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OS ABUTRES, COMO APERITIVO

14 / outubro / 2025

por Zé Roberto Padilha

Essa vocês nunca leram. É inédita. E absolutamente verdadeira.
Era uma vez uma cobertura esportiva realizada na Copa da Espanha, em 1982.

À medida que o Brasil, com seu Dream Team, encantava nos primeiros jogos, as festas pelas ruas se alastravam. As mesas-redondas, por sua vez, despencavam em audiência.
Afinal, quem deixaria os bares e as ruas para ouvir resenha esportiva?

Foi então que um amigo nosso, jornalista e participante de uma dessas mesas, deixou escapar, diante da iminente perda do patrocínio e da redução de sua cota:
“Só a Itália pode nos salvar.”

E Paolo Rossi foi lá, meteu três, e o país deixou as ruas para se sentar diante da televisão — tudo para ver a crítica comer solta em cima da seleção.
Os abutres sobrevoavam as carniças abatidas por uma tarde inspiradora de um jogador adversário.

A mesa-redonda só sobrevive com as derrotas.

Hoje, tivemos um aperitivo do que será a Copa.
Fabrício Bruno escorregou e falhou. Hugo Souza não teve como defender uma cabeçada à queima-roupa.
Coisas que acontecem na vida de todos os atletas.
Era tudo o que os abutres queriam.

Eles, que vivem à caça de vítimas, esquecem que também erram.
Erram na crítica ao juiz que foi pedir ajuda ao VAR — e era mesmo impedimento.
Erram nas observações sobre a ausência do Cano na partida, e, de repente, ele marca e cala a boca de um deles…

Todos podem errar — como o Grafite, que insiste no “né?”, e seria reprovado na prova de acesso ao microfone, caso ela existisse — e todos são perdoados.
Mas o Fabrício Bruno e o Hugo Souza, não.
Eles não são tratados como seres humanos.
São apenas coisas da Inteligência Artificial.
E, como sabemos, a Inteligência Artificial nunca erra.

Recebam minha solidariedade.
Foi bom pra eles, triste para as ruas, e bem pior para nós, que respeitamos cada jogador do nosso futebol.

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2 Comentários

  1. Marcilio Felippe

    O cerne da questão não são as falhas individuais, mas de todo o conjunto. E é óbvio que falta conjunto. Como pode um time catado de atletas milionários que jogam fora do Brasil, que não se conhecem dentro de campo e que nunca treinaram juntos ser competitivo? Não há mágica. A seleção da Alemanha se preparou durante dois anos para a Copa de 2014 e foram campeões. O futebol brasileiros passou a ser uma estampa colorida, que esconde as artimanhas milionárias, patrocínios exagerados, salários estratosféricos, muito marketing, muitas bets, muita imprensa baba ovo, muita mutreta e gente que fala demais e não diz nada. É ingenuidade achar que juntando um catadão de estrelas, porque nos seus times eles são, sem treinos e sem tempo, teremos um time competitivo.

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  2. serginho cinco bocas

    Concordo em parte com a opinião do autor, abutres existem e se alimentam disso, mas tenho outra opinião: pra mim, tanto Fabricio quanto Hugo não poderiam nem estar lá. Existem pelo menos 5 goleiros no Brasil melhor do que Hugo, mas por alguma força estranha, ele foi convocado, gosto não se discute. Em relação ao Fabricio Bruno, também existe muita gente na frente dele e acredito que ele tenha um suporte fortíssimo para chegar onde chegou. Quando jogava no Flamengo era superestimado e olha que sou flamenguista, posso falar sem clubismo. Os erros em si, foram acidentes de trabalho: um escorregão e uma bola alta acima da coxa, mas jogar na seleção tem seu preço, muitos são consagrados em apenas uma convocação, outros precisam de muitas convocações, para tentar convencer os torcedores e a crítica, agora é saber se o Ancelotti vai dar crédito ou vai cancelar o zagueirão. A seguir cenas dos próximos capítulos…

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