Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

RENATO VENCE ROMÁRIO

22 / abril / 2025

por Elso Venâncio

A identificação de Renato Gaúcho com o Fluminense começa há 30 anos. Na época, o consagrado atacante estava em sua casa na praia de Geribá, pensando em aposentadoria, quando recebeu a visita do dirigente Alcides Antunes e do repórter Pierri Carvalho, que, além de setorista do Fluminense na Rádio Globo, sempre foi um tricolor apaixonado. Surpreso com o convite, Renato reagiu sorridente:

— Vocês querem ser campeões?

Alcides bancou a contratação, porque havia uma corrente contra, inclusive na comissão técnica, liderada por Joel Santana.

Depois de passar pelo Roma, da Itália, o ídolo gremista defendeu o Flamengo e o Botafogo. Só desembarcou nas Laranjeiras em 1995, com 32 anos. E eternizou o seu nome, sendo decisivo no Campeonato Carioca daquele ano, que teve alguns fatos marcantes desde a véspera da final contra o Flamengo.

Durante o treino do Fluminense, Renato reuniu os companheiros no meio do campo e, emocionado, falou no título: “Vamos vencer!”. À noite, na concentração, Joel Santana recebeu um inusitado telefonema. Um tricolor avisou que tinha brigado com o pai, rubro-negro, ao tomar conhecimento de que um foguetório na praia impediria o sono dos atletas do Flu. O astuto Alcides Antunes não perdeu tempo. Tirou o grupo do hotel no Leme, levando para o Sheraton, em São Conrado. Medida acertada, já que policiais foram chamados durante a madrugada. Hóspedes do hotel anterior desceram de pijama para a recepção, assustados com o barulho dos fogos.

No Flamengo, o título era questão de honra, por se tratar do ano do centenário rubro-negro. Porém, o ambiente estava tenso. Romário e o treinador, Vanderlei Luxemburgo, não se falavam. Em busca de novos ares, o time foi se preparar em Nova Friburgo, voltando ao Rio no sábado, de ônibus, sem Romário. Luxemburgo viu um Cherokee Preto na estrada e não teve dúvida. Irritado, perguntou ao supervisor Paulo Angioni pelo Baixinho.

— Eu o liberei — disse Angioni. 

O Flamengo não estava estruturado para receber o então maior jogador do mundo. Romário tinha autorização dos dirigentes para treinar só no período da tarde. Genial em campo e sempre arrastando multidões, tinha os seus pedidos atendidos. A ponto de o estande de tiro, no gol à esquerda da arquibancada da Gávea, ser substituído por uma quadra de futevôlei. Na festiva inauguração, Romário convidou e enfrentou Renato Gaúcho.

O presidente do Flamengo, Kléber Leite, tinha dificuldade para estacionar no apertado estacionamento dos jogadores na Gávea. Por isso, criou a “vaga do presidente”. Logo no dia seguinte, chegou e notou um carro parado no local. Gritou por José Pinheiro, o abnegado “chefe da segurança”:

— De quem é esse carro?

— Romário — balbuciou Pinheiro, após alguns segundos.

No dia 25 de junho de 1995, com arbitragem de Léo Feldman, a bola rolou com chuva intermitente no Maracanã, que teve mais de 120 mil presentes. Renato venceu Romário, garantindo o triunfo tricolor por 3 a 2 ao marcar o famoso “gol de barriga”. No vestiário, o repórter Pierri Carvalho, que havia sugerido a sua contratação, chorou de soluçar abraçado ao ídolo. O Fluminense foi campeão estadual após 10 anos, e Renato conquistou o título de Rei do Rio, numa disputa que envolvia os principais destaques da competição.

TAGS:

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *