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Bôemios da Vila F.C.

BOÊMIOS DA VILA F.C.

por Marton Olympio


Hoje teve Boêmios, lá no campo do Sampaio e como sempre acontece, aquele sol glorioso abriu ali sobre o bairro, deixando todo mundo bem aquecidinho. Aquele preparo de sempre: tornozeleira, caneleira, tensor pro joelho (que hoje deu uma apitada bonita), o gel de silicone pra suportar o peso no calcanhar e tudo aquilo que ajuda a dor ser menor. Ainda sentia as dores da pelada de quinta, mas, mesmo com elas, fui pra lá tentar não atrapalhar a equipe.

Para a minha surpresa eu ia começar jogando. E lá fui eu. Dois zagueiros me esperavam. Um, visivelmente mais velho e mais lento e outro jovem, esguio e veloz. Lógico que escolhi jogar pelo lado do primeiro deixando para meu amigo Marquinho, companheiro no ataque, o desenrolo com o outro beque.

Os dois, anos mais novos, com certeza iriam se entender. O jogo estava ótimo. Daqueles jogos bacanas, limpos, gostoso de ver e jogar. Divertido. E com alternativas bacana de ataque, defesa, tudo aberto e como diz a gíria: jogo jogado. E foi durante um desses embates lá na frente, trocando tintas com a zaga, que uma frase me fez lembrar uma história que me contaram essa semana.


Um time de escritores peladeiros foi enfrentar o time do Chico Buarque, o famoso Politeama. E num dos momentos do jogo, alguém deu uma chegada no Chico. Note bem que chegada não tem a ver com agressão ou tampouco fere a ética da pelada. É só uma forma de testar a resistência do corpo do adversário. Se é falta ou não, vai do juiz, do campo ou do grito. Depende muito. E, após o choque, de um jogador mais novo e robusto, Chico foi ao chão.

Climão na hora. Alguns protestos e o rapaz sem graça, ajuda o Chico a levantar e pergunta:

– O senhor tá bem?

Ao que Chico, educadamente responde com “a frase”:

– Senhor é o caralho! – E seguiu o jogo.

Hoje, em um momento de troca de marcação, aguardava a bola cruzada dentro da área, naquele movimento de empurra empurra tipico de espera da batida da falta. Eis que ouço uma frase:

– Eu tô com o magrinho… Marca o coroa! – e o zagueiro colou em mim.


Eu era o coroa. Essa frase tá mais latejante em meu corpo que meu joelho inchado e coberto de gelo. Coroa. Queria ter reagido tão rápido quanto o Chico Buarque, um verdadeiro, sem trocadilhos, craque com as palavras.

Ps.: É maravilhoso jogar no Boêmios. Obrigado a todos os envolvidos. Ah sim, ganhamos de 2 x 0. Chupa, novinho