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E-SPORTS

por Wendell Pivetta


O sonho de vestir o manto da canarinho se tornou real.

Em tempos de distanciamento social, complicações para se exercitar, e se comunicar com o mundo lá fora, o E-Sports tem se tornado cada vez mais uma salvação psicológica.

Especialistas em Psicologia Esportiva para Esportes Eletrônicos ressaltam o papel dos games no confinamento por conta da pandemia de coronavírus. Os estudiosos alegam que o videogame cria laços de amizades entre as pessoas, auxiliando contra fatores muito críticos dessa pandemia, como a solidão e os índices de depressão.

Para entendermos mais sobre este artifício presente nos tempos modernos, conversei com o atleta virtual Maykon Kjellin. Catarinense, comemora sua recente convocação para jogar na seleção brasileira, na lateral esquerda. E ele começa contando sobre sua inclusão neste mundo:

– Sempre fui um amante de jogos eletrônicos, desde o atari, passando por Megadrive, super Nintendo, PS1, PS2, PS3 até que cheguei no Xbox 360 e hoje estou na nova geração das plataformas que é o Xbox One Primeiramente comecei na modalidade X1, que é um contra um online controlando o time todo, mas quando descobri o Pro clubs em fevereiro de 2019, foi paixão na hora. Cada jogador controla seu único jogador dentro de campo, após falhar sendo um meia armador e meia esquerda (risos), achei meu lugar como lateral esquerdo, sendo inclusive agora convocado para a seleção.

Seu futebol com a bola no pé nunca foi o mais glorioso, agora se tratando dos consoles, o cara arrebenta. Celebra inclusive um ponto especial em sua carreira virtual:

– Ser convocado pra seleção foi algo que tirou fortes emoções. Fortes emoções porque eu troquei de clube, no e-sports recentemente, saí do Gorillas e fui pro Varzelona, time que me revelou. Inclusive foi o primeiro time competitivo da modalidade no ano em que comecei, e eu não esperava porque a primeira vez que eu fui convocado foi para amistosos contra o Chile. Ganhamos duas partidas e antes de sair a convocação, fomos avisados, dias antes, e agora com a Super Copa das Américas não teve esse aviso prévio. Então eu tava lá, assistindo a live do manager e saiu a lista do goleiro, saiu zagueiro, e chegou nos laterais. E no primeiro anunciado fui eu. Cara, eu não acreditava, recebia áudios de amigos meus do e-sports, e foi um sentimento bem complexo porque era algo que eu não esperava, fiquei feliz de ter acontecido, vou jogar com grandes amigos meus, que jogaram comigo na antiga equipe, vou jogar com caras que nunca tive a oportunidade de jogar e eu admiro pra caramba. Então tem uma semelhança sim com o futebol real porque a gente treina pra caramba, estuda tática, estuda jogada ensaiada, se dedica em dias da semana treinando…. Então, a gente chegar a uma seleção no meio de tanto jogador bom que tem na individualidade é surreal. Tem essa semelhança com o futebol real porque o pessoal, dependendo do assunto, eles não são comunicados, né, igual Copa do Mundo, eles sabem pela TV. Vão ali acompanhar a coletiva do técnico e o cara não acredita que o nome do cara tá ali.

O cara é fã do bom Rock N’ Roll, amante da música pesada, e assim como David Bowie, é um camaleão esportista quanto ao seu lado torcedor:

– Hooo se lembro, eu lembro vagamente assim que eu era muito novo, mas meu pai era colorado e meu avô é flamenguista. Eu nasci em 1991 e na Libertadores de 1996 que o Grêmio tava moendo. O meu pai e o meu avô estavam aqui em casa assistindo, e dizem eles que o Grêmio tava moendo, vencendo, e na nossa casa sempre tivemos uma filosofia de torcer para os brasileiros, independente de rivalidade futebolística, e começaram a torcer pelo Grêmio, gritaram quando teve gol e meu pai disse que eu comecei a gritar ali junto. Aí deu mais alguns meses e ganhei a camiseta do tricolor gaúcho pelo meu tio e aía paixão começou, só que o amor não ficou só no Imortal. Quando conheci o Real Madrid na época dos galáticos, entre 2000 e 2004, foi amor à primeira vista. Sou madrilenho, gosto do Real pra caramba, futebol inglês gosto muito do Liverpool de 2004, são os times que eu mais acompanho. De vez em quando estou aqui na minha namorada e começamos a assistir um Botafogo x Madureira, adoro futebol. Adoro futebol de várzea, principalmente o amador, futebol pra mim é tudo. Teve um tempo em que eu jogava bola, disputava campeonato, então é um dos hobbies que mais gosto é o futebol. E durante a pandemia a coisa que mais me faz falta é assistir um futebolzinho, tranquilo, tomando aquela cerveja gelada, churrasquinho. Sem dizer que era um dos momentos que eu via a minha família se reunir, era pra ver jogo de futebol da seleção, finais de times, então é algo bem característico que está na minha vida.

E os objetivos de um jogador virtual? Até que ponto elas se tornam semelhantes da vida real? Maykon nos conta apresentando seus sonhos na carreira:

– Então, a gente tem diversas federações aqui, e o objetivo é chegar nos times de elite. Tem os times de série A, B, C e D da principal federação que se chama CPN, e tem a ICL Game, sendo duas federações fortes. E atualmente estou trabalhando para subir a um time de elite. Daí é time que trabalha com remuneração, tem patrocínio, disputa os principais campeonatos, inclusive com campeonatos presenciais sendo desenvolvidos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Atualmente estou em um time muito bom, e essa meta é mais a longo prazo mesmo. A meta é essa, evoluir e futuramente ver o e-sports, jogo eletrônico, mais valorizado. Já temos por exemplo o League Of Legends que é um jogo bem valorizado, com vários patrocinadores, vários campeonatos bem remunerados, muitos times também, dando para sobreviver do jogo. O bacana disso é que a gente já tá vendo clubes investindo nessa área. Já temos o time do Flamengo no LoL, times do Fluminense no Pró-Clubs mesmo, no próprio 1 contra 1 do FIFA, controlando o time todo, temos brasileiros representando o Sporting de Portugal, que é o Wendel Lira, ele que era jogador profissional, ganhou o Puskas, e hoje é jogador profissional de FIFA do PS4. Ronaldinho Gaúcho é um cara que investe no E-Sports, tendo vários jogadores que ele patrocina. Então já estou vendo que jogos eletrônicos são o futuro para quem nunca conseguiu ser jogador profissional por exemplo, quem queria ser piloto e nunca conseguiu tem o Fórmula-1 online que também já está crescendo um monte, assim como tem jogos de luta. A gente só tem que ter mais profissionalismo dentro do E-Sports e objetivos.


Jogar é divertido, monta amizades, mas um bom sonhador também tem aquela meta de viver do video-game, e aqui tem um bom método para iniciar a meta:

– Com certeza. Uma das melhores maneiras de ser remunerado no E-Sports hoje em dia é sendo Streamer. O Streamer além de conseguir patrocínio, o público que acompanha os vídeos, a rotina de gamer, podem também contribuir virando sócio pra ter mais vídeos. Eu sou muito de acompanhar streamers. Mas não me prendo só no FIFA, também gosto de assistir Euro Truck, League Of Legends por mais que eu não jogue, mas gosto de ver. É tipo eu que sou músico do rock/metal também gosto de assistir algumas coisas do sertanejo para tentar agregar na minha experiência que eu possa fazer. Ver outros jogos e tentar trazer ao meu jogo itens como a organização, a estrutura. Então acho que uma das melhores maneiras em ser remunerado pra isso é ser Streamer ou YouTuber. Acredito que futuramente terei estrutura para produzir vídeos também.

E assim encerramos nossa conversa, com o atleta que respira futebol. Antes mesmo desta pandemia. o amigo Maykon já atuava no E-Sports. Instrumentista, toca sua bateria na banda Dark New Farm e é redator chefe do Blog O Subsolo, sincronizando música e futebol, algo que torcida e time combinam tão bem.

A MÁQUINA TRICOLOR, SEPP MAYER E A ESTREIA DE PC CAJU

por Valdir Appel


Eu e meu pai, subimos a rampa do Mário Filho e assumimos uma posição privilegiada nas arquibancadas, pertinho daquela linha imaginária que costuma dividir as torcidas rivais nos dias de clássico. Linha desnecessária porque era noite de uma torcida única, exceção para meu pai e eu, dois torcedores sem bandeira, ávidos por um grande jogo de futebol.

No gramado, os times saúdam os torcedores e os craques se cumprimentam antes do pontapé inicial do amistoso internacional promovido pelo Fluminense contra o Bayern de München, base da seleção alemã, Campeã do Mundo em 1974.

É a estreia de Paulo César Caju na “máquina”, repatriado junto ao Olimpique de Marselha. É o “pó de arroz” se preparando para o bicampeonato após a conquista da Taça Guanabara.

O espetáculo atrai um público soberbo, muito acima do previsto, e a administração do estádio acaba liberando a entrada de milhares de pessoas sem ingresso.

Bola rolando.

Desde o começo o Fluminense é só pressão. Tem o domínio da meia-cancha, é agressivo, brilhante. Entusiasma até quem não torce por ele.

Apenas um “chucrute” não quer ser coadjuvante do show de bola aplicado pelos bailarinos do presidente Francisco Horta, é o goleiro alemão Sepp Mayer, destaque do Die Bayern, como é conhecido o timaço europeu.

Rivelino dá um elástico na entrada da área e toca a bola para Cléber que invade a área. Mayer sái fechando o ângulo. Cléber desloca o goleiro com um toque sutil, mas sem endereço e a bola caprichosamente encontra as canelas de Gerd Müller – centroavante do Bayern que voltara para marcar no escanteio – indo para o fundo da rede.


Gol contra do artilheiro da Copa de 74.

E é só o comecinho da partida.

Um time dá espetáculo, o outro se defende. Aliás, Mayer defende. A facilidade com que detém os disparos, sempre bem colocado, é de arrepiar.

Meu pai, que no passado também fora goleiro, vibra muito, aplaude e não contém o comentário ácido:

– Isto sim é que é goleiro, não estes merdas que a gente vê por aí!

Sorri concordando, com uma pontinha de inveja. Ele nem se lembrou que o filho também era goleiro.

Segundo tempo, réplica do primeiro. O show de Mayer continua. Defesas incríveis, seguras. Feitas com tanta simplicidade que irrita os atacantes do Fluminense e delicia quem vê.

Cafuringa, que nunca fez gol em ninguém, invade a área na vertical, ameaça o chute uma, duas vezes, cortando sempre para a direita. Quando vai fazer o disparo final, Mayer se projeta aos seus pés, dá um tapa com a mão espalmada e arremessa a bola pela linha de fundo.

O alemão ergue-se rápido e desafia:

– Mann, hier nicht!

Os astros Beckenbauer, o Kaiser Rumenigge, Kapelman assistem impotentes à exibição de bola de Rivelino, Marco Antonio, Mário Sérgio. O magro marcador construído na etapa inicial é pequeno e não espelha a superioridade do futebol jogado pelos astros das Laranjeiras.

O espetáculo termina. O público aplaude de pé, inclusive Herbert e eu.

A vida inteira e até o fim dela, meu pai não perdeu uma única oportunidade de descrever para os amigos as defesas daquele que para ele foi o maior goleiro do mundo.

(Amistoso internacional. Dia 10 de junho de 1975 para um público pagante de 60.137 torcedores. Fluminense 1 x 0 Bayern München Local: Maracanã. Árbitro: Arnaldo César Coelho. Renda de Cr$ 1.162187,50. Gol: Müller contra, aos 7 do 1º tempo.

Fluminense: Félix, Toninho, Silveira, Assis, Marco Antonio, Zé Mário, Cléber, Cafuringa, Paulo César (Manfrini), Rivelino e Mário Sérgio.

Bayern: Maier, Durnberger,Schwarzenbeck, Beckenbauer, Weiss, Roth, Tortensson, Rumenigge, Zobel, Müller e Kapell .                                                                                    

(Glossário pra quem não sabe nada de futebol: Mário Filho = Maracanã; máquina, pó de arroz, tricolor das Laranjeiras = Fluminense; Die Bayern = Os Bárbaros; chucrute = alemão; Mann, hier nicht! = Cara, aqui não!; Kaiser = Imperador)de arroz, tricolor das Laranjeiras = Fluminense; Die Bayern = Os Bárbaros; chucrute = alemão; Mann, hier nicht! = Cara, aqui não!; Kaiser = Imperador)

Uchôa

O PROFESSOR

Já falamos diversas vezes, mas é sempre bom ressaltar a importância dos nossos colaboradores para o crescimento do Museu da Pelada. Dessa vez, o parceiro Renato Belém Bastos entrou em contato pelo Facebook, sugeriu uma matéria com o lateral Paulo Uchôa e ainda fez esse meio-campo para a gente fazer uma resenha sensacional com o craque no Campo de São Bento, em Niterói. Aproveitamos a oportunidade para levar o parceiro Jeremias, ídolo do América-RJ, que abrilhantou o encontro.

por Renato Belém Bastos

Lateral direito consagrado, com boas passagens por Fluminense, América-RJ, Sporting (Portugal), Grêmio, entre outros, Uchôa teve o ponto alto da carreira no tricolor gaúcho, quando conquistou o Campeonato Brasileiro de 1981 ao lado de Baltazar e Renato Gaúcho.
 
Com excelente sentido de marcação, muito bom no apoio e um chute potente, teve uma trajetória brilhante no futebol, mas ninguém poderia imaginar que o sucesso se repetiria dentro da sala de aula. 

Após pendurar as chuteiras, tornou-se professor universitário na área de Educação Física e eu tive o prazer de aprender muito com ele. Além disso, virou técnico da seleção brasileira de futebol para amputados, tornando o Brasil tetracampeão na modalidade.

Se o jogador de futebol morre duas vezes como dizem por aí – após pendurar as chuteiras e quando o coração para – Uchôa tratou de se reinventar e renascer. Uma figura humana maravilhosa, sempre com palavras de incentivo e um humor de primeira, que soube buscar novos objetivos.

 

 

A MENTIRA QUE MOTIVOU PELÉ

  :::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Para os que acham fake news um fenômeno atual posso garantir que na Copa do Mundo de 70 ela já causava estragos consideráveis. Esse foi um tema levantado pelo professor Israel Cayo Campos e prometi comentá-lo aqui. Por coincidência, outro dia assisti uma entrevista de Rildo lamentando o seu corte. E tinha que lamentar mesmo, afinal ele jogou as Eliminatórias e tudo indicava sua ida ao México, mas surgiu um inesperado sopro no coração. Verdade? Mentira. Tanto Saldanha quanto Zagallo conheciam Rildo dos tempos de Botafogo. O problema é que nenhum jogador colocou a boca de trombone na época, não sei se por respeito ao treinador ou intimidados pelo poder dos militares.

Se forem conversar com Sebastião Leônidas, para mim um dos maiores zagueiros que vi jogar, ele também contará uma história parecida com a de Rildo. Na época, João Saldanha sequer o chamou para as Eliminatórias e ele havia ganhado tudo, estava em uma fase espetacular. Tempos depois soube que um sopro no coração também foi o motivo para sua ausência nas convocações. Outro grande zagueiro que ficou de fora foi Djalma Dias, titular indiscutível durante as Eliminatórias.

Claro que havia uma política nos bastidores, com as federações de outros estados forçando a barra por seus jogadores. E essa queda de braço foi a responsável pela convocação de Everaldo, do Sul. Claro que era bom de bola, mas Rildo e Marco Antônio jogavam mais. No caso de Leônidas também foi mais ou menos assim. Nas Eliminatórias, foi o Scala. Essa prática de inventar problemas médicas é muito cruel. Rildo e Sebastião Leônidas continuaram jogando normalmente por seus clubes. Se é comigo tinha armado um barraco tremendo e vocês me conhecem e sabem que armaria. O ponta Arílson que o diga! Em uma dessas convocações politiqueiras chamaram o Arílson, que, diga-se de passagem, estava jogando muita bola. Mas queriam alguém do Flamengo e ele mesmo contou em uma entrevista que em um jogo treino, no Maracanã, aberto ao público, Zagallo avisou que ele entraria no segundo tempo. Eu estava de titular. Aí, o Velho Lobo, no intervalo me chamou e veio com uma conversa mole…”olha estou pensando em fazer um teste com o Arílson…” e eu de bate-pronto respondi que não sendo no meu lugar achava uma ótima ideia, Kkkkk. O fato é que o Arílson não entrou.

Se você colocar o galho dentro se aproveitam disso. O Sebastião Leônidas é extremamente tímido e isso acaba atrapalhando. Com o Toninho Guerreiro foi a mesma coisa, inventaram uma contusão crônica em seu tornozelo. Mentira! Jogou anos depois e nunca sentiu nada. Tudo bem que Tostão ganhou a vaga e não teria chance, mas a mentira fere.

Talvez a única mentira “saudável” tenha sido a miopia lançada por João Saldanha e que tomou conta dos noticiários. Saldanha sentia que Pelé andava muito acomodado e havia feito uma Copa horrível, em 66. Queria motivar o “crioulo”, como chamava Pelé. Chegou a colocá-lo no banco para Dirceu Lopes, em São Paulo. Olha, nunca vi Pelé treinar tanto na vida, como alguém poderia chamá-lo de cego, devia pensar. E danou a fazer gols! Não era fake news, mas motivação. Saldanha cutucou a onça com vara curta e o resto da história vocês já conhecem.

O VITORIOSO E ABNEGADO MANOEL DE ALMEIDA

por André Luiz Pereira Nunes


Em 15 de outubro de 1988 faleceu Manoel Ferreira de Almeida. Foi enterrado no Cemitério Jardim da Saudade. Sua ausência abriu uma grande lacuna, pois fôra a maior liderança e a maior prestação de serviços a qual o futebol amador carioca poderia legar. O seu atual anonimato é uma das muitas injustiças que o esporte por vezes proporciona. Homem realizado profissionalmente, além de desportista nato, sempre esteve presente aos estádios para fazer o que mais gostava: comandar times. Contudo, a sua paixão jamais enveredou pelo profissionalismo. Gostava do futebol amador e, qualquer que fosse o clube, vestia a camisa com honradez e dignidade como se fosse a sua segunda pele.

De fácil comunicação, sabia cativar os jogadores e transmitir as suas recomendações. Formava equipes sempre com o intuito de vencer, pois jamais se contentava em ser um mero partícipe. Ainda chegou a cartola, no bom sentido, quando em 9 de março de 1972 assumiu a presidência do Atlético Clube Nacional, levando o clube de Ricardo de Albuquerque às maiores conquistas do extinto Departamento Autônomo, este tornado posteriormente Departamento de Futebol Amador da Capital e vinculado à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.

Quando resolveu presidir o Nacional, descobriu que a agremiação da Estrada do Camboatá não dispunha de água, luz, esgoto, vestiários e tampouco da escritura do terreno. Para piorar, havia uma dívida de 18 milhões de cruzeiros. Sem nenhum esmorecimento, resolveu arregaçar as mangas e criar um grupo de trabalho composto por 38 fiéis colaboradores. Após nove meses, tudo estava sanado e o caixa ainda contava com 25 mil cruzeiros. Em fevereiro de 1983, lançou a pedra fundamental do ginásio contando com a colaboração do então presidente do Vasco, Agathyrno da Silva Gomes. Sete meses depois, o conjunto The Fiver’s abrilhantou a festa de inauguração. Ainda em 1972, dirigiu o time em um torneio de clubes profissionais, o Otávio Pinto Guimarães, conquistando a segunda colocação e ainda incluindo o clube na loteria esportiva, um feito inédito e notório. Também ganhou os títulos de campeão de juvenis, amadores e da Taça Disciplina e Eficiência.

Tendo levado o Nacional às grandes vitórias, lamentava-se da decadência causada pelas posteriores gestões. Sempre enumerava os chamados coveiros e essa foi a principal tônica levantada em várias rodas de conversa formadas em seu enterro.

Após a experiência fora dos gramados, voltaria a atuar como técnico, alcançando sempre êxito no comando das equipes. Entre os inúmeros títulos, vale ressaltar o de 1977, pelo Nacional, quando bateu na final o glorioso Oriente, no campo do America. Já em 1982, após ser vice no ano anterior, foi campeão amador pelo Pavunense, em antológica decisão, em Moça Bonita contra o Oriente, transmitida de forma inédita pela Rádio Nacional. Em 1986, à frente do Francisco Xavier Imóveis, já bem idoso, apossou-se de seu último troféu no futebol amador da capital.

Manoel de Almeida nunca viveu do futebol. Pelo contrário, viveu para o futebol. Por 48 anos foi funcionário de primeiro escalão do Laboratório Schering, criando ainda um time da empresa, o qual se sagrou bicampeão de um certame classista.