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Cruzeiro

SALOMÉ

por Matheus Rocha


Foto: Samuel Bruno

Talvez quem não seja de Belo Horizonte não a conheça. Conheci Salomé quando ainda tinha meus 10 anos de idade e jogava futebol de salão – naquele tempo nem se dizia futsal – na escolinha do Cruzeiro no ginásio da sede social do Barro Preto. Ela ia lá no ginásio, cornetava todo mundo e depois ia embora. Mas respeito, Salomé é um patrimônio da torcida do Cruzeiro.

Depois de breve descrição, você ainda deve estar se perguntando: “afinal, quem é Salomé?”.

Salomé é uma torcedora que, no último 22 de outubro, fez 83 anos de idade. Ela está sempre nas imagens do clube, da torcida, acompanhando e torcendo. No passado, era ela e sua boneca na geral do Mineirão – agora ela já está acompanhada de uma raposinha e nas cadeiras do novo estádio reconstruído para a Copa de 2014. Algo da evolução do futebol…


Há cerca de 20 anos, ainda na década de 1990, o Cruzeiro contratou-a para trabalhar na sede do clube no Barro Preto. Reza a lenda que ela era pessoa responsável por limpar e lustrar as taças – que não são poucas.

Ela é uma celebridade em Minas, basta vê-la andando solitária subindo as rampas do Mineirão. Solitária? Claro que não… todo mundo quer ir lá cumprimentá-la, tirar uma selfie. A última vez que trombei com ela no Mineirão foi véspera do título brasileiro de 2014. A última contabilização dela foram 18 jogos sem ver o Cruzeiro no Mineirão, desde sua inauguração em 1965.


Fábio Júnior e Salomé (foto: Reprodução do Facebook oficial do Fábio Júnior)

Salomé é um ícone, uma torcedora quase mística, que ama o futebol e o Cruzeiro. Salomé é especial e o Cruzeiro pode estar bem ou mal, mas ela sempre estará lá haja o que houver.

Parabéns, Salomé! Que você veja o Cruzeiro ainda muitas vezes campeão!

SEM FRONTEIRAS

texto: Matheus Rocha | fotos: Alain Gavage


A primeira vez que saí do país foi aos 25 anos para estudar inglês na África do Sul – isso foi antes da Copa por lá. Me perguntaram o porquê: simplesmente por curiosidade.

Mal sabia eu as voltas que o mundo dá. Somente três anos depois recebi uma proposta para ir trabalhar em Conakry, capital da Guiné, pela Vale. Minha única experiência fora do país havia sido na África do Sul, e agora retornando ao continente africano. Liguei para casa, com minha esposa grávida de 36 semanas (9 meses), dizendo que havia uma proposta muito boa para ir para a África Ocidental. Não era aquela África do Sul, com desenvolvimento – era a República da Guiné, ou Guiné Conakry – um dos 10 países com pior IDH do planeta. Agora, meu biótipo não deixava enganar: loiro e olhos claros, um legítimo africano.

Assim, antes que o Samuel Rosa, grande cruzeirense, colocasse a Guiné em versos: “Que seja no Japão / Jamaica ou Jalapão / No Jaraguá ou na Guiné / De charrete ou caminhão / De carro ou caminhando a pé / Eu vou”, eu já tinha ido para lá. Mas me parece que esse trecho da música seria onde e como vou jogar uma bela pelada.

Íamos com alguma frequência para a “Île de Los”, próximo à capital Conakry. Um certo dia, os nativos estavam jogando bola por lá. Não perdi a oportunidade de entrar lá. Todos bem mais novos que eu – já estava quase com 30 anos-, deviam ter cerca de 20 anos de idade. Ainda deu para dar um sangue extra, apesar de estar totalmente fora de forma. Ou melhor, na forma arredondada do Ronalducho.

Observando a forma de jogar, a gente entende o porquê a África, apesar de ter jogadores fortes e habilidosos, não consegue evoluir em termos de futebol sendo grandes potencias. Naquela pelada era visível como os nativos eram “afoitos” e, podemos dizer, inocentes: entravam sempre “de primeira” nas bolas: um corte para o lado era o suficiente para tirar a marcação da jogada, assim como também era a melhor oportunidade de salvar o próprio joelho!

Cruzeirense apaixonado, Matheus Rocha não perde um jogo do time no Mineirão e, sempre que viaja, leva uma camisa do clube e sai em busca de peladas pela região, mesmo sem conhecer a rapaziada! Atualmente faz parte da AGC – Associação de Grandes Cruzeirenses que promove ações em prol do Cruzeiro.