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O FEITICEIRO

1 / julho / 2024

por Elso Venâncio

O treinador paraguaio que lançou futuros ídolos, como Dida, Evaristo, Zagallo e Zico

O paraguaio Fleitas Solich foi um dos maiores técnicos da história do futebol. O ‘Feiticeiro’, como era chamado, surgiu jogando com estilo elegante no meio de campo do Nacional, de Assunção. Por esse clube, se destacou a ponto de ser convocado para a seleção do seu país aos 18 anos de idade. Líder nato, três anos depois, tornou-se capitão e treinador da seleção paraguaia. Ídolo no Boca Juniors, uma contusão o afastou dos gramados. Assim, abraçou de forma precoce a nova carreira, dirigindo o mais popular clube argentino antes de comandar o Paraguai na Copa de 1950. Depois, levou o Paraguai ao título da Copa América de 1953, vencendo a seleção brasileira, na final, por 3 a 2.

O Flamengo sofria com um jejum de oito anos sem título. Não era campeão desde o primeiro tricampeonato estadual (1943/1944/1945), conquistado sob o comando de Flávio Costa. O presidente Gilberto Cardoso contratou Fleitas Solich, que de imediato lançou três jovens: os alagoanos Dida, ídolo de Zico, e Zagallo, que veio do América, além de Evaristo de Macedo, comprado junto ao Madureira. Vale dizer que Dida é o segundo maior artilheiro do clube, com 253 gols marcados. Apenas Zico o supera, com 523.

O Flamengo embalou com Solich, conquistando mais um tricampeonato (1953-1954-1955). O inventor do esquema 4-2-4 chegou a ser cotado para comandar o Brasil na Copa de 1958, na Suécia, porém o escolhido pela CBD, a antiga CBF, foi o paulista Vicente Feola. Solich dirigiu, então, o poderoso Real Madri de Puskas, Di Stéfano e Cia., em 1959, conquistando a Liga dos Campeões. Depois, passou pela Seleção do Peru, pelo River Plate e, ao voltar ao futebol brasileiro, dirigiu Corinthians, Palmeiras, Atlético Mineiro, Bahia e Fluminense.

Na decisão do Campeonato Carioca de 1963, novamente a agonia de um Flamengo sem títulos havia oito anos. No Fla-Flu, dois personagens, rivais declarados, frente a frente. Flávio Costa, de volta, e Fleitas Solich, agora no tricolor. No empate em zero a zero, o Flamengo ficou com o título, por ter melhor campanha. O clássico registra até hoje o maior público da história, entre clubes de futebol. No total, 194.603 presentes, com 177.656 pagantes.

Em seu último trabalho na Gávea, Solich, no ano de 1971, lançou o magricela Zico, aos 18 anos de idade, como titular, na vitória de 2 a 1 sobre o Vasco. Com 504 jogos, o paraguaio é o segundo técnico que mais dirigiu o Flamengo. Só perde para Flávio Costa, com 765 partidas.

A Federação Paraguaia entrega aos melhores do ano a medalha ‘Mérito Esportivo Manuel Fleitas Solich’. O ‘Feiticeiro’ faleceu em 1984, aos 83 anos de idade, sendo sepultado no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro.

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