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Ronaldo

O APAGÃO DE RONALDO

por Zico


Vocês podem me cobrar isso daqui a 30 anos: eu não estava presente quando aconteceu o problema com Ronaldo. Assim que acabou o almoço, fiquei conversando com Gilmar e Evandro. Mais ou menos por volta de 14h30, Ronaldo teve uma convulsão e saíram gritando que ele estava morrendo.

Por volta das 16h, estava indo para o meu quarto, pra me trocar, porque às 17h tinha lanche e, depois, a preleção. Wendell me chamou:

– Acho que aconteceu alguma coisa com o Ronaldo. Melhor você ir lá em cima ver.

Quando cheguei no quarto do Ronaldo, estava o Joaquim da Mata em pé, Ronaldo sentado na cama e Roberto Carlos na outra cama.

– Dr. Joaquim, o que houve?

– Ah, ele teve uma convulsão. Dr. Lídio já sabe, ele esteve aqui, passe no quarto dele pra saber o que ele acha.

– Zagallo já sabe?

– Acho que não.

Perguntei ao Ronaldo se estava tudo bem. Ele parou, me olhou e se deitou.

Dr. Joaquim sugeriu que o deixássemos descansar pelo menos uma hora. Roberto Carlos estava com os olhos arregalados de susto. Fui ao quarto do Lídio:

– Você conhece Zagallo melhor do que eu. Vamos falar pra ele agora, quando está descansando.

– Não se preocupe, vou lá no quarto dele e falo. Sei como vou dizer.

Aí fui para o meu quarto, Às 17h, fui para o refeitório com o Ronaldo andando na minha frente. Ele parou na porta e tentou fazer uns exercícios. Falei:

– Ô, Ronaldo, o jogo é às 21h e você já se aquecendo às 17h.

– Olha, acho que aconteceu alguma coisa comigo. Estou todo doído, parece que levei alguma surra! – ele disse.

Calculei que ele não sabia o que tinha acontecido. Deu 17h30, os jogadores no lanche, apreensivos, Joaquim da Mata foi caminhar com o Ronaldo, Lídio reuniu a gente:

– Aconteceu isso e isso, Ronaldo não tem a menor condição de jogar, está fora.

Às 18h, veio a preleção. Joaquim da Mata tinha conversado com Ronaldo:

 – Olha, aconteceu isso com você, vai ter que pro hospital fazer exames! – ele foi numa boa.

Zagallo fez uma ótima preleção:

– Brasil foi campeão do mundo sem o Pelé, ele se machucou, não pôde jogar, mas o time superou. Seria bom se o Ronaldo estivesse aqui, mas Edmundo está escalado.

No ônibus, todo mundo preocupado, principalmente o Leonardo, que a cada dez minutos perguntava:

– Ele corre risco de vida? Esse problema tem alguma consequência?

Nós, da Comissão Técnica, não sabíamos que César Sampaio tinha ido ao quarto do Ronaldo, que tinha puxado a língua dele, que Edmundo saíra gritando “Ronaldo está morrendo”. Só soube disso pelas entrevistas dos jogadores. O grande erro foi esse. Eu, pessoalmente, acho que às 14h todo mundo deveria ter sido chamado, inclusive Ricardo Teixeira, e tudo esclarecido.

Às 20h, eu estava no campo, vendo o desfile e os jogadores trocando de roupa, quando me avisaram de uma reunião. Agora, 20h?

Lá estavam Ricardo Teixeira, Zagallo, Ronaldo de frente para o médico, de short, meia, com a camisa de aquecimento:

– Olha, estou bom, meus exames não deram nada, quero jogar.

O Lídio insistia:

– Você está bom mesmo? Não sente nada?

– Estou bom, estou legal!

Aí, Zagallo falou:

– Então, vai aquecer e jogar.

Assim foi decidido.


Quando Ronaldo levou aquela trombada em campo, e caiu, eu fiquei preocupado. E todos os jogadores que sabiam do que tinha acontecido também se assustaram, principalmente o Cafu.

Conclusão: O Ronaldo deveria ter ficado internado no hospital. Todo mundo foi testemunha do que aconteceu com ele, e todos os médicos declararam que quando você tem uma convulsão, grave do jeito que nos foi passado, você tem que ficar 24 horas em observação. Mas imagina o que aconteceria se o Zagallo tirasse um jogador do quilate de Ronaldo da decisão, e o Brasil perdesse de 3 x 0. Só a autoridade médica evitaria que as coisas chegassem ao ponto que chegou.

O Lídio teve lá suas razões para liberar.

 

Texto publicado originalmente no livro Paixão e Ficção: contos e causos de futebol.

15 ANOS DO PENTA

Há exatos 15 anos, o Brasil vencia a Alemanha por 2 a 0 e conquistava o pentacampeonato mundial!

CRAQUES DAS LENTES


Ismar Ingber

Dando sequência à série de fotógrafos que nos enviam belos registros sobre futebol, postamos quatro fotos históricas tiradas pelo parceiro Ismar Ingber, o aniversariante do dia! Flamenguista apaixonado, o craque dava trabalho para os marcadores, seja como ala ou como pivô, em um clube de Copacabana.

A paixão pela fotografia surgiu por acaso. Quando tinha 20 anos, um amigo o convidou para fazer um curso e, alguns anos depois, passou a dar assistência para um fotógrafo. A partir daquele momento, sua carreira decolou.

Estudou fotografia na School of Visual Arts of New York. Começou a trabalhar na Ed.Bloch, depois no Jornal do Brasil, onde também atuou como sub-editor e editor de fotografia. Como freelancer atende: COB, Coca-Cola, , Ed. Abril, Ed. Globo, H.Stern, Universal Channel, PETROBRAS, entre outros. Vencedor de um prêmio FINEP, organizou a exposição individual “Um Rio de Atletas” e participou das coletivas ¨Efiges¨, ¨Paisagens Inventadas¨ e ¨Fotógrafos Brasileiros”.

Tem fotografias publicadas no livros : “Rio de Janeiro–Retratos da cidade” ,”Mangueira, uma nação verde e rosa” e “Fotógrafos Brasileiros”.

Se o sucesso como fotógrafo não para de crescer, o mesmo não se pode dizer do desempenho nas peladas. Por já ter rompido o ligamento e também sentir fortes dores na coluna, precisou pendurar as chuteiras antes da hora. 

– O Pugliese brilhou em muitos gols graças aos meus passes! – lembra Ismar Ingber.

Confira as fotos:


O craque Júnior com a camisa da Juventus, time em que jogava nas areias de Copacabana


Em um trabalho de publicidade para a marca Monark, em um clube no Alto da Boa Vista, Pelé é clicado pelas lentes de Ismar.


Logo depois de marcar o golaço contra a Argentina, na Copa América de 2004, Adriano posou para o registro de Ismar.


Ismar registrou o exato momento em que Edmundo discute com o árbitro Luís Antônio Silva Santos, o Índio.

CRAQUES DA SEMANA

Como já era esperado, o duelo entre dois ídolos do futebol mundial foi muito acirrado e teve grande repercussão! O equilíbrio foi tão grande que não houve um vencedor! Veja grandes momentos da dupla!

MENOS, GATO! MENOS…

por Zé Roberto Padilha


Júnior durante o papo com a equipe do Museu

Da nova geração de comentaristas esportivos globais, fico com a humildade, prudência e a competência do Júnior. Explica o futebol de uma maneira tão simples, que até nossa gata, a Liz Taylor, já sabe se vale a pena permanecer no sofá tirando seu cochilo, quando ele diz que a partida será enfadonha, ou se é melhor correr dali, se ele prevê uma gritaria como foi o Botafogo x Flamengo no último sábado. Bruno gritava gol de um lado, Guilherme empatava com um berro ainda maior que o do seu irmão. Liz, então, foi dormir no quarto.


Já Edinho, precisa do auxílio de uma fonoaudióloga para a voz acompanhar seu raciocínio. Paulinho Criciúma, uma dúzia delas. Ricardo Rocha é bom, mas repetitivo durante a transmissão: se enxerga uma jogada pela linha de fundo que leva perigo, mesmo que o treinador adversário feche a avenida, ele insiste em pedir jogadas por aquele setor, sem ter o trabalho de acompanhar a evolução das performances dos jogadores e as variações táticas da partida. Pura preguiça porque entender de futebol, ele entende. Juninho vai bem, obrigado, mas será prudente manter gatos e crianças afastados da sala porque vem Olimpíadas por aí e com eles… Ronaldo, o Fenômeno. Ninguém merece! Queremos Casão!

A decepção tem sido o Roger. Tinha tudo para ser o melhor dos comentaristas: jogou o fino da bola, fala bem, tem boa aparência e conhece os bastidores da emissora pelo tempo em que namorou uma das suas atrizes. Mas tem carregado doses de arrogância em seus comentários que não combina com a elegância com que conduzia a bola nos pés. Uma canhotinha que dá saudades em qualquer tricolor. Roger, ao contrário do Júnior, não fez seu jogo de despedida. Ainda balança, olhando para o gramado, com um certo olhar de ainda dá para descer e resolver. E quando o Cícero, ou o Scarpa, atuam pelo seu setor, não comenta. Compara. Aí fica difícil, quem está assistindo não tem uma justa avaliação dos seus desempenhos e,  pior ainda para os dois meias, que não jogam tanto quanto ele jogou.


Quando Luiz Carlos Jr. diz que foi escanteio para o Flamengo, ele retruca de bate-pronto, com o tempo da bola que nenhum narrador que não jogou há de alcançar: “Não, o juiz marcou saída de bola antes!”. Está sempre acertando, mas poderia esperar o replay, exercer a cumplicidade para seu parceiro de cabine não viverpedindo desculpas. “Você está certo, Roger, a bola saiu antes!” Sábado, porém, quem errou foi o Roger. Placar de 3×1 para o Flamengo, 22 minutos de jogo no segundo tempo, e o que fariam Guardiola, Mourinho, Evaristo de Macedo e Telê Santana nas substituições? Ricardo Gomes ousar, jogar pro tudo ou nada, Zé Ricardo preencher o meio-campo com dois volantes de categoria, descansados para manter o resultado. E assim, corretamente o fizeram. Mas a comodidade de exaltar o alcançado, não respeitar o inusitado daquele caixinha de surpresas que nos mantém sentado até o último minuto foi a sua opção. Enalteceu as mexidas do Ricardo, e condenou o Zé Ricardo pelas suas. Simples, óbvio e injusto. Quando tudo acabou, a paz voltou a reinar na sala enquanto subia a tabela de classificação. Liz, de olhos claros como ele,  retornou ao sofá,  pediu licença e foi dela o comentário final: “Menos, Gato! Menos!”.