LIONEL MESSI…ânico
por Mauro Ferreira

Lionel, quantos adjetivos são necessários para compor a sinfonia? Tu, Lionel, dê-nos uma pista, uma explicação, uma luz, uma colcheia, uma clave que seja… mas, por favor, diga-nos, diga a nós os mortais, qual barro o escultor maior usou pra te esculpir, como diria o maldito poeta Sérgio Sampaio.
É normal que mortais exijam de suas divindades tolas explicações para o sobrenatural. Portanto, cabe a ti dizer algo que nos convença sobre o sobrenatural habitado em teus pés; que arte surpreendente e divina emana de teus movimentos; como fazes para construir obras espetaculares aos olhos dos comuns, mesmo que o tempo e a distância contrariem a lógica, embora – a gente sabe -, lógica não seja própria de gente como tu.
Lionel, escreva um manual. Não sejas egoísta; dê-nos a frase perfeita, aquela capaz de indicar o caminho, a verdade e a vida existente no pequeno retângulo onde praticas o encantamento. Diga como fazes com a esfera para que ela não abra mão de ti; qual relação possui capaz de manter objeto tão arisco subordinado a sua vontade. Qual argumento utilizado para ceder aos teus caprichos inimagináveis.
Vá, conte logo, não deixes a interrogação nos consumir. Mate nossa curiosidade. Use a física, a matemática, a química, a neurociência, seja lá o que for, e nos explique o poema sem palavras, sem versos, sem estrofes. Como fazes, meu Deus, como fazes? É imperativo sabermos. Afinal, se és de carne e osso, não podes ser Deus. Não podes!
Ou serias? Talvez, escolheste um corpo comum, bem comum, para viver terreno e ungiste óleos consagrados capazes de derrubar adversários, espantá-los e, ao mesmo tempo, trazer para perto de ti aquela circunferência, pedaço de ouro arredio para os demais, íntima de ti a tal ponto que dela não tiras o olho e nem dela arrancas o couro.
Lionel, tu és o Deus encarnado? O sorriso pequeno, de colo, amor estampado nos olhos, generoso, precioso, valoroso e mínimo. Diga, por favor, és o Deus encarnado? Suponho, ajoelhado e mãos postas, que sim. E descubro em seu sobrenome, Lionel, uma pista, uma luz, um fragmento do tamanho de sua divindade:
Tu, Lionel, és MESSIânico…
Amém!
A FALTA QUE O DRIBLE NOS FAZ
por Zé Roberto Padilha

Não inventamos o futebol. O drible, a finta, a bicicleta, o elástico, o da vaca e usando a perna do adversário, me desculpem os ingleses, fomos nós.
Essa geração de treinadores gaúchos, Dunga, Felipão e Tite, de uma escola de resultados, nada ousados, pois limitados todos foram atuando, praticamente aboliu o drible na seleção brasileira.
De Marcelo a Daniel Alves, que driblavam e apoiavam, levamos Danilo e Militão que não sabem driblar ou ultrapassar. E deixamos no Brasil Guilherme Arana (machucado), de um lado, Rodinei e Marcos Rocha do outro.
Garrincha, o maior dos nossos dribladores, deve estar se contorcendo em seu descanso eterno. Saiu o ranking das equipes que mais driblaram na primeira fase da Copa do Mundo: o Brasil foi apenas o décimo, média de 6,4 dribles por partida.
Média que nosso gênio das pernas tortas realizava a cada dez minutos. Desde que chegou ao Botafogo.
No primeiro treino, na primeira bola que pegou colocou-a entre as pernas do mais famoso jogador da casa e da seleção: Nilton Santos.
Além de zoado, ouviu um conselho:
– Vai deixar, capitão?
Nilton Santos respondeu:
– Não vou deixar. Vou pedir a diretoria para contratar. Melhor ter esse cara do nosso lado do que jogar contra!
E fomos felizes para sempre, ganhamos cinco mundiais, até que os retranqueiros gaúchos chegaram.
Toca, pega, bah!, guri, marca, aperta, tchê!, barbaridade!
COMO O DESTINO DECIDIU A COPA DO MUNDO DE 1994
por Luis Filipe Chateaubriand

Em 1993, a Seleção Brasileira disputava as Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994.
Romário não fazia parte do elenco.
Em um amistoso contra a Alemanha, em 1992, em Porto Alegre, foi colocado no banco de reservas, reclamou e, desde então, não havia sido mais convocado para a Seleção.
A Seleção tinha dois jogos a cumprir: um contra a Bolívia, em Recife, e outro contra o Uruguai, no Rio de Janeiro.
No jogo de Recife, o Brasil fez 6 x 0 na Bolívia, devolvendo, “com juros e correção monetária”, a derrota que tinha sofrido, por 2 x 0, para os bolivianos em La Paz.
Mas Muller, que fazia a dupla de ataque com Bebeto, se machucou, e foi preciso cortá-lo do elenco.
Quem foi chamado para substituí-lo?
Perante um clamor nacional, o escolhido foi Romário!
Romário veio, para o lugar de Muller, para jogar contra o Uruguai.
Fez uma atuação de gala, o Brasil ganhou de 2 x 0 com dois gols dele, e, com isso, classificou-se para a Copa do Mundo de 1994.
E, na Copa do Mundo de 1994, Romário “estraçalhou”, foi o craque do certame, e garantiu o nosso tetracampeonato.
A pergunta que não quer calar é…
E se Muller não tivesse se machucado?
Romário teria vindo para o jogo com o Uruguai?
Romário teria ido ao Mundial?
Provavelmente, não.
Mas estava escrito… Romário tinha de ir, e foi!
O resto é história.
CERTEZA OU CONVICÇÃO
por Idel Halfen

Pela 5ª vez o sonho do hexa não se concretizou e, assim como ocorreu nas vezes anteriores, a caça aos culpados tornou-se a atividade mais popular por parte dos torcedores e da imprensa esportiva.
“O técnico errou ao estabelecer a ordem dos batedores dos pênaltis, jamais o melhor na função, supostamente o Neymar, deveria ser o último a cobrar”.
“O técnico errou ao não recuar o time para garantir o resultado após ter feito 1 x 0”.
“O técnico errou ao escalar um time todo reserva no jogo contra Camarões, pois o resultado ruim transmitiu confiança aos adversários”.
Mas o que falariam se o Brasil tivesse vencido a partida?
Não podemos ignorar que se o Neymar batesse o primeiro pênalti e errasse, seria bem provável que a confiança dos demais ficaria abalada.
Não podemos ignorar que, ao se jogar recuado, o adversário passa a ser mais ofensivo, o que pode incorrer no vazamento da defesa, ainda que essa esteja mais protegida.
Não podemos ignorar que o ato de poupar jogadores minimiza o risco de contusões e punições disciplinares.
Mas ignoramos isso tudo em nome da caça aos culpados, ou responsáveis, como queiram.
E aqui reside o ponto que pretendo abordar: a prepotência das pessoas em se acharem capacitados em assuntos que necessitam de um conhecimento muito maior do que o que efetivamente possuem, sendo que, mesmo que detivessem todo esse conhecimento, a certeza prévia é impossível por se tratar de uma atividade na qual o imponderável é bastante presente.
O tão criticado técnico, seja ele quem for, acompanha treinos, tem uma equipe que o municia sobre o estado fisiológico e psicológico de cada jogador e consegue ser bem remunerado exercendo tal atividade. Será que nós – sim eu me incluo entre os críticos – sem acompanharmos os treinos, sem informações e sem sermos bem ou nada remunerados em função do futebol, temos como atacar de forma peremptória as decisões do treinador?
A resposta parece fácil: evidente que não, ainda que tenhamos o direito a opinar.
O futebol, no caso, serve apenas como um exemplo para nos fazer refletir o quanto pecamos em outras áreas ao nos apegarmos à busca por se ter razão a qualquer custo, negligenciando que esse tipo de atitude traz consigo um risco enorme à própria credibilidade.
Na vida corporativa, por incrível que possa parecer, é comum ver profissionais criticando decisões em assuntos que julgam conhecer, mas cuja capacitação não passa de mera retórica.
Aliás, até na vida pessoal essa postura se manifesta usualmente. A preferência por ter razão, além de não deixar a pessoa evoluir, já que fica arraigada à sua convicção, ainda faz com que fique evidente sua limitação, insegurança e o pior, que sejam “evitadas” em diálogos, conversas e demais situações de interação, afinal, estarão sempre “certas” ou “sertas”.
Evidentemente que o assunto poderia ser explorado com muito mais exemplos até mesmo em relação à Copa do Mundo, porém, creio continuaríamos sem poder precisar o que levam as pessoas a transformarem suas convicções em certezas absolutas.
ELIMINAÇÃO PRECOCE
::::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::::

Antes de falar da eliminação em si, gostaria de fazer uma pergunta: quantas vezes eu bati na tecla que precisávamos enfrentar uma seleção da Europa durante a preparação para a Copa do Mundo?
Pois é, não deu outra! Não enfrentamos e caímos no primeiro duelo que poderia ser perigoso para o Brasil! Isso porque os croatas estão longe de serem os melhores do continente! Será que repetiremos a dose para 2026 e seremos eliminados pela sexta vez seguida por uma seleção da Europa antes da final? Pior que eu não duvido nada! O lado positivo é que não corremos o risco de tomar uma outra goleada histórica de uma França, por exemplo. Para quem não sabe, igualamos o maior jejum de títulos mundiais – os mesmos 24 anos antes da conquista de 94.
Sobre o jogo, o que pude perceber foi uma imaturidade tremenda da nossa seleção, com muitos jovens talentos, mas ainda sem bagagem, e um treinador que não passa confiança alguma. Não existe, em hipótese alguma, tomar um gol daqueles nos minutos finais da prorrogação.
Se repararmos, não fizemos nenhuma grande exibição durante a Copa do Mundo e acho que chegamos até muito longe. Torço muito para que o próximo treinador renove esse time, porque, na minha visão, esses últimos oito anos foram jogados fora por Tite.
Na outra chave, fiquei muito contente com a classificação marroquina! Tenho grandes amigos por lá e, embora a França seja favorita, prevejo um duelo duríssimo valendo a vaga na final. Lideradas por Messi e Modric, respectivamente, Argentina x Croácia também prometem fazer um jogo duríssimo, já que são duas seleções com ss mesmas características. Vamos aguardar!
Por fim, gostaria de ressaltar a minha indignação com o fato de Pelé ter recebido uma homenagem bacana no Catar e, apesar de convidados pela Conmebol, os jogadores 1994 e 2002 (Ronaldo, Rivaldo, Cafu, Kaka e Roberto Carlos não compareceram. Vocês têm noção do quanto isso é preocupante? Se nem o Pelé é digno de respeito e admiração, imagina os meros mortais. Que loucura, acho que esqueceram que quem trouxe a Jules Rimet foram os senhores de 1958, 1962 e 1970!
Pérolas da semana:
“Atacar a bola com leitura de jogo e mental contra um time que tem argumento sincronizado, com uma linha de zagueiro alta para buscar o espaço confortável, dar volume e sustentar o bloco”.
“A partir da temperatura do jogo, o ala tem tendência a chapar a bola com o pé invertido e encaixar os atacantes agudos por dentro na região central, atacando o setor e descompactar seu DNA”.