por Marcos Vinicius Cabral
Seja nas águas cristalinas de rios esverdeados, por onde passeiam em mansidão fúnebre e enlutada, ou em qualquer outro quilômetro sem fim, a camisa 10 nunca morre!
Nas folhas das árvores ou nas sementes das frutas comidas pelos pássaros que caem do alto e fazem companhia à corrente d’agua, ela se agiganta e demonstra sua grandiosidade.
É mais pura que a emoção do primeiro choro em vida do filho que chegou ao mundo, pois ela exorta qualquer resultado contrário à seus magnanimidade.
Selada em quatro linhas e traçadas na maternidade, ela não é nem de longe inocente e requer cuidado numa aproximação que seja.
Ah, o que dizer, da mística da camisa 10?
Talvez, diriam os insanos por futebol, como cachorro raivoso, que são ídolos mortais.
Não, definitivamente não são!
O torcedor, aquele que conhece os preâmbulos deste esporte, destina um intervalo de seu precioso tempo, e ao subir no palco, em prosa e verso, transformando em cenas inesquecíveis de uma jogada.
Se o gol arranca aplausos, o que dizer de uma jogada com um happy end no descortinar dos atos?
A mística da Camisa 10 e suas glórias resgatam uma lição poética, histórica, trazem à luz uma paixão antiga e uma infinita magia.
Uma pena que ela seja extinta cada vez mais em solo verde e inóspito por tantos pernas de pau que a vestem.
Estes merecem o pior castigo do mundo e que me desculpem os que têm compaixão deles.
Mas aos jogadores que vestiram esse número em seus clubes, cravaram seus nomes em letras folheadas a ouro que nem o tempo será capaz de apagar minha referência e ovação.
No máximo, um empoeiramento será notado, mas nada que uma pano úmido do avivamento seja utilizado.
Os torcedores que enchiam os estádios, com bandeiras, bandeirolas, diria o locutor fanático, que estremeciam as ondas sonoras do rádio com sua voz tresloucadamente de um apaixonado torcedor.
Talvez, um dia tenhamos a curiosidade de saber como é difícil ser um José Carlos Araújo ou um Luiz Penido ou um Washington Rodrigues, na ocultação dessas emoções ao microfone.
O camisa 10 repousa antes, vê o mestre aproximar-se distante, o templo (estádio) tem o sopro do dragão e a expressão de milhões de curiosos.
Zico, Platini, Maradona, Roberto Dinamite, Zidane, Rivelino, Ronaldinho e outros tantos têm um lugar especial ao lado do trono do Rei Pelé.
Portanto, o que dizer da soma de valores, em que a fama – osso do ofício – se torna ínfima para olhos que registram tanto encantamento e saúda em prosa, o artista da bola que ele é em verso?
Ali, dentro de campo, a largos passos românticos, o lance que encanta, levanta, tem brilho próprio, nota-se a marca do artilheiro, preso a um visgo, ao místico de vestir a camisa que se identifica com ele.
É a 10 sem dúvida!
Um presente aos mestres, craques e deuses do futebol arte!
Viva o futebol e seus camisas 10!