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NÃO SE SERVE MISTO FRIO EM RESTAURANTE CINCO ESTRELAS

17 / abril / 2017

por Zé Roberto Padilha


(Foto: Reprodução)

Pobre do torcedor do Botafogo, foi o ultimo freguês deste cardápio insosso que tem sido servido ultimamente pelos clubes que ascenderam a Copa Libertadores: misto frio. No lugar de serem premiados com pratos renomados que aqueçam suas paixões, são punidos com sandubas frios e improvisados, como a frágil equipe escalada ontem para enfrentar o Vasco na decisão da Taça Rio. A fome de títulos da gloriosa estrela da casa Nilton Santos não pode ser alimentada com uma salada de batatas em que você coloca uma pitada de Bruno Silva e acha que ela alcançará o sabor da vitória. No mínimo, há de ser preservada o fino paladar sempre servido em campo ao longo da sua gloriosa história.

O desrespeito maior é subestimar o entrosamento. Para isto existe uma pré temporada, onde vários ingredientes são colocados à disposição do mestre cuca Jair Ventura. Vegetais das divisões de base, Pimpões de safras passadas e carnes frescas do mercado são colocadas à disposição para que ele encontre uma consistente textura. E agrade a massa. Mesmo com alguns desfalques, que seu molho chegue ao ponto até o Campeonato Brasileiro e cause indigestão nos adversários. Não no Guilherme, meu filho, que divide sua paixão alvinegra com o Real Madrid e foi ontem literalmente desrespeitado. Mal servido por um time desentrosado e mal escalado quando disputava não uma pelada, mas uma importante taça. Quem disse, afinal, que o título carioca é de menor importância diante dos outros?


(Foto: Reprodução)

Mesmo porque a Colômbia é logo ali, não justifica ser erguida uma faixa de gaza entre titulares e reservas. Ela já foi distante no tempo do Manga, do Rogério e do Rildo, em que o quadrimotor da Varig levava cinco horas de viagem. Agora não, pela metade do tempo e o dobro do conforto nossos jogadores são transportados. É possível, como sempre foi, jogar no domingo, viajar na segunda, descansar na terça e enfrentar os adversários na quarta. O torcedor sabia de cor seu time titular, que quanto mais jogava, mais se entrosava. E reserva sempre foi reserva, vai ficar de molho até encorpar o sabor, ganhar sustância para depois merecer fazer parte da iguaria que teve Garrincha. Ser figurinha cobiçada em um álbum que tinha também Gérson, Roberto e Jairzinho.


(Foto: Reprodução)

Passo na banca e leio há pouco: Taça Fabulosa. Poderia até ser o prato principal no cardápio esportivo de hoje, o Vasco não tem culpa de nada, escalou quem tinha de melhor e venceu com todos os méritos. A indigestão fica para quem, como meu filho, aprendeu a frequentar um restaurante cinco estrelas e, em plena páscoa, lhe servem um misto frio em um prato morno numa tarde fria de domingo. Que vai precisar logo da quarta para ser digerida e esquecida.

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