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Assim que se faz

UM TÍTULO BOM PRA CHUCHU… (ÁGUA DE MACARRÃO)

por Serginho 5Bocas


O que tem em comum, Índio, do Coritiba que fez gol na final do Brasileiro, de 1985, contra o Bangu, César, do Vitória, da Bahia, que fez gol na final do BA-VI, de 1981, Chiquinho que jogou futsal na Bradesco, na década de 80, entre outros tantos ex-jogadores profissionais e craques anônimos? O campeonato de pelada do Melo Tênis, clube da Zona Norte, do Rio de Janeiro.

Lá, onde se joga um dos campeonatos de pelada (ou de várzea) mais disputados que já conheci, eu, Serginho5Bocas, caçador de peladas, não poderia deixar de jogá-lo, não é mesmo? Então vou contar a história de mais um torneio de peladas que participei e, com muito orgulho, ganhei.

Entre todos os campeonatos, torneios, copas que já participei, nunca um deles foi tão inusitado, pelo menos o capítulo final.

Vejam vocês, que passados cinco ou seis meses, sei lá…três turnos, semifinais, muitos gols, expulsões, cartões amarelos, cerveja, água, gelo e, vejam só, quando chegam as duas partidas finais, os caras do time do “Cuiabá”, não apareceram para jogar, isso mesmo, ganhamos o campeonato por WO!!!

Meu time, o “Assim que se faz”, venceu o 1º turno, Portugal venceu o 2º e os caras do Cuiabá, que foram vices dos dois primeiros, venceram o 3º turno, concluindo uma fase classificatória espetacular, pois fizeram mais pontos e foram às três finais.

Obviamente que isso não garante o título, mas é uma excepcional credencial e enche de moral para as fases finais. Nas semifinais, eles passaram pelo time do “Colômbia” que foi o 4º time classificado por força do regulamento, após um empate e uma vitória suada por 3×2, em que jogaram com um homem a mais todo o 1º tempo. Nós eliminamos “Portugal” nos pênaltis, após uma vitória para cada equipe.

Chega à semana da final e Cuiabá informa que só poderia jogá-la se fosse em apenas uma partida, em razão de outros compromissos e pede nossa anuência. Lógico que numa guerra, não se dá armas para o exército inimigo, sem contar que em outras ocasiões quando nós precisamos de alterações nas datas dos jogos, não fomos ajudados, então só nos restava negar o pedido e jogar as partidas. Fez-se cumprir o regulamento e “toca o enterro, mermão”.

E assim Cuiabá cumpriu o prometido: se fossem em duas partidas eles não apareceriam para jogar, e pela primeira vez na minha vida, infelizmente, fui campeão sem final, por WO.

Confesso que não fiquei feliz porque sou um tremendo “fominha” e, além disso, fica um vazio tremendo pela falta de competitividade, de não vencer no campo uma final tão aguardada. Restou o sabor meio com gosto de guarda-chuva da vitória.

Ocorre que houve mais um fato inusitado para mim, mas que é pratica muito comum no futebol, o de trapacear: pois se Cuiabá foi o time mais regular da competição, muito se deve ao fato de ter muita força física para uma categoria de seniores e nesta categoria a idade faz uma diferença muito grande. Só que o que não se sabia é que eles tinham um jogador (quem sabe se não seriam mais…) que era bem mais jovem do que a idade mínima permitida para o campeonato e ai fazia diferença para sua equipe. Ou seja, eles tinham um “gato” às avessas.

Confesso que preferia não saber dessa história antes do fim do campeonato, até porque enfrentei os caras com esse cara (ou mais) e sinceramente achei os jogos muito iguais, decididos em detalhes. Aliás, em nenhuma das partidas fomos massacrado ou eles tiveram todo o domínio da partida, muito pelo contrário, sempre dominávamos os jogos até cansarmos e só aí eles sobressaíam. Talvez aí esteja o segredo, porque eles tinham tanto preparo físico em relação a nós. Mesmo assim, até mesmo perdendo, não tenho raiva dos caras, tenho indiferença, pois jamais utilizaria um expediente desses para ser campeão. Para mim, isso é como um doping, Deus me livre, vencer assim.

Não sei se o cara ia decidir a partida, mas o certo é que eles tomaram uma goleada de ética e de moral fora de campo. Talvez tenha sido melhor eles não aparecerem mesmo, pois fez-se justiça. Também tínhamos time para ser campeão, fizemos jogos maravilhosos contra eles e essas duas partidas prometiam, uma pena!

Agora, que os troféus e medalhas ficaram com gosto de chuchu, de água de macarrão ficaram, ah, se ficaram!

Agora, um breve resumo dos campeões da esquerda para a direita:

Feinho – acrescentou aos seus mais de 60 anos, mais um caneco, agarra muito o coroa;

5Bocas – caçador de peladas, comprovou sua sina, não é um virtuose, apenas um cara difícil de ser vencido, luta na vida e na bola;

Marcio – cornetou tanto que ficou rouco e com calo nas cordas vocais, mas no final valeu a pena;

Luis – o passe preciso, nosso zagueirão que deu show;

Manel – seu futebol é como sua silhueta, finíssimo, sem exageros;

Alfredo – nosso lateral carteiro, começou bem mas depois sumiu, aparece meu amigo!

Jaiminho – nosso guerreiro azarado, jogou muito esse campeonato (como sempre), mas se quebrou demais, primeiro o ombro, depois o tendão de Aquiles, vai se benzer muleke!

Jorge – foi nosso curinga, jogou bem em todas;

Carlinhos – o nosso Fred Astaire esteve bem, mas precisa se cuidar, esse negócio de treino funcional no Cincão quase te mata;

Belmiro – começou no campo e acabou conquistando o título fora das quatro linhas, parceirão;

Cesar – ex-“profissa” que chegou no meio da brincadeira e conseguiu o seu espaço, um cara gente boa e humilde, mas que sabe jogar muita bola;

Manguinha – muito talento na meiúca, ficou um pouco ansioso durante o torneio, mas se recuperou na fase final, é fera;

Gueré – o cara é um maluco beleza, corre o campo todo, parece garoto, mereceu o título; 

Betinho – faz gol com imensa facilidade, é fera, também gastou a bola;

Pastel – joga fácil e em dois toques, entrou muito bem no decorrer do torneio e nos ajudou muito nesta conquista;

Grilo – ex-boleiro que jogou pouco por conta de problemas de saúde, mas entrou em muitas ocasiões com êxito e fora de campo era só alegria, mas cuidado com o seu sabonete ou sua toalha, com ele no vestiário….chiiiii

Marco Aurélio –  paredão que entrou no final do campeonato e jogou muito na hora em que mais precisamos, é fera.

Faltou na foto o Carlinho, goleiro que agarrou muito e nos salvou nos pênaltis da semifinal, o Jobson que apesar da lesão, nos ajudou muito durante todo o torneio e o Carlyle que nos ajudou muito dentro e fora de campo, com sua seriedade e simplicidade em campo e com seu bom humor, inteligência e ótimas tiradas fora dele, e o Marquinhos que pouco se viu, mas quando aparecia era certeza de qualidade e força.

Obrigado a todos por mais essa conquista.

Faltou alguém? Se faltou foi mal, me avise que eu edito e mando a medalha pelo correio.