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DESCONTROLE EMOCIONAL

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::::

Nunca escondi minha admiração pelo trabalho de Fernando Diniz, mas acho que ele está jogando tudo por água abaixo por conta de seu temperamento. Essas caras e bocas não ajudam em nada. E o pior que ele e Abel Ferreira, do Palmeiras, são dois nomes cogitadíssimos para assumir o comando da seleção brasileira. O descontrole emocional de Abel durante a partida contra o Flamengo foi patético. Será que o departamento de psicologia do clube o convoca no dia seguinte para rever as imagens? Isso acaba influenciando no comportamento dos jogadores.

Ele, Fernando Diniz e os integrantes das duas comissões técnicas vivem sendo expulsos. Que chatice! E a estratégia de Fernando Diniz precisa ser revista. Se formos comparar o Botafogo venceu o Fluminense da mesma forma que o Palmeiras venceu o Flamengo, com uma defesa sólida e saídas rápidas no contra-ataque.

Flamengo e Palmeiras jogam de forma ofensiva, mas o Verdão me parece ser mais jovem e se recompõe muito mais rápido quando perde a bola. Dorival fazia isso muito bem, mas foi dispensado sabe-se lá por quais razões. Sem João Gomes o Fla perdeu muita força e Gerson, Arrascaeta e Everton Ribeiro não marcam ninguém.

E pela rodada na Europa nota-se que camisa já não impõe tanto respeito. A Juventus perdeu para o Monza em casa, o Milan foi goleado pelo Sassuolo, o Brighton venceu o Liverpool e o PSG empatou com o Reims. Aí vem aquela turma, assim como Gabigol falou após a derrota, dizer que é início de temporada e a filosofia do novo treinador ainda não foi incorporada. Mas a imprensa adora ser enganada, eu tô fora.

Por fim, gostaria de expressar a minha indignação com o empréstimo do garoto Jeffinho para o Lyon na véspera do fechamento do mercado. Um jovem com enorme potencial…

Pérolas da semana:

“Com o objetivo de empurrar o adversário para o precipício com intensidade, o treinador espaça seus alas pelas beiradas do campo e busca travar a bola viva, estancando a sangria do time com o jogador agudo que faz a leitura sob a linha de quatro centralizada”.

“O zagueiro espetado na transição se esparrama por dentro para destravar o jogo encaixado e quebrar a segunda bola. Assim, consegue bater um mano com o adversário incisivo na linha terminal em diagonal”.

QUEM LIBEROU ESSES CARAS?

por Zé Roberto Padilha

Quando o futebol arte predominava, ninguém tirava os olhos de campo para prestar atenção nos treinadores. Conheciam o seu lugar e sabiam que eram coadjuvantes e, como diretores teatrais, ensaiavam durante a semana. E não ficavam ao lado do palco para tirar o improviso dos artistas. Apenas no intervalo corrigia uma fala. Ou uma jogada.

Aí o nível técnico cai e um infeliz cria o burródromo. Um lugar demarcado para que um ser estranho passe a fazer parte do jogo. Nenhuma grande mexida tática foi feita ao vivo, diante dos nossos olhos. Jogador desconhece. Alguns comentam baixinho: quem deixou esse cara ali em pé?

Todo esse preâmbulo para mostrar o quanto esse treinador do Palmeiras, Abel Ferreira, pode atrapalhar um clássico de alto nível. Ele que está passando nervosismo e inconformismo aos seus jogadores ao reclamar de tudo. E olha que o árbitro é o melhor do país.

Sua falta de equilíbrio pode criar um clima de extrema animosidade nessa decisão. E nos privar, como torcedores de outros clubes, de assistir uma grande partida de futebol.

Que tal uma campanha para levar essa gente de volta ao banco de reservas? Um lugar que Telê Santana, Parreira, Zagallo, Evaristo de Macedo jamais deixaram para mostrar sua competência e intervir no talento alheio.

Aí o Dunga apresentou a grife da filha, o Cuca fez um castelo de copos de água mineral, o Joel inova e leva uma prancheta como alegoria de mão. Até um dia em que um fotógrafo aumentou o zoom e o pegou fazendo um jogo da velha…

Ali, acreditem, tudo é farsa , tudo é falso, tudo é marketing. E nada soma ao mundo da bola.

paulo roberto falcão x cláudio coutinho

por Luis Filipe Chateaubriand

Um fato que está presente na história do futebol brasileiro é que, na Copa do Mundo de 1978, na Argentina, o técnico da Seleção Brasileira, Cláudio Coutinho, não levou o volante Paulo Roberto Falcão, do Internacional, para a Copa.

Preferiu, ao invés disso, levar o volante “brucutu” Chicão, do São Paulo, no lugar do colorado.

A pergunta que não quer calar é: o que fez com que Coutinho “abrisse mão” da qualidade técnica estupenda de Falcão?

Tudo se resume a um fato bem simples.

Falcão deu declarações públicas, à época, externando sua preferência, para técnico da Seleção, por Rubens Minelli, seu técnico no Internacional no bicampeonato brasileiro de 1975 e 1976 e novamente campeão brasileiro em 1977, desta vez pelo São Paulo.

Falcão era fã de Minelli, da maneira que este armava os seus times.

Obviamente, Coutinho não gostou da declaração de preferência por outro treinador.

Militar que era, julgou o fato como insubordinação, e não convocou Falcão para a Copa.

No que, aliás, está certo, porque não é função do jogador de futebol emitir palpites sobre quem deve ser o técnico da Seleção Brasileira.

O fato é que, assim, não pudemos contar com o prodigioso futebol de Falcão na Copa e, com certeza, fez muita falta.

QUARENTA ANOS SEM GARRINCHA

por Péris Ribeiro

Cena de cinema. Garrincha, o maior personagem da Copa, acompanha o acrobático voo de Schroif, notável goleiro tcheco

Toda a vez que falarmos em Copas do Mundo, será sempre de bom tom que nos lembremos das façanhas de um certo gênio cambaio. Um jogador desconcertante. Um admirável encantador de plateias. Mas, bem mais do que isso, um jogador imarcável !

E as lembranças ganham mais força ainda, se nos reportarmos à Copa de 1962, realizada aqui do lado, no Chile. Justamente a famosa Copa em que, jogando por ele – o que já não era pouco – e também por Pelé – o gênio machucado -, Garrincha foi mais Garrincha do que nunca.

Aliás, só por isso o Brasil sairia dali Bicampeão. E ele, Garrincha, acabaria consagrado como o Maior Jogador daquela Copa disputada aos pés dos Andes.

Sem dúvida, uma épica façanha. Sem dúvida, um Bi para ficar na história.

VENCER OU VENCER

por Elso Venâncio, o “repórter Elso”

Uma década depois de Francisco Horta criar o slogan “Vencer ou Vencer” para a verdadeira máquina de jogar futebol que ele montou para o seu Fluminense, surgiu um time com técnica, raça e fome de vitórias que prontamente se identificou com a frase do “Presidente Eterno”.

Romerito era o grande ídolo. Jogador indicado pelo ‘Capita’ Carlos Alberto Torres, o meia levara o Paraguai a conquistar a Copa América de 1979, aos 19 anos de idade, e logo depois teve uma passagem pelo Cosmos, de Nova York, onde jogou com Pelé e Beckenbauer, antes de chegar às Laranjeiras, no começo de 1984. Com ele na equipe, o Tricolor, que ainda comemorava o Carioca de 1983, estava pronto para novos desafios e conquistas.

Paulo Victor, Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Assis; Romerito, Washington e Tato (Paulinho). Esse era o esquadrão. Apenas Aldo, excelente lateral que, inclusive, cruzou para Assis marcar de cabeça contra o Flamengo na decisão de 1984, não chegou à seleção. Já Romerito, o craque, eleito melhor jogador sul-americano em 1985, era o destaque da ‘La Albirroja’.

Tri carioca em 1983, 1984 e 1985, o time obteve vitórias marcantes sobre o Flamengo. Com direito a gols decisivos de Assis sobre o rival tanto em 1983 como no ano seguinte.

Delei era o maestro. Washington e Assis, o ‘Casal 20’. Com eles, o clube conquistou o Brasileirão de 1984 na decisão contra o Vasco. No primeiro jogo, vitória de 1 a 0, gol de Romerito. Na volta, empate em zero a zero.

O jogo da afirmação deu-se contra o Corinthians. Vitória por 2 a 0, em pleno Morumbi, também numa semifinal, assim como em 1976, afastando de vez as lembranças daquela antiga e favorita ‘Máquina Tricolor’, que havia sido derrotada nos pênaltis no histórico dia em que a Fiel invadiu o Rio de Janeiro.

Na época, o Fluminense tinha forte representação nos bastidores. João Havelange, Braguinha, Nuzman, Dilson Guedes, Carlos Eugênio Lopes, o Carlo, Newton Graúna, José Carlos Vilella – o ‘Rei do Tapetão’ – e o Presidente Manoel Schwartz. Apostando no jogo fora de campo, uma decisão errada impediria o tetracampeonato estadual.

Particularmente, acompanhei de perto isso. Nesses anos, fui setorista do clube, escalado pela Rádio Globo.

Alegando dengue generalizada e com a concordância do Dr. Arnaldo Santiago, o time não foi a Campos dos Goytacazes enfrentar o Americano. Dois personagens se uniram para controlar o futebol carioca e brasileiro: Eduardo Viana, popularmente conhecido como ‘Caixa d’Água’, e Eurico Miranda, então vice de futebol do Vasco. Ambos articularam a confirmação do W.O. no “Tapetão”, impedindo a melhor equipe da competição de alcançar a finalíssima.

Outros títulos seriam conquistados na década de 80. Porém, um desmanche aconteceu no esquadrão tricolor logo após as eleições para a Presidência do clube. José Carlos Vilella foi derrotado por Fábio Egypto, dirigente que vinha do basquete. Vilella queria craques. Egypto, conservador, preocupava-se com a recuperação das finanças. Como resultado direto disso, nos anos seguintes a torcida amargou uma impressionante seca de títulos. Dez longos anos!

O grito de campeão voltou quando Renato Gaúcho venceu Romário, então melhor jogador do mundo, marcando de barriga o gol do título carioca em 1995. Esse jogo, vencido pelo time das Laranjeiras por 3 a 2, é considerado o maior Fla-Flu da História. Confronto que, como diria Nelson Rodrigues, foi “presenciado por tricolores mortos e vivos no Maracanã”.