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Jair Ventura

DAVI CONTRA GOLIAS

por Marcos Vinicius Cabral e Rafael Evangelista


Há uma passagem na Bíblia que conta a história do povo israelita e do filisteu.

Nela, havia um gigante filisteu, chamado Golias, que sempre zombava dos israelitas.

Fez isso por intermináveis 40 manhãs e 40 tardes.

– Escolham um homem para lutar comigo. Se ele vencer e me matar, seremos seus escravos. Mas, se eu vencer e o matar, vocês serão nossos escravos. Desafio vocês a escolherem alguém para lutar comigo – disse o gigante, desafiando o povo de Israel.

Indignado, Davi perguntou aos soldados:

– O que ganhará o homem que matar este filisteu e livrar Israel da vergonha?

– O nosso Rei Saul dará ao homem muitas riquezas e sua filha em casamento – disse um desolado soldado.

Mas todos os israelitas estavam com medo de Golias, porque ele era muito grande, com uns três metros de altura.

Ciente do desafio à frente, o pequeno Davi aceitou o desafio.

Com isso, alguns soldados foram contar ao Rei Saul, que Davi queria lutar contra Golias.

– Mas Saul, não pode lutar contra este filisteu. Você é apenas rapaz, e ele foi toda a vida soldado – alertou o Rei de Israel.

Com pequenos feitos, Davi respondeu:

– Matei um urso e um leão que haviam levado ovelhas de meu pai. E este filisteu será como um deles.

Diante da insistência do pequeno soldado, o Rei Saul desejou-lhe sorte.

E então, Davi se foi.

Desceu um riacho para apanhar cinco pedras lisas, que pôs na sua bolsa. Depois tomou a funda e foi ao encontro do gigante. Vendo Golias, quase não acreditou, tamanho o susto com seu tamanho.

– Venha para cá, eu vou dar seu cadáver às aves e aos animais – esbravejou o gigante filisteu.

Então, Davi correu em direção a Golias. Tirou uma pedra da bolsa, colocou-a na funda e atirou-a com toda a força. A pedra acertou em cheio a testa de Golias e ele simplesmente caiu, com o rosto no chão. Davi foi até Golias e, usando a espada daquele gigante, decepou a cabeça dele.  (1 Samuel 17:48-51)

Vendo os filisteus que seu campeão havia sido morto, todos fugiram. Os israelitas correram atrás deles e venceram a batalha.

E não seria exagero ressaltar, que alguns “Davis” vencessem alguns “Golias”, em confrontos inimagináveis.

Na Copa da Espanha, em 1982, quem depositaria alguma esperança de vitória na Itália de Enzo Bearzot, diante do Brasil de Telê Santana, que encantou o mundo?

Resultado: 3 a 2, com três gols do camisa 20 da Azurra, o carrasco Paolo Rossi.


Em 1989, quem apostaria no desacreditado Botafogo, na final do Campeonato Carioca daquele ano?

Resultado: Depois de uma fila de 21 anos sem títulos, o Botafogo se sagrou campeão carioca invicto, de 1989  em cima de um timaço do Flamengo que tinha Jorginho, Aldair, Leonardo, Zinho e Bebeto – todos tetracampeões – mais Zico. O gol salvador, e polêmico, do ponta Maurício, marcado aos 12 minutos do segundo tempo, deu o título tão sonhado à torcida do Fogão.


No Campeonato Brasileiro de 1992, os favoritos ao título eram Botafogo, São Paulo e Vasco.

O Flamengo, que contava com várias pratas da casa na competição, como Júnior Baiano, Gélson Baresi, Piá, Fabinho, Marquinhos, Marcelinho, Paulo Nunes, Djalminha e Nélio, enfrentava a forte equipe alvinegra, com jogadores experientes, e em grande fase, como: Renato Gaúcho, Valdeir, Carlos Alberto Dias, Válber e o zagueiro do Tetra, Márcio Santos.

Resultado: Com uma vitória maiúscula por 3 a 0 no primeiro jogo, com todos os três gols marcados ainda no primeiro tempo, e um empate em 2 a 2 no segundo, a equipe rubro-negra, sob a regência do Maestro Júnior, sagrava-se pentacampeã daquele ano.


E assim, com carreiras distintas fora das quatro linhas, quisera o destino, que o pequeno Davi (Jair Ventura), enfrentasse o Gigante (Renato Portaluppi).

Em jogo válido pelas quartas de final da Taça Libertadores da América, Botafogo e Grêmio se enfrentam na primeira batalha de um jogo de 180 minutos, e a luta é pela sobrevivência na competição. 


Só que dessa vez, o garotinho que tirou uma foto ao lado do ídolo na infância tem a chance de derrubar aquele que um dia lhe pareceu gigante, mas não usando uma pedra, e sim a cabeça; Jair é reconhecidamente, um dos melhores técnicos da nova safra de treinadores brasileiros, junto com Fábio Carile, Zé Ricardo e tantos outros ex-auxiliares que ganharam uma oportunidade como interinos e foram efetivados; Ventura tem como uma de suas principais qualidades, o poder de persuasão, tranquilidade e bom diálogo com os jogadores, fazendo ajustes precisos durante o jogo e, principalmente, no intervalo das partidas, fruto das anotações que faz no seu bloquinho.

O Botafogo vem embalado por uma vitória por 2×0 em cima de seu arquirrival, o Flamengo, e o Grêmio vem de derrota para o Vasco. A confiança é fator chave nesses momentos, e o Botafogo busca forças no bom retrospecto nessa edição da maior competição do continente.

Quem sairá vencedor nessa primeira batalha entre Davi e Golias? Vamos aguardar os primeiros 90 minutos desse jogo eletrizante! 

XENO….SEI LÁ!

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Nana Moraes)

No calçadão, não tenho como fugir das questões futebolísticas do momento. Mas já estou vacinado e minha paciência até que anda em dia. “PC, e essa história de xenobofia, xeno, sei lá, alguma coisa dessas que o Jair Ventura vem sendo acusado?”.

Tirei onda porque um dia antes recorri ao dicionário para saber do que se tratava. “Xenofobia”, corrigi! Olha, nunca tive papas na língua e sofri toda a minha carreira com o racismo. Sofri, não, enfrentei porque nunca fui de abaixar a cabeça, tanto que fui condecorado com a Legião da Honra pelo presidente da França. Racismo é racismo e pronto, um ato racista é claro, não deixa dúvidas!

O problema é que agora as pessoas precisam ter mais habilidade com as palavras para não serem mal interpretadas. Claro que o Jair Ventura não tem aversão a estrangeiros, pois trabalha com vários, já morou fora e seu pai foi técnico em outros países. Mas a imprensa prefere jogar lenha na fogueira do que orientá-lo nesse jogo de palavras. Na coletiva do Diego, do Flamengo, o jornalista insistia nessa questão.


(Foto: Reprodução)

A verdade é que o futebol virou tema de revistas de celebridades, recheado de fofoquinhas, de quem está namorando com quem, da roupinha da moda, do pagode da vez. Futebol que é bom, zero. E a imprensa tem muita culpa nisso.

Xenofobia eu não sabia o que era, lenha na fogueira eu sempre soube. E Jair Ventura levantou uma questão importante de nossos técnicos não serem valorizados na Europa. E como o admiro, mas não sou seu advogado de defesa, pergunto: “mas eles merecem ser, fazem por onde ser?”.

Eles nunca se mobilizaram, melhor, nunca se prepararam para esse mundo globalizado e por que sair do Brasil se aqui eles não ficam desempregados? Aqui o treinador é demitido e no dia seguinte assume em outro clube, aceitam passivamente serem mandados embora com um mês de trabalho, engolem sapo atrás de sapo. Repare, são sempre os mesmos. E, sem querer desanimá-los, na Europa, a cultura é outra.

Na Inglaterra, por exemplo, Arsène Wenger, técnico do Arsenal, está desde 1996 e, aos 67 anos, renovou por mais duas temporadas. Professores, podem cantar “o melhor lugar do mundo é aqui e agora!”.

NÃO SE SERVE MISTO FRIO EM RESTAURANTE CINCO ESTRELAS

por Zé Roberto Padilha


(Foto: Reprodução)

Pobre do torcedor do Botafogo, foi o ultimo freguês deste cardápio insosso que tem sido servido ultimamente pelos clubes que ascenderam a Copa Libertadores: misto frio. No lugar de serem premiados com pratos renomados que aqueçam suas paixões, são punidos com sandubas frios e improvisados, como a frágil equipe escalada ontem para enfrentar o Vasco na decisão da Taça Rio. A fome de títulos da gloriosa estrela da casa Nilton Santos não pode ser alimentada com uma salada de batatas em que você coloca uma pitada de Bruno Silva e acha que ela alcançará o sabor da vitória. No mínimo, há de ser preservada o fino paladar sempre servido em campo ao longo da sua gloriosa história.

O desrespeito maior é subestimar o entrosamento. Para isto existe uma pré temporada, onde vários ingredientes são colocados à disposição do mestre cuca Jair Ventura. Vegetais das divisões de base, Pimpões de safras passadas e carnes frescas do mercado são colocadas à disposição para que ele encontre uma consistente textura. E agrade a massa. Mesmo com alguns desfalques, que seu molho chegue ao ponto até o Campeonato Brasileiro e cause indigestão nos adversários. Não no Guilherme, meu filho, que divide sua paixão alvinegra com o Real Madrid e foi ontem literalmente desrespeitado. Mal servido por um time desentrosado e mal escalado quando disputava não uma pelada, mas uma importante taça. Quem disse, afinal, que o título carioca é de menor importância diante dos outros?


(Foto: Reprodução)

Mesmo porque a Colômbia é logo ali, não justifica ser erguida uma faixa de gaza entre titulares e reservas. Ela já foi distante no tempo do Manga, do Rogério e do Rildo, em que o quadrimotor da Varig levava cinco horas de viagem. Agora não, pela metade do tempo e o dobro do conforto nossos jogadores são transportados. É possível, como sempre foi, jogar no domingo, viajar na segunda, descansar na terça e enfrentar os adversários na quarta. O torcedor sabia de cor seu time titular, que quanto mais jogava, mais se entrosava. E reserva sempre foi reserva, vai ficar de molho até encorpar o sabor, ganhar sustância para depois merecer fazer parte da iguaria que teve Garrincha. Ser figurinha cobiçada em um álbum que tinha também Gérson, Roberto e Jairzinho.


(Foto: Reprodução)

Passo na banca e leio há pouco: Taça Fabulosa. Poderia até ser o prato principal no cardápio esportivo de hoje, o Vasco não tem culpa de nada, escalou quem tinha de melhor e venceu com todos os méritos. A indigestão fica para quem, como meu filho, aprendeu a frequentar um restaurante cinco estrelas e, em plena páscoa, lhe servem um misto frio em um prato morno numa tarde fria de domingo. Que vai precisar logo da quarta para ser digerida e esquecida.

MAGIA PURA

:::: por Paulo Cezar Caju ::::


Jair Ventura

Nunca tive dúvida disso, mas Botafogo x Olimpia reforçou a minha opinião de que o técnico Jair Ventura é a principal peça do elenco. Na verdade, o filho do Furacão faz milagres. Conseguiu reunir vários forasteiros do futebol e montou um time.

O elenco é fraco, e a classificação para a Libertadores já me surpreendeu. Mas sempre que falo isso os torcedores caem em cima, reclamam, pegam no meu pé e dizem que sou pessimista. Mas o time é bom? Não! Está indo em frente? Está, mas acontece.

Mais uma vez um gol de bola parada, uma cobrança de lateral para dentro da área e a puxeta de Rodrigo Pimpão. Foi bicicleta ou puxeta? Tudo bem, foi gol, não vamos discutir. O Pimpão, por sinal, tem estrela. É um jogador esforçado, como todos os jogadores vem sendo, pois só assim seguirão avançando. Até quando?

Mesmo com os bons Camilo e Montillo o time não está conseguindo envolver o adversário, criar jogadas. Mas o gol está saindo e a torcida segue acreditando. Eu não gosto, ainda não me convenceu, mas tem gente que ficou milionário fazendo mágica.

David Cooperfield está aí para não me deixar mentir. E o nó tático do Paris Saint Germain no Barcelona? Isso, sim, foi mágico!!!! E o gol do Scarpa do meio de campo? Mágico demais!!!!

E vamos em frente, afinal o futebol é feito de magia