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Colo-Colo

O JOGO QUE ADIOU UM GOLPE


Pimpão comemora o gol que deu a classificação ao Botafogo

O Botafogo conseguiu ontem uma classificação heróica para a próxima fase da Libertadores, com um gol de Rodrigo Pimpão nos minutos finais do duelo contra o Colo-Colo no Chile. Um verdadeiro teste para cardíaco!! Nossa parceira que sabe tudo de futebol, Solange de Albuquerque deixou de ir ao tradicional ensaio da Vila Isabel, segundo ela, por motivos de força maior. Embora a escola de samba seja uma das maiores paixões de Solange, não chega nem perto ao amor pelo Botafogo.

Apesar da comemoração dos vizinhos, em Laranjeiras, a alvinegra não se abalou com o gol sofrido logo aos dois minutos de jogo, que dava a classificação ao Colo-Colo e passou a jogar junto com o time: mudando de canal para ver se dava sorte e segurando um Santo Antônio. E não é que deu certo?

– GOOOOOLLLLLLLL DO GLORIOSOOOO!!!!!!! DÁ-LHE, RODRIGO PIMPÃO!! ESTUFANDO A REDE DO COLO COLO!!!!!!!!!!

A ausência no ensaio da Vila Isabel, que havia desagrado Christian, seu marido, ficou em segundo plano quando o juiz apitou o fim do jogo e o Botafogo seguiu firme e forte na competição mais importante da América do Sul.

O que muitos não sabem, e Solange fez questão de lembrar, é que o duelo entre Botafogo e Coco-Colo tem muita história por trás, e já foi capaz de adiar um golpe militar.

Confira na íntegra o texto enviado por Solange que relembra o duelo histórico de 1973:

por Felippe Rocha e Vinícius Perazzini


Revista chilena ‘Estadio’ exaltou empate que deixou o Colo-Colo perto da final: ‘Já cumpriu’ 

Santiago, Chile, 8 de maio de 1973. O estádio Nacional tinha capacidade para receber 40 mil pessoas de maneira confortável, mas cerca de 80 mil estavam nas arquibancadas naquela noite. Em campo, Colo-Colo e Botafogo decidiam seus destinos no triangular semifinal da Copa Libertadores daquele ano. O time da casa abriu 2 a 0, mas o Glorioso conseguiu uma virada impressionante para 3 a 2. Com este placar, restaria à equipe brasileira somente derrotar o Cerro Porteño, na última rodada, no Maracanã, para chegar à decisão. Porém, no último lance, o atacante Leonardo Véliz surgiu livre dentro da área e empatou a partida. Para o time de General Severiano, ali foi adiado o sonho de ser campeão da Libertadores. Para o país banhado pelo Oceano Pacífico, o gol adiou um golpe militar que seria dado meses depois.

Explica-se: em 1973, enquanto o Colo-Colo encantava a América, o Chile vivia momentos de tensão, com blocos de esquerda e direita em choque. O socialista Salvador Allende era o presidente do país desde 1970, mas a posse dele fora contestada pela extrema-direita. Entre 1970 e 1973, grupos extremistas tentaram a queda de Allende por meio de ataques terroristas. O Chile vivia crise econômica e os protestos nas ruas de Santiago geralmente acabavam com mortos e feridos. Porém, a boa campanha do Colo-Colo na Libertadores havia gerado comoção entre a população. Militares já tinham arquitetado o golpe em maio daquele ano, mas era preciso esperar a eliminação dos colocolinos: qualquer ação que pudesse atrapalhar o time poderia gerar uma revolta ainda maior contra a tomada do poder. O gol de Véliz no fim foi um balde de água fria nos militares. O Colo-Colo ainda precisava que o Cerro Porteño não vencesse o Botafogo para ir à final. E deu Botafogo, 2 a 0. O golpe teve que ficar para depois.