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N’GOLO KANTÉ CONTRA OS BOLEIROS DE PLÁSTICO

por Marcelo Mendez


Sou de um tempo que o Brasil produzia jogadores de futebol.

Eu bem sei da mudança dos tempos, das benesses, ônus e bônus disso, entendo como necessária essas mudanças de ventos, mas no caso que trato aqui, preciso afirmar que, sou de um tempo que o Brasil produzia jogadores de futebol.

Nesses tempos de agora, porém, não sei o que se produz.

O Brasil não quis mais o futebol de suas periferias. Os campos de terra da várzea, as crias dos arrabaldes, as idiossincrasias de um esporte que se fez Brasileiro em sua essência, tudo isso foi sumariamente excluído para dar vez a coisas bem estranhas.

High School Training, Campus Party, Escolinhas de futebol tocadas por coaching’s (?!) e mais outras pataquadas mudaram completamente a formação do jogador de futebol no Brasil.

Nesse contexto jamais se acharia um jogador como N’Golo Kanté.

O camisa 7 do Chelsea, Campeão do Mundo pela França, Campeão da Premier pelo Leicester, dono da final da Champions desse 2021 pelo Chelsea não é um jogador desse tempo. Ele não usa chuteira de 8 cores. Não enche o saco do árbitro, não fica falando besteira no Twitter, está pouco se importando em ter milhões de seguidores no Instagram porque não trata o público como peça de mercado.

Kanté é real.

Num universo empesteado por canais de besteragens, campeonatos de chutar bola na trave, resenhas furadas e forçadas, negociatas que tornam o jogo em si o último plano, Kanté ousa ser de verdade.

De verdade, contra o Bolerismo babaca, Kanté acabou com o jogo na final da Champions. Que bom que ele existe.

Tenho certeza absoluta que jamais o verei tentando acertar um chute num balde…

O CRAQUE DO BRASIL EM 1989

por Luis Filipe Chateaubriand


José Roberto Gama de Oliveira, o Bebeto, já se destacava no futebol desde 1983.

No entanto, foi em 1989 que o baiano de Salvador teve seu “ano de ouro” até então.

No primeiro semestre, foi muito bem, jogando pelo Flamengo, apesar do clube ter perdido a decisão do título estadual para o Botafogo.

Veio, então, a transação que abalaria todos os alicerces do futebol brasileiro.

Argumentando que “o Bebeto não está com esta bola toda”, o presidente do Flamengo de então não chegou a acordo para renovar contrato com o craque, e fixou o valor do passe na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ), cerca de dois milhões de dólares.

O Vasco da Gama, que estava com os “cofres abarrotados” com as vendas de Romário para a Holanda e de Geovani para a Itália, depositou o valor devido na Federação e arrebatou o ídolo do rival.

Bebeto era o novo ídolo do cruz maltino!

E, no segundo semestre, Bebeto se revezou entre contusões e momentos de intenso brilho.

Fez os dois gols, contra o Internacional de Porto Alegre, que colocaram o Almirante na final, que ganharia com galhardia.

E não foi só.

Na Seleção Brasileira, também brilhou, sendo eleito o melhor jogador da Copa América jogada aqui no Brasil, e vencida pelo Brasil, e tendo boa participação nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1990.

Não bastasse isso, fez o gol do ano: em jogo contra a Argentina, no Maracanã, pela Copa América, recebeu a bola de Romário e mandou um voleio “lá onde a coruja dorme”, um golaço com pouco se vê.

É… ao contrário do que o presidente achava, o homem da boa terra estava com a bola toda!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

DURA E REPREENSÃO DE GARRINCHA EM PARINTINS

por Antonio Carlos Meninéa


Figura 1 Mané com camisa do Amazonas e bem acompanhado. Acervo José Brilhante

Figura 1 Mané com camisa do Amazonas e bem acompanhado. Acervo José Brilhante

Motivado pela matéria do Museu da Pelada, sobre Maria Cecília, filha de Garrincha, resolvi contar essa história da qual o “Anjo das Pernas Tortas” foi ator principal. Trata-se de uma curiosa história que consta no livro “Futebol Parintinense – do sucesso ao fracasso”, do jornalista José Brilhante.

Em 1973, mesmo aposentado e meio fora de forma, mas defendendo um troco, o “Anjo das Pernas Tortas” aceitou um convite para jogar na cidade de Parintins, Estado do Amazonas. Jogo entre os maiores rivais da cidade, Amazonas e Sul América. Um tempo em cada time. 

A atmosfera na cidade era festiva, euforia total. E não podia ser diferente, pois veriam Garrincha em carne e osso, bem diferente de vê-lo nos cinemas, jornais ou revistas. 

Uma multidão se acotovelava no cais do porto para receber o bicampeão mundial, monstro sagrado do Botafogo, Estrela Solitária. Ao chegar foi literalmente carregado no colo até o hotel. Um frenesi, catarse total nunca visto na cidade de Parintins.


Figura 2 Fabi em círculo e Garrincha agachado terceiro esquerda para direita - (acervo José Brilhante)

Figura 2 Fabi em círculo e Garrincha agachado terceiro esquerda para direita – (acervo José Brilhante)

Confesso, no entanto, que até eu estaria nesse transe se lá estivesse. Pois Garrincha não era humano, e sim, um ser espacial que todos queriam tocar, abraçar, fotografar, pegar autógrafo. Queriam ver se ele era de verdade.

Na tarde de sábado, 2 de junho de 1973, uma lenda, um Deus, adentra o estádio Tupy Catanhede. Gente saindo pelo ladrão, lembrando um pouco o saudoso Maracanã em dia de clássico, quando ficávamos espremidos entre um torcedor e outro, sem poder ir ao banheiro. Dessa festa histórica e mítica, dois fatos pitorescos ocorreram durante a partida e se eternizaram para sempre.

O primeiro foi nos 45 iniciais, quando Mané atuou pelo Amazonas. Francisco Batista, mais conhecido como “Fabi”, contava com apenas 16 anos de idade no dia desse jogo, e atuava pelo Amazonas, time que Garrincha jogou na primeira etapa.


Figura 3 Fabi nos dias atuais (acervo José Brilhante)

Figura 3 Fabi nos dias atuais (acervo José Brilhante)

Fabi relatou que levou uma dura, um esporro do Garrincha, devido ao fato dele tocar toda bola que recebia para o Mané.

–  Vem cá garoto! Ta querendo me queimar, é? Porque parece que você só está vendo eu em campo, só toca a bola pra mim!

–  Não quero te queimar. Estou fazendo isso, porque essa multidão que está na arquibancada veio ver o senhor fazer seus dribles – respondeu Fabi, um tanto quanto nervoso, pois, estava pertinho de um ídolo mundial. 

Após a bronca, o jovem ficou feliz da vida, pois apesar da dura que levou, ficou frente a frente com um dos maiores craques do futebol mundial, coisa que jamais sonhou que aconteceria em sua vida.

O outro ocorrido se deu no segundo tempo, e Mané já estava pelo Sul América. Nilo Gama, craque desse time, participou de algumas jogadas com Mané. Quando o “Anjo das Pernas Torntas” tocava de calcanhar, Nilo Gama, rapidamente jogava por cima de seu marcador indo concluir a jogada lá na frente. Foi quando Garrincha se aproximou e perguntou:


Figura 4 Time Sul América - (acervo José Brilhante)

Figura 4 Time Sul América – (acervo José Brilhante)

– Baixinho, onde você aprendeu essa jogada?

– Meu treinador foi no Rio de janeiro e viu a tua jogada com Djalma Santos e me ensinou.


Figura 5 Nilo Gama dias atuais (acervo José Brilhante)

Figura 5 Nilo Gama dias atuais (acervo José Brilhante)

–  Olha, teve só um lateral que fazia essa jogada que é o Djalma. 

A conversa encerrou, Nilo Gama, nunca soube se aquilo foi uma espécie de elogio ou repreensão, mas também se sentiu honrado por esse episódio.  

Enquanto permaneceu na cidade de Parintins, Garrincha foi homenageado e frequentou muitas festinhas se refrescando à beira do Rio.

CARVALHO LEITE OU O ‘GAROTO’ QUE PRECISA REENCONTRAR O ‘VELHO’

por André Felipe de Lima

No dia 26 de maio de 1912 nasceu Carvalho Leite, o maior ídolo do Botafogo antes do surgimento de Heleno, Garrincha e Nilton Santos. Hoje, muitos jovens ignoram a importância histórica deste grande jogador de um passado longínquo. Mas sempre há tempo para conhecermos um pouco mais sobre nossos ídolos. Com vocês, Carvalho Leite!

por André Felipe de Lima


No calçadão de Copacabana, um senhor caminha sob um sol abrasador. Nada o incomoda. Gosta da imensa luz clareando a manhã dos cariocas. Nenhuma nuvem no céu. Sente-se revigorado. A imagem daquela gente jovem e aparentemente feliz faz-lhe bem. Outrora [e bote outrora nisso!], cariocas o idolatravam. Mas aqueles ali, diante do velho, eram jovens e felizes, que corriam de um lado para o outro, infatigavelmente. Interessar-lhes-ia o passado? Decerto, não. Sequer imaginariam, caso parassem ao menos para uma água de coco e uma conversa fiada, de que o ancião um dia brilhou mais que aquele sol torrando meninas e meninos. Pelo menos para os botafoguenses, imagine-se assim.

Tempos de correria, de pressa que impede a memória. Outros tempos. Indecifráveis tempos.

O senhor já estava acostumado com o desdém dos jovens, ou “invisibilidade social”, como definem os sociólogos de plantão hoje em dia. Decidiu seguir a maré juvenil e também correr, ou melhor, andar mais célere. Mas, ao se deparar com um grupo de crianças rolando uma bola na areia, não se conteve e decidiu espiá-lo. Sim. Espiar as crianças, mas, sobretudo, a bola com que brincavam. Um dos meninos chutou-a, e ela parou diante dos pés do velho. Pés que guardam uma das páginas mais bonitas da história do futebol carioca. Da história do Botafogo. Páginas que, talvez, somente aquele velho poderia descrever ao menino da praia. Mas o menino da praia pegou a bola e apenas agradeceu. Um rápido e quase ininteligível “obrigado, tio”. Nada mais que isso. E o velho, intimidado com a espontânea velocidade do garoto, apenas balbuciou um pausado “de nada, filho…” e perdeu a oportunidade de transferir àquele menino a sua história. Os gols e os títulos de… Carvalho Leite. A vida do maior ídolo botafoguense antes do surgimento de um Heleno de Freitas, de um Garrincha ou de um Nilton Santos.


Bem que a crônica poderia ser verídica. Afinal, Carvalho Leite morou muitos anos em Copacabana, inclusive nos últimos de sua longeva vida. Mas não seria fantasioso escrever este texto para apontar a importância de que a memória do ex-centroavante, tão mitológico quanto Heleno de Freitas, Garrincha ou Nilton Santos, precisa ser narrada à jovem guarda alvinegra. Afinal, em nossas vidas, é fundamental que o “garoto” sempre reencontre o “velho”.

Carvalho Leite, infelizmente, não está mais aqui. Morreu no dia 19 de maio de 2004, aos 92 anos. Desde 1995 vivia sem sua querida Lígia Costa de Carvalho Leite, que partiu antes dele. O grande centroavante botafoguense foi o último membro da equipe brasileira da Copa de 1930 a morrer. Em seu enterro, no cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, alguns familiares e poucas coroas de flores. Alguma enviada pela Confederação Brasileira de Futebol [CBF]? Não.

Carlos Antônio Dobbert de Carvalho Leite, seu nome de batismo, era tão importante para o Botafogo que, até aparecer Quarentinha quase trinta anos depois, manteve-se como o maior artilheiro da história alvinegra ao assinalar 275 gols, em 325 jogos. Dos 18 títulos cariocas conquistados pelo Botafogo, até 2006, cinco contaram com os gols de Carvalho Leite. Gols decisivos que construíram um Glorioso tetracampeão do campeonato carioca, em 1932, 33, 34 e 35. Um período em que dividia o carinho da torcida com Martim Silveira, Nilo Murtinho Braga e Benedicto Menezes. Mas Carvalho era especial. Raça incomparável. Ídolo maior. Se existia alma para o Botafogo, essa era Carvalho Leite. E quem disse que Heleno de Freitas foi o primeiro galã alvinegro? Anos antes de o gênio genioso encantar os gramados e as boates do Rio, a imprensa chamava o aristocrata Carvalho Leite de “o goleador elegantíssimo”, sobretudo por conta do affair com a ex-miss botafoguense e do Brasil, em 1939, Vânia Pinto, considerada a primeira modelo brasileira.


Aristocrata, sim, porque o bravo goleador nasceu em Petrópolis, terra do imperador, no dia 26 de maio de 1912 (outras fontes assinalam, porém, o dia 26 de junho), em uma família com muitas posses. Se o petropolitano encantou miss, encantaria até mesmo outro aristocrata, neste caso, o príncipe de Gales e futuro rei da Inglaterra, Eduardo VIII, que, ao assistir um jogo em sua homenagem, no Rio, deslumbrou-se com os cinco gols que Carvalho Leite marcou na vitória de seis a um dos cariocas contra os paulistas, no dia 6 de abril de 1931, no estádio das Laranjeiras.

Para Carvalho Leite, o futebol começou, contudo, não no Botafogo, mas sim na Liga Amadora do interior. Defendia o Metropolitano, de Petrópolis, quando, em 1929, levaram-no para o Botafogo. Ainda rapaz, foi um dos grandes goleadores do campeonato carioca do ano seguinte, com 14 gols, e ajudou ao Botafogo na conquista do certame, sendo o jogador que mais atuou [20 vezes] durante a campanha vitoriosa. Jogava tanta bola que o apelidaram de a “Maravilha da Serra”, em alusão à cidade serrana na qual iniciou a carreira.

O pai do jovem atacante mantinha um sanatório em Petrópolis, mas largou tudo para priorizar a divulgação da carreira do filho.


Não seria leviano apontar que o pai do então jovem craque foi uma espécie de precursor do assessor de imprensa de jogador de futebol. Ora, o Carvalho pai, invariavelmente, convocava a imprensa para coletivas e coquetéis em General Severiano. O jornalista Mario Filho testemunhou alguns deles: “Os jornalistas chegavam, o velho Carvalho Leite, de jaquetão preto, colete branco, calça fantasia, o pince-nez pendurado numa fita preta, que lhe envolvia o colarinho branco como uma comenda, levava-os para o bar, nem sombra de cocktail”.

O Carvalho pai sequer avisava ao Paulo Azeredo, cartola mor do Alvinegro, que, pego sempre de surpresa pelo inusitado evento, mandava buscar bebida no bar fora do clube para recepcionar os cronistas.

O Carvalho pai era figurinha fácil nas redações. Fazia pressão para que os jornais dessem destaque para Carlinhos. Esforço sempre muito bem recompensado. No dia seguinte ao lobby do seu Carvalho, as manchetes estampavam o centroavante, que, verdade seja dita, marcava gols em profusão e, por isso, merecia mesmo letras garrafais em primeiras páginas dos periódicos. Prova disso foi um jogo contra o Olaria, no dia 31 de julho de 1932, pelo Campeonato Carioca, realizado na rua General Severiano e que terminou sete a zero para o Alvinegro. Naquela tarde, Carvalho Leite marcou cinco vezes.

Foi um fenômeno, um jogador com um faro de gol impressionante. Um artilheiro nato, que respirava gol a todo o momento. Nenhum outro o superou nas artilharias dos campeonatos cariocas de 1936 [16 gols, pelo campeonato da Federação Metropolitana de Desportos], de 1938 [novamente 16] e de 1939 [22].

A dedicação — marca incondicional de seu caráter — fez com que se esmerasse em sua segunda carreira, a de médico pneumologista, na qual ingressou depois de, prematuramente, parar de jogar aos 29 anos por causa de uma lesão no joelho sofrida num jogo contra o Bonsucesso, em maio de 1941. Na medicina, atuou no clube por 50 anos. Dava cloreto de sódio aos jogadores para evitar a perda de água pelo organismo. Era correto e avesso a qualquer pirotecnia médica com os jogadores, ou seja, fazer os jogadores do Botafogo ingerir as detestáveis “bolinha”, nem pensar.


Chegou a treinar o Botafogo em algumas oportunidades. Em 1942, substituiu Ademar Pimenta; em 1950, assumiu o lugar de Paes Barreto. Permaneceu até 1951, quando deu lugar a Newton Cardoso, mas retornou no mesmo ano, ficando até 1952, quando foi substituído por Sílvio Pirillo [ex-craque do Internacional, do Flamengo e do Botafogo].

Na seleção brasileira, tinha apenas 18 anos, quando Ademar Pimenta o escalou no time titular que disputaria a Copa do Mundo de 1930, no Uruguai, barrando o badalado craque do Santos, Araken Patusca. Na Copa seguinte, na Itália, em 1934, novamente Carvalho Leite marcou presença. Ao longo de sua trajetória no escrete, disputou 15 jogos e marcou 25 gols. Um desempenho digno de um dos melhores atacantes que o futebol brasileiro já produziu. Um ídolo alvinegro inesquecível. Lendário. Somente Carvalho Leite e Nilton Santos foram os únicos a defenderem somente o Botafogo em toda a carreira profissional.

O “velho” e glorioso Carvalho Leite… que jovem e não menos glorioso botafoguense o esqueceria, afinal?

TRADIÇÃO OU PRAGMATISMO?

por Idel Halfen


Tradição ou pragmatismo? Quem prontamente escolher alguma destas opções estará correndo um sério risco de estar errado, visto que a resposta depende da conjuntura em que se estabeleça o questionamento, além do que, o ponto de equilíbrio é sempre condição imprescindível para tudo na vida.

Essa breve introdução tem por intuito discutir alguns modelos de camisas de times de futebol a serem lançadas pela Puma, nas quais não haverá a presença dos escudos, que serão substituídos pelo nome do time em maior proporção.

Os mais tradicionalistas que tiveram acesso às supostas imagens de alguns uniformes já manifestaram insatisfação, achando um absurdo a supressão dos escudos, ainda que estes evoluam ao longo do tempo e que a associação do nome com o time fique mais direta, eliminando aquela costumeira pergunta: “de quem é essa camisa?”

Pragmaticamente falando, as chances de uma maior demanda – guardadas as condições básicas de distribuição, precificação e estética – tendem a ser bem maiores. Contudo, antes que os defensores da iniciativa a justifiquem com o tolo cálculo feito por alguns “especialistas do marketing esportivo” que multiplicam a estimativa de vendas pelo preço de venda ao consumidor, adianto que a conta correta contempla a venda multiplicada pelos royalties que cabe ao clube, o qual é apurado após a subtração dos impostos e das margens. Portanto, ainda que qualquer “dinheiro” seja útil, o ganho intangível com a popularização da marca pode ser o mais significativo no longo prazo.

Os protótipos publicados – não de forma oficial – permitem também considerar que as camisas passem a ser demandadas por consumidores que se importam com o lado fashion, aumentando assim o espectro anteriormente restrito a fãs do time e/ou de algum dos seus ídolos.

Terminando os argumentos em prol do “pragmatismo”, lembramos que as camisas da NBA não trazem os escudos das franquias.
Por mais que todas as alegações anteriores pareçam conduzir o texto para o lado do pragmatismo, não é essa a conclusão almejada, visto ser essencial um trabalho de pesquisas e testes de mercado para avaliar a real aceitação do produto.

O tal equilíbrio preconizado no primeiro parágrafo deve ser sempre buscado, pontuando, no entanto, que a tradição – atributo primordial para a identidade de qualquer organização – nem sempre é inquestionável, e que o pragmatismo imposto pela busca de receitas e valorização, não deve ignorar a cultura e a história daquela organização.

Partindo da premissa de que todos os clubes buscam “internacionalizar” suas marcas, pois dessa forma aumentam o potencial de faturamento através de oportunidades fora de seus domínios territoriais, cabe aqui um questionamento: quais escudos são efetivamente conhecidos externamente?

Pois bem, é provável que a grande maioria não seja reconhecida, o que, talvez, indique que uma solução intermediária que comunique o nome possa ser necessária até que haja uma popularidade maior dos escudos.