por Zé Roberto Padilha
De repente, o mundo do futebol, branco e previsível, vê desembarcar na Suécia, em 1958, um menino negro, hábil e atrevido. Era jogador de futebol de um país pouco conhecido chamado Brasil.
Veio com ele, disputar a Copa do Mundo, um súdito de pernas tortas e dono de um drible impossível de ser contido. Garrincha.
E um príncipe etíope, que batia uma falta em que a bola perdia a força e caia após ultrapassar a barreira. Como uma folha seca. Didi.
Foi impossível ao Rei Gustavo, sentado em sua Tribuna de Honra, não descer para entregar a Copa Jules Rimet a uma nação amiga que apresentava a todos sua majestade.
Pelé, aos 17 anos, iniciaria seu reinado realizando jogadas impensáveis, dribles nunca dantes realizados e marcando mais gols do que todos os ataques até então reunidos.
Depois dele, o futebol nunca mais foi o mesmo.
Gols de chutes disparados antes da linha do meio campo foram tentados contra goleiros adiantados. Bolas deixadas de um lado e corridas para pegar do outro lado deixando goleiros uruguaios perdidos. E pênaltis inovados batidos com paradinha.
Ao nos deixar, o Brasil, não pode empossar um principe Charles no seu lugar. Sua linha sucessória, movida a genialidade, não a ancestralidade, lhe concedeu, no máximo, um goleiro modesto chamado Edinho.
Sábado, em festa, o Reino Unido empossa o novo Rei. Por aqui, os 40 maiores clubes do nosso futebol começam a disputar sua maior competição com seu trono vazio.
E pelo que estamos assistindo, um país que há duas décadas não se impõe ganhando uma Copa do Mundo, que apostou suas fichas em quem cresceu no mesmo berço santista, e se frustrou com Neymar, tão cedo não teremos um novo Rei do Futebol a admirar e reverenciar.
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