por Elso Venâncio

Há exatos 11 anos, numa terça-feira, o entorno do Estádio Magalhães Pinto, em Belo Horizonte, era uma festa. Camisas amarelas se destacavam na multidão, e os gritos de “Vamos ganhar! Vamos ganhar!” ecoavam à distância. A cachaça estava sendo servida de graça, mantendo a tradição dos grandes eventos em Minas Gerais. O tradicional feijão tropeiro fazia sucesso. Dadá Maravilha foi cercado e saudado, usando óculos de plástico gigantes que lembravam Zé Bonitinho, antigo e célebre personagem da TV. Campeões do mundo entravam no Mineirão, como o sisudo Dunga, capitão do tetra, ao lado do alegre Cafu, capitão do penta. A cervejaria patrocinadora da Seleção Brasileira promovia diversas rodas de samba.
Brasil e Alemanha chegaram invictos à semifinal da Copa do Mundo de 2014. Presente no estádio, achei excessivas as homenagens a Neymar, que havia se contundido no jogo anterior, contra a Colômbia. Enquanto muitos torcedores usavam máscaras com o rosto do então jogador do Barcelona, o capitão Filipe Luis cantou o Hino Nacional Brasileiro erguendo a camisa 10, que em seguida foi disputada pelos companheiros para fotos. Os jogadores inclusive usavam bonés personalizados com a frase “Força, Neymar”. O técnico Felipão, por sua vez, surpreendeu ao escolher Bernard como substituto.
Ao ter acesso à escalação, o ex-treinador Vanderlei Luxemburgo reagiu durante a transmissão da Fox Sports: “Perdemos o jogo. O meio-campo está aberto”, disse ele, ao lado do narrador João Guilherme. Só que nem o “profexô” poderia prever o que viria pela frente. Talvez Luxemburgo tenha se lembrado da dramática partida contra o Chile, no mesmo Mineirão, pelas oitavas de final. O teimoso empate por 1 a 1 persistiu na prorrogação, apesar de um susto nos acréscimos, quando a bola explodiu no travessão brasileiro após chute forte de Pinilla. A classificação só veio nos pênaltis, com Júlio César brilhando ao defender duas cobranças, evitando uma precoce eliminação.
No confronto contra a Alemanha, a bola rolou às 17h pelo horário de Brasília. Além de Neymar, o Brasil também não contava com Thiago Silva, que cumpria suspensão. Muller abriu o placar aos 11 minutos. Klose ampliou aos 23. Toni Kroos, que seria eleito o melhor em campo, balançou a rede aos 24 e aos 26. Coube a Khedira fazer 5 a 0, aos 29, fechando uma sequência de quatro gols num intervalo de apenas seis minutos. Incrédulos, os torcedores brasileiros se entreolhavam, num silêncio sepulcral. Camisas do Brasil foram arremessadas para o alto. Crianças choravam abraçadas aos pais. Houve brigas em camarotes, e muita gente deixou o Mineirão no intervalo.
No segundo tempo, a Alemanha ainda aumentaria a goleada para 7 a 0, com gols de Schürrle, aos 69 e 79 minutos. Oscar só foi descontar aos 90. No resultado, 7a 1: uma verdadeira humilhação!
Não demorou para o jogo ser apelidado de “Mineirazo”, em alusão ao “Maracanazo” de 1950. Na ocasião, o Brasil tinha a vantagem do empate, mas foi vice-campeão ao perder por 2 a 1 para o Uruguai, de virada, no Maracanã. Dois Mundiais em casa e dois vexames que entraram para a história do futebol!
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