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MISSÃO CUMPRIDA

por Zé Roberto Padilha


Poucas imagens refletem tanto um reinado.

O Rei, suas vestes, seu brasão e um trono postado dentro do seu vestiário. E sua expressão serena a revelar: missão cumprida!

Por lá, anos seguidos, vestiu sua armadura e munido de bolas, não de bombas, saiu a derrotar reinos adversários. Não inimigos.

Perdeu os meniscos em entradas criminosas, sacrificou seus tornozelos nos gramados esburacados que tinha. Sem jamais deixar a luta.

Quando chegou menino, sua nação não tinha um Rei. Tinha o Dida, o Evaristo, Carlinhos, Silva e Nelsinho, respeitados comandantes, mas faltava quem acertasse uma bola parada de fora da área nas redes cobreloas.

Faltava quem liderarasse seus Adílios, orientasse seus Andrades, para vencer a Copa Libertadores da América. E, em Tóquio, conquistar, finalmente, o mundo.

Faltava ao Reino da Gávea alguém com um arsenal de magias que encantasse seguidas gerações que não o tenha visto jogar.

Um rosto, um nome, que fosse desfraldado nas bandeiras, brindado nos copos, nos chaveiros que carregassem todas as chaves como símbolo maior daquele reinado.

A nação não tinha seu ser de luz para coroar.

Faltava um Rei àquela nação.

Depois de Zico, não faltou mais.

CRAQUE DO BRASIL EM 1999

por Luis Filipe Chateaubriand


Quando aquele menino franzino chegou no Parque Antártica, vindo de Curitiba, muitos não acreditavam que tivesse bola suficiente para jogar no Palestra!

Além de tudo, outros achavam que ele era lento, o que gerou o apelido de “Alexotan”.

Mas o fato é que Alex “batia um bolão”, e calou a boca dos críticos.

Unindo habilidade e inteligência, técnica pura, encantou o Brasil e o mundo com seu futebol refinado, criativo e inventivo.

E, em 1999, liderou o Palmeiras na conquista de sua primeira Copa Libertadores da América, sendo o principal artífice de um time que aliava muita qualidade com muita luta.

E, com isso, foi o craque do Brasil em 1999!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

AS DIFICULDADES DA IMPLEMENTAÇÃO DO FUTEBOL PROFISSIONAL NO RIO DE JANEIRO

por André Luiz Pereira Nunes


A implantação do profissionalismo no futebol carioca, em 1933, inicialmente se revelou um fracasso. A ideia reuniu apenas seis clubes: Bangu, Fluminense, Vasco, Bonsucesso, America e Flamengo.

Já o Botafogo, campeão em 1930 e 1932, optou por continuar amadorista, a exemplo de outras equipes, consideradas menores, como Andaraí, Olaria, Engenho de Dentro, Confiança, Portuguesa, Mavílis, Cocotá, Brasil e Ríver.

Por conta de desentendimentos com a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), Confiança, Engenho de Dentro, Ríver, Cocotá e Brasil abandonaram, em 1934, o certame em andamento, deixando o Clube da Estrela Solitária acompanhado apenas por Andaraí, Mavílis, Olaria e Portuguesa.

As agremiações retirantes, então, passaram a disputar os chamados torneios do futebol menor, se filiando a algumas das inúmeras ligas amadoras que proliferavam como moscas naqueles áureos tempos em que a cidade detinha um número igualmente infindável de espaços destinados ao esporte bretão.

No mesmo ano, o Vasco foi campeão pela Liga Carioca de Futebol (LCF), de caráter profissional. Em 1935, a entidade, com a saída do Gigante da Colina, que se aliou ao Botafogo, ficou reduzida ao grupo composto por America, Fluminense, Flamengo, Bonsucesso, Modesto e Portuguesa. A Federação Metropolitana de Desportos (FMD) passou a contar com Botafogo, Vasco, Andaraí, Bangu, Madureira, São Cristóvão, Olaria e Carioca.

Em 1936, os presidentes Pedro Pereira de Novaes, do Vasco, e Pedro Magalhães Correia, do America, organizaram na Associação dos Empregados do Comércio uma reunião histórica que formulou a pacificação do futebol carioca. O acontecimento, o qual ficou conhecido como ‘Solução Dois Pedros’, acabou dando origem ao chamado ‘Clássico da Paz’, disputado entre Vasco e America.


Foram, portanto, reunidos, em 1937, na recém-criada Liga de Futebol do Rio de Janeiro (LFRJ), os doze principais clubes da cidade. Como nem tudo são flores, no ato da reunificação, o São Cristóvão liderava o Campeonato Carioca organizado pela Federação Metropolitana de Desportos (FMD), que acabou interrompido ao fim do primeiro turno. A entidade organizadora então o proclamou campeão. Contudo, até os dias atuais, os Cadetes não tiveram a sua conquista oficializada pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ), injustiça que pretendemos corrigir através de um dossiê por nós formulado que se encontra totalmente embasado por documentos e fontes fidedignas.

Fluminense, Flamengo, Vasco, Botafogo, São Cristóvão, America, Madureira, Portuguesa, Bonsucesso, Olaria, Bangu e Andaraí tiveram um ano de prazo para se organizarem técnica e materialmente para disputar a primeira divisão. Os que não satisfizessem as exigências seriam desligados, com direito a retorno, apenas quando cumprissem o regulamento. O principal vitimado nessa história foi o Andaraí, irremediavelmente excluído para sempre do rol dos grandes times do futebol carioca.

VEXAMES DO FELIPÃO

por Elso Venâncio


Na Copa do Mundo de 2014, nossa seleção levou um sacode de 7 a 1 diante da Alemanha em casa, no Mineirão. Sete anos depois, pela Copa do Brasil, o Grêmio de Scolari tomou 4 a 0 do Flamengo também em casa, na sua arena.

Qual foi o maior vexame do técnico?

Particularmente, acho que foi a derrota de quatro para o Flamengo, que tinha um jogador a menos em campo no segundo tempo. Isso é uma coça histórica. Não me lembro de derrota tão humilhante dos gaúchos em sua própria casa.

Renato Gaúcho, e isso é outro fato histórico, vibrava ao lado do Felipão. Pulava sem parar a cada gol e há poucos metros, na arquibancada, duas bandeiras gigantes estampavam a olhos nus imagens do maior ídolo da história do Grêmio, que tem até estátua em tamanho natural nos arredores do estádio.

Nos 5 a 0 que o Grêmio levou em 2019, na semifinal decisiva da Libertadores, com Renato do outro lado, o Maracanã estava entupido e a nação empurrava o Flamengo. Agora, não. Além de jogar em casa, não havia fator torcida para atrapalhar o tricolor gaúcho.

Vale lembrar que no Mineirão a Alemanha era infinitamente superior ao Brasil. Estive rapidamente com Dadá Maravilha na entrada do estádio, naquele dia. Ele, com óculos gigantescos, estilo Zé Bonitinho, nas cores verde e amarelo. Figuraça! Perguntei ao ‘Peito de Aço’:

– E hoje, Dadá?

Resposta:

– Vai ser brabo…

Foi muito pior do que isso.

Vejo duas coisas em comum nesses dois vexames do Felipão. A passividade do técnico no banco e seu discurso de naturalidade após os jogos.

No Mineirão, assisti ao jogo das cadeiras, próximo ao campo, bem ao lado do banco de reservas. Fiquei assustado antes do apito inicial. Parreira, sorridente, filmava a entrada em campo das seleções. Os alemães marchavam para a guerra e o espírito dos brasileiros parecia ser outro. Deu frio na barriga. E após o jogo, ânsia de vômito.

Em tempo: tem novos Flamengo x Grêmio por vir… Alguém arrisca o que vai acontecer?

SAUDADE DOS FOMINHAS

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Na jogada do gol do Corinthians contra o Atlético Goianiense Roger Guedes abriu para receber a bola, mas o menino Gabriel Pereira preferiu arriscar o drible, se livrou de dois adversários e fez o gol. Se perdesse certamente reclamariam. O fominha tem feito falta ao futebol atual porque o fominha costuma ser ousado e rebelde, não ouve ninguém e arrisca. E em muitos casos é melhor ser surdo que ficar ouvindo as baboseiras dos professores à beira do campo.

Os atacantes normalmente são mais fominhas e me lembro do Mirandinha, que passou pelo Botafogo e foi o primeiro jogador a defender um clube inglês. Luisinho, do América, também era. E os pontas, por eles, não dariam a bola para ninguém. Existiu alguém mais fominha que o Garrincha? Ia, voltava, ia, voltava e fazia a felicidade da torcida. Gosto de ver o Pimentinha, do Sampaio Correia, e dois que se destacaram nessa rodada, Ferreirinha, do Grêmio, e Michael, do Flamengo.

O Michael só passa a bola porque a tabela faz parte do jogo, mas nota-se o prazer que tem pelo drible. E o drible continua sendo a maior arma contra as retrancas que os treinadores armam durante as partidas. Na Copa de 70, tínhamos o Jairzinho Furacão. O Edu, do Santos, estava no banco e desarmava qualquer defesa. Cada clube tinha seu fominha, seu ponta abusado. Sem pensar muito cito Natal, Rogério, Julio Cesar Uri Geller, os Joãos Paulos, do Santos e Guarani, Zé Sergio, Éder, Nilton Batata, Cafuringa, Zezé, Robertinho…e seguiria aqui até amanhã.

Esse tipo de jogador foi perdendo relevância, mas é sempre a ele que os treinadores recorrem quando o bicho pega. E por falar em fominha, no sábado, assisti dois gols do Tulio contra o Fluminense, que disputam um torneio de máster. Por sinal, Carlos Roberto, meu grande amigo, é o treinador do Botafogo. Rever essa turma da antiga é sempre bom demais, mesmo que os pontinhas estejam enferrujados, correndo em câmera lenta nos moldes no inesquecível Canal 100.

Por falar em Canal 100, o Brasil virou um museu de veteranos: goleiro Fábio, Daniel Alves, Diego Costa, Rafinha, Filipe Luis, Miranda, Hulk… Encerro com as pérolas dos analistas de computadores e prefiro nem comentar: “O goleiro falhou e colocou gasolina na fogueira do jogo”, “O lateral atacou o espaço”, “O Remo está amassando o adversário” e “Os treinadores que estão chegando são timoneiros”.