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arturzinho ou rei artur?

por Luis Filipe Chateaubriand

Artur dos Santos Lima, ou Arturzinho, foi um futebolista brasileiro que atuou entre meados dos anos 1970 e início dos anos 1990.

Carioca, começou sua carreira no São Cristóvão, tendo se transferido, logo em seguida, para o Fluminense.

Então, começou um périplo por diversos clubes brasileiros, como o Operário de Mato Grosso do Sul, o Internacional de Porto Alegre, o Bangu, o Vasco da Gama, o Corínthians, o Botafogo, dentre outros.

Ponta de lança que era, tanto preparava as jogadas para os artilheiros marcarem seus gols, como ele mesmo os marcava com frequência.

Teve seus melhores momentos no Bangu – quando este era clube grande – e no Vasco da Gama.

No Vasco da Gama, fez dupla com Roberto Dinamite, o que o levou a ser vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1984 – sendo superado, apenas, pelo próprio Roberto Dinamite.

Mas seu grande momento foi no feriado de Sete de Setembro de 1983, quando formava no Bangu, e o clube alvirrubro se confrontou com o Flamengo.

Os banguenses aplicaram uma sonora goleada de 6 x 2 nos rubro negros, e Arturzinho teve atuação de gala – não se diga que só faltou fazer chover porque, inclusive, choveu naquela tarde / noite no Maracanã.

Em determinado momento, um torcedor do Bangu, entusiasmado com a atuação de Arturzinho, invadiu o gramado com uma coroa feita de papelão e, então, colocou a coroa na cabeça de Arturzinho.

Nesse momento, estava proclamado que Arturzinho era o Rei Artur!

Na Seleção Brasileira, jogou poucas vezes. Mas não há dúvidas: tratava-se de um senhor jogador de futebol! 

A DURA MISSÃO DE UM CAPITÃO

por Zé Roberto Padilha

Depois de anos com a camisa 11, no Americano FC, em 1983, aos 32 anos, descobri as delícias de usar a 10. Sérgio Pedro fazia o papel que exerci de ajudar na marcação. Se foi bom no campo, fora dele sofri com a braçadeira que herdei de capitão.

Penúltimo jogo do estadual, estava marcada uma viagem sábado para o Rio, hospedagem no Hotel Novo Mundo e jogo domingo contra o Bangu. Seria cumprir tabela, Bangu e Americano não disputavam o título nem corriam o risco de cair.

Como estavam atrasadas as gratificações, tive a ideia de viajar no dia da partida, domingo, e o dinheiro ecnomizado da hospedagem reverteria para nos pagar. Reuni o elenco, dei a ideia e a levaria para a diretoria.

E me surpreendi com a resposta dos dois. Como tinha que ter unanimidade entre os jogadores, dois deles (foto), Zé Carlos e Maciel, emprestados pelo Flamengo, não aceitaram. Alegaram que seriam observados. Mas, da diretoria do clube, não entendi a recusa. Viajar de Campos ao Rio nunca nos atrapalhou atuar.

Viajei inconformado, todo mundo ia sair de férias sem receber e aquela viagem resolveria em parte nosso problema. Durante o trajeto, vazou o real motivo dos jogadores: haviam marcados encontrar com as namoradas no Rio. Estavam com saudades.

Pior foi quando deixei o quarto e fui tomar meu Ovomaltine, no Bob’s, porque era viciado e Campos não tinha uma franquia naquela época. Notei que não tinha nenhum diretor vigiando nossa saída. E eles eram implacáveis nessa vigília. E perguntei na recepção:

– Cadê os homens?

– Estão no Asa Branca, show da Alcione. Tinham mesas reservadas há semanas…

Até aquela data sabia que éramos usados como válvula de escape, de “O pio do povo”, segundo Millôr Fernandes, mas nunca como o pretexto de Tróia. Pois os cavalos subiram para seus quartos, dois deles saciados de saudades das namoradas e sem vergonha na cara, e os soldados invadiram um cabaré de luxo para assistir Alcione.

As gregas, pobre coitadas, que se uniram aos cartolas campistas, ficaram em Campos, com bandeiras desfralfadas e filhos na cama, e antes de dormir rezaram por um resultado positivo.

A terceira porrada veio no campo: Bangu 1 X 0 Americano. Acho até que foi pouco.

DECISÃO EQUIVOCADA

por Zé Roberto Padilha

Tem que ser muito incompetente para demitir um treinador que, das três competições que foi chamado a disputar, venceu duas. E classificou o Flamengo para a final do Mundial de Clubes.

Não demitem o treinador quando perdem? E quando vão demitir os dirigentes responsáveis por sua saída?

Vitor Pereira não tem culpa de nada. Não conhecia o elenco, a ponto de tirar o Arrascaeta e o Éverton Ribeiro quando mais o time precisava de criação.

E Pulgar foi a piada final que simboliza toda a tragédia vivida pela nação rubro-negra. Uma covardia com a sua história.

Alguém tem que pagar essa conta, e ele é o diretor de futebol. E o presidente. Dois incompetentes. E irresponsáveis.

SAF – FORMAR, VENDER, TALVEZ VENCER

por Idel Halfen

Com o advento da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) alguns grupos internacionais, já proprietários de times em outros países – multi-club ownership –, estão adquirindo participações em clubes brasileiros.

Que a SAF, independentemente das falhas de modelagem, aparece como tábua de salvação para a maioria dos clubes endividados no Brasil ninguém tem dúvida, no entanto, é importante não criar a expectativa de que com ela o time passará a ser favorito a conquistar todos os títulos expressivos que disputar. Sim, somos torcedores, a esperança move nossas crenças e motivações, mas, mesmo apaixonados, não podemos abrir mão da razão. É preciso procurar entender a lei.

Essa estabelece que o clube associativo fica com a incumbência de sanar as dívidas trabalhistas, fiscais e esportivas, cabendo à SAF, responsável pela gestão do futebol, a obrigação de repassar 20% de suas receitas – não incluídas aqui as auferidas através da venda de jogadores – para o clube poder arcar com os débitos cíveis e trabalhistas. 

Mas, então, como serão pagas as dívidas fiscais e esportivas? Se entendermos a SAF como sucessora, é de se esperar que esses débitos recaiam sobre ela.  

Não precisa ser um grande financista para perceber que para esses grupos, diante das verbas investidas, a operação só será lucrativa através da comercialização de jogadores, o que faz com que os melhores sejam negociados antes mesmo de poderem proporcionar ganhos esportivos aos seus times brasileiros.

Piora a situação, o fato de que muitos desses grupos abrigam em seus portfólios clubes europeus em ligas mais valiosas, ou seja, possuem vitrines mais “eficazes”.

Por mais identificação e carinho que os principais acionistas dos grupos tenham por seus respectivos clubes, eles jamais poderão abrir mão dos objetivos que os fizeram aportar dinheiro na aquisição: remunerar o capital que aplicaram, até porque, muitos são fundos constituídos de investidores que nem sabem o que é gol, mas querem retorno do que investiram.

Saindo da esfera do futebol, temos no mercado corporativo centenas de situações em que uma mesma empresa opera através de suas filiais em outros países sem que haja um padrão de atuação. Em alguns têm fábrica, em outros terceiriza a produção ou importa os produtos acabados. A formulação, a embalagem e até os nomes podem variar para atender às necessidades do consumidor local, isso sem falar no portfólio que sofre a influência da conjuntura socioeconômica do país. 

O parágrafo acima tem como intuito mostrar que numa economia cada vez mais globalizada, as empresas precisam equacionar seus recursos, de forma obter o melhor resultado possível para o grupo/holding, ainda que em algumas regiões os desempenhos sejam inferiores a outros. 

Assim também é no futebol. Os recursos dos grupos devem ser alocados baseando-se na busca pela composição ótima de retorno, seja ele através de premiação, venda de jogadores ou demais receitas recorrentes que possam ser influenciadas pela gestão do time.

O artigo, é bom ressaltar, não condena os clubes que optaram pelo modelo de SAF ao fracasso, longe disso, na verdade, a SAF foi a salvação. O que se pretende mostrar aqui é que, da forma que a lei foi promulgada, os clubes não podem ter pretensões tão ambiciosas quanto à esperança do torcedor.

de mal a pior

::::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::

Se quem viu os áureos tempos do futebol brasileiro sofre com o nível técnico atual, imagina quem esteve dentro de campo fazendo a torcida sorrir os 90 minutos? Pois é, amigos! Clodoaldo, Lima, Mengálvio, Edu, Abel e Manoel Maria honraram a camisa do Santos e devem sofrer com o time atual do Peixe, lanterna do Grupo A do Campeonato Paulista, atrás de Bragantino, Inter de Limeira e Botafogo-SP. Para se ter noção, o alvinegro empatou com São Bernardo, Ferroviária, Água Santa e perdeu para o Palmeiras no último fim de semana. Peguei o Santos como exemplo, muito pela minha relação com o clube. Embora nunca tenha atuado por lá, sempre gostei muito do Peixe e, na infância, cansei de torcer por Pelé e cia. Mas a verdade é que esse “vírus” ataca o futebol brasileiro como um todo. Se antes cada clube tinha pelo menos três craques fora de série, hoje não temos mais nenhum no Brasil. Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Vasco, Fluminense, Botafogo, Flamengo… Nenhum desses! E olha que a imprensa vive tendo emplacar um novo craque, quando surge um menino que faz duas ou três embaixadinhas. No meu Botafogo, por exemplo, bastou o Jeffinho fazer algumas boas partidas que já se transferiu para a Europa. Torço muito pelo sucesso do garoto e consigo enxergar um potencial, mas precisamos ter calma antes de taxá-lo de craque. Talvez o último jogador um pouco diferente dos demais seja o Vinicius Jr., que vem sendo alvo de ataques racistas na Espanha. Por perder as contas das inúmeras vezes que fui ofendido no Maracanã, tenho propriedade para falar que a melhor resposta dentro de campo, aplicando chapéu, caneta e metendo gol! Por falar em futebol europeu, acompanhei a rodada do Campeonato Inglês e, como um bom fã das zebras, celebrei as derrotas de Arsenal, Manchester City e Liverpool. É bom o Arsenal abrir o olho para não perder a vantagem que construiu nas primeiras rodadas. Não poderia terminar a coluna sem homenagem a querida Glória Maria, lenda da TV brasileira que nos deixou recentemente. Se Angela Davis é uma grande ativista pelos direitos dos negros e das mulheres, via a Glória Maria como a maior repórter negra, referência para muitos talentos. Deixou um legado gigantesco e um vazio enorme em nossos corações! Descanse em paz!

Pérola da semana:

“Para explorar o X1, o central aciona o jogador de beirinha através da ligação direta e espeta as linhas de quatro ou cinco com a bola viva por dentro para atacar os espaços”.

“Com intensidade e consciência, o time consegue ser explosivo na diagonal e na vertical para surpreender o adversário no último terço do campo, centralizando a segunda bola”.

Geraldinos, haja saco e paciência para entender tantas asneiras dos analistas de computadores!