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O CANHÃO DA ILHA

18 / janeiro / 2021

por Valdir Appel


Eu tive a oportunidade de jogar contra alguns dos principais batedores de faltas do Brasil, entre eles Rivellino, Zico, Paulo Cezar Caju, e treinar contra aquele que tinha o chute mais potente que eu já vi no futebol brasileiro. Ele veio do Recife onde fora apelidado de “Canhão da Ilha” pela torcida do Sport, para o América do Edu.

Foi precedido no Rio pelo seu irmão mais famoso, o Manga, goleiro do Botafogo. 
Foi contra o Fluminense, num jogo realizado nas Laranjeiras que eu presenciei o estrago que a perna direita do zagueiro era capaz de fazer. Em três oportunidades, Jairo, goleiro tricolor, ajeitou a barreira do lado direito da sua meta. 

Alemão que tomava uma distância quilométrica para chutar, nas duas primeiras tentativas, mirou e acertou o mesmo homem na barreira, colocando-o a nocaute.

Na terceira cobrança Jairo só escutou o barulhinho que a bola faz ao estufar as redes. 

A bola passou no meio da barreira.  

O homem da barreira que levou as duas primeiras porradas se agachou permitindo passagem para o pombo sem asas. 

Afinal, era louco, ma non tropo. 

Posteriormente esta arma mortal foi anulada pela esperteza do jogador Almir, que inventou a barreira antes da bola. 

Sabendo que a coordenação e a precisão do chute do pernambucano dependiam exatamente da distância que ele tomava, Almir posicionou-se nove passos antes da bola, obrigando o zagueiro a desviar do obstáculo antes de chegar para o arremate, perdendo assim a sua eficiência e potência. 
Esta prática passou a ser adotada por todos os adversários do Mequinha e os chutes do Alemão nunca mais foram os mesmos. 
Mas, ainda haveria uma mostra da potência do seu chute. 

O Torneio Início carioca de 1966 foi decidido em cobranças de pênaltis pelo Fluminense e América. 

Na época, cada cobrador batia uma série de três penalidades máximas. 

Assim, Gilson Nunes, pelo Fluminense, e Alemão iniciaram a disputa. 

Gilson, habilidosíssimo na perna esquerda, batia firme e colocado longe do alcance do goleiro Ari. 

Bola num canto, goleiro no outro. 
Alemão, se colocava antes da meia lua da grande área. Partia em velocidade e disparava um bólido no meio do gol.

Edson Borracha não esboçava sequer a defesa. A bola simplesmente o atravessava. 

O público, no Maracanã, delirava. 

Não me lembro quantas séries cada um cobrou. O único pênalti perdido pelo Alemão e que determinou a vitória do time das Laranjeiras, foi no mínimo extraordinário. 

A bola chutada subiu alguns centímetros e chocou-se violentamente contra o travessão, indo parar no meio de campo.

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