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1970

1970 – O ANO DA CONQUISTA DO TRI E DO RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA

por Victor Kingma


Todos os amantes do esporte costumam se lembrar, e até contar com detalhes, daquela conquista ou vitória importante do seu time ou da seleção, mesmo passados tantos anos. 

Afinal, o Brasil é o país do futebol, movido pela paixão dos torcedores pelo seu clube do coração e pelo escrete nacional, principalmente nos anos de Copa do Mundo.

Entretanto, dificilmente nós, boleiros, nos lembraremos do que de importante acontecia no país ou no mundo, naqueles anos das grandes conquistas.

Nesse texto, estarei abordando exatamente esse tema. 

Como era a vida e os costumes em 1970, ano da memorável conquista do tricampeonato?

Naquele ano pela primeira vez os torcedores puderam assistir pela televisão aos jogos da Copa do Mundo através de um pool de emissoras formado por Globo, Tupi, Bandeirantes e Record. 

Definido por sorteio, os locutores de cada emissora narravam um tempo do jogo. Geraldo José de Almeida (Globo), Walter Abraão e Oduvaldo Cozzi (Tupi) e Fernando Solera (Bandeirantes e Record) se revezavam nas transmissões.

Os respectivos comentaristas eram João Saldanha, Rui Porto/Geraldo Bretas, e Leônidas da Silva.  

A seleção, com craques consagrados como Carlos Alberto, Rivelino, Gerson, Jairzinho, Tostão e Pelé encantava o mundo com uma equipe mágica e se tornava tricampeã mundial de futebol, no México. 

Nos dias dos jogos do Brasil os torcedores, em suas casas ou aglomerados em frente às TVs espalhadas pelas praças, vibravam com cada gol da seleção. 

Um bordão ficou famoso naquela Copa, na narração vibrante de Geraldo José de Almeida, da TV Globo: 

– Olha lá, olha lá, olha lá, no placar!

Tudo isso embalado pela música ufanista de Miguel Gustavo que tocava nas rádios o dia todo:

“Noventa milhões em ação,

Pra frente Brasil

Salve a seleção!”

Contrastando com a alegria do futebol, na política o Brasil vivia tempos sombrios. A ditadura militar implantada no Brasil em 1964, onde ocorreu a ruptura democrática e a tomada do poder civil com a deposição do presidente João Goulart, vivia o auge da repressão política/cultural, no governo Médice. Direitos fundamentais dos cidadãos foram retirados e os brasileiros proibidos de se manifestarem livremente.  

Na música o movimento da Jovem Guarda, após o auge na segunda metade dos anos 60, estava quase no fim e Roberto Carlos, sua maior expressão, iniciava uma nova etapa em sua carreira, fazendo grande sucesso com a canção “Jesus Cristo”, a primeira música religiosa gravada por ele – e que passaria a ser uma constante em seus discos. 


Ainda na música a canção mais tocada em 1970 foi o clássico de Paulinho da Viola, “Foi um Rio que Passou em Minha Vida”, uma exaltação à sua escola de samba, a Portela. Considerado um dos melhores sambas de todos os tempos.

O ano ficou marcado ainda por ter ocorrido o fim dos Beatles, o mágico quarteto de Liverpool formado por John, Paul, George e Ringo.  

Nas publicações esportivas a Revista Placar, lançada em março, próximo à Copa, era um sucesso entre os leitores. 

Na televisão a grande atração era a novela Irmãos Coragem. O Brasil parava às oito horas da noite para assistir na TV Globo, e ainda em preto e branco, o folhetim de Janete Clair que contava a saga dos irmãos João, Duda e Jerônimo, interpretados respectivamente por Tarcísio Meira, Cláudio Marzo e Cláudio Cavalcante.


O filme Love Story levava multidões aos cinemas para assistir a história do amor proibido de dois jovens de classes sociais diferentes e…

Nas ruas e nos bailes de fim de semana, os jovens, um tanto alienados em relação à política e influenciados pelos hábitos de seus ídolos, trajavam calças boca de sino, sapatos plataforma e cabelos tipo Black Power. 

                  Naquele tempo era assim.

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