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ERA UMA VEZ UM PAÍS

4 / janeiro / 2023

por Marcos Fábio Katudjian

Quando o ex-jogador Casagrande, durante a Copa do Mundo, fez a crítica que fez aos pentacampeões que estavam no Qatar, confesso que impliquei com ele. Via de regra não gosto dessa lacração compulsória com que ele e um contingente significativo da imprensa esportiva e da imprensa em geral nos perturba dia após dia.

O que disse o Casagrande? Ele se referiu aos ex-jogadores da seleção de 2002 que foram vistos pela TV nos estádios do Qatar frequentando as tribunas da FIFA, usufruindo dos coquetéis, das mordomias oficiais e apertando mãos de cartolas suspeitos. Para o Casagrande, esses ídolos nacionais deveriam se juntar aos torcedores na arquibancada da mesma forma que faziam, por exemplo, os ex-jogadores argentinos.

Passado um mês, hoje, talvez no dia mais triste e pungente da história da nação em décadas, desengaveto esse comentário, volto atrás e dou plena razão ao Casagrande. Sim, pois essa atitude no Qatar me parece prima irmã de outra ainda muito mais condenável: o inacreditável e INACEITÁVEL não comparecimento de jogadores atuais e do passado e de dirigentes ao velório do Rei Pelé.

Por Deus, será que é preciso lembrá-los de quem se trata? Quem é Edson Arantes do Nascimento? O mais importante futebolista da história mundial, sem o qual suas carreiras simplesmente não seriam possíveis. E não me refiro apenas aos pentacampeões, mas a uma enormidade de ídolos do esporte e de todas as áreas que falharam ao prestar homenagem a esse que foi o maior de todos os brasileiros.

E não me venham dizer que estavam em plenas férias. Trata-se de um momento fundamental de construção de identidade nacional, a mesma que Pelé gastou sua vida inteira tentando sacramentar. A atitude dessa gente diz muito sobre o que é o futebol brasileiro e o próprio país. Esses atletas e ex-atletas tinham a obrigação de deixar por um instante suas tribunas condicionadas e prestar tributo àquele que lhes ofereceu um país campeoníssimo no esporte e que lhes outorgou um país, de forma geral.

Ronaldos, Roberto Carlos, Cafu, Kaká, Romário, só para citar a ponta do iceberg dessa massa de ingratos, deveriam carregar o caixão do Rei, como fora no sepultamento de Ayrton Senna, onde os pilotos mais importantes do país e do mundo ali estavam.

Essa atitude, meus caros, é também irmã daquela outra que vimos também pela TV durante a Copa, a dos comedores de carne de ouro. E não me venham dizer que cada um faz o que quer com o dinheiro que tem. Essas atitudes revelam um descompromisso total, um não pertencimento absoluto a coisa nenhuma e uma total irresponsabilidade institucional. Não se enganem, senhores, não é por acaso que o Brasil fracassa Copa após Copa, não por falta de técnica, mas de caráter.

E considerando o futebol como um espelho de toda sociedade, o que se vê é ainda mais sombrio, um país mergulhado gravemente num individualismo absurdo, grotesco e até mesmo criminoso.

No final das contas o que fica na boca é uma sensação amarga de que o Brasil realmente não merece Pelé, sendo tudo que ele fez, todas as suas realizações maravilhosas, diante de atitudes como essas, parecerem pérolas jogadas aos porcos.

2 Comentários

  1. Tadeu cunha

    Sim o melhor texto escrito até agora sobre essa HORDA DE MERCENARIOS QUE COMPÕE O NOSSO FUTEBOL,CLARO TD REGRA TEM EXCEÇÕES, POREM OS ACEFALOS NESTA OCASIÃO SE SUPERARAM, O CASAO TEM UM MARACANÃ DE RAZAO.

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  2. João Noarm

    Pseudojornalista que usa o termo “lacração” para se referir a como os outros agem já diz muito de si. Mais um nutella, produto do que foi criado no país nos últimos anos. Mais um alienado total, passador de pano para a barbárie.

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