chamados de ‘Os Tremendões’, pois meio que ‘imitávamos’ os famosos ‘Trepidantes’ Deni Menezes e Washington Rodrigues, da Globo. Pouco tempo depois, a dupla de repórteres de campo, cada qual com seus 16, 17 anos, já estava na Difusora, a mais ouvida da cidade.

No Rio, trabalhamos na Rádio Nacional e, mais tarde, por quase duas décadas, na Globo.

O ‘Bola em Jogo’ já teve o comando dos inesquecíveis Luiz Ribeiro e Gilson Ricardo, sendo apresentado todo domingo ao meio dia. Nesse horário, de segunda a sábado, tem a ‘Patrulha da Cidade’, 57 anos no ar, o mais antigo e bem sucedido programa da emissora.

Lembro um fato que retrata a força do ‘Bola em Jogo’. No Facebook há um grupo chamado ‘Saudades da Velha Rádio Globo’. Os internautas respondem a pergunta ‘qual o programa que mais te dá saudades?’. Relaciono, pela ordem, os eleitos:

1 – ‘Enquanto a Bola Não Rola’

2 – ‘Turma da Maré Mansa’ – comandado por Antônio Luiz

3 – ‘Programa Haroldo de Andrade’

4 – ‘Panorama Esportivo’ – conduzido por Gilson Ricardo

5 – ‘Globo Esportivo’ – o do ‘Garotinho’ José Carlos Araújo

Destes cinco, três são esportivos, o que dá a exata noção do que representa o futebol no Rádio.

‘Enquanto a Bola Não Rola’, concorrente do ‘Bola em Jogo’, foi criado por Kleber Leite e teve cinco apresentadores: além do próprio idealizador, Loureiro Neto, eu, Ronaldo Castro e Eraldo Leite tivemos o prazer de comandá-lo.

Quando apresentei, começava às 14 horas, direto do Maracanã, no Espaço Globo.com, marcando o lançamento do portal, em frente à ‘Calçada da Fama’. A direção da Globo acabou transferindo a atração para o meio dia, com o intuito de combater o crescimento do ‘Bola em Jogo’. O Ibope até melhorou, mas não ultrapassou o da Tupi.

A Globo jogou pesado: Armando Nogueira, Fernando Calazans, João Máximo, Oldemário Toguinhó, José Trajano, Paulo César Vasconcellos, Luiz Mendes, Alberto Helena Jr., enfim, nomes de peso do Jornalismo foram contratados. Treinadores como Zagallo, Parreira, Felipão e Evaristo de Macedo também, além de jogadores e ex-jogadores, nomes do quilate de Didi, Gerson, Carlos Alberto Torres, Paulo Cézar Caju e até mesmo Ronaldo ‘Fenômeno’. Apenas Didi e Gerson eram fixos; os convidados revezavam-se a cada semana.

Grandes debates discutiam o futebol brasileiro, mas a concorrente sempre teve um público fiel no horário. A Super Rádio Tupi, hoje, aposta numa programação popular, com grandes comunicadores e, agora, com o craque Eraldo Leite no ‘Bola em Jogo’, para deixar o ouvinte na ‘cara do gol’.