O LEGADO DE GARRINCHA O DESCASO ENTERROU
por Zé Roberto Padilha

Garrincha, como tantos, surgiu do futebol do interior. Com ligas desportivas estruturadas, as competições aconteciam entre todas as categorias. Os melhores a seu tempo, respeitando o ciclo familiar, afetivo e educacional eram convidados a realizar testes nos grandes clubes.
Noventa e dois municípios formavam importantes laboratórios que abasteciam à exaustão as divisões de base que, hoje, saturadas, até atletas em container são alojados.
O Ninho do Urubu e Xerém não suportam mais ninguém e acabam jogando pelos ralos os sonhos de alguém.
O futebol do interior é, além de uma fábrica de craques e oportunidades, uma opção de lazer e entretenimento. Como o teatro, a missa, o culto e o cinema. Meu neto é o primeiro da família a crescer sem ver seus pais colados no alambrado.
O máximo que chegam perto do palco onde atua é na porta do quarto onde Real Madrid X Chelsea se enfrentam pelo Playstation, da Sony. Um desperdício porque América FC e Entrerriense FC não suportaram taxas a serem pagas a CBF, Fifa, vans trazendo a arbitragem. E foram desfiliados.
Como tantos em nosso estado.
Quem ganha com isso quando tantos perdem? Oportunidades, renda, turismo, esportes na vida das pessoas, lazer, diversão…
O futebol do interior precisa ser respeitado. Oferecer ajuda aos seus clubes, dar apoio, recursos e não sobrecarregá-los com taxas de todas as ordens. Sob pena de, ao não produzir craques in natura, depender do talento artificial que vivem a inundar nosso gramado de atuações modestas e previsíveis.
Uma solução seria, primeiro, conceder anistia a todos clubes filiados. Sem exceção. Em segundo, reativar as ligas desportivas. Terceiro, organizar um campeonato de seleções do interior. Sub-17 e sub-20. Para que as cidades possam organizar seus arsenais e recolocar em campo o que foi esquecido pelas autoridades desportivas do nosso estado.
DE VEZ EM QUANDO A GENTE ACERTA
por Zé Roberto Padilha

Em nosso livro “Futebol: a dor de uma paixão”, cuja quarta edição a Universidade de Vassouras pretende lançar, escrevemos a respeito dos Cartolas.
Aquele cidadão anônimo, que tem poder, grana influência, mas seus feitos não alcançam os jornais. Talvez um dia, em letras garrafais, a seção do Obituário. E um dia descobrem que sendo sócio de um clube de futebol podem alcançar suas páginas esportivas, que não são poucas.
Daí se enturmam na sauna, doam prendas para o Bingo, pagam o cloro da piscina e logo colocam seu nome em uma chapa. E viram presidente sem saber nada de futebol.
Até Marcos Braz chegam a ser.
A solução? Entregar a direção do futebol a um ex-atleta com história de liderança, disciplina e equilíbrio para lidar com o vestiário. Depois que Mário Bittencourt se cercou de ex-atletas como Deley, a quem escuta bastante, o Fluminense parou de errar.
Não troca treinador, nem se desfaz de um elenco vitorioso. Não vende o André, nem traz de volta o Thiago Silva.
Nosso livro é de 1986. Tem um tempinho, mas nunca é tarde para se ouvir, seguir os conselhos, de quem colocou sua chuteira na dividida e seu pulmão para defender o seu clube do coração.
AS FINAIS DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1995
por Luis Filipe Chateaubriand

No ano de 1995, coube a Santos e Botafogo fazerem os jogos decisivos do Campeonato Brasileiro.
O Santos foi às finais do certame ao eliminar o Fluminense, depois de ter perdido de 4 x 1 no Rio de Janeiro e, epicamente, em São Paulo, fazer 5 x 2 no tricolor carioca.
O Botafogo foi às finais ao eliminar o Cruzeiro, perante o empate de 1 x 1 em Belo Horizonte e perante o empate de 0 x 0, no Rio de Janeiro.
O primeiro jogo das finais foi realizado no Maracanã, Rio de Janeiro, com mando de campo para o Botafogo.
O Botafogo venceu por 2 x 1.
Wilson Gotardo marcou 1 x 0 para o Botafogo, no primeiro tempo.
Giovanni empatou em 1 x 1 para o Santos, ainda no primeiro tempo.
Mas o artilheiro Túlio fez 2 x 1 para o Botafogo, também no primeiro tempo.
O segundo jogo das finais foi realizado no Pacaembu, com mando de campo para o Santos.
O artilheiro Túlio fez 1 x 0 para o Botafogo, no primeiro tempo.
Marcelo Passos empatou em 1 x 1, no início do segundo tempo.
Um novo gol de Marcelo Passos, anulado por impedimento, causou muita polêmica.
Mas, ao final do jogo, o empate deu o título ao Botafogo.
Seu primeiro e único título de campeão brasileiro.
PARABÉNS, PAI!
por Marco Antônio Rocha

Meu pai hoje faz 91 anos. E, ainda que tenha partido há quase três, às vezes faço menção de pegar o telefone para ligar e comentar algum jogo com ele. Mas nossa ligação vai muito além disso…
É como se transbordasse em seus olhos que se emocionavam a cada história que ouvia; é como se concretizasse nos braços pequenos que eram capazes de acolher o mundo.
Para algumas pessoas, a morte não interrompe a vida, é apenas uma mínima parte dela, que de alguma forma segue.
Parabéns, pai! A gente se fala…
QUANDO O SUPERMERCADO VALE MAIS QUE A TAÇA
por Zé Roberto Padilha

Sou do tempo em que final da Taça Guanabara tinha recorde de renda e passeata, além de valer uma vaga na final do Carioca. Tinha prestigio, público, charme e rivalidade. E todos os jogos eram disputados no Rio.
O Flamengo acaba de levantar a Taça Guanabara e nem torcedores com camisas foram vistos. Se passaram trinta minutos da conquista e nem um carro buzinou nos ouvidos tricolores.
Foram 10 jogos disputados fora do Rio. Os jogos são em Brasília, Manaus, Aracaju, João Pessoa, Natal, Belém, Cariacica, Uberlândia. Quem pagar mais pelo mando de campo dos times pequenos leva a atração para o seu estado.
E como os times pequenos pouco representam seus bairros, como eram Olaria, Campo Grande e Bonsucesso, e se tornaram Audax, Sampaio Corrêa, Boavista, e seguem o lucro, não a tradição, a Guanabara mais valiosa no Rio de Janeiro, hoje, é o Supermercado. Não a Taça.
Pelo menos todas as suas 26 filiais estão com preço bom e atuando dentro do nosso estado.