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maracanã

QUERO XIXI!!!

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Marcelo Tabach)

Estamos em tempos de Fla x Flu, um clássico que já mobilizou a cidade e lotava o Maior do Mundo! Jorge Curi narrava um tempo e Waldir Amaral o outro, e quando terminava o jogo ele sempre repetia “está deserto e adormecido o gigante do Maracanã…”.

Podia pó de arroz e a galera da Geral recebia xixi na cabeça. “Que nojo!”, dirão alguns. Façam uma pesquisa para ver se a rapaziada não está disposta a voltar a enfrentar aquela chuva amarela, kkkkkk!

Eu quero é xixi!!! Era bom ver aqueles torcedores fantasiados, todos misturados. No jogo, dava para identificarmos os câmeras do Canal 100 registrando tudo. Duas semanas depois íamos ao cinema para nos ver lá. E era lindo!

Hoje, o Maracanã virou arena e sua capacidade reduziu drasticamente. Hoje o atacante que parte para dentro virou jogador agudo, o lateral virou jogador de lado de campo, o cabeça de área virou volante, é ocupação de espaços, leitura de jogo, cara da bola, orelha da bola, o 10 virou 67, o 11, 98 e o 7, 42. Acabaram as preliminares e com ela a chance de acompanharmos a nova geração surgindo.

O futebol acabou, PC? Costumam me perguntar provocativamente. Se 10 homens correndo atrás de uma bola é considerado futebol ele vai durar para sempre. O futebol está mais chato, só isso. E mais caro, bem mais caro. A cara da torcida mudou e os banguelos e nordestinos flagrados pelos câmeras do Canal 100 perderam espaço, foram banidos.

O grito dos torcedores atuais não contagia talvez porque o futebol apresentado não desperte maiores emoções. É como responder quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha?

Há alguns dias em uma entrevista com quatro jogadores da seleção brasileira sub17, que perdeu para a Inglaterra, sobre quem eram seus ídolos, três responderam Cristiano Ronaldo e um, Iniesta.

Isso é triste, muito triste. Pela tevê, assisti ao último Fla x Flu e não sei dizer quantos torcedores haviam ali porque para mim, há tempos, o Maracanã está deserto e adormecido.

AO FLA-FLU, EU VOLTEI

por Zé Roberto Padilha


Eu cheguei em frente ao portão 18
O segurança me afastou latindo
Minha mochila revistou e me barrou
Eu voltei

Nada estava como era antes
Dos anos 70 em que joguei
Policiais, cavalos, seguranças por toda parte
Trocaram Andrade, Adílio e Zico
Por Rômulo, Marcio Araújo e Cuellar

Estava explicado o confronto armado, torcedores revoltados
E eu voltei, ao Fla-Flu eu voltei
Nada estava como era antes
Quase tudo se modificou
Tantos anos se passaram, mas meus netos pediram
Que reabrisse as lembranças depois daqueles portões
E eu lhes dei as mãos
E voltei

Comprei ingresso, a rampa subi devagar
Mas deixei a massa passar primeiro
Passos indecisos caminhei
Todo o passado recordei
E entrei
Ao Fla-Flu com meus netos, eu voltei

Um telão imenso na parede
Roubava cenas do gramado
Meio amarelado pelo tempo
Em preto e branco meus lances nem reprisou
Como a perguntar ao tempo se joguei
E eu falei
Eu voltei


Sem saber depois de tanto tempo
Se um só torcedor, repórter ou vovô
Saberia com quem joguei
E parei

Eu voltei para os arquibaldos que deixei
Eu voltei para os geraldinos que nem encontrei
E chorei com saudades do elástico do Rivelino no Alcir, foi logo ali
da magia e categoria de Paulo César Cajú
E chorei

Recolhi meus netos em silêncio, pela estrada a Três Rios eu voltei,
E voltei porque o Maracanã não era mais o meu lugar

MARACA E FLAMENGO: TRADIÇÃO DE PAI PARA FILHO

por Leandro Ginane


Nasci em 1970 na Pavuna, bairro pobre do Rio de Janeiro. Já com oito anos pude presenciar, nos ombros do meu pai Juca, um dos momentos mais emocionantes da minha vida. Eram 41 minutos do segundo tempo, Zico bateu o escanteio e Rondinelli fez de cabeça o gol que fez do Flamengo campeão carioca e criou uma das maiores escritas do futebol. O Flamengo vencendo o Vasco em finais.

Cresci tendo o Maracanã como a minha maior diversão. Aos domingos, em dia de jogo e céu azul com pipas colorindo, o clima da partida já rondava meu bairro desde cedo. O papo nos bares e nas esquinas era o grande clássico que aconteceria logo mais no Maraca. Acordava cedo, ansioso colocava o manto sagrado e esperava o momento do meu pai nos levar ao estádio de trem. O caminho até lá era uma farra. Trem abarrotado, alegria que poucas vezes via meu pai sentir.

Ele levava toda a molecada da região. Eram nove moleques, eu, meu pai e seu amigo Bororó. A ansiedade me consumia a cada estação que passava. A tradição de levar os filhos ao templo sagrado do futebol na Pavuna passava de pai para filho. As histórias do Maraca se disseminavam no bairro como se o Estádio batizado de Mario Filho tivesse vida. Muitos vizinhos mais velhos presenciaram a final da Copa de 1950, outros tantos estavam no jogo do Brasil contra o Uruguai nas Eliminatórias para a Copa de 1994, as histórias que ouvia só aumentavam o meu fascínio pelo Maior Estádio do Mundo.


E talvez por isso, cresci com aquele sonho tradicional de todos que gostam de futebol aqui na área: ter um filho homem para poder leva-lo ao Maracanã. Casei com 21 anos e quando tinha 22, ele nasceu. Seu nome: Arthur. Em homenagem ao maior jogador que vi jogar, o Zico.

Já com dois anos, levei Arthur e meu pai Juca – agora era eu quem o levava – para ver a final do Campeonato Brasileiro de 1992. Flamengo e Botafogo. Primeiro jogo, com mais de cem mil pessoas o Fla venceu por 3 a 0 em um jogo inesquecível de Leovegildo Lins Gama Junior, nosso Maestro.

No segundo jogo, com mais de cento e vinte mil pessoas, minutos antes de o jogo começar parte da arquibancada cedeu a alguns torcedores caíram da arquibancada. Um helicóptero desceu no gramado para resgatar vítimas. Três pessoas morreram, entre elas um amigo de infância. Em um gesto de companheirismo, torcedores amarraram uma faixa de tecido para servir como proteção para os torcedores que ficaram naquela parte da arquibancada. Arthur e o velho Juca se assustaram e queriam sair do estádio. Nós estávamos ao lado do que aconteceu e vimos tudo de perto. Mas apesar do clima de tensão, consegui acalmá-los e continuamos no estádio. Logo em seguida, o Mais Querido entrou em campo e a festa começou.

Mesmo com o que havia acontecido, a Nação mostrou sua força e não parou de cantar o jogo todo. Poucas vezes vi algo parecido no estádio e creio que tenha sido em homenagem aos que caíram e não puderam ver o jogo. Essa energia da arquibancada parece ter sido um incentivo a mais para o Flamengo em campo, que naquele dia com poucos minutos do segundo tempo já aplicava 2 a 0 no Botafogo. Final de jogo: 2 a 2. Festa na favela. Flamengo Pentacampeão Brasileiro. Arthur com dois anos conhecera a Nação e o que nós éramos capazes de fazer nas arquibancadas, cadeiras e geral do Maracanã.

De lá pra cá, a cada reforma que o Maraca passava, ficávamos eu, meu filho e meu querido pai, já com oitenta anos, apreensivos com a data da reabertura do estádio para que voltássemos à nossa maior diversão. A nossa segunda casa.

Mas a cada volta ao estádio, mais eu ficava assustado com o que via. Menos lugares, ingressos limitados e muita violência. Porém nada foi igual ao que aconteceu na última reforma que o Maracanã passou. A transformação em arena para a Copa do Mundo no Brasil fez o Maracanã sucumbir junto com sua colossal marquise de cimento. O que fizeram com o estádio foi um golpe fatal em todos nós que crescemos ouvindo a mística do templo sagrado do futebol.

Desde então, Arthur e eu não conseguimos mais ir aos jogos do Flamengo. Ele, hoje com vinte e quatro anos, e eu, com quarenta e quatro, não conseguimos mais acompanhar nosso time como sempre fizemos desde que ele nascera. De certa forma, fico feliz que o velho Juca não esteja mais entre nós para ver o que fizeram com o seu Maraca e com o nosso Flamengo, o time do povo, da favela, que em dia de jogo inundava as ruas do Rio de Janeiro e as arquibancadas. Tenho receio pelo que pode acontecer com a identidade do nosso Flamengo. Rico nos cofres e pobre nas arquibancadas.

Espero que a tradição se mantenha viva e que junto com Arthur e meu neto Júnior, possamos desfrutar de mais um domingo de festa com a Nação. SRN.

Tomás (Nome que o velho Juca me deu em homenagem ao Zizinho).

ADEUS, MARACANÃ!

por Zé Roberto Padilha


Zé Roberto Padilha

Estava de férias na casa de minha irmã, em Angra dos Reis, quando recebi um convite para defender o time dos marinheiros. O pessoal do cais soube por ela que jogara bola e havia um clássico local no sábado, no Frade, contra o campeão da liga amadora. Estava com 42 anos e havia encerrado minha carreira no Bonsucesso FC, sete anos antes, mas jamais deixei de exercitar-me, apesar do joelho trioperado requerer extremos cuidados. A chuteirinha, já desgastada, sempre nos acompanhou nas viagens e não seria problema, estava no carro além do kit sobrevivência formado por um tubo de Balsamo Bengué, com salicilato de metila, um envelope de Rehidrat e cápsulas de Cebion.

Quando cheguei ao estádio, modesto e pouco gramado, tomei até um susto. Casa cheia, gente saindo pelo ladrão, deveria ser o programa obrigatório daquele balneário simples que sustenta os hóspedes dos reis que Angra acolhe com seus marinheiros, cozinheiras, porteiros e babás. Ou se tratava de uma revanche que pouco comentaram a respeito. No vestiário, pedi a camisa 11 para ficar a vontade e me posicionei aberto na ponta esquerda aquecendo. O lateral direito que me marcaria, não estava em sua posição, mesmo diante da saída iminente da bola a nosso favor, batia papo com o zagueiro central. Seu comentário passava em letras garrafais no telão imaginário:

– Olha o coroa que vou pegar. Acho que hoje vou deitar e rolar!

Pedi que me passassem a bola, recebi um pouco a frente e parti em velocidade pelos caminhos abertos, e em cinco toques estava na cara do goleiro. O lateral só notou que a partida começara no terceiro toque, pois no quarto já passara por ele e no quinto chutava a bola com raiva para o gol (onde já se viu, não respeitar o meu passado?) .O goleiro defendeu, ela voltou em minha direção e entrei com bola e tudo. O silêncio do estádio só foi interrompido com a bronca que todo o time dera no lateral, que subestimara o velhinho, e o gol mais rápido da história do Frade fora registrado naquela tarde.

Gato preto contra rato calvo, a partir daquele momento começou a caça do lateral sobre mim. E ele pagou cada pré julgamento com deslocações constantes, passes precisos e um preparo físico que ele jamais imaginou enfrentar diante dos amigos que debochavam dele o jogo todo junto ao alambrado. Vencemos a partida e no dia seguinte meu joelho, inchado e dolorido, contrastava com o orgulho de ter feito um grande jogo.


Descobria ali que não é o ostracismo que nos atiram após a profissão que nos machuca. É o oxigênio do prazer de exercer uma vocação que desde menino se aflora e nos destaca. Sem a bola nos pés, somos mais um respirando o ar das multidões. Trata-se da meta atingida pelo caixa da Caixa, a petição triunfal, a nota 10 do doutorado, o reconhecimento do chefe. A promoção que pede um brinde e uma comemoração. Cada um com seu dom, e ele te diferencia, te faz importante e justifica sua presença aqui na terra.


(Foto: Flickr Fabian Ribeiro)

Demorei quinze anos buscando este oxigênio por gramados cada vez mais vazios. E trazendo de lá as articulações, e o conceito duramente alcançados, cada vez mais comprometidos. Até que meu pai, à beira de um dos últimos embates, nos chamou a atenção pelo tempo da bola que se perdia, a passada que se desconectava do lançamento, o domínio e a habilidade que as lesões impediam.

– Você, meu filho, tem um nome a zelar. Está na hora de parar!


Desde então resolvi estudar. Primeiro jornalismo, agora História. Escrever o que vivi e não mais empanar o que joguei. Nunca mais encontrei um lateral daqueles para enfrentar a não ser em sonhos, e das lembranças do Maracanã, nem ouso por perto passar. Dizem que é lindo no padrão FIFA, mas fico a imaginar o que fariam, hoje, Gerson, Rivelino, Paulo Cézar Caju e Zico com um gramado daqueles, um Rodrigo na zaga, uma bola tão leve e uma chuteira que parece uma pluma? Assistam Pelé Eterno, certamente se aproximariam do ET que faz o papel principal.

ESTREIA NO MARACA

por Marcelo Mendez


Nunca mais vou esquecer do meu pai chegando em casa com a noticia;

“Vou te levar para ver a final do Campeonato Brasileiro no Maracanã” –
Cara, entrei em transe! Nem me preocupei muito com o fato do jogo não
ser do meu Palmeiras. A final seria entre Flamengo x Santos e aí entra
o Carlinhos…

Era amigão do meu pai. Da lembrança que tenho dele nos anos 80, sempre
me vem a mente um sujeito cabeludo, todo pinta, usando umas roupas
coloridas, all star no pé, santista alucinado e dono de um Corcel II,
bala! Pretão, banco de couro e toca fita novinho! Carlinhos
seria o cara que nos levaria para aquela que até então era minha
primeira grande aventura ludopédica; Ir ao Rio de Janeiro para ver uma
partida de futebol. Foi lindo…

Lembro de enfiar a cara na janela do carro e da sensação gostosa do
ventão na minha cara rasgando a Dutra a caminho do Rio. Um gosto
incrivel de liberdade e alegria que é algo que sempre lembro quando
penso em futebol. No tal toca fita, o Carlinhos ouvia repetidas vezes
uma fita do Bob Dylan e jamais esqueci de Subterranean Homesick Blues
no talo, entrando pelos meus poros junto com aquele solzão de domingo
lindo, enquanto íamos para o Maracanã. Épico!

Na minha cabeça de menino de 13 anos, aquilo tudo me parecia muito
grande. O mar de gente em vermelho e preto caminhando para o estádio,
os rostos de alegria, de luz, de satisfação de fazer parte daquele
momento, daquela página da história do futebol brasileiro… Todas
essas coisas me davam a exata noção da grandeza a qual eu passava a
fazer parte também. Rumamos para onde estava a torcida do Santos.
Ohhhh!!! Éramos então cinco mil santistas me disse o extasiado
Carlinhos. Achei incrivel! Tinha então uma certa segurança de que não
fariamos vergonha enquanto subíamos aquela enorme rampa de concreto
que nos levaria em nosso local da arquibancada. E quando chegamos vi
que eu e Carlinhos estávamos lindamente enganados…

Em meio às bandeiras do Santos me senti uma formiguinha. Éramos parte
de 165 mil pessoas. Veja bem; 165 mil pessoas!!!!! Então nossa missão
era torcer contra 160 mil rubro-negros. Até tentamos… Tal e qual um
Caruso, um Leslie West, um Barry White, enchi meu peito para com toda
força gritar “Peixeee” em solidariedade aos amigos santistas que tão
bem me trataram e que a mim, pareciam estar em tão enorme enrascada.
Naquele momento me arrependi profundamente porque acordamos então um
gigante inteiro:


As 160 mil vozes, apaixonadas, munidas de um sentimento que só o
futebol pode propiciar e nem sempre explicar, mandaram lindamente um
“MEEEEEEEEEEEEEEEEENNNGOOOOOOOOOOOOOOOO!!!” ensurdecedor… Mas fiquei
até com vergonha! Na hora da escalação dos times no placar eletrônico
eles continuaram; Aplaudiam número por número… 5 – Vitor (EEEEEE!!!
Vitor, Vitor, Vitor…) 8 – Adílio (EEEEEE Adílio, Adílio, Adílio) 9 –
Baltazar (EEEEEEE É Baltazar, É Baltazar…) Aí veio a catarse…


De repente, a massa rubro-negra se levantou do concreto do Gigante.
Todo mundo de pé, bandeiras tremulando, fogos espocando e o placar
eletrônico parado, não punha mais nenhum nome. Apenas o número 10
apareceu no placar. Aí o 10 piscava e o povão entrava em transe. Então
veio, letra por letra; Z-I-C-O!!!!!


O Maraca veio abaixo! A massa explodiu num coro lindo… “EI, EI, EI! O
GALINHO É NOSSO REI… ZICOOOOO, ZICOOOOO, ZICOOOOOO” Eu chorei!!!!
Cara, eu chorei! De emoção, de alegria, de tudo! Senti que eu tava
certo, pensei. “Porra meu ídolo é um deus! Zico é fodaaaaa!!” Quando
veio o jogo, aos 57 segundos, o Flamengão meteu 1×0 com gol dele e aí, acho que nem o Carlinhos ficou triste em ver que o Flamengo seria
inevitalmente campeão como foi. O Jogo acabou 3×0 e eu saí dali
convicto de que jamais abandonaria aquele esporte. Se não fosse
jogando bola, seria de alguma outra forma, mas jamais deixaria de amar
aquele jogo. Nunca mais esqueceria aquele domingo no Maracanã.

Pois bem. Passaram-se 29 anos. Muita coisa mudou…

Inventaram uma tal de globalização, outras nações apareceram, a gente
descobriu que os russos não comem criancinhas, que o Tio Sam não é
bonzinho, que o Rambo não é invencivel e que o futebol não é mais o
mesmo. Apareceu junto com as coisas novas do mundo um tal Ricardo, que por décadas se apossou do futebol brasileiro, que fez o que quis, e o
que bem entendeu com ele, até quando uma mulher virou presidente do
Brasil, e enxotou o sujeito de lá. Mas o sujeito deixou uma
herança…

A Copa do Mundo de futebol, graças ao tal Ricardo foi realizada aqui
em 2014. Com isso apareceu por aqui a tal da Fifa, cobrando
infraestrutura, exigindo passaporte diplomático para cartola
futeboleiro e querendo estádios novos. Então veio a vitima maior dessa
megalomania toda; O nosso velho Maracanã e uma afamada reforma, que no
começo custaria 700 milhões (o que já seria uma exorbitancia) e que
ultrapassou UM BILHÃO DE REAIS! É o estupro mais caro do
mundo!! Afinal é isso que fizeram com o velho Maraca. Enfim… O
futebol passa por um processo de elitização nojento!


Fomos o “País da Copa”…

Por conta disso, aceitamostodas as cretinices da FIFA. Por causa
disso, não se pega esse UM BILHÃO DE REAIS para construir um estádio
novo e com isso deixar o velho Maraca em paz, lá quieto, velho e até
desconfortável sim, para quem gosta de futebol de verdade. Não temos a
menor participação de nada! A seleção que outrora foi do povo hoje é
da CBF e joga em New Jersey; Os melhores jogadores vão para a Europa e
nosso campeonato passa em uma emissora de televisão que faz o que quer e bem entende com isso, pensando no esporte apenas como um produto. E aí chego à conclusão que não daria mesmo pro velho Maraca viver no meio disso tudo.

Em um mundo onde a beleza atrapalha, onde o encanto não é necessário, onde a paz é uma “frescura”, onde as pessoas só se permitem através de
redes sociais, onde ao invés de um abraço a rapaziada te manda “um torpedo”
via celular, pra que diabo se preocupar com o que um dia regeu o sonho
de tanta gente, com algo que tão bem fez a milhões de pessoas? Pois
bem…

Quarta-feira, 16 de maior de 2012, 15:35h da tarde:

Nessa data, tive um trabalho para fazer, cobrindo a quantas anda as
obras do maracanã para a Copa de 2014. Ao entrar vi que a marquise
lendária já não existia mais. Que não haveria mais arquibancada de
concreto para o povão, para nenhum atual menino de 13 anos ter a
chance de sentir o que eu senti em 1983. Me livrei da equipe de
trabalho e desci até onde ficava a geral do Maracanã. Será ali um
grande espaço de cadeiras nobres e caras. Um filme passou na minha
cabeça:


Pensei no Carlinhos, que hoje mora em Curitiba e poucas vezes o vi
desde então. Lembrei daquele orcel II bonitão, do som do Dylan, do
vento da minha cara. Naquela manhã chuvosa de 2012 ele não soprou.

Meu velho pai? Não, Seu Mauro não ta mais aqui conosco, foi descansar
desse mundo “novo” em 1997. Respirei fundo e sentia uma lágrima
escorrendo pela minha barba ali no meio daquelas obras. Nessa hora,
dei as costas e fui-me embora.

Deixei ali meu coração de menino sangrando na geral do velho Maracanã…