ROMÁRIO E UMA DAS MAIORES ATUAÇÕES DE TODOS OS TEMPOS
por Luis Filipe Chateaubriand
Em 19 de Setembro de 1993, no Maracanã, jogaram Brasil x Uruguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994.
A atuação de Romário nesse jogo – voltava à Seleção, depois de um tempo afastado por indisciplina – não foi apenas de gala, foi uma das maiores de todos os tempos!
Acompanhe os passos desse verdadeiro recital de futebol:
01) Com um minuto do primeiro tempo, como “cartão de apresentação”, fez um giro de 180º com a bola sobre um defensor uruguaio.
02) Aos dois minutos do primeiro tempo, aplicou um “lençol” em outro uruguaio.
03) Aos quatro minutos do primeiro tempo, fez um bom lançamento para Raí, na intermediária.
04) Aos oito minutos do primeiro tempo, enfiou a bola no travessão.
05) Aos 13 minutos do primeiro tempo, tabelou com Bebeto na área, quase resultando em gol.
06) Aos 15 minutos do primeiro tempo, sofreu pênalti, não marcado.
07) Aos 22 minutos do primeiro tempo, deu uma “caneta” em um zagueiro uruguaio, concluindo para fora.
08) Aos 36 minutos do primeiro tempo, no lado direito da grande área, driblou dois uruguaios e chutou rente à trave esquerda do goleiro.
09) Aos 09 minutos do segundo tempo, deu genial passe de peito para Bebeto.
10) Aos 15 minutos do segundo tempo, chutou à “queima roupa” para a defesa do goleiro uruguaio.
11) Aos 26 minutos do segundo tempo, recebeu o cruzamento de Bebeto da direita, cabeceou para baixo e deslocando do goleiro – Brasil 1 x 0 Uruguai.
12) Aos 28 minutos do segundo tempo, chutou rasteiro e com “endereço certo”, mas o goleiro pegou.
13) Aos 29 minutos do segundo tempo, chutou rente à trave direita do goleiro.
14) Aos 36 minutos do segundo tempo, fez passe de cabeça para Bebeto, que desperdiçou a oportunidade.
15) Aos 37 minutos do segundo tempo, recebeu a bola de Mauro Silva, deu um drible de corpo humilhante no goleiro uruguaio e enfiou a bola nas redes – Brasil 2 x 0 Uruguai.
Com esse score, o Brasil estava classificado para a Copa.
Adivinha quem foi o craque da Copa?
MESSI E A ARROGÂNCIA
por Rubens Lemos
Pela primeira vez em 15 anos de adoração irrevogável, Messi entristece incorporando intolerância e violência ao seu repertório superado apenas por Maradona e nas últimas décadas por ninguém. Pelé – sempre bom lembrar – é extraterrestre.
O jogo contra o Brasil( 0x0), pelas Eliminatórias, na semana passada, transformou o Pleonasmo, o Melhor do Mundo, o amante da bola, em pequeno robô de olhar furioso que fez sugerir a presença de um malvado clone, nunca o eterno menino indomável de dribles e batidas de curva, teatro em quatro cantos de grama de palco.
Desde 2006, súdito, procurava e não encontrava em Messi um defeito, uma falha em centímetros, um gesto indigno do moleque superior a todos os homens e mulheres calçando chuteiras no planeta, de Buenos Aires a Paris, de Barcelona à inteira e meia Catalunha. Pós-Maradona, Messi tornou-se o semideus universal dos amantes da ginga e do imprevisível, bola domada por uma canhota assanhada.
Seja nos clubes onde atuou sempre melhor do que na albiceleste, ou na própria seleção, Messi codinome encantamento segura a bandeira de herói do futebol único, na alegria e na surpresa a cada explosão plástica, lançamento, cobrança de falta, pênalti ou sequência de malabarismo diante de marcadores assustados e inertes.
Messi nasceu para ser pacífica revolução de artimanhas e malandragens, produção beira do mar, ladeira íngreme de morro, rachão de asfalto em sinal aberto, carros formando as laterais e a via separada por canteiros e automóveis, o corredor para o bailarino baixinho desfilar, fazendo sentar, bunda em terreno quente, pobres marcadores sem direito à eternidade, superlotando a caixa imaginária onde guarda seus desafiadores, notas medíocres de samba ou tango.
Messi vai, com a idade, se irritando e escolhendo a impaciência e a soberba típicas do seu país quando enfrenta o Brasil, até quando o Brasil é um time regular e sortudo. O Brasil não deslumbra, cumpre metas, igual à vendedora de lingerie.
Nada é esplêndido ou jogo de arrebatamento, sim uma tática de cofre automático de banco, fechado e protegido por homens armados evitando a simples aproximação do inimigo.
Mesmo o Brasil desse jeito, Messi pareceu reviver a época do tabu sobre os Hermanos de Mário Kempes e Diego Maradona, líderes dos campeonatos mundiais conquistados em 1978 e 1986, Dieguito portentoso, em fintas de Calle Florida, fazendo o mundo se ajoelhar ao seu pé esquerdo, aprimorado nas aulas pela televisão que assistia do mestre Roberto Rivelino, tricampeão pelo Brasil em 1970.
Na terça-feira, no Superclássico, triunfalismo que é a cara da Rede Globo, o Brasil tirou a Argentina do sério no alçapão de San Juan, com um drible de carretilha, uma lambreta de Vinicius Júnior que insuflou a ira hermana. Vinicius que já havia tomado um toque rasteiro por entre as pernas de Di Maria, a versão Noel Rosa castelhano e da técnica superior.
O jogo lembrava as pelejas dos anos 1970, para não ser presunçoso e imaginar Pelé, que fez a Argentina levar a pior durante 14 anos, desde quando pisou o gramado do Ex-Maracanã (o das gerais), em 1957 à despedida da seleção em 1971, cumprido o compromisso de entregar o tricampeonato ao país.
Na Geração Zico, os argentinos passaram sete anos apanhando na bola e batendo com virulência. Maradona, não esqueçam, tirou Batista da Copa do Mundo de 1982 com uma patada covarde, na granja abaixo do umbigo do volante brasileiro, que caiu sem fôlego, ovos avariados. Terça, foi Otamendi, em braçada de brutamontes, quem puxou sangue do assustado Raphinha.
Estranho e decepcionante Messi. Sem a abençoada fúria das arrancadas enfileirando beques antes do arremate ao gol. Dominado pela ilusão da recente Copa América vencida pelos argentinos, pobres de títulos, que a consideram equivalente à Copa de 2022.
Messi peitando o árbitro, Messi provocando os jovens brasileiros, Messi cavando falta, Messi apelando ao feio pela inspiração distante. Messi em patética homenagem ao amigo ausente Neymar: caretas e arrogâncias detonando a classe de gênio exclusivo.
PALMEIRAS DE SÃO CRISTÓVÃO: MAIS UM MANTO SAGRADO REVIVIDO
por André Luiz Pereira Nunes
O escritor e professor Kléber Monteiro (foto), autor de “Da Lama à Grama”, acaba de marcar mais um gol de placa. Na tentativa de financiar seu mais novo livro sobre a história do Andaraí Atlético Clube, relançou mais uma preciosidade: a camisa do extinto Palmeiras, de São Cristóvão.
Fundado em dia 23 de março de 1911, acredita-se que sua denominação tenha sido inspirada na Praia das Palmeiras, uma localidade no bairro à frente da secular e, ainda existente, igreja de São Cristóvão.
Atualmente a área já não mais existe e abriga nos dias atuais o Pavilhão de São Cristóvão, local no qual se realiza a famosa Feira dos Nordestinos.
As cores escolhidas foram o azul, cuja tonalidade mais clara é bastante similar à do céu, além do preto. Por conta da combinação, a agremiação passou a ser conhecida como “Cerúleo Negro”.
O Palmeiras promovia verdadeiras contendas com o São Cristóvão A. C, vindo a participar de duas edições da primeira divisão do Campeonato Carioca: 1920 e 1924 pela Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT). Além disso, se sagrou campeão da terceira divisão, em 1915, nos primeiros e nos segundos quadros, obtendo ainda o tricampeonato (1917, 18 e 19) nos segundos quadros da segunda divisão. Junto a Andaraí A.C. e Carioca F. C, permanece como recordista de títulos nessa categoria. Também arrebatou a segunda divisão nos primeiros, segundos e terceiros quadros, em 1919, feito inédito na história do futebol carioca, além da conquista do Torneio Início da primeira divisão em 1921.
Quem desejar obter a bela camisa do Palmeiras, é só contactar o Kléber através do ZAP 21 99791-5589 e contar com mais um belo e raro exemplar em sua coleção.
VASCO, TEMPO DAS CAMISAS
por Rubens Lemos
Tenho um saco imenso cheio de camisas oficiais do Vasco, duas delas, de uso em jogo, pelo maestro Geovani no bicampeonato carioca de 1987/88. Geovani é meu amigo, veio para o lançamento do meu livro Memórias Póstumas do Estádio Assassinado, em 2017 e dispensou hotel: ficou em minha casa, humildade transversa à pose dos pernas de pau que estão levando o cruz-maltino ao caminho da Série D.
Olhei cada camisa e nelas, senti o frescor da classe, da habilidade e da raça, três componentes fundamentais de um time que já se foi há pelo menos 21 anos, depois daquela decisão que Romário ganhou contra o São Caetano valendo o Campeonato Brasileiro de 2000.
De lá pra cá, apenas uma Copa do Brasil em 2011 com craques envelhecidos e competentes do naipe de Felipe, Juninho Pernambucano (hoje insuportável militante) e Diego Souza, que chutou nas mãos do corintiano Cássio, o título da Libertadores que, se fosse nosso, mudaria o curso do destino.
O pior da decadência é quando se torna banalizada. O Vasco se acostumou a ser um timeco. Faz tempo, afinal 21 anos é a maioridade absoluta de um ser humano no Brasil. Nunca mais surgiu um cracão, o máximo que saiu das bases foi Philippe Coutinho, bonzinho, habilidosinho, razoável. Dispensado pelo Barcelona.
Ao observar camisa a camisa, me revi no improvável título de 1982 sobre o Flamengo de Zico, no mencionado bicampeonato no qual jogou o melhor time que acompanhei: Acácio; Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho; Dunga (Henrique), Geovani e Tita (Bismarck); Mauricinho, Roberto Dinamite e Romário.
Em 1994, o Vasco venceu o único tricampeonato carioca de sua história, cinco anos depois de Bebeto levar o clube ao terceiro título nacional, tirado em lusitana malandragem do impoluto Flamengo.
Veio o Brasileiro de 1997, com Edmundo estraçalhando, a Libertadores do ano seguinte, de Donizete e Luizão, o Rio-São Paulo de 1999 e, finalmente, o Brasileiro de Romário em 2000. Camisas guardadas, foi-se o Vasco.
O CRAQUE DO BRASIL EM 2006
por Luis Filipe Chateaubriand
O ano de 2006 consagraria o título mundial do Internacional de Porto Alegre e, comandando a turma, estava o centroavante Fernandão.
Como uma primeira qualidade de seu jogo, Fernandão era um centroavante que, além de fazer gols, funcionava como “pivô” e, assim, propiciava chances de gols aos companheiros de time.
Como uma segunda qualidade de seu jogo, Fernandão sabia tirar proveito de sua altura avantajada e era ótimo no cabeceio, o que propiciava tanto gols de cabeça, como passes açucarados de cabeça para os companheiros.
Como uma terceira qualidade de seu jogo, Fernandão sabia exercer liderança em relação ao time, orientava posicionamento, “cantava” jogadas, chamava atenção dos desajustados, era um verdadeiro capitão em campo.
Em 2006, tudo isso estava exacerbado, e o resultado foi o topo do mundo para o “Colorado” – com a imprescindível participação de Fernandão!