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A DECISÃO DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1997

por Luis Filipe Chateaubriand

Em 1997, Vasco da Gama e Palmeiras chegaram à grande final do Campeonato Brasileiro com sobras e méritos.

O Vasco da Gama, por ter melhor campanha no campeonato, jogaria com a vantagem de dois empates ou de uma derrota e uma vitória pelo mesmo saldo de gols, para ser o campeão.

O primeiro jogo, realizado no Morumbi, foi enfadonho e chato, e o empate de 0 x 0 fez jus ao que foi a partida.

O que foi significativo: no segundo jogo, no Maracanã, o empate dava o título ao Vasco da Gama.

E veio o jogo no Maracanã!

Ao contrário do primeiro jogo, o segundo foi movimentado e cheio de alternativas, embora com poucas chances de gols.

O jogo chegava ao final, 0 x 0 no placar, o título indo para o Vasco da Gama, quando aconteceu o momento chave da partida.

Aos 45 minutos do segundo tempo, o atacante palmeirense Oséias deu uma cabeçada fulminante para a meta vascaína.

Este escriba, vascaíno e na arquibancada, quase teve um infarto, pois viu a bola entrando…

Felizmente para o escriba, a bola não entrou: o goleiro Carlos Germano fez uma excelente defesa e, com isso, garantiu o título vascaíno.

Depois, foi só festejar: pela terceira vez, o Vasco da Gama era campeão brasileiro!

TUDO QUE SOBROU DA INFÂNCIA

por Paulo-Roberto Andel

O Maracanã, onde minha cabeça rola e não cria limo.

Onde os abraços são sinceros.

Desde muito pequeno, minha vida teve o Maracanã. Eu gostava muito mais do outro, mas o de hoje é o que me resta.

Quantas pessoas sofrendo, doentes ou à beira da morte estiveram nesta noite no Maracanã?

E suas crianças que brincavam e riam, ainda por entender aquele cenário.

Eu, que já vi e vivi muita coisa, nunca tinha sido bicampeão da Taça Guanabara no estádio. Fui pela primeira vez.

Vi pessoas se abraçando, jovens dançando, crianças sorrindo, gritos, cantos.

Vi todos os meus mortos, aqueles que procuro lá há tempos, aqueles que me deram alegrias em campo e os heróis anônimos, que me ofereceram Coca-Cola, sanduíche, biscoito.

Eu procuro meus pais, meus amigos, as pessoas que me abraçavam de verdade e se importavam comigo. A grande nuvem branca de pó de arroz e centenas de bandeiras.

Eu procuro por Edinho, Assis, Cláudio Adão, Rivellino, por Gilberto e Mário, por Miranda e Zezé.

Uma noite de alegria no Maracanã faz a gente esquecer um pouco das dores, da humilhação, da opressão, do sofrimento que não é pouco.

Tudo que sobrou da infância é o Fluminense. Por isso, eu o persigo. Por isso, o Fla x Flu foi glorioso.

@pauloandel

Saudades de um fla x flu

por Zé Roberto Padilha

Jogar futebol e não jogar um Fla x Flu, no Maracanã, é como ser um dançarino que nunca pisou no palco do Teatro Municipal. Vai ser feliz na sua profissão, disputar até a final da Libertadores, mas sem um Fla x Flu…

Vai precisar ler Nelson Rodrigues para entender melhor o que esse clássico representa. Nosso maior dramaturgo nunca entrou em campo, mas foi quem mais captou, como tricolor, a essência dessa obra de arte, ao vivo, que quarta-feira vai ter mais um recital.

Tenho muito carinho por essa foto, Taça Guanabara 74, onde o Fluminense foi vice-campeão. Nela, estão estampados, ao meu lado, três dos seus maiores personagens, Doval, Geraldo e Cleber, que precocemente nos deixaram, e que engrandeceram cada Fla x Flu com sua arte.

Espero que torcedores não briguem, não se hostilizem, como no domingo. Porque clássicos como esse é preciso subir a rampa de joelhos, erguer os braços para os céus e agradecer a Deus por ser ainda disputado aqui.

Porque se descobrirem, alcançarem o seu fascínio, vão levá-lo não para Brasília, mas para Londres, Paris ou Madrid. Aí sim, o último a sair apague os refletores porque o futebol brasileiro, no dia em que perder o Fla x Flu, definitivamente terá chegado ao fim.

PRESIDENTE DA CVM DISPARA: O MERCADO DE CAPITAIS ESTÁ PREPARADO PARA RECEBER CLUBES DE FUTEBOL

Entrevista publicada originalmente na coluna do Ancelmo Gois, do Jornal O Globo

O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, participa, sábado, do XVII Seminário de Gestão de Esporte da FGV, com o apoio do IDP, e que faz parte do Programa FGV/FIFA/CIES em Gestão de Esporte, coordenado pelo advogado Pedro Trengrouse. Na abertura deixará claro: “O mercado de capitais está preparado para receber clubes de futebol”. João Pedro Nascimento bate um papo exclusivo com a turma da coluna.

Dezenas de clubes pelo mundo são listados em bolsa. Ainda nenhum no Brasil. Qual é o potencial de clubes de futebol no mercado de capitais no país?

“Os clubes de futebol durante muitos anos foram organizados como associações e entidades clubisticas. Com a Lei das SAFs, tornou-se possível que a indústria do futebol possa a se revestir da “empresarialidade” necessária para acessar o Mercado de Capitais, seja por meio da abertura do seu capital ou por qualquer das outras alternativas disponíveis para captação de recursos, como por exemplo: captações em regimes de crowdfunding; securitização; emissão de produtos estruturados (como por exemplo CRIs de estádios e/ou de Centros de Treinamento); Fundos de Investimento; DebenturesFUT. E mais: o Brasil tem um enorme potencial para receber a indústria do futebol no Mercado de Capitais, desde as equipes de maior investimento, que podem – por exemplo – se utilizar de IPOs e emissões publicas de valores mobiliários, às equipes de menor investimento, que podem – por exemplo – se utilizar do crowdfunding”.

Cada vez mais pessoas físicas investem no mercado de capitais do Brasil. O número de CPFs na bolsa já passa de cinco milhões. É muita gente mas numa população que supera 200 milhões de pessoas ainda existe bastante potencial de crescimento. Clubes com ações na bolsa ajudariam a popularizar ainda mais o mercado de capitais no Brasil?

“Existe uma oportunidade de ganhos recíprocos e o mercado de capitais também passa a ter um número ainda maior de participantes. Imagina, por exemplo, se a 10% da torcida do Flamengo ou do Corinthians resolverem investir em nestes times de futebol? Seriam quantos milhões de novos CPFs ingressando no mercado de capitais?”

CENAS DE GUERRA

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::

Mais um fim de semana de clássicos e mais episódios de selvageria e violência! Respondam com sinceridade: foi surpresa para alguém a briga das torcidas organizadas de Flamengo e Vasco nos arredores do Maracanã? Todo mundo sabia e o pior é que ninguém faz nada, as autoridades não punem, os jogadores se calam e os dirigentes se escondem. Recebi vídeos horríveis no celular de vândalos chutando um torcedor rival desmaiado no chão.

Há algumas semanas atrás, um amigo meu estava saindo do estádio do Maracanã de carro, com o vidro aberto, e tomou um soco no queixo simplesmente por estar vestido com a camisa do Fluminense. Frequento o Maracanã desde a infância e acho que nunca vi nada parecido com os tempos atuais. Costumava sair dois ou três minutos antes do apito final e agora estou saindo com 15 minutos de antecedência para não tomar nenhum soco ou algo do tipo. Daqui a pouco teremos que sair no intervalo!

Sobre o clássico, fiquei feliz demais com a vitória do Vasco da Gama! Por ter conquistado vários campeonatos no ano passado e contar com alguns jogadores renomados, o time do Flamengo me parece arrogante e isso traz uma motivação extra para o time rival. O Vasco jogou ontem com muita garra e poderia vencido com um placar ainda mais elástico se não fosse o pênalti perdido e as duas bolas na trave de Pedro Raul. Para não se complicar no resto do ano, o Flamengo precisa reformular o seu elenco que reúne diversos veteranos. A torcida já está sem paciência!

Por falar em sem paciência, meu Botafogo sofreu para passar do Sergipe na Copa do Brasil e que papelão fez o dirigente do time da casa. Partiu para cima da arbitragem, incitando a violência e ainda saiu com o rosto sangrando. Nada justifica a violência, em hipótese alguma!

Aproveitei o fim de semana para ver alguns jogos do Campeonato Paulista e do futebol europeu também, me surpreendendo com duas goleadas: Atlético de Madrid 6×1 Sevilla e Liverpool 7×0 Manchester United. Fiquei até com pena do brasileiros Casemiro, Fred e Anhony, que pareciam não acreditar no que estava acontecendo em campo. No Paulistão, o Santos tomou de três do Ituano e foi eliminado de forma vergonhosa. Gostei muito da permanência da Portuguesa-SP, mas fiquei triste pelo rebaixamento do São Bento, onde trabalha meu amigo Luizinho Rangel.

Não poderia terminar a coluna sem homenagear três pessoas muito queridas que nos deixaram neste fim de semana: Romualdo Arppi Filho, um árbitro educado e que era impossível brigar com ele, Lula, uma das lendas do Lagoa, do futebol de praia, e Sueli Costa, grande compositora. Muita força para os familiares!

Pérolas da semana:

“Ligação direta com leitura de jogo na linha de cinco ou de quatro, no último terço do campo centralizado, com rotação que traz consistência e dita a frequência para encaixar o falso nove que bate na cara da bola”.

“Linha baixa com intensidade de jogo alta para zerar a segunda bola do campo vivo e encontrar os dois alas que procuram identidade com o selo de referência”.

“O navio já partiu com conjuntura e se perdeu na contramão. A ideia de jogo faz o time ser competitivo, mas balança racional faz o time perder a confiança”.